SÃO JOÃO NORDESTINO VIVE "CAMAROTIZAÇÃO" E PASSA A CONTAR COM ÁREAS VIP E ESTRUTURA DE FESTIVAL

Cresceu nos últimos anos um novo modelo de festejo junino no Nordeste: a “camarotização” do São João. Caracterizada pela presença de áreas fechadas prometendo exclusividade, artistas com altos cachês, seguranças e valores exorbitantes na venda de ingresso, a tradicional festa nordestina agora assume uma nova essência.

Essa mudança de perfil foi mostrada em reportagem publicada pelo jornal Folha de S. Paulo na última quinta-feira (22). Os festejos nas praças e áreas públicas ganharam maior protagonismo, movimento acompanhado de uma camarotização, com a criação de espaços vip e ares de festival.

Presente nas festas de cidades como Caruaru (PE) e Campina Grande (PB), que disputam o título simbólico de maior São João do mundo, o modelo ganhou notoriedade e passou a ser replicado em outros estados da região, em municípios de médio e pequeno porte, a exemplo de Petrolina (PE).

Em cidades como Caruaru, Arcoverde (PE) e Maceió (AL), a exploração privada de camarotes em áreas públicas chegou a ser questionada por órgãos como o Ministério Público e Tribunal de Contas.

A ‘camarotização’ resultou em críticas da população sobre a limitação de espaço disponibilizado para o público não pagante. Questionamentos sobre a contratação de empresas para a organização das festas, a localização dos camarotes e os altos valores destinados às bebidas são algumas das críticas feitas pelos frequentadores.

O modelo, por outro lado, é exaltado por prefeitos, que veem uma profissionalização das festas. A licitação dos espaços para camarotes e áreas vips é apontada como uma forma de arrecadar recursos para bancar parte dos gastos, explicou a reportagem.

Em Campina Grande, o espaços privados cresceram ao longo da última década no Parque do Povo, arena que recebe os principais shows do São João. Este ano, o local tem capacidade para 57 mil pessoas, sendo 1.200 nos camarotes e cerca de 6.800 na área vip em frente ao palco.

As entradas para as áreas de acesso gratuito têm registrado filas. Em 11 de junho, grades de proteção foram derrubadas e parte do público invadiu o parque burlando o controle no acesso. Nas redes sociais, moradores criticaram o tamanho das áreas destinadas aos não pagantes na festa.

Em nota, a prefeitura diz que a área dos camarotes é menor que em anos anteriores e que o espaço destinado ao frontstage "representa em média 20% do espaço público da área superior dos shows e é flexível, a depender do dia da atração".

Também houve uma polêmica com a redução em 20 minutos do show do cantor Flávio José, um dos mais respeitados nomes do forró. O prefeito Bruno Cunha Lima (PSD) manifestou solidariedade, mas disse que a prefeitura não tem controle sobre a ordem e duração dos shows.

A gestão da festa segue desde 2017 um modelo de parceria público-privada, no qual a prefeitura licita a organização da festa para uma empresa. Em 2023 e 2024, a responsável é a Artes Produções, vencedora da última licitação.

O modelo foi reproduzido em outras cidades paraibanas como Patos, Monteiro e Bananeiras. Nesta última, o local da festa ganhou ares de cidade cenográfica e a frente do palco foi tomada por espaços vip, com áreas com consumo livre de bebidas e camarotes com serviços de spa e salão de beleza.

O avanço dos camarotes também aconteceu nos últimos anos em Caruaru. Em 2023, a festa teve um entrave na Justiça para a liberação de um dos camarotes no Pátio de Eventos Luiz Gonzaga.

Em maio, o Ministério Público do Estado de Pernambuco pediu a suspensão da venda de ingressos do camarote Exclusive, com ingressos de até R$ 400. No início de junho, a Justiça liberou o camarote reajustando o valor pago por metro quadrado.

O secretário de Desenvolvimento Econômico de Caruaru, Pedro Augusto Cavalcanti, minimizou a presença de camarotes na festa e disse que os espaços não são uma novidade.

A 116 km de Caruaru, a cidade de Vitória de Santo Antão terá um camarote privado com dois andares e uma área vip à frente do palco dos shows públicos. O perfil oficial do setor mostra que o lounge ocupará uma parte da frente do palco.

Os ingressos individuais chegam a até R$ 240 e os coletivos a R$ 8.000 (acomodam 12 pessoas). O camarote também tem banheiros e bares exclusivos, além de acesso privativo.

O vereador de oposição André Carvalho (PDT) entrou com uma petição no Tribunal de Contas do Estado indicando possíveis vínculos entre a empresa do camarote e dois servidores da prefeitura, mas ainda não há decisão sobre o tema. Procurada, a prefeitura não se manifestou.

Este formato de festa também ganhou espaço na Bahia desde 2022 em cidades como Santo Antônio de Jesus, Cruz das Almas, Senhor do Bonfim, Jequié e São Gonçalo dos Campos.

O novo formato coincide com o declínio das festas juninas privadas no estilo micareta, feitas em fazendas nos arredores das cidades e que ganharam popularidade a partir dos anos 2000. Este ano, três delas foram canceladas: o Forró do Bosque (Cruz das Almas), Forró do Piu-Piu (Amargosa) e Forró do Lago (Santo Antônio de Jesus).

Santo Antônio de Jesus, que abriga uma das festas mais tradicionais da Bahia, vai estrear o camarote no São João deste ano com ingressos entre R$ 90 e R$ 270.

A promessa é de vista privilegiada para o palco onde se apresentam nomes como Bell Marques e Lucy Alves.

O prefeito Genival Deolino (PSDB) defende o formato e diz que os recursos arrecadados com a licitação do camarote e com patrocinadores ajudam a reduzir os custos dos cofres municipais com a festa.

Em Cruz das Almas (155 km de Salvador), a festa deixou de ser feita em um bairro residencial desde o ano passado e migrou para uma área na entrada da cidade, com formato de arena, acesso controlado e camarotes nas laterais.

O prefeito Ednaldo Ribeiro (Republicanos) afirma que o novo formato reflete uma profissionalização da festa, que foi para um espaço cinco vezes maior que o anterior. O objetivo, diz, é atrair mais turistas e mantê-los na cidade durante o São João.

Na cidade de Santa Bárbara, que fez o São João antecipado no último fim de semana, a prefeitura foi alvo de críticas por instalar o camarote em uma área em frente ao cemitério. Nas redes sociais, a prefeitura celebrou o recorde de público da festa, que teve shows de Vitor Fernandes e Nadson, o Ferinha. (Folha Press-Folha de São Paulo)

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SÃO JOÃO DA PARAÍBA COMPLETA 40 ANOS

"Grande festa nordestina / forró a cada segundo / nós fazemos em Campina / O Maior São João do Mundo" foi através desta quadra que o Poeta, Ronaldo Cunha Lima definiu o São João de Campina Grande, Paraíba. Foi a alma sensível e o espírito humanista dele que permitiram esse legado eterno de valorização e preservação da cultura.

A cidade paraibana de Campina Grande está em festa neste fim de semana. O São João famoso está completando quatro décadas.

Dois milhões de pessoas vão passar por lá durante o mês de junho. Tanta gente assim contribui para movimentar a economia da região, em cerca de R$ 500 milhões, segundo a prefeitura. Foi na cidade, que tem apego à grandeza, que surgiu a festa que ficou conhecida como “O maior São João do mundo” - mas nem sempre foi assim.

Essa história começou há 40 anos e foi ideia de um funcionário público.

“Você está pedindo uma festa com duração de 30 dias? Você não pediu um São João diferente? Então, não existe no mundo uma festa com essa duração. Vai ser o Maior São João do Mundo”, conta Eraldo César, ex-diretor de recreação.

Nos primeiros anos, o palco era um caminhão. Em 1986 foi construída a Pirâmide, no Parque do Povo, abrigando forrozeiros e o palco. O músico Capilé participa da festa há 38 anos.

“A cidade vestiu a camisa do São João. Em 1986, com a criação da Pirâmide, você não tem noção. Eu para sair do Parque do Povo foi um corredor humano de polícia para gente sair. Foi ali que eu disse, agora eu sou um artista”, lembra o cantor.

A festa ganhou novos palcos, cidade cenográfica e espaço para os espetáculos promovidos pelas quadrilhas. Ainda tem as ilhas de forró. Quem visita Campina Grande tem várias opções. Dá para dançar o tradicional forró pé de serra nas ilhas. Mas a festa também acolhe outros ritmos e reúne multidões.

Há pelo menos 30 anos, no dia 23 de junho, o compromisso de Elba Ramalho é o mesmo: o palco principal do Parque do Povo.

“É uma festa de muita tradição. Ela vem da infância, eu nasci no sertão. Sou filha do sertão. Eu aprendi a dançar forró, a gostar, a acender a fogueira. É a festa da família. Todo mundo sai de onde está aí vai para aquele ponto encontrar e ficar todo mundo junto”, celebra a cantora Elba Ramalho.
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CANTORA COMPOSITORA ANASTÁCIA E DANIEL GONZAGA SE EMOCIONAL NA EXPOSIÇÃO DO LIVRO LUIZ GONZAGA 110 ANOS DO NASCIMENTO

A cantora e compositora Anastácia e Daniel Gonzaga prestigiaram com visita a exposição do livro “Luiz Gonzaga 110 anos do Nascimento”. Na noite de ontem (20), o autor do livro Paulo Vanderley, realizou a palestra e bate-papo especial “Causos de Seu Luiz”.

Anastácia é a principal parceira do saudoso Dominguinhos em centenas de composições. Daniel Gonzaga é cantor e compositor, junto com Anastácia é um dos principais nomes da música brasileira. Daniel é filho de Gonzaguinha. A noite foi marcada pela emoção. "Assim como o livro, a exposição traz momentos emocionantes de Luiz Gonzaga e o melhor de tudo: é ótima para passar nossa cultura de forma lúdica aos nossos filhos. Esse livro é material indispensável de pesquisa e é fonte de estudos e obrigatória", declarou Daniel Gonzaga.

O evento aconteceu na Praça de Eventos do mall, espaço onde está em cartaz a exposição de mesmo nome, até o dia 28 de junho. Vanderley conta ao público momentos da vida do Rei do Baião, com apresentação de fotos raras, falar sobre o processo criativo do livro e muito mais.  O acesso à palestra e exposição é gratuito. 

A obra “Luiz Gonzaga 110 anos do Nascimento” é resultado de 31 anos dedicados à pesquisa da musicalidade e universo gonzagueano por Paulo Vanderley, com o objetivo de democratizar e compartilhar a história e a arte do Rei do Baião. Com quase 500 páginas, o livro é contado em primeira pessoa, pelo próprio Luiz Gonzaga, por meio da transcrição de trechos garimpados minuciosamente de mais de 100 entrevistas de rádio, TV, apresentações e, ainda, de bate-papos informais que foram gravados. Todos os áudios e imagens das transcrições estão disponibilizados para o leitor por meio de QR codes dispostos pelas páginas do livro. 
O livro, da editora ViuCine, faz parte de um box, que traz também um post colecionável, carteira e dentro dela, retrato 3x4 do artista, réplica de documento de carro e uma cédula de 110 gonzagas. Tem até a réplica do cartão ouro do Banco do Brasil, encartes, todas as capas de todos os LPs em tamanho original, capas dos compactos e contratos de shows. 

O box completo pode ser adquirido no local da exposição, no Shopping Tacaruna, ou através do site https://110anos.luizluagonzaga.com.br, no valor de R$ 330,00 ou a edição simples do livro que custa R$ 180,00.

A exposição com 350m² reúne uma parte da coleção pessoal de Paulo Vanderley e é inédita. Alguns itens do acervo do colecionador já estiveram na produção de cena e figurino de filmes e séries sobre a vida do Rei do Baião. Nesse momento, Paulo exibe em média 100 artigos originais e inéditos da carreira e vida pessoal do artista. Entre eles, fotos originais do acervo pessoal de Luiz Gonzaga; caixa do box “50 anos de Chão”, autografado pelo artista em fevereiro de 1988; entrevista manuscrita a uma revista de Luxemburgo, nos anos 1970; documento original do carro de Gonzaga (modelo Furglaine, da Ford); cartão de crédito original do Banco do Brasil; exemplares de revistas dos anos 1950, contendo matérias sobre o artista (Revista do Rádio, Radiolândia, O Cruzeiro, entre outras); 44 LPs de carreira, de 1958 a 1989, e 1 disco de 78 RPM, de 1947, contendo a faixa do clássico “Asa Branca”.

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SECRETARIA DE SAÚDE ABRE POLO EXTRA DE VACINAÇÃO DURANTE SÃO JOÃO DE PETROLINA

Devido às baixas temperaturas e o aumento do surgimento das síndromes gripais, a Prefeitura de Petrolina, através da Secretaria de Saúde, montou uma estratégia para ampliar a oferta da vacinação contra a Covid-19 e Influenza e manter a população protegida para curtir os festejos juninos.

A partir dessa sexta-feira (16) até o dia 25 de junho, uma equipe estará de segunda-feira a sábado, das 16h às 20h, e no domingo das 8h às 10h e 16h às 20h, na Orla de Petrolina imunizando toda a população. Isso vale para as crianças, adultos e idosos, como também para os turistas que desejarem atualizar a caderneta de vacinação.

Para receber as doses, basta levar o documento de identificação com foto, cartão SUS ou CPF e o cartão de vacinação. A secretária executiva de Vigilância em Saúde, Marlene Leandro, explica que essa estratégia é mais uma adotada pela Secretaria com o intuito de ampliar a proteção da população. “Ao longo dos anos estamos em buscar estratégias para facilitar o acesso a vacinação da população. Esse polo extra será para os petrolineses que estão com as vacinas em atraso e para os turistas que vêm festejar conosco. Gosto sempre de destacar que a vacinação é a única forma de prevenir possíveis complicações pelo vírus da gripe e Covid-19”, destaca. (Fonte Ascom Petrolina)

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CÂMARA DOS DEPUTADOS APROVA REGIME DE URGÊNCIA PARA A LEI LUIZ GONZAGA

Com 278 votos, a Câmara dos Deputados aprovou, na terça-feira (20), o regime de urgência para o Projeto de Lei 3083/2023 (Lei Luiz Gonzaga), de autoria do deputado federal Fernando Rodolfo (PL-PE). Feita em parceria com representantes da classe artística, a matéria estipula que 80% das verbas públicas de festas juninas deverão ser destinadas para a contratação de artistas, bandas e expressões ligadas ao forró e à cultura regional. Agora, o presidente da Casa, Arthur Lira, deverá marcar a votação do projeto para os próximos dias.

"A Câmara deu hoje um reconhecimento expressivo à cultura popular e aos seus artistas. Aprovamos a urgência e vamos trabalhar para ampliar os votos quando a matéria principal for à Plenário. Conseguimos uma tramitação exemplar, pois o tema merecia, e era de nosso interesse provocar a discussão ainda neste período junino, na semana do São João. Vamos resgatar as tradições das festas, garantindo que elas não sejam descaracterizadas como vem ocorrendo em algumas cidades. Mais um passo foi dado e estamos mais perto", declarou Fernando Rodolfo.

Mais cedo, o autor do projeto levou uma comitiva de artistas para a residência oficial de Arthur Lira. No encontro, os cantores Santana, Alcymar Monteiro e Targino Gondim e a banda Fulô de Mandacaru ressaltaram a importância da Lei Luiz Gonzaga, e receberam sinal positivo de Lira para a votação. O projeto foi incluído na ordem do dia e contou com muitas manifestações favoráveis em plenário.

"Foi um grande passo. Estamos mais próximos, vamos aguardar a votação definitiva para mobilizar ainda mais artistas para sensibilizar os parlamentares da importância do forró, que é patrimônio imaterial do Brasil. Tenho certeza de que passará, assim como será no Senado e na sanção presidencial. O São João de 2024 será um resgate às tradições, com a homenagem ao Rei do Baião, Luiz Gonzaga, pois sem ele não teríamos a força dessa expressão cultural", destacou Armandinho do Acordeon, da Fulô de Mandacaru e um dos que contribuíram para a elaboração do projeto.


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DOCUMENTÁRIO RETRATA A LIDA DE MULHERES EXTRATIVISTAS DO PEQUI NA CHAPADA DO ARARIPE

O pequi, fruto do pequizeiro, é nativo do Cerrado, típico na Chapada do Araripe, e bastante popular para a culinária local e medicina popular. A extração do óleo permite o uso como condimento no preparo de comidas, além de conter efeitos medicinais. É utilizado também para fazer molhos e cosméticos. 

O extrativismo do fruto, que corre perigo de extinção, é cultural na vida de mulheres sertanejas da região do Cariri cearense, onde a produção ajuda a garantir renda para as famílias das comunidades dos arredores. Essa relação entre as mulheres extrativistas e o fruto, assim como a lida delas na coleta do pequi e seus aspectos culturais se tornou inspiração para o documentário ‘Caryocar Coriaceum – Piqui e as mulheres da Chapada do Araripe’.

O filme é um trabalho de pesquisa e registro audiovisual que traz à tona a lida das mulheres nas áreas onde o pequi sempre fez-se abundante, mas hoje encontra-se em extinção por causa da devastação da Floresta do Araripe. O material parte do dia a dia das comunidades na Chapada do Araripe e territórios quilombolas que sobrevivem dessa colheita e onde famílias se instalam durante alguns meses, todos os anos, para colher, produzir o óleo e vender o fruto.

A iniciativa faz parte do Projeto Ponto de Cultura ABCVATÁ, com produção executiva da coreógrafa e produtora cultural Valéria Pinheiro, tendo ainda na equipe o cineasta e professor Marcelo Paes de Carvalho e a fotógrafa cearense e hoje residente na Espanha, Adriana Pimentel. O documentário busca levar seus espectadores a paisagens únicas com o objetivo de acompanhar a luta diária de mulheres que fazem do fruto fonte de renda. Além disso, o material induz a reflexão sobre os processos sociais envolvidos nessa prática, e acima de tudo, nos encanta com as personagens riquíssimas em histórias encontradas nesses territórios.

O documentário traz como norteadora da narrativa a relação das personagens com a cultura local e as memórias afetivas do fazer artístico dessas mulheres que relatam as lembranças da rotina diária,  das alegrias, das cantorias e dos desafios de caminhar léguas para “caçar” o pequi. O projeto evidencia os elementos culturais da narrativa entrelaçada com a lida do campo e traz como exemplo dessa riqueza cultural as músicas cantadas por essas mulheres durante suas atividades, como o coco, as “modinhas” e outras músicas passadas de geração para geração. 

Para a coreógrafa e produtora cultural Valéria Pinheiro, falar sobre as mulheres catadoras de pequi da Chapada do Araripe é como voltar à sua  ancestralidade. Seus  avós são da Chapada do Araripe e sua avó, em algum momento da vida, foi catadora de pequi. Ela conta que  sua inspiração teve início quando, em 2018, voltou a morar no sertão.

“Comecei a buscar coisas que estavam diretamente relacionadas aos meus pais e meus avós. E, numa dessas vezes que eu subi a serra, eu encontrei um quilombo onde, na minha infância, andei muito de cavalo. Comecei a conversar com essas mulheres e a entender que ali as bases das famílias provém das mulheres e muitas delas são catadoras de pequi. Enquanto isso, vinha vendo uma devastação absurda na Chapada do Araripe, onde os pequizeiros estão sendo dizimados”, detalha.

E completa: “comecei a buscar a rota do pequi desde a extração até chegar no mercado de Juazeiro do Norte, na Rua São Paulo, onde as  mulheres vendem. A inspiração para o documentário nasceu aí.  O que buscamos com este filme é mostrar que a principal fonte de renda dessas famílias que dependem do pequi está sendo devastada e substituída por pastos de grandes fazendeiros”.

Francisca Soares da Silva é uma dessas mulheres que dedica a vida ao extrativismo do Pequi. Ela lamenta ter que se desfazer dos pequizeiros em um terreno na região onde casas serão construídas:  “Enquanto eu tiver aqui nesse mundo, eu não gostaria não de ver nenhuma máquina passando por cima de um pequizeiro desse não, vai doer muito em mim”. Além disso, dona Francisca observa que ao longo dos anos a produção vem diminuindo:

“Teve ano que cheguei a tirar daqui de baixo 2.000, 2.500 caroço de pequi, num dia, hoje não. No ano passado mesmo, mas que a gente juntou num dia foi um milheiro (…) E esse ano tá mais fraco ainda. Aí assim, é muita diferença, eu não sei se é devido a poluição do tempo,  que tem feito isso com o nosso pequi.”

O cineasta Marcelo Paes relembra que para ele essa foi uma experiência muito forte: “entender e conhecer a luta dessas mulheres que têm na colheita (que elas chamam curiosamente de “caça”) do pequi seu principal meio de sustento. Soma-se a isso os cenários deslumbrantes e a energia inexplicável que brota da terra daquela região da Chapada do Araripe, pela qual eu sou apaixonado… Foi uma experiência muito forte para além do audiovisual, mas para dentro dos terreiros, para dentro das casas das pessoas que dividiram seus sofás e suas redes para nós dormirmos e se desnudaram ali, diante das câmeras, de forma tão simples, mas ao mesmo tempo tão poderosa e verdadeira”.

A fotógrafa e jornalista Adriana Pimentel, também colaboradora da Eco Nordeste, apesar de já viver há muitos anos em Barcelona, na Espanha, cresceu no Cariri cearense, muito próxima à cultura do pequi.  Esse trabalho lhe trouxe a oportunidade de voltar ao Brasil para retratar a história dessas mulheres na lida da coleta do fruto.

“É um fruto que eu amo e que convivo desde criança. Estar nessas comunidades conhecer as histórias dessas senhoras me trouxe muitos aprendizados. Eu conhecia o pequi, mas não conhecia essa realidade das mulheres que coletam. Ver a importância desse fruto  para essas famílias e ver que essa cultura passa de geração para geração foi algo que me trouxe muitas emoções, por ver a vida simples do campo, a vida real dessas mulheres e a alegria que elas têm em fazer esse trabalho. Foi gratificante conhecer essas histórias e exercitar o meu olhar fotográfico com toda essa riqueza e beleza, esse colorido em meio ao amarelo forte do pequi”, relata.

A produção começou a ser pensada em 2020 e em 2022 foi beneficiada com o apoio do Edital Cultura Viva, para Pontos de Cultura certificados da Secretaria de Cultura do Estado do Ceará. As gravações foram realizadas nos municípios cearenses de Crato e Porteiras. O pré-lançamento foi na última semana, no Quilombo dos Sousas, na zona rural de Porteiras (CE). A partir deste dia 15 de junho, o filme estará disponível no canal do YouTube do Ponto de Cultura ABCVATÁ e no site https://www.teatrodasmarias.com/. (Fonte: site agencia eco Nordeste)

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AUTOR DE LIVRO LUIZ GONZAGA 110 ANOS DO NASCIMENTO REALIZA PALESTRA NESTA TERÇA-FEIRA (20)

O autor do livro “Luiz Gonzaga 110 anos do Nascimento”, Paulo Vanderley, virá ao Recife novamente, para a palestra e bate-papo especial “Causos de Seu Luiz”, no Shopping Tacaruna, no dia 20 de junho, às 19h30. O evento acontece na Praça de Eventos do mall, espaço onde está em cartaz a exposição de mesmo nome, até o dia 28 de junho. Vanderley vai contar ao público momentos da vida do Rei do Baião, com apresentação de fotos raras, falar sobre o processo criativo do livro e muito mais. Também haverá uma sessão de autógrafos da obra. O acesso à palestra e exposição é gratuito. 

A obra “Luiz Gonzaga 110 anos do Nascimento” é resultado de 31 anos dedicados à pesquisa da musicalidade e universo gonzagueano por Paulo Vanderley, com o objetivo de democratizar e compartilhar a história e a arte do Rei do Baião. Com quase 500 páginas, o livro é contado em primeira pessoa, pelo próprio Luiz Gonzaga, por meio da transcrição de trechos garimpados minuciosamente de mais de 100 entrevistas de rádio, TV, apresentações e, ainda, de bate-papos informais que foram gravados. Todos os áudios e imagens das transcrições estão disponibilizados para o leitor por meio de QR codes dispostos pelas páginas do livro. 

O livro, da editora ViuCine, faz parte de um box, que traz também um post colecionável, carteira e dentro dela, retrato 3x4 do artista, réplica de documento de carro e uma cédula de 110 gonzagas. Tem até a réplica do cartão ouro do Banco do Brasil, encartes, todas as capas de todos os LPs em tamanho original, capas dos compactos e contratos de shows. 

O box completo pode ser adquirido no local da exposição, no Shopping Tacaruna, ou através do site https://110anos.luizluagonzaga.com.br, no valor de R$ 330,00 ou a edição simples do livro que custa R$ 180,00.

A exposição com 350m² reúne uma parte da coleção pessoal de Paulo Vanderley e é inédita. Alguns itens do acervo do colecionador já estiveram na produção de cena e figurino de filmes e séries sobre a vida do Rei do Baião. Nesse momento, Paulo exibe em média 100 artigos originais e inéditos da carreira e vida pessoal do artista. Entre eles, fotos originais do acervo pessoal de Luiz Gonzaga; caixa do box “50 anos de Chão”, autografado pelo artista em fevereiro de 1988; entrevista manuscrita a uma revista de Luxemburgo, nos anos 1970; documento original do carro de Gonzaga (modelo Furglaine, da Ford); cartão de crédito original do Banco do Brasil; exemplares de revistas dos anos 1950, contendo matérias sobre o artista (Revista do Rádio, Radiolândia, O Cruzeiro, entre outras); 44 LPs de carreira, de 1958 a 1989, e 1 disco de 78 RPM, de 1947, contendo a faixa do clássico “Asa Branca”.

Serviço: Palestra “Causos de Seu Luiz”, com Paulo Vanderley, autor do livro “Luiz Gonzaga 110 anos do Nascimento”

Shopping Tacaruna, 20 de junho (terça-feira), às 19h30

Acesso gratuito

Maiores informações, acesse www.shoppingtacaruna.com.br

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