FESTA NA MATA BRANCA: CAATINGA GANHA UMA NOVA RESERVA PARTICULAR

Há muito o que se fazer, mas iniciativas como a de Jorge Dantas, criador do Refúgio Jamacaii, apontam um dos rumos que devemos seguir.

Filho de pai e mãe do interior, Jorge Dantas é um oficial de justiça que em 2016, aos 49 anos, entrou no curso de Ciências Biológicas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) buscando entender melhor os passarinhos, animais que sempre o encantaram. Já no curso, durante as aulas de ornitologia, o estudo das aves, ele se encontrou e fortaleceu ainda mais o encantamento por esse grupo de seres vivos, mas agora com algumas centenas de nomes científicos, cantos e padrões de coloração para decorar. 

O resultado disso é que Jorge está prestes a defender o seu trabalho de conclusão de curso, que envolve as aves da fragmentada e ameaçada Mata Atlântica do Centro de Endemismo Pernambuco, porção do bioma ao norte do rio São Francisco, incluindo o território potiguar, onde ele concentra seus esforços.

Mas foi mirando na biodiversa e semiárida Caatinga (mata branca, em tradução do tupi-guarani) que Jorge acabou de realizar seu maior sonho, a criação da Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Refúgio Jamacaii. A reserva com nome de um dos pássaros mais bonitos da Caatinga, o concriz ou corrupião (Icterus jamacaii, no nome científico), está localizada justamente na região onde seu pai nasceu e cresceu, na zona rural da pequena Equador, no coração do Seridó potiguar.

 Criada pela Portaria Nº 459, de 2 de junho de 2022, do Instituto Chico Mendes da Biodiversidade (ICMBio), a mais nova RPPN da mata branca brasileira tem pouco mais de 135 hectares de vegetação de caatinga preservada ou em estágios diferentes de regeneração. “É a realização de um sonho. Espero que mais RPPNs sejam criadas para que nossa Natureza seja preservada, nossos biomas sejam preservados, a nossa existência neste Planeta seja prolongada”, comemorou Jorge ao se deparar com a publicação da portaria do ICMBio.

Quem acha que os esforços de conservação do Jorge e sua família começam só agora, com a criação da reserva, está muito enganado. Desde que comprou a área, há cinco anos, têm sido realizadas na área atividades como o controle de plantas invasoras, o plantio de árvores nativas e, especialmente, o manejo de bebedouros artificiais para dessedentação da fauna nos períodos de estiagem associado ao monitoramento por meio de câmeras automáticas. Através destes aparelhos já foram registradas mais de 12 espécies só de mamíferos terrestres nos bebedouros, incluindo tatus, raposas, tamanduás e até dois pequenos felinos ameaçados de extinção.

O gato-do-mato-pintado (Leopardus tigrinus) e o gato-mourisco (Herpailurus yagouaorundi) são a maior sensação da reserva, já que sempre aparecem mães com seus filhotes brincalhões nos registros. Mas não é só isso, o Refúgio Jamacaii já participou de ações de conservação previstas no Plano de Ação Nacional para Conservação dos Pequenos Felinos do ICMBio, através de uma campanha de vacinação de cães domésticos visando diminuir a disseminação de doenças para felinos silvestres, atividade apoiada pelo Projeto Gatos do Mato Brasil e o Tiger Cat Conservation Initiative.

Se antes o Refúgio Jamacaii já contribuía muito para a conservação da fauna e da flora da Caatinga, como RPPN sua relevância ganha outro patamar. Após criada, uma área averbada como RPPN tem como objetivo principal conservar a diversidade biológica local, permitindo apenas a pesquisa científica e a visitação com objetivos turísticos, recreativos e educacionais nos seus limites.

 Segundo Lívia Cavalcanti, ecóloga e mestranda do Programa de Pós-graduação em Ecologia da UFRN, RPPNs são hoje uma das principais ferramentas para se alcançar os objetivos de conservação, dada a alta porcentagem de terras sob propriedade privada no Brasil (e no mundo). Esse tipo de iniciativa deve ser complementar aos esforços do poder público em conservar a biodiversidade e garantir a sadia qualidade de vida da população, obrigação prevista desde a Constituição Federal de 1988. No entanto, a iniciativa particular ganha cada vez mais destaque. 

“Frente a um quadro em que se torna cada vez mais cara, complexa e demorada a criação de áreas de proteção pública, a destinação voluntária de terras particulares para implementação de áreas protegidas se tornou uma alternativa complementar necessária”, complementa Lívia, que pretende com sua pesquisa identificar fatores no cenário nacional que incentivam e ajudam na manutenção das RPPNs, e para isso está coletando repostas de proprietários de reservas particulares de todo Brasil (link do formulário). 

Essa nova unidade de conservação vem em boa hora. A Caatinga figura entre os biomas brasileiros menos protegidos por unidades de conservação criadas pelo poder público, isso é ainda mais uma realidade em estados como o Rio Grande do Norte. Por isso, pesquisadores defendem, por exemplo, que aumentar o número de áreas protegidas públicas e particulares deve ser uma ação estratégica dentro dos crescentes processos de licenciamento ambiental de empreendimentos eólicos e solares em áreas prioritárias para a conservação da Caatinga. Em se tratando de reservas particulares, a RPPN Refúgio Jamacaii é a oitava UC desta categoria no território potiguar, sendo a quinta na Caatinga. 

Mas segundo Robson Henrique Pinto da Silva, Coordenador de Meio Ambiente e Saneamento da Secretaria do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos do Rio Grande do Norte (SEMARH), esse número deve crescer em breve, já que em fevereiro deste ano foi publicado um decreto que estabelece os critérios e processos para criação de reservas particulares a nível estadual, o que deve simplificar e agilizar esse tipo de processo e beneficiar proprietários particulares interessados em destinar áreas para fins de conservação. “Como parte das ações de divulgação, está sendo organizado junto a UFRN o ‘II Seminário para Criação de Unidades de Conservação Particulares: Conservação Ambiental e perspectivas de Sustentabilidade Financeira’, o qual será realizado nos próximos dias 05 e 06 de julho”, finaliza Robson.

Há muito o que se fazer, mas iniciativas como a de Jorge Dantas apontam um dos rumos que devemos seguir. A proteção e recuperação de áreas naturais é especialmente importante em um cenário de mudanças climáticas e avançado processo de desertificação em regiões da Caatinga, como recentemente destacado na capa de um dos jornais mais famosos do mundo, o The New York Times, que denunciou a transformação da vegetação natural em um quase deserto justamente na região Seridó do Rio Grande do Norte, onde o Refúgio Jamacaii acaba de ser criado.

 É aqui que o gesto de Jorge, iniciado pelo amor às aves e apego às suas origens, torna-se ainda mais relevante para a causa ambiental, garantindo habitat preservado e a manutenção e serviços ecológicos para os habitantes do Refúgio Jamacaii e seu entorno e inspirando outros proprietários a repetirem esse feito em outras áreas naturais da Caatinga, para assim como Jorge, carregarem consigo a consciência de devolver um pouco para a natureza o que tanto retiramos dela! (Fonte: O Eco Jornalismo Ambiental/Paulo Henrique Marinho)

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POÇO REDONDO: LAMPIÃO, MARIA BONITA E A NOITE DE AMOR EM 28 DE JULHO

Aquela noite, 28 de julho, era a noite de seus desejos. Seus corpos se amariam como nunca. Seus olhos confessavam seu amor. Havia uma necessidade de abraçar mais forte, de se beijar mais quente, de sussurrar segredos. 

O suor os unia em complexa solução salgada. Seus fluidos se misturavam cumprindo seu destino. A lua, a noite, o silêncio no campo. A terra calava-se diante de tanta cumplicidade. Nus, abraçados, juraram amor eterno, enquanto seus dedos se entrelaçavam. 

A rusticidade de suas vidas nunca invalidara seus momentos de paixão.  O cactos, a poeira da caatinga, os bichos mais estranhos, a brisa inexistente, tudo reverenciava e abençoava sua união. Naquela noite, toda a alegria do mundo invadia-lhes a aura. Até que veio a manhã e adormeceram para sempre.

Fonte: Aderaldo Luciano-professor. Doutor em Ciência da Literatura

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MESTRE DA SANFONA LUIZINHO CALIXTO DIZ QUE FESTIVAL NACIONAL DO FORRÓ DE ITAÚNAS MOSTRA PARA O BRASIL A VALORIZAÇÃO DA CULTURA

O Festival Nacional Forró de Itaúnas (Fenfit), realizado no Espírito Santo, aconteceu entre os dias 16 a 23 de julho, com mais de 50 shows entre atrações deste ano Mestrinho, Gennaro, o Trio Xamego (SP), Flávio Leandro, Dorgival Dantas, Dió Araújo,  Mariana Aydar, Banda Rastapé e o Trio Dona Zefa, comemorando 20 anos de carreira. 

O sanfoneiro, Mestre da Sanfona de 8 Baixos, Luizinho Calixto, 66 anos, através das redes sociais, disse que "o Festival é uma maravilha e ele estava em extase com o sucesso do evento".  Luizinho Calixto é o responsável pela formação, acompanhamento e orientação de centenas de jovens e adultos. E, desta experiência, nasceu o primeiro Manual de Sanfona de 8 Baixos voltado à Afinação Nordestina, método inovador idealizado por ele para a didática em sala de aula.

"O evento lotado de pessoas. Muita gente. Forró puro aqui. Desde a hora que cheguei assistimos os trios de forró, o tradicional,. Estou maravilhado. Nunca vi uma coisa tão bonita. Seria bom que os organizadores de Caruaru, Campina Grande pudessem conhecer, presenciar o que está acontecendo aqui em Itaúnas, para eles saberem o que é forró de verdade", declarou Luizinho Calixto.

O Fenfit é realizado na Vila de Itaúnas, conhecida como Capital Nacional do Forró é de Serra, atrai milhares de pessoas vindas de várias partes do Brasil e do mundo e também movimenta a economia da região.

Ao longo dos oito dias de programação, são revelados os novos talentos do forró. Ao final, os vencedores do concurso recebem uma premiação em dinheiro e participam do CD e DVD do festival.

A premiação é dividida entre 1º, 2º e 3º lugares; melhores intérprete, sanfoneiro, zabumbeiro, triangulista, melhor letra e revelações feminina e masculina.

LUIZINHO CALIXTO: Luiz Gonzaga Tavares Calisto, artisticamente conhecido como Luizinho Calixto, nasceu em Campina Grande, Paraíba, em 21 de junho de 1956. É fruto de uma família de 10 filhos, da união de Maria Tavares Calixto e João de Deus Calixto, o “Seu Dideus” (1913-1989). 

O pai de Luizinho foi um instrumentista paraibano renomado, tocador da sanfona de oito baixos. Já os irmãos mais velhos formam uma linhagem de grandes músicos (Zé Calixto, Bastinho Calixto e João Calixto).

Desde menino, Luizinho conviveu com ícones da historiografia musical brasileira. Muitos eram amigos de sua família, a exemplo de Jackson do Pandeiro, com quem, certa feita, Luizinho dividiu o palco, e Luiz Gonzaga, que lhe presenteou com uma sanfona. O primeiro álbum veio em 1975, intitulado “Vamos dançar forró”, com o qual percorreu o Brasil em turnê.

O artista vive há pelo menos 40 anos da profissão de tocador de oito baixos. Tem 12 discos gravados entre vinis e CDs. Mostrou sua arte a milhares, em países como Portugal, Espanha, França, Itália, Alemanha, Suíça, Argentina e Angola. Luizinho também foi o criador do Encontro de Sanfoneiros e Tocadores de Fole de Oito Baixos da UEPB. Teve participação, como instrumentista, em gravações de artistas aclamados: Sivuca, Dominguinhos, Chico César, Evaldo Gouveia, Fagner. Soma-se, ao seu currículo, parcerias com Elino Julião, Genival Lacerda, Messias Holanda, Alcymar Monteiro e Beto Barbosa; integrou, igualmente, shows de Belchior, Marinês e Nara Leão.

Luizinho Calixto É professor do Centro Artístico da UEPB desde 2013. Recentemente, a Assembleia Legislativa da Paraíba (ALPB) incluiu o nome de Luizinho no registro de Mestre das Artes – Canhoto da Paraíba – Rema/PB. Luizinho Calixto é o responsável pela formação, acompanhamento e orientação de centenas de jovens e adultos. E, desta experiência, nasceu o primeiro Manual de Sanfona de 8 Baixos voltado à Afinação Nordestina, método inovador idealizado por ele para a didática em sala de aula.

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AGRICULTORES DO SERTÃO E MOXOTÓ SÃO BENEFICIADOS COM ECOTECNOLOGIAS

O projeto "Direito à segurança alimentar e nutricional para agricultores familiares idosos do Sertão do Moxotó", surgiu por meio de uma parceria entre o Serviço de Tecnologia Alternativa (Serta) e a Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf), iniciado em janeiro de 2022, que ajuda diretamente no direito ao envelhecimento ativo e o protagonismo de agricultores familiares idosos da área do Sertão do Moxotó, especificamente nos municípios de Ibimirim, Inajá, Betânia e Manari, em Pernambuco. 

O projeto conta com 80 participantes agricultores idosos/as, que são beneficiados com ecotecnologias, pensadas especificamente para cada um e suas necessidades. 

De acordo com Aline de Melo Correia, diretora do Serta, desde antes o Serta já desenvolve ações com idosos na microrregião, atendendo, junto com o Programa Uma Terra e Duas águas e o Programa Um Milhão de Cisternas, assessorando com técnicas e implementação de tecnologias sociais de acesso à água para produção de alimentos para o consumo humano, além do projeto Semiárido Sustentável em parceria com a Fundação Banco do Brasil, que busca promover soberania e segurança alimentar, nutricional e hídrica das famílias, além de gerar renda. 

“Esse público já vinha sendo atendido pelos projetos desenvolvidos pelo Serta, porém as ações não estavam especificamente voltados à política da pessoa idosa, e a região apresentava e apresenta a necessidade de termos projetos voltados à atender esses sujeitos. Foi essa necessidade que despertou o desejo do Serta de potencializar o trabalho que já vinha e vem sendo desenvolvido junto a esse público tão importante.”, diz Aline.

As ecotecnologias que estão sendo implantadas são o Sistema de Tratamento e Reuso de Água Domiciliar, Sistema de Cisterna com Microaspersão, Sistema de Cisterna com Sistema de Irrigação por Gotejo, Sistema Agroflorestal, Galinheiro e Horta Vertical, Fogão Ecológico E Horta Vertical e Aquaponia. Elas servem para gerar renda, autonomia e segurança para os idosos participantes do projeto. 

Para o agricultor participar do projeto, foi preciso uma parceria com a Secretária de Ação Social, o Conselho do Idoso dos municípios participantes, representantes e líderes locais. Nas reuniões de mobilização e seleção dos idosos, a equipe passa a visitar as famílias, identificar o perfil dos participantes e realizar o cadastro e diagnóstico. Em suma, os participantes devem ter idade igual ou superior a 60 anos, residentes da zona rural. Além disso, o projeto é voltado tanto para mulheres quanto para homens, tendo como princípio na seleção do público a paridade de gênero (50% mulheres idosas, 50% homens idosos). 

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CARTA ABERTA EM DEFESA DA CULTURA GONZAGUEANA E ENGENHO DA ARTE

Missa do Vaqueiro descaracterizada. Missa Saudade Luiz Gonzaga ainda sem data para o padre e palco para os artistas cantarem a saudade junto como os apreciadores do forró e baião. Quais os caminhos para a valorização da cultura brasileira.

Identidade Cultural no mundo globalizado é fator de atração turística e desenvolvimento econômico e social. Nesta definição, viemos através de Carta Aberta, alertar,  aqui ao atual Governo do Estado de Pernambuco e todos pré-candidatos ao Governo do Estado, Senado, Deputados que não esqueçam Exu, Pernambuco na data Dia Nacional do Forró.

Nesse sentido é inacreditável, mas já era para haver uma consolidação no Calendário do Governo do Estado como a data 13 de dezembro, dia nascimento de Luiz Gonzaga, o Mestre da Sanfona, primordial para a cultura e o movimento da economia da região e o convívio com a seca.

É preciso dizer, refletir  que estamos bem próximos da semana 13 de dezembro, data do aniversário de Luiz Gonzaga, o Rei do Baião e ainda não se tem um diálogo sobre a programação da Semana Gonzagueana de Cultura, em Exu, berço do sanfoneiro e local onde  Dominguinhos tocou pela última vez.

Parodiando a linguagem Patativa do Assaré, poeta voz também dos gonzagueanos espalhados por todo este Brasil, especial Pernambuco e demais Estados que compõe o Nordeste, “Já passamos setembro, estamos em outubro e cadê as falas em favor da cultura e da indústria da sanfona, triângulo e zabumba, discursos em defesa do compromisso com a cultura e arte”.

Em 2022, dia 13 de dezembro, o Brasil comemora 110 anos de nascimento de Luiz Gonzaga. Nos últimos dois anos, literalmente,  devido a pandemia e as regras de isolamento social Covid-19, a sanfona silenciou.

Mas a pergunta é: e o futuro da cultura gonzagueana? E o Festival Viva Dominguinhos que era realizado em Garanhuns? E os Festivais de Violeiros? e a Missa do Poeta Zé Marcolino, e a Missa do Vaqueiro Serrita? Neste sábado, 23 de julho, são nove anos de morte de Dominguinhos e quais as celebrações Pernambuco e o Nordeste promove?

A falta de uma política cultural no Brasil faz questionar pelo Memorial Pedro Bandeira, Juazeiro do Norte? e Memorial Sivuca? Quais são as novas tecnologias em defesa do patrimônio cultural ? Qual é a política cultural em andamento?

Percebam como temos perguntas! Qual o motivo da cultura continuar a ser tratada como algo secundário? A necessidade de distribuição mais democrática dos recursos para a cultura continua desafiando os modelos que deveriam buscar menos desigualdade social.

Em nome de Dominguinhos e Luiz Gonzaga “tá” na hora de consolidar no calendário o mês de dezembro em Exu e em cada município que a cultura garanta emprego e renda.

Exemplo, Exu tem que ser visto pelo Governo Federal e Estado como lugar histórico cultural. É urgentíssimo  mais valorização para o setor cultural gonzagueano.

Ney Vital – Jornalista-Apresentador do Programa Rádio-Nas Asas da Asa Branca-Viva Luiz Gonzaga e seus Amigos (Juazeiro/Petrolina)

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IRMÃ E SOBRINHO DO PADRE JOÃO CÂNCIO, CRIADOR DA MISSA DO VAQUEIRO DE SERRITA MORAM EM PETROLINA

A Missa do Vaqueiro, na cidade de Serrita, este ano em sua 52° edição, a festa traz o sagrado e o profano, preservando assim as tradições, a cultura e a fé do povo sertanejo. Este ano completa 33 anos de morte do Padre João Câncio. Ele juntamente com Luiz Gonzaga e o poeta Pedro Bandeira idealizaram e criaram a Missa do Vaqueiro de Serrita, Pernambuco.

Em Petrolina a reportagem do BLOG NEY VITAL, com exclusividade, encontrou parte da história que deve ser contada, e está no sangue (DNA) dos fatos que se tornaram páginas que as novas gerações precisam conhecer. Trata-se da irmã de João Cancio, dona Maria Helena Santos Costa e de Fabricio Alex Santos Costa, sobrinho. 

Eles moram em Petrolina e são testemunhas do tempo vivido por um João, que se tornou, Padre, casou e se tornou quase lenda nos sertões. Padre João Câncio foi o fundador da Pastoral dos Vaqueiros.

Detalhe: na capa do disco LP 1988, Missa do Vaqueiro,  consta Fabricio presente no altar em Serrita durante a última participação de Luiz Gonzaga na missa. Entre os celebrantes estava o bispo emérito de Petrolina, Dom Paulo Cardoso. Uma autêntica e histórica reunião de vaqueiros contada através de canções que homenageiam e retratam a coragem, a força e a fé do homem sertanejo. É assim que pode ser definida a Missa do Vaqueiro. 

Todavia, nascida em 30 de abril de 1946, Maria Helena vai logo afirmando: "História que tem muitas páginas que precisam ainda ser contadas", ri Helena, no vigor da alegria e da memória que guarda os fatos. Na família ela é a única mulher. Além de Maria Helena vivem Daniel, Antonio e Avelino. Luiz já faleceu. "João me chamava de "Neguinha".

"Lembro quando meu irmão resolveu ser Padre e entrar no seminário. Foi uma surpresa. Tenho lembranças da primeira Missa do Vaqueiro de Serrita e das conversas entre Luiz Gonzaga e meu irmão. Eles queriam justiça pela morte do vaqueiro Raimundo Jacó, assassinado. Com o passar do tempo tudo foi se modificando, esquecendo o lado cultural, o protesto e de fé da missa", revela, Maria Helena.

Enquanto foi Padre, João foi da ala progressista ligada a igreja. Atuante na região João Cancio contribui para fortalecer o nome do sertão. "Infelizmente vim tomar conhecimento que escreveram a biografia dele pelas redes sociais, não consultaram a família".

Fabricio faz referência que ao contrário do que ocorre agora durante as homenagens do 30 anos de morte do Padre João, a biografia escrita pelo jornalista Machado Freire, com o título, João Cancio-a saga do Padre Vaqueiro, esta sim, o autor manteve contato com a família. "Uma das ideias do meu tio era que durante a semana da Missa do Vaqueiro fosse realizado seminário, palestras para fortalecer e valorizar cada vez mais o lado cultural e da história", conta Fabricio.

Maria Helena revela que o seu irmão João Cancio exerceu também  a função de diretor do Colégio Dom Bosco de Petrolina e do Colégio Barbara de Alencar, em Exu, Pernambuco.

Os restos mortais do Padre João Cancio encontra-se no Cemitério Campos das Flores, em Petrolina.

A Missa do Vaqueiro, um dos maiores eventos culturais dos Sertões, tem sua origem na história de Raimundo Jacó, um vaqueiro habilidoso que, segundo a história, foi assassinado numa emboscada por um desafeto da profissão. 

A história de coragem se transformou num mito do Sertão e três anos após o trágico fim, sua vida foi definitivamente consagrada pelo canto e voz  de Luiz Gonzaga. 

O Rei do Baião, que era primo de Jacó, transformou a música “A Morte do Vaqueiro” numa das mais conhecidas e emocionantes canções brasileiras. Os versos da música foram feitos em 1957 por Nelson Barbalho durante uma conversa com Luiz Gonzaga, que lhe contou sua vontade de prestar uma homenagem ao primo e a dificuldade por sempre se emocionar quando pensava na história. 

Por volta de 1974, Luiz Gonzaga solicitou ao amigo Janduhy Finizola, em frente a centenas de vaqueiros, que criasse uma música especialmente para a missa. Nem um pouco intimidado, Janduhy declarou que não faria uma, mas sim todas as músicas, todas seguindo a estruturas dos ritos da igreja, tendo sempre como protagonistas o vaqueiro e a religião.

Nos anos 70  todas as composições foram gravadas, com a liberação do Rei do Baião e Janduhy, e então Quinteto Violado, que estava em início de carreira, grava. "Tenho história para contar o ano inteiro", finalizou dona Maria Helena.


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FESTIVAL LITERÁRIO DO SERTÃO DO SÃO FRANCISCO BATE RECORDE DE PARTICIPANTES

O terceiro dia do Festival Literário do Sertão do São Francisco, FliSertão, foi um sucesso de público. De acordo com os organizadores, mais de 20 mil pessoas prestigiaram as atividades desenvolvidas na última quinta-feira(21), principalmente, no polo do Centro de Convenções, além da programação no Parque Josepha Coelho e eventos satélites na cidade e zona rural. Unidos pela certeza de que a literatura pode, sim, mudar a vida das pessoas, a Prefeitura de Petrolina, por meio da secretaria de Educação, Cultura e Esportes e Andelivros, pretende através do Festival, incentivar e promover o gosto pela leitura e pela arte de toda a comunidade.

Apresentações culturais, peças teatrais, exposições de Arte Terapia, recitais, lançamento de livros de autores locais, com a presença e conversa entre o público e os escritores, exibição de curtas, oficinas, contação de história e feira de livros, movimentaram o evento em seu terceiro dia de programação.

 A feira foi aberta ao público às 9h e, ao longo do dia, alunos, professores e os petrolinenses curtiram todas as atrações e novidades do festival. Um dos momentos mais esperados do evento foram as palestras com o ambientalista Vitor Flores e do ator e dramaturgo, Rodrigo França, que foram centradas na conscientização ambiental e cultural da sociedade.

 Encerrando a terceira noite de forma mais que especial, Santanna - o Cantador, que reúne uma extensa bagagem na música, mais precisamente no forró, apresentou um grande show, aliando forró à literatura, em uma apresentação que lotou o Centro de Convenções, conquistando o público presente. "É uma grande honra participar de um evento literário como este, principalmente em nosso sertão. Uma grande festa em Petrolina, que está atraindo muitos amantes da leitura e de outras linguagens culturais", destacou Santanna. 

O Flisertão está reunindo mais de 42 estandes de editoras e livrarias, local onde os estudantes e professores da Rede municipal estão trocando seu bônus-livro. Nesta sexta-feira (22), quarto dia do FliSertão, destaca-se na programação as palestras com Dr. Felicidade, às 16h, e com a sexóloga Laura Muller, às 19h, no polo do Centro de Convenções. Já no Parque Josepha Coelho acontecerão, atividades de recreação e culturais para o público infantil.

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