MINISTÉRIO PÚBLICO DE PERNAMBUCO COMBATE POLUIÇÃO SONORA EM EXU, TERRA DE LUIZ GONZAGA

Depois de receber diversas denúncias a respeito de poluição sonora em vários locais do município de Exu, o Ministério Público de Pernambuco (MPPE), através da promotora de Justiça, Ana Cristina Barbosa Taffarel, expediu recomendação para que donos de estabelecimento, polícias e prefeitura municipal tome as providências necessárias para cessar o problema. 

A prefeitura municipal tem um prazo de 60 dias para comunicar ao MPPE as providências adotadas a respeito.

De acordo com as denúncias encaminhadas a promotoria de Justiça, bares, restaurantes e veículos particulares, em diversos locais da cidade estão provocando poluição sonora, perturbando o sossego e comprometendo a saúde dos munícipes, todos os dias, em diversos horários, inclusive na madrugada, nas proximidades de escolas, pousadas, hospitais e igrejas.

“Os cidadãos do município estão submetidos a uma situação intolerável, exigindo providências por parte das autoridades”, disse a promotora de Justiça no texto da recomendação.

É Contravenção Penal perturbar alguém, o trabalho, ou o sossego alheios, abusando de instrumentos sonoros ou sinais acústicos, ficando prevista pena de prisão simples, de 15 dias a três meses, ou multa.
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SERRA TALHADA CELEBRA OS 80 ANOS DE MORTE DE LAMPIÃO E MARIA BONITA

O “Tributo a Virgolino – A Celebração do Cangaço”, promovido pela Fundação Cabras de Lampião, ocorrerá em Serra Talhada entre os dias 25 e 29 de julho. O evento, que recorda os 80 anos da morte de Lampião, o cangaceiro mais famoso, é gratuito e aberto ao público

No próximo dia 28 de julho, completam-se 80 anos da morte de Virgulino Ferreira – o cangaceiro Lampião. Para recordar a data histórica, a Fundação Cabras de Lampião promove o “Tributo a Virgolino – A Celebração do Cangaço”, que tem início no próximo dia 25 de julho e segue até o dia 29 do mesmo mês, na Estação do Forró e no Museu do Cangaço, em Serra Talhada (PE), Sertão do Pajeú, terra onde Lampião nasceu. 

O evento vai reunir grupos musicais, folclóricos, violeiros repentistas, cantores, poetas, historiadores e pesquisadores do cangaço. Nele, também serão promovidos pontos de cultura e feira de artesanatos, tudo para celebrar a cultura de raiz. A proposta é integrar música, teatro, dança, fotografia, cultura popular, literatura, artesanato e gastronomia.

Será realizado o espetáculo “O Massacre de Angico – A Morte de Lampião”. As atividades ocorrerão na Estação do Forró, na Área de Alimentação da Feira Livre, dentro das escolas, no Museu do Cangaço e no Sítio Passagem das Pedras – localidade onde nasceu Lampião, utilizando-se diversos espaços e palcos paralelos.

Massacre de Angico – A Morte de Lampião – Trata-se do maior espetáculo teatral ao ar livre dos sertões. Com 120 atores e técnicos, conta a história de Lampião, mesclando acontecimentos reais com o imaginário popular e o folclore.

 A proposta é fomentar as artes cênicas na região do sertão nordestino, bem como a geração de emprego e renda para as cidades circunvizinhas e incentivar o turismo e a cultura local. A fórmula é estimular o conhecimento da história, promovendo a autoestima, valorizando profissionais do teatro, envolvendo artistas e técnicos da região e do estado. A apresentação acontecerá em espaço aberto e não haverá venda de ingressos.

O projeto “Tributo a Virgolino – A Celebração do Cangaço” conta com o incentivo cultural do Funcultura; Fundarpe; Secretaria de Cultura de Serra Talhada e Governo de Pernambuco, e ainda com a Prefeitura Municipal e Secretaria de Cultura de Serra Talhada; Sesc/PE e comerciantes locais.

Obra sobre Lampião é lançada no Museu Cais do Sertão

O Cangaço se configura como um dos fenômenos mais intrigantes da história do povo nordestino. Com duração de quase 80 anos, teve no Sertão do Pajeú um de seus principais cenários. Esse é o tema central da obra “ Lampião e o Sertão do Pajeú, do pesquisador e escritor, Anildomá Willans de Souza, que vai ser lançada no próximo sábado (14/07), às 15h, no Museu Cais do Sertão, no Recife Antigo.

O evento vai ser marcado por uma verdadeira tarde do Cangaço. Na ocasião irão acontecer a exibição do curta metragem “Lampião e o Fogo da Serra Grande”, e uma roda de conversa com o escritor e pesquisador Anildomá Willians de Souza. Para fechar a tarde, haverá a apresentação do grupo de Xaxado Cabras de Lampião.
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ROSIL CAVALCANTI, AUTOR DE AQUARELA NORDESTINA E SEBASTIANA, 50 ANOS DE MORTE

Entre os autores de forró, cuja qualidade da obra , extrapolou os limites do regional, está Rosil Cavalcanti, falecido há 50 anos (10 de julho 1968), e que teve sua primeira composição gravada há seis décadas: Sebastiana, que também deflagrou a carreia fonográfica de Jackson do Pandeiro (no mesmo ano teve Meu cariri, gravada por Ademilde Fonseca). Na Paraíba, Rosil Cavalcanti, entre outras homenagens, é nome de rua em João pessoa e em Campina Grande.

No entanto, raramente é lembrado em seu estado natal, Pernambuco, onde nasceu, em 20 de dezembro de 1915, no engenho Zabelê, em Macaparana (é parente do ex-governador Joaquim Francisco). A bem da verdade, a carreira artística do compositor e radialista Rosil Cavalcanti desenvolveu-se entre a capital paraibana e Campina Grande, onde, em 1968, morreu em consequência de um infarto.

Pela qualidade e quantidade de composições que criou, gravadas por nomes que vão do citado Jackson do Pandeiro, a Gal Costa, Gilberto Gil, Luiz Gonzaga, Carmélia Alves, Elba Ramalho, Alceu Valença, Zé Ramalho, Xuxa. A lista é extensa. Porém o mais constante intérprete da música de Rosil foi Jackson do Pandeiro.

A amizade dos dois remontava aos anos 40, quando criaram, na Rádio Tabajara, de João Pessoa, a dupla Café com Leite. Por esta época, Jackson já cantava Sebastiana, um coco de Rosil, que seria um dos seus momentos mais aplaudidos no auditório da Rádio Jornal do Commercio.

Funcionário público, Rosil Cavalcanti chegou em Campina Grande 70 anos atrás. Ali, na Rádio Borborema, apresentaria um programa que parava a cidade todas as noites, O Forró de Zé Lagoa. Além de apresentar cantores locais como Genival Lacerda, então conhecido como o Senador do Rojão (numa alusão ao senador carioca Carlos Lacerda), Marinês, ele tecia criticas a políticos, fazia denúncias, encarnava personagens.

Um programa de audiência tão grande, que muitos só o chamavam de Capitão Zé Lagoa. O tema do programa virou clássico do forró, gravado na Rozenblit por Genival Lacerda (em 1962), e, no ano seguinte, incorporado ao repertório de Jackson do Pandeiro.

Num tempo em que o forró era a música que se tocava no Nordeste no ano inteiro, compositores como ele podiam se dar ao luxo de viver numa cidade do interior, e ser gravado no “Sul”. Luiz Gonzaga, depois de Jackson, foi quem mais gravou Rosil Cavalcanti. Três LPs de Gonzagão têm títulos de composições de Rosil: Ô veio macho (1962), (Pisa no pilão) A festa do milho (1963), Aquarela nordestina (1989). A música do filho de Macaparana adaptou-se até ao tropicalismo. Um dos maoiores sucesso de Gal Costa em sua fase Tropicália, foi Sebastiana, gravada com Gilberto Gil, no LP Gal Costa(1969). 

Rosil Cavalcanti, pelo volume, qualidade e originalidade de sua obra, é um dos cinco mais importantes compositores que definiram o forró, termo que engloba os muitos ritmos da região nordestina. Está ao lado de Humberto Teixeira, Zé Dantas, Onildo Almeida,e Miguel Lima, no time de autores que através de Luiz Gonzaga, Marinês ou Jackson do Pandeiro, criaram um repertório básico para a música do Nordeste. Pode-se estranhar a inclusão do fluminense Miguel Lima neste time. Mas Lima tem cerca de 60 músicas na obra deLuiz Gonzaga (só ou em parceria com Lua).

Um rápido passeio pela música de Rosil Cavalcanti para lamentar o atual estágio do forró, onde se contam nos dedos, autores que não se limitam ao xote romântico. Em Rosil há desde o lúdico ao lírico: Na base da chinela, e Aquarela Nordestina.

 A primeira é um exemplo do forró malicioso. Chinelar, ou chinelada é um eufemismo nordestino, hoje pouco usado, para o ato sexual: “Jogaram no salão pimenta bem machucada/e o baile da Gabriela acabou na chinelada”.A segunda recorre à estiagem para cantar a paisagem da região: o Nordeste imenso, quando o sol calcina a terra/não se vê uma folha verde na baixa ou na serra/juriti não suspira, inhambú seu canto encerra/não se vê uma folha verde na baixa ou na serra”.

A obra de Rosil é um tratado sobre o Nordeste do seu tempo, em que, por exemplo, a polícia e o valentão eram mais temidos e respeitados do que prefeitos ou magistrados. Na antológica Cabo Tenório, o policial tem sua maneira de restabelecer a ordem: “...deu murro e bufete/ tomou canivete, peixeira e facão/os brabos correram quem ficou presente/gritava contente no meio do salão e dizia/cabo Tenório é o maior inspetor de quarteirão”. Por sua vez o valentão Severino Serrotão, do rojão Lei da compensação, termina encontrando um mais brabo do ele:, um tal Cabo Vaqueiro, que bota Serrotão pra correr: “De Campina ele mudou-se pra Euclides da Cunha/passou a ser chamado serrinha de aparar unha”.
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JUAZEIRO DO NORTE CELEBRA OS 84 ANOS DE MORTE DO PADRE CÍCERO ROMÃO BATISTA

Fiéis de várias partes do Brasil, principalmente do Nordeste, visitarão o Juazeiro do Norte, no Cariri cearense, para celebrar os 84 anos de morte de um dos maiores ícones religiosos do Brasil: Padre Cícero Romão Batista.

Padre Cícero ou “Padim Ciço”, como é popularmente chamado, faleceu aos 90 anos, no dia 20 de julho de 1934 e se tornou símbolo de luta e fé no Ceará.

Cícero Romão Batista nasceu no dia 24 de março de 1844, no Crato. Em seu sexto aniversário, Cícero começou a estudar e já com 12 anos, fez voto de castidade, influenciado pela leitura da vida de São Francisco de Sales. 

Entrou para o Seminário, em Fortaleza, aos 21 anos. Em 1871, aos 28, se mudou para a cidade Juazeiro do Norte, onde ficou até sua morte. O pároco ganhou a simpatia e apreço popular após realizar trabalhos de pastoral com pregações, aconselhamentos, confissões e visitas domiciliares.

Em 1889, um fato mudaria para sempre a história de clérigo. Ao dar a comunhão a beata Maria de Araújo, a hóstia se transformou em sangue na boca da fiel. O fato aconteceu outras vezes e o povo da cidade entendeu o ocorrido como um milagre, o que representaria o sangramento de Jesus Cristo. Após isso, a popularidade do padre cresceu e, assim, começaram as peregrinações à cidade.

A igreja rejeitava a ideia de milagre e enviou comissões de médicos para examinar o caso. Após uma segunda comissão não registrar sangramento da boca da beata, a igreja, então, concluiu que não houve milagre. A população, outros padre e o próprio Padre Cícero continuavam acreditando no milagre da hóstia, o que irritou o alto clero, que viu a insistência como desobediência à igreja. Um relatório foi enviado à Santa Sé, que suspendeu Padre Cícero de suas atividades, o acusando de manipulação da fé. A situação deu ainda mais visibilidade ao pároco.

Proibido de celebrar missas, Padre Cícero entrou na política por pedidos de amigos e da própria população para lutar pela emancipação política de Juazeiro do Norte. Em 1911, ano em que o povoado se tornou cidade, foi eleito o primeiro prefeito do novo município. Chegou a ser nomeado como vice-governador do Ceará, porém nunca ocupou o cargo. 

Até o mais temido cangaceiro, o “capitão” Virgulino Ferreira, mais conhecido como Lampião, declarou ter admiração e grande respeito pelo Padim Ciço.



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CONVIVÊNCIA COM O SEMIÁRIDO É DEBATIDO EM CONGRESSO DE COMUNICAÇÃO

A comunicação como direito, estratégia política de transformação social e instrumento de luta para desconstruir o discurso do combate à seca tem despertado novos atores a pautarem uma Comunicação para a Convivência com o Semiárido. A partir dessa premissa e com o objetivo de ampliar a compreensão sobre o papel da comunicação libertadora e emancipatória, o Eixo de Comunicação do Irpaa ministrou minicurso e oficina temáticas no primeiro dia do XX Congresso de Ciências da Comunicação na Região Nordeste, o Intercom.

O minicurso “Comunicação para a Convivência com o Semiárido” e a oficina de fotografia “Novos olhares para o Semiárido” foram realizadas na semana passada, no Centro de Formação Dom José Rodrigues, reunindo um público de aproximadamente 50 participantes dos Estados de Bahia, Maranhão, Sergipe, Pernambuco, Piauí, Alagoas e Ceará, entre estudantes de graduação, mestrado, professoras profissionais da comunicação.

No momento de avaliação do minicurso e da oficina, as/os congressistas pontuaram como positivo o processo formativo ter acontecido no Centro de Formação Dom José Rodrigues, espaço do Irpaa.

“A importância de está em local onde a gente tem a demonstração dessas tecnologias, dessas experiências [Convivência com o Semiárido], poder vivênciar isso a partir do exercício do olhar com mais cuidado, por exemplo pra Caatinga, compreendendo a importância da Caatinga”, declarou Karine sobre as avaliações pontuadas pelos/as participantes.

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QUINTETO VIOLADO, ASA BRANCA, O MAIS BELO ARRANJO MUSICAL PARA A CRIAÇÃO DE HUMBERTO TEIXEIRA E LUIZ GONZAGA

O vocalista do Quinteto Violado Marcelo Melo, disse que a banda foi um divisor de águas para a música nordestina”. Paraíbano de Campina Grande o vocalista do Quinteto Violado explicou que tem quase 50 anos de carreira. Um dos criadores da banda, um dos percussores da música regional brasileira fala da importância dessas obras para as próximas gerações.

Em entrevista ao Conversa com Roseann Kennedy,  da TV Brasil, nesta segunda (9/07), Marcelo relembra a trajetória do grupo e de trabalhos memoráveis como os arranjos feitos para várias obras de Gonzagão, Dominguinhos e Geraldo Vandré que ele considera um compositor fantástico. E recorda: “O primeiro arranjo que a gente fez de Asa Branca, o Gonzaga se emocionou muito. Ele dizia que era o arranjo mais bonito que ele tinha escutado.”

O vocalista tem orgulho de ter inspirado várias gerações e diz que no momento que o Quinteto Violado começou a trabalhar a música regional brasileira, muitos compositores e músicos da época chegaram a dizer que ouviam juntos todos os lançamentos do grupo. Fato que influenciou novas criações e artistas nordestinos. Marcelo também relembra o eterno Chico Science que traduziu em seus tambores a observação do comportamento do povo das favelas, “com um ritmo musical que encantou o mundo”.

Quando o Quinteto completou 40 anos, Marcelo relembra que chegou a ouvir de Lenine: “Vocês (Quinteto Violado) fazem parte do meu DNA, de tão impregnada que a musicalidade de vocês está dentro da minha história”.

A preocupação do Quinteto em perpetuar a boa música, está nos encontros que eles promovem com grupos de outros estados do país, como a Banda de Pau e Corda, Grupo Raízes e vários outros. A intuito é promover o intercâmbio da música regional sem caricaturas e driblar as dificuldades já enfrentadas pelo grupo desde o seu nascimento. Para Marcelo é importante que esses movimentos sempre se mantenham, pois muita gente jovem faz sons interessantes na atualidade.

 “O Quinteto foi como um divisor de águas para a música nordestina. Num determinado momento a música nordestina tinha uma dificuldade muito grande de alcançar o ambiente do centro-sul, do sudeste, onde se sediavam as grandes gravadoras”.

Para as próximas gerações, o grupo investe nos “Concertos Aula” um projeto educador e pedagógico que difunde vários gêneros e ritmos musicais. “A gente percebeu que era muito importante utilizar esse nosso acervo, essa nossa forma de trabalhar a música como uma maneira também de educar, de trazer uma informação pedagógica para os jovens . Foi aí que nós criamos os Concertos Aula e nós começamos a apresentar para a juventude. A gente despertava nas crianças o interesse pela música, pela música séria, pela música que tinha uma representatividade brasileira”.

Fonte: Agencia BrasilValéria Aguiar
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O FORRÓ DE LUIZ GONZAGA, AS SINCOPADAS DE JACKSON DO PANDEIRO, GENIALIDADE DE DOMINGUINHOS E LEVE DE SIVUCA

O SESC abraçou a cruzada depositada no IPHAN que visa conceder ao Forró de Raiz o posto maior de Patrimônio Imaterial do Brasil. Mesmo que o IPHAN não consiga prosseguir, por conta das investidas maliciosas e falta de verbas, independente de qualquer querer das elites, o forró é território e aura patrimoniais do Brasil. E todos sabemos que o Brasil não é só samba, sertanejo, axé e funk. 

O Brasil é verdadeiramente uma grande sala de chão batido, uma sala de reboco, com folhas de eucalipto espalhadas pelo mesmo chão e, lá no canto da parede, um trio tocando sanfona, triângulo e melê. Quem não souber o que é um melê, procure saber, forrozeiro não é.

A juventude forrozeira tem como base para seu gosto, geralmente, os acordes de Gonzaga, as sincopadas de Jackson, a genialidade de Dominguinhos e a leveza de Sivuca. De vez em quando adentram no universo dos trios e têm no Trio Nordestino a voz das vozes de Lindú; entram pelo swing de Os Três do Nordeste, com Parafuso rodopiando assustadoramente; entranham-se pelo Trio Mossoró, com a identidade mais sertaneja de João Mossoró; alguns distanciam-se um pouco mais no tempo e chegam ao Trio Nagô ou ao Trio Marayá. Mas quero trazer para os amantes da arte forrozal quatro pilares para nossa sala.

Não sei mais qual foi o ano no qual estreamos na Rádio Serrana de Araruna, ZYI 692, AM 590, aos domingos, entre 6 e 9 das manhãs paraibanas. Éramos três a escrever o Suíte Nordestina: Ney Vital Guedess, Pedro Freire e eu. Depois veio Ednaldo da Silva, o Dina. Procurávamos não ficar na mesmice e vivíamos a vasculhar as feiras do brejo em busca de discos de artistas anônimos e outros que não chegavam em nossa cidade. Os sebos de Campina Grande e João Pessoa eram vasculhados, visita a amigos da zona rural, era uma caçada épica. No repertório dos discos de vinil tocávamos não os carros chefes, mas músicas de boa qualidade escondidas nas 12 faixas tradicionais.

Nessas buscas encontramos o magnífico Azulão. A primeira canção do mestre de Caruaru que toquei no rádio foi Apanhadeira de Café, de Brito Lucena e Azulão. Uma marchinha que eu ouvia de Xuxu, um vizinho que, quando bebia, a cantava com uma emoção de doer o peito da gente. De Azulão a Jair Alves, cognominado O Barão do Baião, foi um pulo. 

Comprei o disco em Remígio e corri pra casa para ouvir. Chamou-me atenção o baião Aproveita a Maré, de Valdrido Silva e Humberto de Carvalho. Quando ouvi fiquei meio aéreo com um baião que não falava de seca, nem de amor perdido, mas do mar, das sereias e seus cantos. 

A eles, certa vez, juntou-se Assisão, que tempos depois viraria febre nas rádios com Eu Fiz Uma Fogueirinha. Mas Sebastião do Rojão foi quem surpreendeu-me com canções que iam entre o baião e o bolero, entre o rojão e a dor de cotovelo. Foram os quatro cavaleiros durante um bom tempo em minha radiola Aiko e nas ondas da Rádio Serrana, no Suíte Nordestina.
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