HOMENAGEM AOS 75 ANOS DO CANTOR BELCHIOR ACONTECE NESTA TERÇA (26)

Nesta terça-feira (26), o cantor que marcou a história da música brasileira, Belchior, completaria 75 anos. Em homenagem a essa data marcante, o Itaú Cultural dedicará uma postagem ao músico.

Com o tema “ano passado eu morri, mas esse ano eu não morro”, retirado da canção Homem de sorte, a postagem destaca o legado de Belchior e por meio de depoimentos de personalidades da família do artista, da música e do jornalismo cultural responde a pergunta: como não morrer no ano que vem?

Entre as pessoas convidadas para fazerem depoimentos inéditos estão a filha do compositor, Vannick Belchior; o jornalista responsável pela biografia do músico, Jotabê Medeiros; Ana Cañas, que recentemente lançou álbum de releituras de Belchior; e o filósofo Jair Barboza. Falas de carinho e saudad do ícone que morreu em abril de 2017

Além dos depoimentos próprios que passam pela resposta da pergunta e chegam a importância de Belchior para cada convidado, eles também escolhem as músicas favoritas do cantor. As canções estão disponíveis em uma playlist exclusiva no perfil do Itaú Cultural. Um verbete sobre o cantor também será novamente compartilhado junto com a homenagem.

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COMEÇA TERÇA-FEIRA (26) O FESTIVAL DE CANTORIA E CANTADORES EM FORMATO ON LINE

Com a participação confirmada de mais de 12 artistas, entre nomes nacionais e talentos nordestinos, começa nesta terça-feira (26) e vai até o dia 29, o I Festival de Cantoria e Cantadores. Transmitido pelo canal do Youtube da Sincronia Filmes, a partir das 19h30, o encontro online vai promover também uma série de bate-papos musicados e palestras, em formato hibrido, para os alunos das escolas públicas de Petrolina – PE.
De acordo com os curadores do evento, Maviael e Marcone Melo, o festival será um grande encontro da música autoral e da diversidade de estilos e ritmos.

Vão se apresentar durante os quatro dias os cantores e compositores Maciel Melo (Iguaraci - PE), Ceumar (São Paulo - SP), Camila Yasmine (Petrolina - PE), Nilton Freitas (Uauá-BA), Mariano Carvalho (Salgueiro-PE), Paulinho Pedra Azul (Pedra Azul-MG), Álisson Menezes (Vitória da Conquista-BA), João Sereno (Juazeiro-BA), Gean Ramos (Jatobá-PE), Ivan Greg (Petrolina), além dos curadores, Marcone Melo (Petrolina - PE) e Maviael Melo (Salvador – BA).

O I Festival de Cantoria e Cantadores tem realização e produção executiva da Melodia Produções e conta com incentivo cultural da Fundarpe e da Secretaria de Cultura do Governo de Pernambuco (Secult-PE), através da sua aprovação no 3º Edital Funcultura de Música 2018/2019.
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99% DOS ESTUDOS ATRIBUEM AUMENTO DA TEMPERATURA GLOBAL A ATIVIDADES HUMANAS

Às vésperas da Conferência das Partes das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 26) que começa no sábado 30 em Glasgow, um artigo publicado na revista Environmental Research Letters não deixa dúvidas sobre o motivo de o planeta estar sofrendo um aumento de temperatura a uma velocidade sem precedentes.

 É a ação humana que está por trás das alterações no clima e no tempo, constataram os autores, da Universidade de Cornell, nos Estados Unidos. Ao avaliar 88.125 estudos relacionados ao tema, os especialistas descobriram que 99% deles apontam causas antropogênicas para o fenômeno.

Em 2013, a mesma equipe realizou um estudo com essa metodologia, verificando que 97% das pesquisas sobre mudanças climáticas, publicadas entre 1991 e 2012, apontavam as atividades humanas, como principal motor do aumento de temperatura e das consequências disso. Agora, a equipe de Cornell se concentrou nas publicações entre 2012 a novembro de 2020, mostrando que, mais do que nunca, as causas antropogênicas são um consenso científico.

“É fundamental reconhecer o papel principal das emissões de gases de efeito estufa para que possamos mobilizar rapidamente novas soluções, uma vez que já estamos testemunhando em tempo real os impactos devastadores dos desastres relacionados ao clima sobre as empresas, as pessoas e a economia”, disse, em nota, Benjamin Houlton, Reitor da Faculdade de Agricultura e Ciências da Vida em Cornell e coautor do estudo.

 Em agosto, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) da ONU, formado por cientistas independentes de todo o mundo, já havia alertado, em relatório, que as atividades humanas estão por trás do aumento da temperatura e, consequentemente, de inundações, secas, elevação do nível do mar e derretimento de geleiras, entre outros.

“Estamos virtualmente certos de que o consenso está bem acima de 99% agora, e que é praticamente caso encerrado para qualquer debate público significativo sobre o fato de a mudança climática ser causada pelo homem”, afirma Mark Lynas, pesquisador da Universidade de Cornell e primeiro autor do artigo.

Para o estudo, os especialistas começaram com uma amostra aleatória de 3 mil pesquisas do conjunto de dados de 88.125 artigos climáticos, em inglês, publicados entre 2012 e 2020. Eles constataram que apenas quatro eram céticos em relação às causas antropogênicas das mudanças no clima. 

“Nós sabíamos que uma visão cética seria muito pequena em termos de ocorrência, mas pensamos que ainda deveria haver mais do que quatro em 88 mil”, diz Lynas. Se o resultado de 97% do estudo de 2013 ainda deixou alguma dúvida sobre o consenso científico sobre a influência humana no clima, as descobertas atuais vão ainda mais longe para dissipar qualquer incerteza, afirma o principal autor. “Essa deve ser a última palavra.”

FAKENEWS: Contudo, se entre os cientistas as causas antropocêntricas das mudanças climáticas são consenso, o mesmo não acontece entre leigos. Seja em mensagens nas redes sociais ou mesmo em falas de políticos, Lynas destaca que ainda há muita informação e notícias deliberadamente falsas. Em 2016, o Pew Research Center, um think tank sobre opinião pública, descobriu que apenas 27% dos adultos norte-americanos acreditam que “quase todos” os cientistas concordam que a mudança climática se deve à atividade humana.

Uma pesquisa Gallup de 2021 também nos EUA mostrou que, nos últimos anos, houve uma intensificação no debate entre políticos norte-americanos sobre as causas do aumento da temperatura serem as atividades humanas, com os mais conservadores tendendo a defender que, na realidade, seriam fenômenos naturais. “Para entender onde existe um consenso, você tem que ser capaz de quantificá-lo”, destaca Lynas. “Isso significa pesquisar a literatura de forma coerente e não arbitrária, a fim de evitar escolher artigos a dedo, que muitas vezes é a forma como esses argumentos são apresentados na esfera pública.”

Nigel Arnell, professor de Ciência do Sistema Climático da Universidade de Reading, no Reino Unido, e um dos autores do relatório do IPCC, destaca que não há mais espaço para ceticismo em relação às causas das mudanças climáticas, diante da robusta produção científica consensual sobre a relação entre atividades como queima de combustíveis fósseis e aumento de temperatura.

“O último relatório do IPCC confirma que as atividades humanas mudaram nosso clima e levaram a ondas de calor, inundações, secas e incêndios florestais mais frequentes que vimos recentemente. A evidência é incontestável”, diz.

Para Arnell, a confirmação de que o homem está por trás das catástrofes climáticas é essencial para que da COP 26 saiam metas que realmente possam mudar o curso do aquecimento global. “É necessário intensificar nossos esforços coletivos para nos adaptarmos às mudanças climáticas e aumentar a resiliência a desastres climáticos mais frequentes e extremos no futuro. Eventos recentes mostraram que todos estamos expostos a grandes riscos.”

REVOLUÇÃO INDUSTRIAL: Uma pesquisa internacional, liderada pela Universidade Vrije, de Bruxelas mostra que as mudanças globais nas temperaturas lacustres e nas coberturas de gelo não são devidas à variabilidade natural do clima e só podem ser explicadas por emissões maciças de gases de efeito estufa desde a Revolução Industrial. O estudo foi publicado na revista Nature Geosciences.

A equipe também previu o que pode acontecer, futuramente, em diferentes cenários. Em um quadro de baixa emissão, estima-se que o aquecimento médio dos lagos se estabilize em 1,5°C acima dos níveis pré-industriais, e a duração da cobertura de gelo seja 14 dias mais curta. Em um mundo de alta emissão, essas mudanças podem levar a um aumento de 4° C e 46 dias a menos de gelo.

“A temperatura e a cobertura de gelo são fundamentais para os ecossistemas lacustres”, diz Luke Grant, principal autor do estudo. “Como os impactos deverão continuar a aumentar no futuro, corremos o risco de danificar seriamente os ecossistemas de lagos, incluindo a qualidade da água e as populações de espécies de peixes nativas. Isso seria desastroso para as muitas maneiras pelas quais as comunidades locais dependem dos lagos, desde o abastecimento de água potável até a pesca.”

A equipe ddesenvolveu várias simulações de computador com modelos lacustres em escala global. Depois de construir esse banco de dados, os cientistas aplicaram uma metodologia descrita pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC). Determinado o impacto histórico das mudanças climáticas nos lagos, eles constataram que é altamente improvável que as tendências nas temperaturas desses ambientes e na cobertura de gelo nas últimas décadas possam ser explicadas apenas pela variabilidade natural do clima.

Além disso, os pesquisadores encontraram semelhanças inequívocas entre as mudanças observadas em lagos e as simulações em um clima influenciado pelas emissões de gases de efeito estufa. “Essa é uma evidência muito convincente de que as mudanças climáticas causadas pelos humanos já afetaram os lagos”, diz Grant. “Se conseguirmos reduzir drasticamente nossas emissões nas próximas décadas, poderemos evitar as piores consequências para os lagos em todo o mundo”, acredita.

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RODA DE DIÁLOGO TEM PARTICIPAÇÃO DE LEONARDO BOFF E DIZ NÃO A USINA NUCLEAR COM USO DAS ÁGUAS DO RIO SÃO FRANCISCO

A roda de diálogo Jornada Antinuclear realizada pela Diocese de Floresta Pernambuco, através das Pastorais Sociais e da Pascom Diocesana, em parceria com o Instituto Cultural Raízes e o CIMI-Conselho Indigenista Missionário contou nesta terça-feira (19), contou com a presença Teólogo, Filósofo e Escritor Leonardo Boff, do Monge, Teólogo e Escritor Marcelo Barros e do Bispo Diocesano de Floresta, Dom Gabriel Marchesi, Bispo Referencial para as CEBS, pela CNBB e Paulo Ricardo (Comunidade Bremen)

O encontro virtural exibido pelo canal facebook, teve como tema, em  Defesa da Vida / Contra os projetos de morte.  Leonardo Boff fez uma reflexão sobre o momento atual da Mãe Terra e injetou vontade de transformar o mundo para melhor e disse não a Usina Nuclear com uso das águas do Rio São Francisco.

"Devemos sempre defender a vida", declarou.

As boas vindas ao palestrante foram dadas pelo bispo Dom Gabriel Marchesi e a mediação da conversa foi do educador Libânio Francisco.

Durante a conversa também contextualizou que o novo coronavírus veio da sistemática agressão dos seres humanos à natureza, do antropocentrismo. “Os animais perderam o habitus. Há 300 mil a um milhão de vírus na natureza, nos animais e nas plantas. A espécie humana ocupou 83% da natureza, ocupamos destruindo e agredindo a natureza”, ressaltou, lembrando que o desequilíbrio ecológico colabora para a mutação e a disseminação de novos vírus.

Leonardo Boff destacou que a Terra é um super organismo vivo e que os seres humanos vêm em um crescente processo de poder como dominação da natureza, que nos trouxe vantagens como os antibióticos que prolongaram a vida dos idosos, diminuíram a mortalidade das crianças e tecnologias que trazem benefícios como os encontros virtuais: “Mas criou uma máquina de morte que pode nos destruir de 15 formas diferentes por armas químicas, nucleares e biológicas”.

Ele trouxe alertas do criador do termo biodiversidade: de que cem mil espécies de seres vivos são mortas a cada ano e um milhão de seres vivos estão em alto risco de desaparecer. “Devido a alto industrialismo que tomou conta do mundo, ou mudamos ou colocamos o sistema Terra em risco. O ser humano se tornou o satã da Terra”.

Além de documentos e pesquisas da área ambiental, Boff trouxe reflexões de vários estudiosos e teóricos e destacou as últimas encíclicas do Papa Francisco, que não foram dirigidas apenas aos cristãos, mas a toda a humanidade. O documento papal aborda a necessidade de contrapor à lógica da dominação uma ação de fraternidade.  

“Vamos cuidar da Mãe Terra. Os rios precisam das matas ciliares. As bases físico-químicas estão tão ameaçadas que ou nos salvamos todos ou ninguém se salva. Há sombras vastas que pesam sobre o planeta. Os conflitos mundiais que temos são uma Guerra Mundial em prestação. O mundo moderno se construiu como a dominação do mundo, mas não podemos continuar assim. Proponho o sonho que antecipa possibilidades reais que podem acontecer, o sonho tem a função de equilibrar a vida psíquica”, resumiu.

Boff ressalta que é possível ter uma economia de mercado, mas não podemos ter uma sociedade de mercado, onde tudo tem preço até as relações humanas. O verbo cuidar é algo central na obra de Boff e ele ressaltou que isto deve ser visto como a essência humana. “Precisamos refazer o pacto Terra e Humanidade, nos considerarmos os guardiões da Terra. É preciso incorporar uma responsabilidade ecológica. O planeta finito não suporta um projeto de crescimento infinito”.

O conferencista falou que devemos caminhar para a biocivilização, entendendo que somos parte da Terra e não os seus dominadores. 

“Santo Agostinho nos fala das três virtudes: o amor, a fé e a esperança. A indignação e a coragem são as irmãs da esperança. Temos de nos indignar contra esta necropolítica e ter a coragem de dar passos para mudar esta realidade. No Brasil ainda não chegamos a este ponto”.

“Este confinamento social tem um sentido para pensarmos qual o sentido da vida, Deus é o apaixonado amante da vida e vai nos ajudar a tomar um salto de consciência. Caminhemos cantando, que os problemas não nos tirem a alegria da esperança, ela terá a última palavra”, finalizou Leonardo Boff. 

 

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SERTÃO MÍDIA: GRAVAÇÕES DE GUERREIROS DO SOL INICIAM EM SERRA TALHADA, PERNAMBUCO

 "Novidades vem por ai! Depois da Super Série AMORES ROUBADOS sigo  participando da produção da nova obra  dos escritores George Moura e Sergio Goldenberg nos Estados de Pernambuco, Alagoas e Bahia. George e Sergio voltam aos Sertões pra escrever  "GUERREIROS DO SOL"

Com essa publicação nas redes sociais, o produtor Luciano Peixinho definiu mais um trabalho que terá exibição em todo o território brasileiro. Desta vez, com George Moura e Sergio Goldenberg mirando o novo projeto para o Globoplay, segundo noticiou o jornal O Globo. 

Trata-se da série Guerreiros do Sol, inspirada na história de amor entre Lampião e Maria Bonita, um clássico do nordeste brasileiro.

A produção será ambientada entre as décadas de 1920 e 1930. A ideia, ainda, é que a história seja contada a partir de uma perspectiva feminina.

Outras produções também contou com essa característica como O Canto da Sereia (2013) e Amores Roubados (2014). Guerreiros do Sol ainda não tem previsão da data de série na plataforma de streaming. 

O município de Serra Talhada, no Sertão do Pajeú, está sendo cenário para a gravação da série Guerreiros do Sol, local Luciano Peixinho postou fotos, numa delas com o cantor e compositor Assisão.

Segundo a produtora Sertão Mídia, a viagem começa em Serra Talhada, com os escritores George Moura e Sergio Goldenberg, que já escreveram várias obras no Sertão pernambucano. A série será produzida nos estados de Pernambuco, Bahia e Alagoas.


Sérgio Goldenberg e George Moura são Criadores de sucessos como Amores Roubados (2014) e Onde Nascem os Fortes (2018).

De acordo com informações da jornalista Patrícia Kogut, em sua coluna no impresso O Globo, Guerreiros do Sol, série inspirada na história de amor entre Lampião, conhecido como o rei do cangaço nordestino, e de sua companheira Maria Bonita será destinada ao Globoplay.

Esses dois personagens históricos, Lampião e Maria Bonina, vale lembrar, já tiveram sua saga retratada anteriormente pelo plim-plim – em Lampião e Maria Bonita (1982), minissérie de oito episódios escrita por Aguinaldo Silva e Doc Comparato. Na ocasião, Nelson Xavier e Tânia Alves se encarregaram de dar vida aos papéis principais.


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COM A FALTA DE INVESTIMENTO NACIONAL, FARMACÊUTICAS ESTRANGEIRAS LUCRAM COM REMÉDIOS QUE SAEM DA BIODIVERSIDADE BRASILEIRA

Mesmo tendo a maior biodiversidade do planeta, o Brasil fatura muito pouco. As farmacêuticas estrangeiras é que fabricam remédios com moléculas que saem do Brasil. Em toda a história, o país só desenvolveu dois medicamentos 100% nacionais. Um anti-inflamatório e um remédio contra a impotência.

O Fantástico conversou com pesquisadores, que explicaram que as universidades brasileiras não têm condições de pagar a conta do desenvolvimento de um medicamento. E o governo nem financia a indústria nacional nem dá mais dinheiro para as universidades; ao contrário, corta.

O orçamento do CNPq – a principal agência de fomento à pesquisa – que era de R$ 2,7 bilhões em 2014, foi caindo a menos da metade em sete anos. O orçamento de 2021 é de R$ 1,2 bilhão.

Foi da peçonha da jararaca brasileira que saíram dois dos remédios mais vendidos do mundo contra hipertensão e problemas cardíacos, o captopril e o enalapril. A indústria estrangeira que detém a patente deles fatura o equivalente a R$ 55 bilhões por ano. Nove vezes o orçamento do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações para o ano de 2021, que é de pouco mais de R$ 6 bilhões.

O glaucoma, que atinge 65 milhões de pessoas no mundo e pode causar cegueira, é outra doença tratada a partir de uma molécula da biodiversidade brasileira. 

Em 2019, para o Jornal da Usp, o jornalista científico Herton Escobar, apontou que Brasil tem a maior biodiversidade do mundo e assim ganha maior segurança alimentar, energética, hídrica e climática; proteção contra erosão, enchentes, deslizamentos e outros desastres socioambientais; proteção natural contra pragas no campo e doenças nas cidades; potencial para a descoberta de novos fármacos, cosméticos e outros produtos naturais; preservação de culturas, saberes e costumes de populações tradicionais; paisagens belíssimas; incontáveis oportunidades de negócios ligadas ao ecoturismo, lazer e bem-estar social. 

Tá bom, ou quer mais?
Esses são alguns exemplos dos serviços prestados gratuitamente pela natureza à sociedade, descritos no primeiro diagnóstico da Plataforma Brasileira de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (BPBES, na sigla em inglês), divulgado no início deste mês. 

Produzido por um grupo de 85 pesquisadores ao longo de quatro anos, o documento, de quase 200 páginas, traz um resumo contextualizado do melhor conhecimento disponível sobre o patrimônio natural brasileiro e os serviços que ele presta à sociedade, desde o nível de espécies individuais (como as abelhas, que produzem mel e polinizam plantações) até o de ecossistemas inteiros (como as florestas, que produzem chuva e estocam carbono, ou os manguezais, que protegem a costa da erosão e servem de berçário para diversos peixes e crustáceos de importância social e comercial).

Um resumo do estudo, chamado Sumário para Tomadores de Decisão, já havia sido divulgado em novembro de 2018, mas faltava a publicação do diagnóstico completo — com todas as informações e referências científicas que embasam as conclusões dos pesquisadores. A ideia é que o sumário sirva como um guia de consulta rápida, e o relatório, como uma enciclopédia de informações sobre biodiversidade e serviços ecossistêmicos no Brasil. Em ambos os casos, o objetivo final é o mesmo: fornecer embasamento científico para orientar a tomada de decisões econômicas, sociais e políticas sobre o tema.

“O conhecimento está aí, os tomadores de decisão estão aí, e a gente precisa aproximar essas duas coisas. Esse espaço entre existência e aplicação do conhecimento precisa ser preenchido”, diz o ecólogo Jean Paul Metzger, do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo, um dos 11 editores do relatório. “Se ainda há lacunas de informação que precisam ser preenchidas, certamente não falta conhecimento para a tomada de decisões.”

O diagnóstico deixa claro que o Brasil é um país extremamente privilegiado em termos de biodiversidade e recursos naturais — tem o maior número de espécies de fauna e flora, a maior reserva de água doce, a maior floresta tropical, e por aí vai —, com enorme potencial para o desenvolvimento de um modelo econômico sustentável. 

“O gigantesco capital natural nacional confere as condições necessárias para transformar a conservação e o uso sustentável dos ativos ambientais brasileiros em oportunidades para um desenvolvimento capaz de enfrentar, no futuro, um clima alterado e, ao mesmo tempo, promover prosperidade socioeconômica”, escrevem os pesquisadores, no resumo executivo. “Essa combinação incomum resulta do fato de que o elevado potencial de produção econômica (presente e futuro) depende da manutenção dos recursos da biodiversidade e dos serviços ecossistêmicos associados.”

Por outro lado, e ao mesmo tempo, é um país que se aproveita e cuida muito mal desse patrimônio natural único, com taxas elevadas de perda, degradação e fragmentação ambiental. Estudos indicam, por exemplo, que o Brasil poderá perder entre 20% e 25% de sua biodiversidade até 2050, comparado a 1970, “dependendo da trajetória de desenvolvimento considerada”.

“O cenário atual de degradação dos sistemas naturais, sejam eles terrestres ou aquáticos, representa uma séria ameaça à provisão de serviços ecossistêmicos essenciais para a manutenção da qualidade de vida e da saúde da população humana”, diz o relatório. “Isso inclui o suprimento de alimentos, organismos medicinais, experiências físicas e psicológicas, regulação da quantidade e da qualidade da água, controle da qualidade do ar, regulação de ameaças e eventos extremos e de organismos prejudiciais a humanos.”

FASE NEFASTA: O diagnóstico surge num momento especialmente preocupante, de aumento do desmatamento na Amazônia, negação de evidências científicas e fragilização das estruturas de defesa ambiental no Brasil.

“Estamos passando por uma fase nefasta, mas temos que continuar trabalhando na expectativa de que haja uma mudança de comportamento dos nossos governantes”, diz o biólogo Carlos Joly, professor da Universidade Estadual da Campinas (Unicamp) e um dos coordenadores do BPBES.

Uma das principais mensagens do relatório, segundo ele, é que “é muito mais barato conservar do que restaurar”; e que muito do que se perde com a degradação ambiental não pode ser recuperado. “Você pode até recuperar alguns serviços ecossistêmicos, mas não a biodiversidade.”

Os principais vetores de ameaça à biodiversidade, segundo o diagnóstico, são as mudanças climáticas, que alteram a configuração e o funcionamento dos ecossistemas, e as mudanças de uso do solo — em outras palavras: desmatamento, ou qualquer atividade que envolva a conversão de áreas de vegetação nativa para outros usos, como agricultura, pecuária ou mineração.

“Um dos principais desafios do Brasil para os próximos anos é o alinhamento de políticas de desenvolvimento – principalmente a política agrícola – com o uso e a conservação da biodiversidade. A integração entre as políticas ambientais e agrícolas é fundamental para o cumprimento das metas e dos acordos de conservação firmados internacionalmente, bem como para evitar o desaparecimento de espécies nativas de importância ecológica, medicinal e alimentícia e com potencial intrínseco para a agropecuária, a indústria e o desenvolvimento de biotecnologia”, diz o relatório.

DESAFIO: Joly vê com preocupação o recrudescimento de um discurso político considerado ultrapassado, que tende a ver a conservação ambiental como inimiga do desenvolvimento econômico. O diagnóstico deixa claro que a biodiversidade e os serviços ecossistêmicos — que o Brasil tem em abundância — devem ser vistos como um ativo diferencial de promoção do desenvolvimento, e não como um obstáculo ou um apêndice meramente decorativo.

“O diagnóstico mostra claramente os ativos que o País tem, as oportunidades que isso traz, e como a gente tem feito mau uso disso”, resume o ecólogo Fabio Scarano, da Universidade Federal o Rio de Janeiro (UFRJ), também coordenador do BPBES e coautor do documento. “O que nos preocupa é o discurso que está posto agora, com agravamento dos riscos e a perspectiva de que essas oportunidades continuarão não sendo aproveitadas, ou até mesmo perdidas.”

Além de proteger, é preciso incentivar a pesquisa científica e o uso econômico sustentável desses ativos ambientais, ressaltam os cientistas. Um dos dados mais destacados do relatório é que 40% da cobertura vegetal do País está concentrada em apenas 7% dos municípios, que abrigam 13% da população economicamente mais carente do Brasil. “Historicamente a substituição da vegetação nativa por outras coberturas não tem resultado em um aumento significativo do bem-estar local. A geração de renda a partir da natureza conservada será essencial para conciliar prosperidade socioeconômica com a conservação de recursos naturais”, diz o documento.

“Uma das maiores e mais desafiadoras lacunas é a de transformar a megabiodiversidade do país em soluções para a sociedade brasileira, ou seja, fazer uma inserção abrangente da biodiversidade nas cadeias produtivas”, diz, ainda, o relatório. “Isso requer políticas de fomento à pesquisa em catalogação e prospecção da biodiversidade em diferentes escalas e setores da economia. Apesar de seus 500 anos de exploração, a Amazônia gerou apenas quatro commodities amplamente comercializadas no Brasil e no exterior: a borracha, a castanha-do-pará, o açaí e o guaraná. O potencial de exploração sustentável de outras espécies vegetais – dentre as cerca de 10 mil existentes na região – permanece latente.”

LACUNAS: Muitas lacunas também existem no entendimento dos ecossistemas oceânicos, que são ainda menos conhecidos do que os ecossistemas terrestres — lembrando que o Brasil tem um território marítimo do tamanho da Amazônia, com 3,6 milhões de quilômetros quadrados, e um quarto de sua população concentrada na zona costeira. 

“Os oceanos são a grande fronteira do conhecimento da humanidade”, destaca o professor Alexander Turra, do Instituto Oceanográfico da USP, especialista em ecologia marinha e gerenciamento costeiro, e também coautor do relatório. “Sabemos mais sobre a superfície da Lua do que sobre o fundo do mar.”

Para Turra, o relatório “evidencia de forma muito clara a importância da ciência para a tomada de decisão”; não só no que diz respeito à elaboração de políticas públicas, mas também à capacidade de avaliar e monitorar a eficácia dessas políticas. “Para combater a erosão costeira, você precisa de um diagnóstico muito preciso sobre o que está causando essa erosão”, exemplifica ele. “O gestor precisa ter um entendimento mínimo de como esses ecossistemas funcionam para tomar as decisões que oferecem o melhor custo-benefício como solução.”

O relatório foi produzido principalmente com recursos do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) — cerca de R$ 1,5 milhão —, principal agência de fomento à ciência do governo federal, que vive sérias restrições orçamentárias e pode ter seus recursos de fomento reduzidos a quase zero em 2020. Com esses recursos, além do Diagnóstico principal, o BPBES já produziu quatro relatórios temáticos (sobre restauração ambiental, água, polinizadores e mudanças climáticas) e tem um quinto a caminho (sobre povos indígenas e comunidades tradicionais).

Uma estratégia que tem se mostrado eficaz para a proteção e uso sustentável da biodiversidade é a criação de áreas protegidas, incluindo terras indígenas e unidades de conservação (UCs) geridas pelo poder público, como os parques nacionais. Segundo os dados compilados pelo diagnóstico, o turismo nessas unidades gera 43 mil empregos e movimenta R$ 4 bilhões por ano – com potencial para crescer muito mais.

Considerando todas as categorias, o Brasil tem cerca de 2,2 mil UCs. Na Amazônia, a área de cobertura chega a 27%; mas nos outros biomas terrestres, não chega a 10%. No bioma marinho, a criação de duas gigantescas áreas de proteção oceânica elevou esse índice, em 2018, para mais de 26%; mas sem elas, a cobertura é de apenas 1,5%.

“O Brasil cumpriu a meta de conservação de áreas marinhas, no que diz respeito ao percentual, graças a essas duas áreas. Mas a conservação efetiva, segundo a própria meta 11 de Aichi, é muito mais que isso”, diz o professor Antonio Carlos Marques, do Instituto de Biociências da USP, também coautor do relatório. 

“Deveríamos ter áreas protegidas que fossem geográfica e ecologicamente diversas, representativas de todos nossos ecossistemas e conectadas genética e ecologicamente, o que não ocorre. Além disso, grande parte dessas UCs permite usos múltiplos, onde a conservação é pouco efetiva e tem fiscalização deficiente ou nula. Elas são o que a literatura chama de parques de papel.”

Alguns dados do relatório podem já estar defasados, por conta do tempo que levou para preparar o documento. Mas o diagnóstico não muda: “Este [relatório] deixa claro que o Brasil tem o potencial de ser líder mundial por meio de um desenvolvimento sustentável. Basta que sejam feitas as escolhas que privilegiem práticas de produção mais ecologicamente sustentáveis”, escrevem os pesquisadores. (Fonte: Jornal da Usp)
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CÂMARAS CONSULTIVAS DO SUBMÉDIO E MÉDIO SÃO FRANCISCO DEVEM REPLICAR EM 2022 EXPEDIÇÃO CIENTÍFICA

As Câmaras Consultivas Regionais do Submédio e Médio São Francisco deram o primeiro passo para construir as estruturas e alinhamentos necessários para replicar nestas regiões a Expedição do São Francisco, ação que acontece há quatro anos na região do Baixo.

O programa surgiu com o objetivo de bioprospectar, conhecer e divulgar a situação do Baixo Rio São Francisco, observando aspectos sociais das comunidades ribeirinhas, comunidade de pescadores, situação da pesca, além de identificar os impactos e a qualidade da água do rio, ictiofauna, problemas ocasionados pelo represamento, assoreamento, desmatamento, avaliar os poluentes presentes no ambiente aquático e uso de agrotóxicos, os efeitos da cunha salina, que ocorre a partir da redução da vazão de do rio, sobre as comunidades ribeirinhas e o ambiente, e ainda propor ações mitigadoras através de programas de educação ambiental.

A Expedição do Baixo São Francisco entra, neste ano, na sua quarta edição e com os resultados promissores que têm atingido, o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, um dos investidores e incentivadores do programa, quer ampliar a ação levando para as demais regiões da bacia.

“O intuito do projeto é alavancar na região, uma nova atividade participativa por intermédio do conhecimento através do monitoramento dos principais indicadores sociais, econômicos e dos impactos ambientais, assegurando a qualidade e segurança alimentar. O enfoque é chamar a atenção para a situação do rio, seus problemas, e divulgar para os principais órgãos de fomento e governantes, propondo ações para mitigar os impactos e degradação da qualidade ambiental. Foi através desta ação que já foram aprovadas diversas iniciativas de pesquisadores que visam a melhoria da qualidade da bacia”, explicou o professor e coordenador da Expedição Científica, Emerson Soares.

De acordo com o coordenador da CCR Submédio, Cláudio Ademar, os trabalhos para replicar o programa se iniciam agora para que, em 2022, a expedição possa ser realizada. “Estamos dando o primeiro passo para que em 2022 a Expedição Científica aconteça.

 O programa tem se mostrado extremamente eficiente gerando dados que possibilitam a realização de ações por qualquer ente. Esse primeiro momento serve para ouvir a experiência das expedições desde o início, o diagnóstico e a evolução. A ideia é conhecer um pouco, reunindo pessoas estratégicas do Médio e Submédio com interesse direto em fazer este programa obter resultados importantes para a bacia”, afirmou.

EXPEDIÇÃO: Avaliando a necessidade de gerar políticas públicas embasadas em dados científicos, as expedições científicas propõem a elaboração de um diagnóstico participativo e multidisciplinar avaliando os impactos da pesca, poluição aquática, desmatamento e assoreamento, patologias e parasitologia de peixes e crustáceos e índices de metais pesados e pesticidas e sua influência na qualidade do pescado, determinando o perfil socioeconômico e a situação da saúde das populações ribeirinhas, adotando medidas de educação ambiental efetivas, e qualificando o efeito das diversas culturas intensivas sobre a qualidade de água, para com isso efetivar um programa de biomonitoramento ambiental da calha principal do rio São Francisco, utilizando tecnologias de ponta para determinação de um padrão ambiental com intuito de propor ações mitigadoras para os ecossistemas existentes na região de estudo.

As Expedições Científicas no Baixo São Francisco iniciaram em 2018, com duração de cinco dias, reunindo aproximadamente 40 pesquisadores de temáticas diversas, entre elas educação ambiental, pesca, socioeconomia, ictiofauna, análise de água e de metais pesados, assoreamento. A Expedição passou por cinco municípios do Baixo São Francisco (Traipu, Porto Real do Colégio, Igreja Nova, Penedo e Piaçabuçu), e como resultado do estudo foi publicado um diagnóstico referente a 2018, e em junho de 2019 a publicação de um artigo científico sobre os dados desta primeira edição.

Em 2019, a II Expedição Científica, realizada em 10 dias, contou com 50 pesquisadores e técnicos de 16 instituições, atuando nos municípios de Piranhas, Pão de Açúcar, Traipu, Porto Real do Colégio, Propriá, Igreja Nova, Penedo, Neopólis, Piaçabuçu e foz do São Francisco. Em 2020 o trabalho foi realizado com 53 pesquisadores em 30 áreas de pesquisa. Neste ano, o programa acontecerá no final de outubro avaliando 35 áreas de pesquisa. “É um processo que demanda muito trabalho, mas que dá muito resultado”, esclareceu o professor Emerson.

O Secretário da CCR Submédio, Abelardo Montenegro, também professor e pesquisador da UFRPE, destacou a importância da mobilização de pesquisadores que possam contribuir com a bacia do São Francisco. “É essencial, neste processo, a mobilização para que os pesquisadores estejam juntos e possamos contribuir aqui na região do Médio e Submédio atingindo resultados tão expressivos e de interesse como já tem acontecido no Baixo”, concluiu. (Fonte: CHBSF)

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