SANFONEIRA DE 8 ANOS DESTACA BELEZA DA CHEIA DO RIO SÃO FRANCISCO

A última década foi de estiagens que castigaram o leito e quase fizeram secar um dos mais importantes rios do país. Mas as chuvas de dezembro e janeiro em Minas Gerais e no Oeste da Bahia recuperaram o São Francisco.

A chuva dos últimos meses também serviu para trazer alívio e mudar a cara de um dos maiores rios do país.

É no encontro com o Atlântico que o São Francisco mostra toda a sua força. Água doce, que veio das chuvas, se misturando a água do oceano depois de percorrer três mil quilômetros da nascente, em Minas Gerais, até a foz, na divisa de Sergipe com Alagoas. E pela primeira vez, Alice, de 8 anos, sanfoneira de Juazeiro da Bahia, olha para o Velho Chico cheio.

"Acho ele muito lindo assim, cheio, é a primeira vez que eu vejo ele assim bem cheio d'água, eu acho que ele fica com mais vida", conta Alice Dangelo Carvalho, sanfoneira.

Lagos abastecidos, comportas abertas nas represas. Só assim para a Joselma e o Nino voltarem a ver tanta água nas cachoeiras de Paulo Afonso - a última vez foi em 2009.

"Ê meu rio São Francisco, cada trecho tem a sua história, do alto a baixo, nenhum trecho fica de fora", relata a guia de turismo Joselma Rodrigues.
"Ter as águas do São Francisco voltando a correr pelas cachoeiras, torna esse espetáculo mais completo e mais bonito de se visitar, de se ver e se vivenciar", diz Nino Rangel, secretário de turismo de Paulo Afonso (BA).
A última década foi de secas severas que castigaram o leito e quase fizeram secar um dos mais importantes rios do país.

"A pior crise do São Francisco foi em 2014, quando a vazão em Minas chegou a 220 metros. Quase seco, quase que o rio é cortado num trecho de 39 quilômetros", ressalta o ambientalista Jackson Borges.
As chuvas de dezembro e janeiro em Minas Gerais e no Oeste da Bahia recuperaram o São Francisco, transformando a realidade rio abaixo.

Em alguns lugares, o nível do Velho Chico subiu quase quatro metros, cobrindo pedras e ilhas de areia que atrapalhavam a navegação. É um rio que voltou a ganhar força depois de 12 anos sofrendo com a falta de chuvas.

Só tão cheio assim é que é possível descobrir alguns lugares, como um pequeno cânion, com profundidade de mais de seis metros, onde a água fica paradinha entre os paredões da caatinga. E um dos muitos berçários de reprodução de peixes que estavam ameaçados de extinção. No futuro haverá fartura e um reforço na renda da população.

"Vai alimentar uma pesca extrativa, pelo menos daqui a dois anos nós vamos ter fartura de peixes e de espécies nativas", finaliza Emerson Soares, pesquisador da Universidade Federal de Alagoas. (Fonte: Jornal Nacional/TV Globo--Amorim Neto)
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EFEITOS DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS JÁ SÃO SENTIDOS NA BACIA DO RIO SÃO FRANCISCO

Quando se falava nos efeitos da ação humana sobre o meio ambiente e mudanças climáticas em 1972 na primeira conferência ambiental do mundo, a Conferência de Estocolmo na Suécia, realizada pela Organização das Nações Unidas (ONU), os discursos pareciam citar uma realidade distante de muitas gerações. Mas a conta chegou. As mudanças climáticas já são um fato consumado e repensar as atitudes individuais e coletivas se tornou ainda mais urgente. 

Na Bacia do Rio São Francisco, única inteiramente brasileira, é possível perceber como estes efeitos têm determinado a mudança de alguns padrões naturais e influenciado tudo à sua volta.

Desde o final do ano de 2021, a intensidade das chuvas registradas em toda a bacia do São Francisco, de acordo com o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) esteve acima da média, resultando no atual cenário de cheia. O fenômeno natural que não se via há muito tempo é provocado pela combinação de diferentes fatores como a ocorrência da La Niña, o aumento da temperatura dos oceanos e a ocorrência da Zona de Convergência do Atlântico Sul.

A situação de cheia na bacia do São Francisco, bem-vinda para todos que dependem das águas do Velho Chico, emite ainda um alerta importante. De acordo com o secretário do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, Almacks Luiz Silva, essa cheia quebra um ciclo histórico de pelo menos quatro outros eventos naturais acontecidos exatamente em intervalos de 30 anos.

“Com essa cheia, já percebemos que o cenário mudou. Em 1919, 1949, 1979 e 2009 ocorreram as grandes cheias em toda a bacia, sem considerar o trecho incremental do rio. Por exemplo, no estado do Pernambuco, há uns 12 anos houve uma grande cheia no rio Ipanema, que nasce no Pernambuco e deságua em Alagoas. Quando ocorre cheia nos rios afluentes, como o Paracatu e outros que estão a jusante de Três Marias, pode também ocorrer nesse trecho incremental, mas não em todo rio. Os afluentes baianos, como o Carinhanha, o Grande e o Corrente podem contribuir com cheias para Sobradinho, mas não no rio todo. É por isso que separamos as grandes cheias das cheias incrementais, e é exatamente nesse aspecto que temos vivenciado uma mudança. Da última cheia, em 2009, para a atual, em 2022, passaram-se 13 anos apenas, muito menos do que os habituais 30 anos, e isso mostra uma tendência de que a bacia tenha, a partir de agora, períodos irregulares de cheia”, explicou.

De acordo com documento elaborado pela Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf), em 1949, antes da construção da hidrelétrica de Sobradinho, o rio São Francisco atingiu uma vazão de 14.983m³/s e, em 1979, ano de inauguração da UHE Sobradinho, a maior cheia que ainda habita a memória de muitos ribeirinhos, atingiu o volume de 17.800 m³/s. A partir daí, com a possibilidade de controle de vazão realizada pela usina, a cheia de 2009 atingiu a vazão de 4.900m³/s.

Para o secretário as cidades devem se adaptar e se preparar para lidar com as mudanças climáticas. “As cidades têm que se preparar, não para reverter, porque já está sinalizado em todas as cidades ribeirinhas o nível que a água pode atingir de acordo com a quantidade de vazão liberada. Então, o que precisa é que as cidades cumpram com as normas e não permitam construções ou ocupação da agricultura nessas áreas. É preciso realizar educação ambiental de modo a conscientizar as pessoas de que as áreas inundáveis pertencem ao rio e quando ele enche, tudo volta a ser ocupado pelas águas”, pontuou.

No final do ano passado, o estudo “Avaliação de Secas na Bacia do Rio São Francisco por meio de Índices Terrestres e de Satélite”, publicado pelo periódico suíço Remote Sensig, mostrou que a bacia hidrográfica do Rio São Francisco já havia perdido, em 35 anos, mais de 30 mil hectares de superfície com água. O dado científico é perceptível para quem lida com o Velho Chico rotineiramente. É o caso do balseiro Ildeu Novais Pinto. Com 96 anos, navegou desde cedo com o pai pelo rio São Francisco e lembra que as chuvas que ocorriam com mais frequência, agora acontecem menos, mas com maior intensidade. “Dos meus tempos, quando navegava com meu pai com a barca de Paracatu a Pirapora, as chuvas eram constantes, mas elas se espaçaram muito, dando muito tempo ao sol para fazer o aquecimento da terra. As chuvas diminuíram muito e hoje há uma diferença extraordinária em relação a temperatura”.

Eventos extremos têm acontecido em todo o planeta e, assim como se falava há exatamente meio século, mais problemas devem se consolidar no dia-a-dia da humanidade, que já convive com secas extremas, períodos intensos de chuva, aumento de temperatura, entre muitos outros eventos climáticos.

Depois do primeiro passo dado, outros eventos se seguiram. Em 1987, foi assinado o Protocolo de Montreal, sobre substâncias que destroem a camada de ozônio. Em 1992, a ONU organizou a Conferência das Nações Unidas (Rio 92 ou ECO 92), que discutiu sobre clima, água, transporte coletivo, turismo ecológico e reciclagem. Realizada na cidade do Rio de Janeiro, a conferência reuniu 172 países e reconheceu que os problemas, antes de abrangência local, passaram a se tornar globais. Neste momento foi criada a Agenda 21 que, entre outras propostas, estipulou a mudança nos padrões de consumo e o combate ao desflorestamento.

Já em 1997, foi assinado no Japão o Protocolo de Kyoto, que visava a redução das emissões de gases do efeito estufa. O Brasil foi um dos 175 países que assinaram e ratificaram o acordo que passou a valer a partir de 2004. Já em 2002, aconteceu na África do Sul a Rio +10, também conhecida como Cúpula de Joanesburgo ou Conferência Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável, que destacou, entre outros aspectos, a promoção do acesso à água potável e melhoria do saneamento básico para atender as populações.

Vinte anos depois da Rio 92, aconteceu no Brasil, em 2012, a Rio +20, também conhecida como Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, reunindo 193 países-membros da ONU. Neste evento se originou o documento que ficou conhecido como “O futuro que queremos” e nele, entre outros aspectos, se propunha proteger os recursos naturais, mudar os modos de consumo e promover o crescimento econômico sustentável. Para o ambientalista Antônio Jackson Borges Lima, uma questão fundamental no processo de mudanças na bacia é também a preservação dos aquíferos. “Os aquíferos mantêm o rio vivo em tempo de seca. São eles que sustentam as nascentes e quando há uma exploração excessiva, aí temos, também, graves consequências para a bacia, como um todo”, alertou.

Em 2015, sucedendo o Protocolo de Kyoto, o Acordo de Paris teve o objetivo de propor a redução das emissões de gases de efeito estufa na camada de ozônio, e manter o aumento da temperatura do planeta abaixo de 2ºC. O acordo foi aprovado por 195 países em 2015, incluindo o Brasil. Mesmo mediante todos os esforços, a temperatura média do planeta no período entre 2021 e 2025 pode se tornar maior em relação ao período de 2016 a 2020, significando o mais quente da história desde a era pré-industrial, de acordo com relatório divulgado pela Organização das Nações Unidas (ONU), que aponta ainda uma probabilidade de 80% de que a média dos próximos cinco anos seja superior à dos últimos cinco.

O meteorologista Humberto Barbosa ressalta que, globalmente, 2021 foi o sexto ano mais quente já registrado para temperaturas de superfície, de acordo com dados divulgados pela NASA e pela Administração Nacional Oceânica e Atmosférica em seu relatório anual sobre o clima global, em 13 de janeiro de 2022. 

“Além disso, as temperaturas do oceano estabeleceram um novo calor recorde em 2021. Os oceanos do mundo estão mais quentes do que nunca, e seu calor tem aumentado a cada década desde a década de 1960. Este aumento implacável é um indicador primário da mudança climática induzida pelo homem. À medida que os oceanos aquecem, seu calor sobrecarrega os sistemas climáticos, criando tempestades e furacões mais severos e chuvas mais intensas. Isso ameaça a vida humana e os meios de subsistência, bem como a vida marinha”, afirmou. (Fonte: CHBSF)

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MAIS DE 100 FAMÍLIAS SERÃO BENEFICIADAS COM USO TERAPÊUTICO DA MACONHA EM PERNAMBUCO

Desde o ano passado uma decisão da 12ª Vara da Justiça Federal de Pernambuco, a Associação Amme Medicinal recebeu a autorização para plantar, manipular e produzir produtos derivados da maconha para o uso terapêutico.

A associação não-governamental e sem fins lucrativos tem como principal bandeira a luta pelo acesso ao cultivo, tratamento e informação sobre a terapêutica da planta. 

Hoje, ela atende 108 pessoas com fibromialgia, Mal de Parkinson, dor crônica e diversas outras doenças. “A decisão foi para reforçar isso, a importância do trabalho para a sociedade. A necessidade é real e é urgente. Quem tem dor não espera”, afirmou o presidente da associação, Diogo Dias

Mas esta ação não é algo pontual. Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), foram importados cerca de 45 mil produtos à base de cannabis somente em 2020. O que significa que não só as pessoas estão buscando o tratamento, mas também que os médicos estão prescrevendo.

“Nós estamos falando de uma planta. Nós podemos considerar a maconha um tratamento fitoterápico, porque ela não passa por nenhum processo da indústria propriamente dito. Mas a gente está falando de um tratamento que várias associações dispõem pelo Brasil afora, que tem uma eficácia muito interessante na melhora clínica da qualidade de vida das pessoas que estão fazendo uso e sabemos que isso tem que ser expandido, sabemos que tem que melhorar e sabemos também a nossa luta em favor da maconha terapêutica e com acesso pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e a importância disso para o Brasil”, destaca Marcos Bosquiero, integrante da Liga Canábica e médico de Saúde da Família e Comunidade.

O tratamento com maconha tem eficácia comprovada para mais de 250 tipos de doenças, entre elas a epilepsia. Como é  o caso de Pedro, de 12 anos, que tinha cerca de 50 convulsões por dia e tomava 16 comprimidos já aos 5 anos. O seu pai, Júlio Américo, que também é integrante da Liga Canábica e possui habeas corpus para o plantio da maconha, percebe que o filho é outra criança depois do tratamento.

“Pedro não controlava direito o tronco, só tinha controle parcial do tronco e da cabeça, ficava assim 'tronxinho' na cadeira de rodas, Pedro não conseguia olhar nos olhos das pessoas, não chorava, não sorria, não demonstrava sentimentos. Pra gente não tem palavras para descrever, você se sente pai em uma relação de reciprocidade. Você vê que essa criança agora consegue se comunicar, consegue dizer o quanto ela está incomodada ou o quanto ela está feliz, o quanto ela quer carinho, ela consegue pedir as coisas”, relembra Júlio.

Após a liminar, a lista de espera da Amme Medicinal ultrapassou 100 pessoas somente no primeiro dia. Mas elas só poderão ter acesso ao produto após a sentença do processo, que segue em tramitação. “O governo proíbe, mas a sociedade pressiona. A partir do momento que você tem várias associações conseguindo a liminar e vários indivíduos conseguindo habeas corpus, tornando leis como a da apologia em desuso, vai criando uma situação insustentável até chegar ao ponto que o estado não consiga mais manter aquilo. E aí vem a legalização.”, analisa Diogo

Apesar do preconceito e dos estigmas em torno do tema, o Brasil é hoje um dos países que mais pesquisa sobre maconha no mundo. E para que os tratamentos sejam mais acessíveis, o médico acredita que a legalização é uma questão central de saúde pública.

“Então, a gente tem que estudar, porque isso é importante e pode nos ajudar. É uma planta, é bom que a gente deixe isso bem claro, a gente está falando de uma planta, que poderia ser uma erva cidreira que você tem no fundo da sua casa, que poderia ser um boldo, que poderia ser um capim santo, um alecrim que a gente pode fazer chá também.  Mas a gente tem que conhecer e pra gente conhecer, mas pra conhecer a gente tem que legalizar”, conclui o médico. (Fonte-Brasil de Fato)

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CASO BEATRIZ: TODAS AS TESTEMUNHAS QUE PARTICIPARAM DA RECONSTITUIÇÃO RECONHECERAM SUSPEITO, DIZ ADVOGADO DOS PAIS DA MENINA ASSASSINADA

Todas as testemunhas que participaram da reconstituição simulada do assassinato da menina Beatriz Angélica Mota, de 7 anos, reconheceram Marcelo da Silva, de 40 anos, como autor do crime. A informação foi confirmada pelo advogado dos pais de Beatriz, Jaime Badeca, durante os trabalhos realizados pelos peritos da Polícia Civil de Pernambuco, nesta sexta-feira (11) em Petrolina, no Sertão.

As testemunhas são pessoas que estavam na festa de formatura do Colégio Nossa Senhora Auxiliadora, em dezembro de 2015, quando Beatriz foi morta a facadas. Elas teriam visto o suspeito no dia do crime. Se estivesse viva, Beatriz completaria 14 anos nesta sexta-feira.

A Polícia Civil de Pernambuco informou que o inquérito está sob segredo de Justiça e, por isso, não serão dadas informações, etapas e detalhes das investigações.

A defesa de Marcelo, que está preso como suspeito do crime na Penitenciária Doutor Edvaldo Gomes em Petrolina, expressou descontentamento com o reconhecimento e alegou que irá solicitar impugnação.

“Iremos judicializar o ato, porque uma situação de extrema estranheza aconteceu. Todo mundo sabe que há mais de um mês vem ventilando a foto do Marcelo trajando uma camiseta amarela. Curiosamente Marcelo me aparece na hora do reconhecimento com uma camiseta amarela. Isso é tendencioso. Vamos judicializar e certamente essa perícia será invalidada”, destacou o advogado de Marcelo da Silva, Rafael Nunes.

Marcelo da Silva, se tornou o principal suspeito do assassinato de Beatriz em janeiro de 2022, seis anos após a morte da menina. Ele foi apontado como autor do crime pela polícia, após exames de DNA, colhidos na faca, comprovarem a participação dele no crime. Marcelo chegou a confessar, mas voltou atrás e se diz inocente. (Fonte: g1)

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PROJETO RAÍZES DA HISTÓRIA RELEMBRA OS ACONTECIMENTOS DO CANGAÇO NO SERTÃO DO PAJEÚ

O município de Serra Talhada, terra natal do cangaceiro Lampião, vai ser palco das histórias do Cangaço, por meio do "Raízes da História", no Museu do Cangaço, a partir da próxima segunda-feira (14 de fevereiro). 

O projeto é direcionado aos professores e adolescentes das escolas públicas de Serra Talhada, que além de entrarem em contato com a história do seu povo, vão poder conhecer os lugares por onde Lampião e o seu bando passaram e deixaram marcas.

De acordo com a presidente da Fundação Cultural Cabras de Lampião, Cleonice Maria, o projeto visa levar a comunidade escolar a conhecer os bens culturais de Serra Talhada, demonstrando a importância da história do sertão pernambucano. "Todo o percurso será feito com o acompanhamento de condutores turísticos que detêm amplo conhecimento dos fatos", afirma Cleonice.

Na cidade, a visita começa na Praça Agamenon Magalhães, que deu origem ao município e que ainda mantém os casarios construídos nos séculos XVIII e XIX. Depois, o grupo segue para a Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, construída pelas pessoas escravizadas no século XVII, e a Casa da Cultura de Serra, onde os jovens terão contato com o acervo cultural da localidade.

As escolas visitarão também o Museu do Cangaço, o maior do gênero do Brasil, que funciona na antiga estação ferroviária e que tem relíquias do personagem sertanejo Lampião como: utensílios domésticos, armas usadas, fotografias, livros, filmes; e documentários sobre os cangaceiros, volantes (como eram chamadas as polícias que perseguiam Lampião) e outros personagens que fizeram parte forte da história do cangaço.

 Os visitantes serão recebidos por monitores que contarão a vida de Lampião e ainda vão acompanhar uma palestra do pesquisador e escritor do cangaço, Anildomá Willans de Souza, que é especialista no assunto e tem quatro livros publicados sobre o tema.

O grupo vai apreciar também a apresentação do Grupo de Xaxado Cabras de Lampião, dança criada pelos cangaceiros. "O Xaxado é uma dança que foi criada por Lampião e seus cangaceiros. Outra faceta pouco divulgada da vida dele é que ele era poeta e, nos versos, retratava o dia a dia do cangaço, as suas angústias, o que ele sentia falta enquanto cangaceiro e as durezas desta vida", revela Karl Marx, coordenador técnico do evento. Para ele, Lampião deu uma grande contribuição para a cultura do sertão.

O projeto conta com o apoio cultural da Prefeitura de Serra Talhada; Funcultura / Fundarpe; Secretaria de Cultura e Governo de Pernambuco. (Contato Cleonice Maria dos Santos, presidente da Fundação Cultural Cabras de Lampião - (87) 99938-6035

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PAULO MATRICÒ: LIVE ACOLHENDO A MÃO AMIGA ACONTECE NA QUINTA-FEIRA (17)

Será realizada na quinta-feira 17 de fevereiro, às 19h30, a live Acolhendo a mão Amiga. Confira solicitação do cantor e compositor Paulo Matricó.

"Pessoal, para os amigos e amigas que puderem auxiliar o meu tratamento, farei uma live no próximo dia 17/02, às 19h:30. Na força da amizade de gente querida, iniciamos a campanha ACOLHENDO A MÃO AMIGA.  Participam comigo Flavio Leandro, Jessie Quirino e Irah Caldeira, Greg Marinho, entre outros artistas queridos. 

A LIVE acontece pelo canal do YouTube: /flavioleandrooficial

 Para os que ainda não sabem, no dia 30 de dezembro sofri um acidente que resultou em lesões sérias em minha mão esquerda, ao confeccionar caixas para a minha criação de abelhas. A serra atingiu meus dedos 3 e 5 e, por isso, precisei ser submetido a uma cirurgia de reimplante. Agora, preciso de recursos para as terapias por, pelo menos, seis meses: sessões de fisioterapia, transporte, alimentação, medicação e auxílio para minha manutenção pessoal, uma vez que estarei impossibilitado de trabalhar.

As formas de contribuição serão divulgadas durante a live, contudo o PIX já se encontra disponibilizado pra doações espontâneas antes, durante ou mesmo após:

(Chave PIX: CPF 184.190.624/72)

BIOGRAFIA: Paulo Matricó, cantor e compositor do sertão do pajeú de Pernambuco, traz no coração e na bagagem a história do Sertão. Nascido no Vale do Rio Pajeú, no município de Tabira, Pernambuco, bebeu na fonte da poesia sertaneja. Herdou do pai, ‘”seu” Albino Pereira e de outros menestréis da cantoria como Louro do Pajeú, Zé Catota, Pinto de Monteiro e Job Patriota, a arte de contar histórias simples com o apuro de métrica e a graciosidade do repente popular.

Criado no meio de poetas, repentistas e forrozeiros, Paulo Matricó moldou-se por  influências de grandes mestres da cantoria e da música popular do Nordeste. A carreira musical começou em 1990, em Caruaru (PE), com a formação do Grupo Matricó – expressão indígena que significa Pai do Fogo (instrumento rudimentar que pega fogo com atrito entre duas pedras).

Em 1995 saiu a primeira versão de Outro Verso e de lá para hoje o autor vem construindo uma importante obra, com dezenas de álbuns publicados — entre os quais Maria Pereira, lançado na Alemanha em parceria com o compositor alemão Stephan Maria, marcando dois anos nos quais trabalhou e residiu no país europeu.

(Ao regressar à Pindorama, Matricó fez Forrozeiro e logo depois realizou um concerto acústico no Teatro do Parque, Recife, gravando em 2002 ao vivo Em Canto do Sertão, obra antológica com 30 sucessos que pontificam os melhores momentos de Matricó até então.) 

De volta à Europa, Paulo Matricó participou de festival de cultura brasileira nas cidades espanholas de Madrid e Sevilha (2007); outro trabalho destacado é o musical Cordel Operístico Lua Alegria, a partir do seu livro de 2012 em literatura de cordel  em homenagem ao centenário do Rei do Baião, Luiz Gonzaga. 

Entre suas músicas publicadas estão composições em parceria com Cátia de França, Anchieta Dali e outros músicos e poetas do Nordeste.

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DOM HELDER CÂMARA: O RÁDIO E A PALAVRA A SERVIÇO DA LIBERDADE

Meus queridos amigos”. Era com essa frase que Dom Helder Camara abria o programa "Um olhar sobre a Cidade", por ele apresentado de segunda-feira a sábado, entre os anos de 1974 e 1983, na Rádio Olinda, emissora católica sediada em Pernambuco. 

A frase foi utilizada para batizar um livro que reúne 200 das 2.549 crônicas lidas por Dom Helder durante os nove anos que durou o programa. Fui um menino adolescente que se tornou jonalista por ser apaixonado pelas ondas sonoras do Rádio.

O Brasil não cuida da memória histórica. Em 7 de fevereiro de 1909, nascia em Fortaleza um dos maiores líderes religiosos que o mundo já viu. Hélder Pessoa Câmara, se vivo estivesse, completaria 113 anos nesta segunda (07) espalhando suas sementes da justiça e do amor em prol de um mundo melhor.

Dom Helder Camara, o arcebispo de Olinda e Recife fez em vida uma opção pela busca da justiça social. Para os interessados nesta leitura informamos que parte das crônicas integra o acervo disponível no www.cepe.com.br,  da Companhia Editora de Pernambuco (Cepe).

O programa de Dom Helder iniciava sempre às 6h da manhã. E com a frase que se tornou bordão: “Meus queridos amigos”. 

O livro dos textos radiofônicos continuam atuais. A jornalista Tereza Rozowykwiat conhece o mundo dos textos radiofônicos de dom Helder. Por quatro anos, de 1978 a 1981, ela fez a cobertura jornalística da Arquidiocese de Olinda e Recife, na condição de repórter do Diario de Pernambuco. A jornalista organizou o livro Meus queridos amigos: as crônicas de Dom Helder Camara. 

Para o jornal Diário de Pernambuco, Jailson da Paz escreveu que a publicação é um aperitivo para se conhecer o exercício quase diário de dom Helder de escrever para Um olhar sobre a cidade. 

A título de lembrete, o programa de rádio ia ao ar das segundas-feiras aos sábados. Para Tereza, Um olhar sobre a cidade foi a maneira encontrada por dom Helder para se comunicar com a população. Ela ressalta, contudo, que “por meio do programa ele não externou todos os seus pensamentos e opiniões, temendo que esse pequeno espaço que lhe restava na mídia fosse confiscado”.

Nem tudo foi dito pelo sacerdote nas crônicas radiofônicas, mas o dito fala por si. Nos textos, dom Helder fala de si, dos seus sentimentos. Trata até de anedotas sobre a maneira com que outros o enxergavam. Dom Helder era considerado por muitos como vaidoso e chegado à propaganda. 

A anedota está na crônica Cadê a imprensa?, levada ao ar em 25 de janeiro de 1979, Nela, o arcebispo teria morrido e subido ao céu, mas lá, quando chamado para entrar, teria ficado reticente e perguntou a São Pedro: “Entro assim, sem rádio, sem TV?”. Dom Helder considerou a anedota  boa, inteligente e um aviso sério. “Mas se eu quiser ver tal qual me veem os olhos de irmãos meus, tenho que reconhecer que, parecendo humilde, considero fundamental a repercussão, a publicidade...”. E conclui que todos ganhariam em verificar, de vez em quando, como estamos sendo vistos pelos olhos dos que nos rodeiam.

Dom Helder tinha a noção exata do que dizia. Ainda em 1978, no programa do dia 29 de agosto, ele tocou no assunto tortura. E ao perguntar de quais sementes o mundo precisava, ele respondia que sementes do amor, justificando a resposta no excesso de ódio e violência existente na sociedade.

“Quando cessarão os sequestros, as fuziladas, as vinganças? Quando cessarão as torturas, inclusive a de mandar os contestadores, como doentes, para hospitais de loucos, e de onde as pessoas acabam saindo feridas, para sempre, em seus cérebros”. Como homem religioso, ele termina a crônica falando de fé, afirmando que para haver liberdade e igualdade era necessário haver a verdadeira fraternidade. Crenças à parte, dom Helder continua atual e leitura indispensável ao país.

Crônicas como Um olhar sobre a cidade mostram Dom Helder dizendo o que devia ser dito, sem abrir mão de uma certa cautela. Afinal, ele temia que o pouco espaço que tinha na mídia lhe fosse confiscado

TRECHOS CRÔNICAS:

Corações que voam-26 de setembro de 1974-Há corações que sobem a dois, ajudando-se, estimulando-se mutuamente… Há corações tão vazios, tão sem amor, que flutuam como penas ao vento: não chegam a subir, porque qualquer sopro o arrasta para longe… Já viram uma esponja que, de tanto apagar quadro-negro, cheio de giz, fica impressionantemente seca?… Há corações assim… Há corações que viraram uma pedra de gelo. Outros, simplesmente uma pedra. Outros se tornaram metálicos, de tanto lidar com dinheiro...

Opção pelos pobres-8 de outubro de 1976. Opção pelos pobres é aceitar sofrer por eles, pela defesa dos seus direitos. Opção pelos pobres é não admitir a miséria que é insulto ao Criador e Pai.

Aos omissos, medrosos e covardes-5 de abril de 1977- Fizestes escolas, Pilatos! Tens mais discípulos, através dos tempos e dos lugares, do que tu mesmo possas imaginar. Há pessoas bastante inteligentes para entender a situação e saber com que está a razão. Mas, se os grandes, os poderosos, aqueles que mandam, decidem dizer que é azul, tem que ser azul. Lavar as mãos, querendo fazer crer que não tem culpa, moda lançada de ter coragem e fibra. Pilatos continua a ser imitado.

Transfusão de sentimentos-5 de fevereiro de 1979

Vendo o mendigo no chão, senti, em dois tempos,

que ele morria de vergonha

de ter que estender

a mão a quem passava.

Era mais para jovem do que maduro. Não carregava sinal de doença ou defeito físico. Com certeza, não encontrou trabalhou, cansou de tanto rodar pedindo emprego. Mas ninguém o acha com cara de mendigo. E ele tem fome. Maior do que a fome só a vergonha de ter que estender a mão a quem passa.

O chão e as estrelas-11 de outubro de 1980-Nem tenho dúvida. Quem não entende o chão humilde e as pedras duras se engana pensando que entende as estrelas…

Caridade-13 de fevereiro de  1982:

Se eu morar numa cidade grande, mas desconhecer

os problemas das pessoas que nela vivem, e fugir

para as férias no Sul e até para a América e a Europa,

e nada fizer pela promoção

do homem, não sou

cristão… Se eu tiver a

melhor casa de minha rua,

e o melhor carro e não

souber que muita gente jamais terá um lar, e vai sempre andar a pé, não

sei de nada…

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