PESQUISA INVESTIGA O USO DA PALMA NA ALIMENTAÇÃO HUMANA

Quem trabalha com criação de rebanhos já conhece muito bem os usos da palma forrageira para alimentação animal. Fonte de energia e rica em água, a planta adapta-se facilmente ao clima semiárido e tem baixo custo de produção. Mas o que pouca gente sabe é que a palma também pode ser utilizada na alimentação humana. É justamente sobre esse tema que a tecnóloga em alimentos Elizângela Carlos da Silva desenvolve sua pesquisa de mestrado.

Segundo ela, há estudos que comprovam que a planta ajuda a combater doenças como cegueira noturna em recém-nascidos e até a fome ou a desnutrição. "A palma tem um grande potencial nutricional, é rica em vitamina A, vitamina C, complexo B, é fibrosa e tem vários tipos de aminoácidos essenciais para o desenvolvimento humano, entre outros nutrientes", explica a pesquisadora.

Em países como Índia e México e até em outras cidades do Ceará, a palma já é matéria-prima para sucos, geleias e doces, entre outros produtos. Mas a pesquisadora, que trabalha no campus de Crato do IFCE, explica que, apesar de versátil, a palma é pouco aproveitada por falta de conhecimento ou até preconceito, já que o uso mais conhecido é a alimentação animal.

Por isso, um dos objetivos da pesquisa é apresentar as possibilidades da planta para os produtores rurais: "A palma é uma realidade na vida dos nossos estudantes [que convivem no meio rural]. A pretensão é que eles observassem o que tem na sua produção familiar e fizessem o aproveitamento, porque a palma, além de alimentar o animal e ter a questão da alimentação humana, colabora com a convivência com o semiárido".

Embora Elizângela também produza geleias, sucos e outras receitas e trabalhe com elas em sala de aula, a pesquisa trata especificamente da farinha de palma, que pode ser usada, por exemplo, para fazer sequilhos. A ideia é avaliar a concentração de nutrientes da farinha – com o processo de desidratação necessário para a fabricação, eles podem ser reduzidos – e a aceitação dos estudantes do campus ao biscoito. No futuro, é possível que ele passe a fazer parte do cardápio do refeitório da instituição.

Entre as possibilidades da palma forrageira, há também o viés econômico, como explica Elizângela: "É uma cultura de fácil cultivo e beneficiamento simples. O produtor pode melhorar sua renda, desenvolver produtos para venda. É uma versatilidade muito grande que precisamos aproveitar, principalmente para essa cultura, que é muito importante para a região semiárida".

A palma serve de alimento para bois, cabras e ovelhas, além de ajudar na hidratação dos animais, já que é constituída por até 90% de água. Ela se adapta a longos períodos de estiagem e exige poucos recursos hídricos para o plantio. De acordo com Ariane Castricini, pesquisadora em pós-colheita da EPAMIG, a planta utilizada para a alimentação humana é a mesma que se cultiva para o uso animal. Os preparos culinários podem ser feitos à base do caule (cladódio) e do fruto. 

“A diferença consiste no fato de que para o preparo de pratos na culinária utilizam-se os cladódios novos, ou jovens. Para o gado tanto faz se é jovem ou maduro, mais velho”, explica. Cladódios são os caules adaptados, e que realizam fotossíntese, da planta que é adaptada à regiões de clima seco e quente. 

“No México, país de origem da Palma, o consumo na alimentação humana já é cultural e lá esses cladódios jovens são chamados de nopalitos. No Norte de Minas já é comum o picadinho de palma com carne, e aqui ela é chamada popularmente de verdura. Já o fruto da palma, é conhecido popularmente como ‘Figo da Índia’”, conta ela sobre as várias curiosidades da planta.

Rica em minerais como cálcio, magnésio, ferro e vitaminas como B1, B2 e vitamina A, entre outros, a palma tem sabor característico, mas leve, o que faz com que ela se adeque a pratos diversos, funcionando bem como uma complementação dessas composições. Para uso em preparações culinárias o cladódio deve apresentar características como tamanho da palma da mão de uma pessoa adulta, cor verde brilhante e estar facilmente quebrável quando dobrada. Ariane indica ainda que o preparo da palma pode ser fácil lembrando somente de cuidados básicos como a limpeza do cladódio que será consumido e a extração dos espinhos. O mesmo se aplica quando utiliza-se do fruto da palma, seja in natura ou processado.

Com a intensificação do cultivo de Palma Forrageira no Semiárido Mineiro, incentivada pela EPAMIG, Emater-MG, Secretaria de Agricultura de Minas, entre outros parceiros, as possibilidades de uso também vêm sendo passadas para produtores da região. 

A EPAMIG é uma Empresa vinculada à Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais.

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LEI SANCIONADA: ANIVERSÁRIO DE SIVUCA SE TORNA DIA NACIONAL DO SANFONEIRO

O Diário Oficial da União publica, nesta terça-feira (20), a Lei nº 14.140, de 19 de abril de 2021, que institui o Dia Nacional do Sanfoneiro, a ser comemorado anualmente, em todo o território nacional, na data de nascimento do músico Severino Dias de Oliveira, conhecido como Sivuca, em 26 de maio. Ele morreu aos 76 anos, no dia 14 de dezembro de 2006.

Severino Dias de Oliveira nasceu em Itabaiana, na Paraíba, e levou a cultura nordestina para o mundo. Como compositor, arranjador, instrumentista, o mestre da sanfona participou de mais de 200 discos de gêneros musicais diferentes como bossa nova, forró, choro, baião, maracatu, frevo, entre outros.

A socióloga Flávia Barreto, filha de Sivuca, escreveu um livro biográfico do pai, Magnífico Sivuca: maestro da sanfona, no qual detalha a infância, a carreira do músico no Brasil e no exterior, as parcerias musicai

“Sivuca é música, sempre foi música, em casa, fora de casa. Sivuca estava sempre tocando, ouvindo. Ele sempre foi música, desde criança", disse Flavia em entrevista para a Rádio Nacional de Brasília.

HISTÓRIA: Ano passado, na Paraíba, seria todo de homenagens a Sivuca, músico que se destacou nacionalmente como maestro, instrumentalista, cantor e compositor. Isso porque, por meio de decreto foi instituído o “Ano Cultural Mestre Sivuca”.

Em 2020, Sivuca completaria 90 anos de nascimento. Nome de batismo: Severino Dias de Oliveira. Considerado um músico completo que chamava a atenção de todos, ouvintes e colegas de ofício, por onde passara. Dentro e fora do Brasil. Desde que, aos 15 anos, saíra da sua pequena Itabaiana para tentar a sorte no Recife.

Entre as ações programadas na Paraíba, estava a formação de parcerias entre a UFPB e o Governo do Estado, entre elas o da construção do Memorial Mestre Sivuca. A compositora e viúva de Sivuca, Glória Gadelha, ressaltou que a parceria entre o Governo do Estado e a Universidade Federal da Paraíba para a construção do Memorial Mestre Sivuca deixa a família do músico paraibano, de renome internacional, mais perto do sonho alimentado há décadas. 

“Há 45 anos eu venho formando esse acervo, arquivos que fui juntando. E graças a Deus temos essa luz no túnel, que é a parceria da participação do Estado com a Universidade Federal da Paraíba na concretização desse sonho. É uma alegria imensa”, afirmou.

Quando estiver concluído, o Museu Memorial Mestre Sivuca vai abrigar um acervo de um valor inestimável, garante Glória Gadelha: “São peças maravilhosas, partituras, troféus, placas, medalhas, títulos, instrumentos, 42 anos de jornais, shows pelo mundo”, enumerou, lembrando que existem composições inéditas e momentos do artista que só os parentes conhecem até então.

Nascido no município paraibano de Itabaiana no dia 26 de maio de 1930, o Mestre Sivuca, foi um dos maiores talentos da música brasileira, sendo reconhecido internacionalmente por um vasto trabalho, que inclui frevo, choro e forró, entre outros ritmos.

Sivuca começou a tocar sanfona aos nove anos de idade em feiras e em festas populares. Ao lado da compositora Glória Gadelha, com quem foi casado, compôs “Feira de Mangaio”, um dos sucessos mais conhecidos. Outras parcerias bem-sucedidas incluem Chico Buarque (“João e Maria”) e Paulo Tapajós (“No tempo dos quintais” e “Cabelo de milho”).

A música Feira de Mangaio é provavelmente uma de suas músicas mais conhecidas. “Fumo de rolo arreio de cangalha/Eu tenho pra vender, quem quer comprar(…)/Tinha uma vendinha no canto da rua/ Onde o mangaieiro ia se animar/Tomar uma bicada com lambu assado/E olhar pra Maria do Joá/Porque tem um Sanfoneiro no canto da rua/Fazendo floreio pra gente dançar/Tem Zefa de Purcina fazendo renda/E o ronco do fole sem parar…” 

Não há um sanfoneiro que não saiba tocar e cantar esta canção. É um baião, forró, que virou um clássico na voz de Clara Nunes e um de seus grandes sucessos. Inicialmente foi gravada pelo próprio Sivuca e sua parceira musical e de vida, Glorinha Gadelha.

Feira de Mangaio foi composta em Nova Iorque, em uma lanchonete, num dia de inverno rigoroso. Morando há anos nos EUA a saudade da Paraíba, das feiras do interior e as lembranças foram transformados em versos que até hoje faz todos dançarem.

Em 14 de dezembro de 2006, após lutar contra o câncer de laringe, Sivuca morreu, deixando um grande legado para a cultura brasileira.

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AO ESPÍRITO SILENTE DAS MATAS

E quando não mais existirem os pássaros

Contritos, louvaremos ao espírito silente das matas

Para que nos liberem os gorjeios retidos em suas folhas mortas

E quando não mais existirem asas e voos

Inventaremos, com pétalas de seda, nossos ímpetos

E tomaremos dos arco-íris as cores que tingirão nossas plumas

Seremos arapongas e curiós reinventados

Reacendidos de dentro de texturas e sons sufocados

E, sem levarmos em conta a frieza nem a sangria dos enganos

Cantaremos; ainda que seja silente o canto

Toaremos, insurretos cantadores rebelados

Ainda implumes, nossos trinos por serem revelados

Serão gorjeios preservados; e, à revelia impiedosa dos tiranos

Tecerão, à nova era, seu imaculado manto

.VIRGÍLIO SIQUEIRA-Músico, Poeta e Escritor

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MÚSICA ASA BRANCA É UMA DAS MAIS REGRAVADAS NO BRASIL, DIZ ECAD

 

Novo levantamento efetuado pelo Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (Ecad) revela mudança na liderança do ranking das músicas brasileiras mais regravadas no país. A canção Carinhoso, de Pixinguinha e Braguinha, superou Aquarela do Brasil, de Ary Barroso.

De acordo com a pesquisa, Carinhoso tem, no momento, 411 gravações cadastradas no banco de dados do Ecad, considerado um dos maiores da América Latina, e é a música mais escolhida por intérpretes de todo o país. Aquarela do Brasil tem 409 e ocupa a segunda posição no ranking. Em setembro de 2020, as duas músicas lideravam a lista das mais gravadas, com 404 gravações cada.

Na lista das cinco primeiras colocadas aparecem também Garota de Ipanema, de Tom Jobim e Vinicius de Moraes (402 gravações), Asa branca, de Humberto Teixeira e Gonzagão (316 gravações), e Manhã de carnaval, de Luiz Bonfá e Antônio Maria (290 gravações).

Entre as 15 primeiras músicas do ranking, oito são de autoria do compositor Tom Jobim: além de Garota de Ipanema, aparecem Eu sei que vou te amar, Corcovado, Wave, Chega de Saudade Desafinado, Insensatez e A felicidade.

Ranking das 15 músicas brasileiras mais gravadas no país:

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JORNALISTA EMANUEL ANDRADE INICIA EM FORMATO LIVES O PROJETO CONVERSA MUSICAL

O jornalista, professor e pesquisador Emanuel Andrade, abrirá a partir desde semana uma série de entrevistas no formato de lives,  por meio do projeto ‘Conversa Musical’, com artistas de vários estilos da Música Popular Brasileira. A iniciativa faz parte das atividades aprovadas, no final do ano passado, pela Lei Aldir Blanc, do Ministério da Cultura. As entrevistas serão realizadas através de sua rede social – Instagram (@emanueldeandradefreire), incialmente às quartas-feiras e sábados.

A conversa de abertura da série acontecerá na próxima quarta-feira (21) às 18 h,  com o poeta cantador e escritor pernambucano radicado em Salvador (BA), Maviael Melo, que lançou recentemente o livro ‘O Espelho dos Girassóis’, para o qual Andrade assinou o texto da orelha. Segundo o jornalista, apenas o bloco das três primeiras entrevistas está inserido no contexto da lei cultural. Os próximos blocos de conversas seguem como atividade de extensão da Universidade da Bahia (Uneb), o que vai resultar numa pesquisa sobre a representação do Nordeste na MPB e o discurso político e poético dos cantores/letristas.

“A pesquisa, na prática, já vem ocorrendo há anos com entrevistas já feitas com vários artistas, todos de origem nordestina, a exemplo de Geraldo Azevedo, Zé Ramalho, Belchior e Gilberto Gil. A meta é ampliar o elenco de artistas do Nordeste, independente de onde estejam vivendo agora, mas que sua produção musical seja analisada de maneira direta o objetiva com suas particularidades discursivas”, observa Emanuel Andrade.

Depois da entrevista de Maviael Melo, a conversa do dia  24 de abril  será com o cantor, compositor e professor de canto Tadeu Mathias, paraibano de Campina Grande, radicado no Rio de Janeiro desde os anos 1980. Tadeu participou de várias turnês de Elba Ramalho e é autor da canção ‘Me perdoa’, gravada pela cantora (também paraibana).

A terceira entrevista da série acontece na quarta-feira (28) com o sanfoneiro, cantor e compositor e Targino Gondim, um dos autores de ‘Esperando na janela’ e outras canções de sucesso. A ideia central do Conversa Musical é descortinar o trabalho artístico de cada um a partir do processo de criação, bastidores das parcerias, ideias das canções, letras e contexto, entre outra curiosidades.


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PROFESSOR E PESQUISADOR GILMAR DE CARVALHO MORRE DE COVID-19 AOS 71 ANOS

O pesquisador e professor Gilmar de Carvalho, 71 anos, morreu por complicações de Covid-19 na manhã deste domingo (18), em Fortaleza. Natural de Sobral, Ceará, Gilmar também era jornalista e estudioso da cultura cearense.

A informação foi divulgada pela amiga, curadora e pesquisadora, Dodora Guimarães, em suas redes sociais. Dodora lamentou a morte do pesquisador e afirmou que "a cultura brasileira perde um de seus mais dedicados colaboradores, e a cultura do Ceará o seu mais competente tradutor". Ele estava internado desde 20 de março último em uma UTI de um hospital particular.

A Associação Cearense de Imprensa (ACI) também lamentou a morte de Gilmar. Pelas redes sociais, a amiga mencionou que "ele foi sócio da entidade por mais de duas décadas. Sua dedicação à pesquisada cultura popular, com vasta produção bibliográfica, e a atuação como professor de gerações de jornalistas são imensas".

O governador Camilo Santana (PT) lamentou a morte em nota nas suas redes sociais. "Recebi com muito pesar a notícia da morte do professor Gilmar de Carvalho, vítima da Covid-19", disse. "Gilmar era também um dos mais respeitados pesquisadores da cultura popular cearense", acrescentou.

Gilmar de Carvalho era bacharel em direito e em Comunicação Social pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Mestre em Comunicação Social pela Universidade Metodista de São Paulo e doutor em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Era professor do Departamento de Comunicação Social desde 1984 e integrante do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFC desde 2004.

Gilmar trabalhava em pesquisa atividades de ateliês xilográficos da região do Cariri como a Lira Nordestina em Juazeiro do Norte, acompanhando a produção de várias edições de livros de cordel, álbuns de gravuras e matrizes.

Confira nota Secretaria Cultura do Ceará:

A partida do professor Gilmar de Carvalho é uma perda incomensurável para o Ceará. O Gilmar doou toda sua inteligência e atuação acadêmica e política para o Ceará. Para um Ceará que brota debaixo do chão e flora com a cultura de sua gente. Assim foi como professor, pesquisador, jornalista, escritor, curador.

Gilmar sempre estava desenvolvendo algum projeto. Um livro, uma exposição, um seminário, um museu, uma curadoria, uma pesquisa. Nada era para ele. Todos os seus projetos acadêmicos e artísticos tinham um caráter social e coletivo. Sempre voltado para reconhecer, valorizar, promover os saberes e fazeres, as artes e ofícios dos mestres e mestras da cultura popular e tradicional.

Sim, tal como um São Francisco, Gilmar fez sua opção em conviver com os saberes e os lugares dessas pessoas simples por entre as veredas do sertão cearense e nordestino. Gente humilde de uma riqueza milenar que se reinventa o tempo todo. Era isso que animava o Gilmar em sua busca incessante no encontro com a cultura popular. Diria que uma busca também espiritual e de amizade onde ele também de reinventava e ganhava energia para sua luta.

Gilmar não era só um pesquisador em busca de fontes para seu trabalho acadêmico. Ele se tornava um amigo terno e cuidadoso para a vida inteira de muitos mestres e mestras da cultura que encontrou ao longo de sua vida tão intensa e bonita. Assim ele foi com Patativa do Assaré: um amigo, um cúmplice, um parceiro, um editor, um irmão. Assim foi também com cada rabequeiro, cordelista, xilogravurista, violeiro, aboiador, louceira, artesão e brincante do reisado, do maracatu, do pastoril, do coco.

Em nossa gestão na Secult, tocamos alguns projetos com o Gilmar de Carvalho. Quase todos os dias ele passava pela Ascom/Secult ou pelo gabinete para trocarmos utopias e projetos. A mostra anual de rabequeiros no Cineteatro São Luiz é um deles. Mas foi a publicação do livro de Patativa que mais nos mobilizou. O livro “O melhor do Patativa do Assaré” foi editado pelas Secretarias da Cultura e da Educação do Estado do Ceará em parceria com a Fundação Instituto Patativa do Assaré e  organizado pelo professor Gilmar de Carvalho. 

A obra reúne um conjunto de poemas que foi escolhido pelo Gilmar em escutas e conversas com o próprio Patativa para composição da antologia. O resultado é um livro organizado não apenas com a autorização formal de Patativa do Assaré. Trata-se, de um livro organizado pelos dois: o editor e o poeta. Gilmar e eu acalentávamos um sonho de fazer chegar a todas as escolas a obra de nosso poeta maior. Conseguimos, amigo! Agora vamos dar sequência na etapa de formação de professores para difusão da obra literária do Patativa em todas as escolas públicas do ensino médio do estado.

Recordo que o lançamento do livro ocorreu em uma data muito especial no Memorial que leva o nome do Poeta em sua cidade natal. Lançamos o livro no dia 05 de março de 2020, data de nascimento do poeta, ocasião em que Gilmar recebeu a Comenda Patativa do Assaré das mãos da vice-governadora do Estado do Ceará, professora Izolda Cela. Uma Comenda instituída e sancionada por lei pelo governador Camilo Santana.

Nos últimos dois anos, vínhamos conversando com o Gilmar sobre a implantação do Museu de Arte Popular dos Mestres e Mestras da Cultura do Ceará que vamos instalar no museu desativado da Emcetur. O Gilmar tinha sido convidado para ser o curador e pensar conosco o projeto museológico. Este museu é uma luta dele e será também um legado seu.

Mas no campo pessoal, perdi um grande amigo. Um professor que conheci aos meus vinte e poucos anos e que, certa vez, saiu em minha defesa num dia de entrevero inusitado numa programação cultural lá pelos idos dos anos 1990 na UFC. Veio conversar comigo, deu-me uns conselhos para que eu acreditasse na minha capacidade crítica e criativa. 

E foi assim que nos tornamos amigos. Além disso, ele era um grande amigo da Luiza de Teodoro, minha mestra, amiga e um amor na minha vida. Depois nos encontramos em São Paulo quando fui fazer meu mestrado em História na PUC e tive a alegria de assistir a defesa de sua tese de doutorado nessa mesma universidade. Tornei-me leitor de suas obras acadêmicas e literárias. Então, para mim foi uma alegria imensa quando ele escreveu a apresentação para o meu livro “Patativa do Assaré – o poeta passarinho” com ilustrações de Mariza Viana, publicado em 2004 e adotado pelo PNBE do MEC em 2006.

O fato é que o Ceará perde uma pessoa que fez muito por nosso estado e pelos cearenses. Que dedicou sua inteligência e sua criatividade crítica para o Ceará. Mas eu perdi um amigo afetuoso e vizinho querido da Maraponga. Por isso choro com sua partida. Choro pela lembrança daquela manhã em minha juventude universitária em que ele me aconselhou e choro porque vamos tocar o projeto do Museu de Arte Popular dos Mestres e Mestras da Cultura do Ceará sem a sua presença física.

Hoje é um dia triste para muitos amigos e amigas do Gilmar, do Gil, do professor, do doutor, do mestre, do parceiro, do companheiro, do camarada Gilmar de Carvalho. Mas é também um dia para celebração de sua vida, memória e toda sua obra. Um dia para a gente agradecer, agradecer, agradecer por tudo que ele fez, o que deixa como legado e como inspiração para gente seguir na luta por um mundo mais justo e democrático.

Siga seu caminho de luz, amigo! Você também é um passarinho!

Obrigado por tudo, viu!

Abraço terno,

Fabiano dos Santos Piúba-Secretário da Cultura do Estado do Ceará

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PARA EX-MINISTROS, AGENDA AMBIENTAL PERDEU FÔLEGO NO BRASIL

Em um panorama distinto ao de outros países, ex-ministros do Meio Ambiente e especialistas avaliam que a agenda ambiental vem perdendo espaço no debate político brasileiro. O movimento ocorre, para eles, pela atenção do eleitorado a temas mais “urgentes”, como saúde e educação, ou por desinteresse do governo federal. 

Titular da área, o ministro Ricardo Salles é alvo de duas ações sob a suspeita de agir para atrapalhar investigações sobre madeireiras ilegais na Amazônia — caberá à ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidir se ele será formalmente investigado.

No campo da representação, os números da Frente Parlamentar Ambientalista da Câmara são expressivos, mas os 216 integrantes não significam um amplo escopo de atuação. De acordo com o presidente do bloco, Rodrigo Agostinho (PSB-SP), seis deputados federais participam ativamente das discussões:

"Minha vida foi toda voltada para o meio ambiente, mas me capacitei para debater outros assuntos. Eleitoralmente, se dependesse apenas da agenda ambiental para ser eleito, não estaria onde estou hoje. Por outro lado, a maior parte dos 513 deputados da Câmara tem eleitores cientes da importância do meio ambiente e os cobram por isso.

Ex-ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc já foi eleito deputado estadual seis vezes no Rio, mas diversifica as bandeiras. Hoje no PSB, ele foi, nos anos 1980, um dos fundadores do PV. O próprio declínio do Partido Verde é uma tradução da baixa adesão à agenda: ao lado da Rede, que também tem o meio ambiente como um pilar, soma cinco vagas no Congresso, contra nove na legislatura anterior.

Em janeiro deste ano, reportagem do BLOG NEY VITAL, mostrou que  9 ex-ministros do Meio Ambiente pediram auxílio aos líderes da França, Alemanha e Noruega para proteger a Amazônia, pois encontra-se num momento de “dupla calamidade pública: ambiental e de saúde“.

A carta foi enviada no dia (26.jan.2021) e contou com as assinaturas de José Goldemberg, Rubens Ricupero, Gustavo Krause, Izabella Teixeira, José Sarney Filho, José Carlos Carvalho, Marina Silva, Carlos Minc e Edson Duarte, todos ex-titulares da pasta hoje ocupada por Ricardo Salles. 

Os ex-ministros relatam que, em 2020, a Amazônia sofreu aumento do desmatamento e das queimadas florestais durante o período de estiagem por conta da fumaça gerada, houve um aumento de internações por problemas respiratórios em 25% que contribuíram para o aumento da taxa de mortes por covid-19 no Estado do Amazonas.

“Conhecendo de perto a realidade amazônica, os signatários desta carta, ex-ministros do Meio Ambiente do Brasil, sabem por experiência que nem o governo federal nem os governos locais possuem todos os meios indispensáveis para socorrer as populações mais frágeis e vulneráveis da região.” 

Por conta dessa situação, os ex-titulares do Meio Ambiente pedem ajuda imediata “sob a forma de doação de materiais, equipamentos e medicamentos vitais para assegurar a sobrevivência”. No pedido, incluíram insumos como oxigênio, equipamentos para instalação de UTIs (unidades de terapia intensiva), remédios e EPIs (equipamentos de proteção individual).

Na carta, ainda, solicitaram que os líderes europeus façam uma intermediação com outros países vizinhos para um “pedido de socorro que lhes dirigem os necessitados habitantes das nossas florestas, tão severamente assolados pela pandemia”.

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