CANTORIA, 37 ANOS INFLUENCIANDO A MÚSICA POPULAR BRASILEIRA

Quatro grandes cantadores e violeiros, três noites memoráveis e um concerto que marcou a história da música brasileira. Nos próximos dias 13, 14 e 15, comemoraremos 37 anos do show 'Cantoria', gravado ao vivo em janeiro de 1984 no Teatro Castro Alves, em Salvador - BA, pelo pernambucano Geraldo Azevedo, o paraibano Vital Farias e os baianos Elomar e Xangai (Eugênio Avelino).

O concerto que deu origem aos célebres álbuns Cantoria 1 e Cantoria 2 lançados respectivamente em 1984 e 1988, levou a assinatura do produtor musical Mário de Aratanha, da lendária gravadora Kuarup Discos e é considerado o primeiro registro ao vivo gravado em sistema digital no Brasil.

O LP Cantoria 1 com 13 faixas, disco obrigatório nas rodas de amigos da geração 1980 até os encontros poéticos de hoje, começa o banquete com a música Desafio do Auto da Catingueira, trazendo Elomar e Xangai em voz e violão. Depois, Geraldo Azevedo canta Novena e Vital Farias emenda com a poética Sete Cantigas para Voar.  Elomar retoma o microfone e dá voz à Cantiga do Boi Incantado: "...De todos boi qui ai no mundo já peguei. Afora lá ele qui tem parte cum cão..."

O show, no qual os músicos tocam seus violões sem nenhum outro apoio musical, ganhou asas e saiu em turnê pelo Brasil com propostas como Ai Que Saudade de Ocê, de Vital Farias, Semente de Adão (Geraldo Azevedo/Carlos Fernando), Viramundo (Gilberto Gil/Capinan), e percorreu  diversas capitais do País, mostrando a rica música brasileira de elementos eruditos  e populares.

Foi simplesmente mágico meu alumbramento com Kukukaya ( O Jogo da Asa da Bruxa) quando adquiri o LP na Alegro Cantante, em Recife - PE. Nunca tinha ouvido um intérprete brincar tanto com os versos como Xangai faz com essa canção de Cátia de França. E a irreverência e o riso fácil na música Aí D'eu Sodade, o ABC do Preguiçoso?.

E o que dizer da Cantiga do Estradar e da Cantiga de Amigo? Sabíamos apenas que o trovador Elomar é arquiteto, autor de romances, poesias e peças de teatro, além de criar bodes e cabras na Casa dos Carneiros, interior de Vitória da Conquista - BA.  Para completar o disco, duas músicas mudaram definitivamente o nosso jeito de ver o cancioneiro popular nacional: Matança (Augusto Jatobá), interpretada brilhantemente por Xangai e a canção Saga da Amazônia, na qual Vital Farias praticamente transforma seu violão num cajón e inaugura o tempo do tema da ecologia no País.

"...Pois mataram índio que matou grileiro que matou posseiro. Disse um castanheiro para um seringueiro que um estrangeiro roubou seu lugar..."

O segundo volume da série Cantoria foi lançado em 1988 durante turnê de concertos do grupo de cantadores. O álbum reúne músicas das apresentações gravadas no teatro Castro Alves em 1984 que não entraram no primeiro projeto e parte dos registros dos espetáculos realizados pelo País.

A abertura é marcada por uma miscelânea das canções Desafio do Auto da Catingueira, Repente e Novena, tocadas e cantadas pelos quatro menestréis. Repetindo o sucesso do número um, este disco também popularizou canções como Era Casa Era Jardim / Veja Margarida/ Saga de Severinin, de Vital Farias, Sabor Colorido / Moça Bonita/Suite Correnteza/ Barcarola Do São Francisco/Talismã e Caravana, de Geraldo Azevedo.

O sertão, povoado por vidas em passagem, marca presença nas composições de Elomar, Quadrada das Águas Perdidas e Cantilena de Lua Cheia.  Xangai   registra com mestria  a música Estampas Eucalol de Hélio Contreiras e todos encerram a obra cantando  de Elomar a bela  Cantiga de Amigo. Antes disso, uma boa surpresa: a belíssima interpretação de Francisco Aafa, apresentando também de Elomar a canção Arrumação.

A boa repercussão também deste Cantoria 2 continuou dando frutos e ampliando o carinho do público brasileiro pelos quatro 'Malungos'. Em 1995  Elomar retomou o título do projeto em um disco solo, "Cantoria 3 — Canto e Solo". Neste álbum, entre os momentos registrados durante a grande 'Cantoria' que deu origem aos três discos, Elomar acontece pleno em nove canções com destaque para Seresta Sertaneza, Cantiga do Estradar e Faviela. Em maio de 2010, um grande encontro junta novamente os quatro menestréis. O show de encerramento da Virada Cultural reúne mais de 40 mil pessoas na Praça Julio Prestes, em São Paulo - SP.

Mas como nem todo verso é musical, um momento negativo tirou parte do brilho que deveria ter a passagem do show Cantoria pelo Ceará.  Durante a apresentação dos cantadores e violeiros no Centro de Eventos, em Fortaleza, na noite de 12 de novembro de 2016, desentendimentos de ordem política e religiosa geraram vaias e aborrecimentos por parte da plateia e dos artistas. Superadas as dificuldades, o show chegou ao final com o público cantando junto as músicas de Elomar, Geraldo Azevedo, Xangai e Vital Farias.

Hoje, o projeto musical mais duradouro da música popular brasileira continua em evidência. O quarteto que conseguiu transformar em cantoria distintas formas de compor, tocar e cantar segue "pedindo licença pra puxar  viola rasa, aqui na vossa presença..." Os mesmos "violeiros que vão cantar louvando você, em cantiga de amigo" neste Brasil sem fim.

*Carlos Laerte é Poeta, jornalista e diretor da Clas Comunicação e Marketing.

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SIMBOLO DO CARNAVAL DO SERTÃO, MESTRE JAIME MORRE AOS 98 ANOS EM DECORRÊNCIA DA COVID-19

Morreu nesta segunda-feira (4), aos 98 anos, o carnavalesco Jaime Alves Concerva, mais conhecido como Mestre Jaime. Internado deste o último sábado (4) no Hospital Regional de Salgueiro, no Sertão de Pernambuco, o artista plástico testou positivo para a Covid-19 e morreu de falência múltipla dos órgãos, de acordo com informações passadas por familiares.

Nascido em Salgueiro, Mestre Jaime marcou seu nome da história do município com a criação do bloco da “Bicharada”. Ao longo de 75 anos, levou alegria aos foliões com seus bonecos gigantes, representando animais e pessoas anônimas. Além de carnavalesco, Mestre Jaime era artista plástico, seresteiro, músico e alfaiate.

O bonequeiro sempre gostou do carnaval. Como tinha habilidade como alfaiate e artesão, começou a produzir os bonecos de cerca de cinco metros de altura com máscaras de animais, como elefantes e girafas. Os primeiros foram feitos em 1945, após o fim da Segunda Guerra Mundial. Ele serviu no batalhão do exército em Olinda, no litoral do estado, mas antes que fosse convocado para ir batalhar na Itália, a guerra acabou. Ao voltar a Salgueiro, o artista começou a produzir os bonecos.

Outra marca de Mestre Jaime eram os ternos coloridos que ele utilizava durante o carnaval. Assim como os bonecos gigantes, as peças eram produzidas por eles. Para completar o visual autêntico, o carnavalesco usa uma dentadura de ouro 18 quilates.

Nos últimos 75 anos, Mestre Jaime sempre esteve presente no carnaval de Salgueiro. Por causa da idade, desde 2018, o bonequeiro passou a desfilar em um carro alegórico especial e adaptado, para que pudesse aproveitar a festa que mais gostava.

O enterro de Mestre Jaime será realizado no final da tarde desta segunda-feira, em Salgueiro. Casado com Maria Lilita Tavares, o artesão teve quatro filhos e adotou mais dois.


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EX-SECRETÁRIO DE EDUCAÇÃO E CULTURA DE PERNAMBUCO PARABENIZA O JORNALISTA NEY VITAL PELO TÍTULO DE CIDADANIA DE EXU, TERRA DE LUIZ GONZAGA

A Câmara Municipal de Vereadores de Exu, Pernambuco, Terra de Luiz Gonzaga e de Barbara de Alencar, realizou na última quarta-feira (30), a solenidade entrega do certificado do Título de Cidadão de Exu. A honraria é concedida às personalidades que contribuíram, de alguma forma, com o progresso socioeconômico, cultural e turístico do município.

Foram agraciados com o título: Benevuto Ferreira Sobrinho, Italo Lino de Souza, Valdiney Vital Guedes (Ney Vital), Marcos Sergio Ferreira, Antonio Kydelmir Dantas de Oliveira, Juliana Maria Borges e Felipe Soares da Silva.

Devido a pandemia da Covid-19, a vice diretora do Projeto Asa Branca, professora Aline Justino representou os novos  filhos de Exu, Terra de Luiz Gonzaga e de Barbara de Alencar, que não puderam comparecer ao evento.

O deputado Federal Raul Henry, ex-Secretário de Cultura e Educação do Estado de Pernambuco parabenizou o jornalista Ney Vital e pesquisador da obra de Luiz Gonzaga. O deputado destacou o trabalho do pesquisador Ney Vital e a prestação de serviço sempre a favor da valorização da cultura brasileira.

O jornalista Ney Vital, nascido em Areia, Paraíba, ressaltou que é uma honra se tornar filho da terra de Luiz Gonzaga, rei do baião, pernambucano de Exú, terra de bravos. "Terra que nos legou o pioneirismo de mulheres guerreiras e libertárias, que foi Bárbara de Alencar, revolucionária de 1817”.

Na oportunidade o jornalista solicitou ao Deputado Raul Henry um olhar para o momento vivido pelos artistas que precisam do auxílio emergencial da Lei Aldir Blanc e no futuro um projeto que venha a contribuir com o desenvolvimento cultural de Exu, Pernambuco.

O título de Cidadania Exuense foi concedido por unanimidade pela Casa Legislativa de Exu, Pernambuco pelos vereadores:

Antonio Parente Sobrinho

Cícero Vieira da Silva

Davi Moreira de Alencar

Fernando Adevando Bezerra

Francisco Justino da Silva

Iranley Ulisses Cavalcante

João Carlos Cardoso Bento

José Lopes de Araujo

José Pinto Saraiva Junior

Maria de Fatima Pinto Saraiva

Miguel Moreira da Costa

Rigoberto Amaro de Alencar

Roberto Bento Nascimento

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ANO NOVO DE 2021 E OS VELHOS CRIMES DE POLUIÇÃO AMBIENTAL QUE ATINGE O RIO SÃO FRANCISCO

 

Ano novo e velhas agressões, problemas que afligem o Rio São Francisco. Neste segunda-feira (4), a reportagem do BLOG NEY VITAL, flagrou mais uma vez cenas de poluição nas margens do Rio São Francisco, no bairro Angari, local que deveria ser um dos pontos de visitação e exemplo de educação ambiental. 

Em novembro de 2020 mostramos se assiste nas proximidades da estátua do Nego D'agua um crime, a poluição que agride e mata. São garrafas plásticas, embalagens plásticas, vidros, metais, tecidos, materiais de pesca, madeira manufaturada, borrachas, isopor, espumas e papel, entre outras formas de poluição.

Hoje, dia 4 de janeiro de 2021, a cena se repete.

Dezenas de pesquisadores alertam que grandiosidade do rio São Francisco sempre despertou no ribeirinho a errônea ideia de que suas águas seriam capazes de absorver tudo o que é descartado em suas águas. Atualmente, o despejo inadequado do resíduo sólido é um dos grandes problemas e mata o Velho Chico.

Falta educação, solidariedade, respeito para os frequentadores do local: o lixo deve ser recolhido.

Ano passado Técnicos do Serviço Geológico do Brasil (CPRM) estiveram em Petrolina e em Juazeiro, para medir a quantidade de água do rio São Francisco, neste trecho. O trabalho foi feito a serviço da Agência Nacional de Águas (ANA). Os resultados mostram que o Velho Chico perdeu muita água ao longo dos últimos 30 anos. Situação que preocupa quem depende do rio.

O Rio São Francisco é um dos maiores da América do Sul. É um manancial que passa por cinco estados e 521 municípios brasileiros, com nascente no centro-oeste de Minas Gerais. O percurso segue pelos estados da Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe, onde desagua no Oceano Atlântico.

O Velho Chico possui área de aproximadamente mais de 2,8 mil quilômetros de extensão. Ao longo dos anos, o rio tem sido vítima da degradação ambiental do homem como desmatamento, assoreamento, poluição e construção de usinas hidrelétricas.

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A ESCRITORA RAQUEL DE QUEIROZ E OS AGRICULTORES, OS PROFETAS DA CHUVA

Os profetas da chuva é a sintonia do homem do campo com a natureza que fez surgir os “profetas da chuva”. Ao longo dos anos, a cada plantio e expectativa de colheita, os sertanejos vão ampliando sua interação com o meio ambiente e passando suas experiências e rituais para filhos e netos. 

A escritora cearense, Rachel de Queiroz, primeira mulher a ocupar uma cadeira na Academia Brasileira de Letras, ficou famosa ao escrever seu primeiro romance O Quinze, sobre a seca que assolou sua terra. Mesmo morando no Rio de Janeiro, ela voltava sempre à Quixadá, para sua fazenda (“Não me deixes”). 

Sobre os profetas da chuva, dizia a autora: “Vá, por exemplo, ao sertão nordestino, nos meses de novembro e dezembro. O povo, lá não tira os olhos do céu, em procura dos prenúncios. Pequenas nuvens ao poente… pequenas, claro, ainda não é tempo das grandes, mas, se elas se juntam para o sul, quer dizer uma coisa; se aparecem ao poente, a coisa muda. Só o que elas não dizem é que a coisa será essa: como todos os adivinhos do mundo, gostam de se envolver em mistério…” 

Alguns homens e mulheres, acostumados desde pequenos a fazerem previsões para quadra invernosa, valorização das tradições herdadas pelos seus antepassados, conhecidos como "Profetas da Chuva". 

Um desses profetas, Erasmo Barreira, o ano será um dos melhores dos últimos 20 anos.

Para eles, através de experiências, o inverno, isto é a quadra chuvosa, que se inicia em janeiro e segue até maio, promete ser uma das melhores em 2021. Perguntamos alguns deles como são feitas as famosas experiências e que métodos são usados para tal afirmação. Alguns responderam que observam a natureza a seu modo e daí tiram as suas conclusões. Outros acreditam em rituais religiosos, crenças transmitidas de geração a geração. 

Os Meteorologistas do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) apontam o fenômeno La Niña vai influenciar também as chuvas.

Os profetas da chuva é a sintonia do homem do campo com a natureza que fez surgir os “profetas da chuva”. Ao longo dos anos, a cada plantio e expectativa de colheita, os sertanejos vão ampliando sua interação com o meio ambiente e passando suas experiências e rituais para filhos e netos. 

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ISA APOLINÁRIO ASSUME SECRETARIA DE CULTURA E TURISMO DE EXU, PERNAMBUCO

O Prefeito reeleito de Exu Pernambuco, terra de Luiz Gonzaga e de Barbara de Alencar anunciou o nome dos novos secretários municipais para o segundo mandato.

A nova Secretaria de Cultura, Turismo e Desportos será Isa Araújo Apolinário Diniz. "Exu é o berço de talentos e manifestações culturais com enorme potencial turístico. Isa vem agregar junto com esse celeiro uma cultura mais inclusiva, participativa e com um olhar sempre voltado para o legar maior de nossa terra, a cultura gonzagueana", declarou o prefeito Raimundo Saraiva.

Isa Apolinário, de acordo com o currículo, participou ativamente da inauguração do Museu Gonzagção, é sócia fundadora da ONZ Parque Aza Branca, foi secretária Executiva do Comitê do Centenario de Luiz Gonzaga.

Isa assume a secretaria no ano em que o irmão de Luiz Gonzaga, o cantor e sanfoneiro Zé Gonzaga completa 100 anos. Zé Gonzaga nasceu no dia 15 de janeiro de 1921,

Em 2020, a irmã de Luiz Gonzaga, Chiquinha Gonzaga se viva fosse teria completado 95 anos. Este ano de 2021 o Rei do Baião, completaria no dia 13 dezembro 109 anos. Devido a pandemia a futura secretaria terá que buscar meios de incentivar a cultura e aplicar no desenvolvimento da cidade.

Exu, está localizada na Chapada do Araripe e possui um patrimônio cultural e turístico dos mais ricos do Brasil. A cidade costuma celebrar a data de morte de Luiz Gonzaga 02 de agosto e  festejar o nascimento com o  Festival Viva Gonzagão, 13 de dezembro.

Raimundinho Saraiva, do PSB, foi eleito prefeito de Exu (PE) com 51,83% dos votos. Foram 10.682 votos.


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ANTONIO NÓBREGA SEGUE, EM 2021, PROTAGONIZANDO A ARTE QUE BUSCA ENTENDER O MUNDO

Foi na caatinga do Sertão paraibano, na Fazenda Tamanduá, que Antonio Nóbrega, 68 anos, recebeu 2021 ao lado da companheira Rosane Almeida e da filha Maria Eugênia. Sem rituais, avesso a festejos amparados por artificialidades, o multiartista pernambucano não silenciou, porque pela sua cantoria “Nem na faca, nem no grito. Nem no tapa, nem na bala. (...) Poeta não cala”. 

Brincante que é, de um universo cultural que possibilita entender o mundo, Nóbrega conversou com a Folha de Pernambuco e trouxe alentos de possibilidades para um ano cujo foco deve ser o bom senso. Esse é o desejo do nosso maior protagonista da arte, a que vislumbra luz nos fins dos túneis (da vida).

A arte tem o poder de mostrar horizontes e perspectivas habitualmente não vistas no nosso cotidiano. Seja através da poesia ou de uma boa história, somos convidados a compreender o mundo e entrar nos seus subterrâneos mais facilmente”.

A quarentena me obrigou a tarefas que há algum tempo havia me proposto concluir, de natureza literária por exemplo. Pude avançar e talvez no primeiro semestre possa publicar alguns desses trabalhos.

O momento nos predispõe a uma atitude de maior busca de conhecimento, como brasileiros precisamos ter uma consciência menos banal sobre as coisas. Devemos acordar para a necessidade de repensar os chamados arquétipos do "País do Carnaval e do futebol''. 

Certamente a gente não vai ter Carnaval como festa de rua em 2021. Optar por fazer lives não é Carnaval, mas é interessante. Gostaria muito de apresentar frevos instrumentais e comentar sobre seus compositores, falar dos frevos-canções, sua dinâmica e como nascem. 

E o Carnaval é uma festa dividida entre a classe que investe e o povão na rua, uma ambiguidade. Tá na hora de mudar a roleta e entrar no lugar em que o País ainda não esteve: o do respeito por suas ideias no campo social, embora esteja dizendo isso em um momento absolutamente trágico e postergado não sei até quando.

O que está se vendo é uma absoluta falta de bom senso, algo que está fora do foco do Governo. Não há caminhos para a conversa sensata, sequer para a conversa. É difícil esperar que as coisas dentro dessa trama voltem a nos favorecer.

Eu tenho para mim que o caminho de 2021 será o da sociedade mostrar força e não aceitar as coisas “ad eternidade”. A pandemia tem sido um exemplo de muitas contradições que estão ocorrendo dentro desse contexto.

Diria que a maior parte dessa resistência foi alegre. Nós, Rosane e eu, sempre estivemos animosos e nesta pandemia ela junto aos professores do Brincante, conseguiu fazer com que o espaço atravessasse mais uma vez um período tormentoso. Já começamos a divulgação de cursos como a ‘Arte do Brincante’ e o ‘Na Rima’.

Vamos aguardar os acontecimentos sobre cursos presenciais, no segundo semestre, quem sabe? Embora o trabalho virtualmente tenha se tornado um caminho para se associar ao presencial.

Estamos confundindo arte com entretenimento e ao invés de tê-la para entender o mundo, a temos como alienação, como anestesia. Vou puxar um pouco o freio de minha atividade artística. Vai ser mais importante colocar o meu saber em processos de educação cultural, esse é meu propósito maior. Se não mudarmos, a civilização vai fenecer, porque o estado de ignorância vai preponderar.

Como podemos instrumentalizar as pessoas com a arte, dentro de um mundo em que o meio-ambiente está deteriorado, o capitalismo cresce assustadoramente com as maiores fortunas ganhando na pandemia, enquanto milhões passam necessidades das mais atrozes? Acho que no futuro essas pessoas devem ser consideradas tão más quanto os maiores facínoras de nossa época.


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