AMBIENTALISTA GUARDA RELÍQUIAS DA VIDA E OBRA DE LUIZ GONZAGA


Quem chega à casa do alagoano Dimas Cavalcante, presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Miguel, na cidade de Anadia, interior do estado, não tem dúvida: ali mora um fã de Luiz Gonzaga. Para começo de conversa, o visitante é recepcionado por uma estátua do rei do baião, talhada em madeira, em tamanho natural. Ao adentrar o recinto, depara-se com uma memorável coleção de discos raros, objetos inusitados, fotografias, revistas e livros que contam a trajetória de um dos mais importantes artistas brasileiros, nascido em 1912 e morto em 1989, aos 76 anos.

“Meu nome é Luiz Gonzaga. Não sei se sou fraco ou forte. Só sei que, graças a Deus, té prá nascê tive sorte”: e foi com o poema biográfico, publicado pelo jornal Última Hora, edição de 16 de setembro de 1971, que Dimas começou a mostrar o valioso acervo. 

“A primeira canção que tratou do Velho Chico foi ‘Riacho do Navio’, composição de Zé Dantas e Luiz Gonzaga, gravada em 1955, em disco de 78 rotações”, disse ele, mostrando uma das preciosidades de sua coleção. A princípio, o que chamou a sua atenção na obra de Luiz Gonzaga foi o sentimento tão fundo do sertão, traduzido em músicas que resgatavam a sua própria vivência de sertanejo. Como bem dizia a letra de “Riacho do Navio”: “Sem rádio e sem notícias das terra civilizada”.

Tudo começou quando tinha 10 anos e ouvia nos autofalantes de Anadia a voz de Luiz Gonzaga. No ar, ressoavam outros bambas, como Jackson do Pandeiro, mas o que ele gostava mesmo era daquele sertanejo arretado. Na juventude, mergulhou numa profunda pesquisa das referências musicais do artista, além de comprar revistas, livros, tudo que contasse um pouco da vida do ídolo. Ao longo dos anos, acumulou peças que pouquíssimos colecionadores têm acesso, algumas únicas e de enorme valor sentimental. Ironicamente, porém, só viu Gonzagão ao vivo uma única vez, num show em Maceió, no Trapichão.

“Acabei conhecendo Daniel Gonzaga, filho de Gonzaguinha, Joquinha Gonzaga, sobrinho de Luiz Gonzaga, que seguiu seus passos, mora em Exu (PE) e cuida da fundação Vovô Januário”, relatou Dimas. “Luiz Gonzaga tocava o coração das pessoas. Sua morte trouxe grande tristeza. Tinha orgulho de ser nordestino, era um ícone que exaltava o Nordeste e colocou a região na rota da música. Suas canções sempre traziam histórias tristes, alegres, mas relatos verdadeiros do sertão”.

Luiz Gonzaga tocava o coração das pessoas. Sua morte trouxe grande tristeza. Tinha orgulho de ser nordestino, era um ícone que exaltava o Nordeste e colocou a região na rota da música. Suas canções sempre traziam histórias tristes, alegres, mas relatos verdadeiros do sertão” Dimas Cavalcante Presidente do CBH do Rio São Miguel, colecionador.

O ambientalista sabe de cor a biografia do pernambucano. Luiz Gonzaga nascera na fazenda Caiçara, em Exu, interior de Pernambuco, no dia 13 de dezembro de 1912. O pai chamava-se Januário e a mãe, dona Santana. Teve oito irmãos: João (Joca), Zé Januário, Severino, Aluísio, Geni, Socorro, Muniz e Chiquinha. O gosto pela música herdou do pai, que tocava fole de oito baixos e consertava sanfonas. De acordo com Dimas, foi uma infância feliz, apesar da dureza da Caatinga. “Em suas músicas sempre buscou relatar a própria vida, dos parentes, dos amigos, do sertão, do Nordeste”, comentou. “Mas precisou dar uma pausa na sua carreira como sanfoneiro porque entrou no exército, onde trocou a sanfona pela corneta”.

No início dos anos 40, de mudança para a capital da República, o Rio de Janeiro, Luiz Gonzaga cantou em bares e cabarés. Vestido de terno e gravata, como era a moda entre os músicos profissionais, não empolgava ninguém. Até que, numa bela noite, conseguiu se apresentar no programa de Ary Barroso, na famosa rádio Nacional. “Tocou um estilo ainda desconhecido, o vira-e-mexe, e levou o público ao delírio”, relatou Dimas. “Luiz Gonzaga tinha visão, era um gênio. No Rio de Janeiro, logo percebeu que, para fazer sucesso, tinha que tirar o terno e assumir as raízes nordestinas. Foi assim que adotou o gibão de couro e o chapéu”.

De acordo com Dimas, daí em diante, Luiz Gonzaga virou o ícone que o Brasil inteiro conhece, apresentando ao país, além do baião, o xaxado, o forró coco, o arrasta pé e a marchinha junina, influenciando grandes artistas, como Raul Seixas, Alceu Valença, Geraldo Vandré, Elba Ramalho, Geraldo Azevedo, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Tim Maia e Fagner.  “Quase todos os grandes regravaram alguma música dele”. Apesar do sucesso, nunca abandonou as raízes: “Ele foi para a cidade grande, mas seu coração foi sempre do Sertão”.

CARNAVAL 2012: Entre as histórias que marcaram a vida de Luiz Gonzaga, como a relação tumultuosa com o filho Gonzaguinha, Dimas mostrou uma revista trazendo os bastidores da última grande homenagem ao ídolo. Em 2012, a escola de samba Unidos da Tijuca desfilou sob o enredo “O dia em que toda a realeza desembarcou na Avenida para coroar o Rei Luiz do Sertão”. “Guardo essa revista com muito cuidado e carinho. Essa é uma peça de colecionador e poucos tiveram ou terão a oportunidade de tê-la”, explicou Dimas. “Luiz Gonzaga não foi homenageado à toa. Ele deixou um grande legado musical e de representatividade nordestina. Ressalto o quanto ele foi revolucionário para os padrões da época e sigo dizendo que por meio dele outros artistas tiveram seus trabalhos reconhecidos”.

Para levar Luiz Gonzaga para a avenida, a bateria da Unidos da Tijuca misturou forró e samba. O samba-enredo conclamou a torcida: “Canta Tijuca. Vem comemorar. Inté Asa Branca encontrar o pavão para coroar o rei do baião”. Como não podia deixar de ser, naquele ano de 2012, a escola sagrou-se campeã do carnaval carioca. “Para mim, ele vai ser sempre o maior artista brasileiro e jamais será esquecido”, finalizou Dimas. (Fonte: CHBSF Texto: Deisy Nascimento Fotos: Edson Oliveira)

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GILBERTO GIL DIZ QUE A FALTA DE DIÁLOGO VEM INTERDITANDO A PARTICIPAÇÃO E O DEBATE NA SOCIADADE BRASILEIRA

A falta de diálogo vem interditando a participação e o debate na sociedade brasileira. E vou buscar como exemplo um fato que envolve, neste momento, a música brasileira, um dos traços mais marcantes da nossa cultura. O cenário é o Congresso Nacional.

Em meio à maior angustia vivida pela saúde pública mundial e suas consequências econômicas e sociais, alguns políticos decidiram investir contra os direitos autorais que garantem a sobrevivência de compositores, músicos e cantores. Estamos falando de uma iniciativa recente, no Congresso, de um projeto que, se aprovado, impactará diretamente 400 mil pessoas e suas famílias. Por meio das MPs 907 e 948, tentaram, recentemente, permitir que o setor hoteleiro deixasse de pagar os direitos autorais pela execução pública das obras musicais em quartos de hotéis. Ao setor hoteleiro, uniram-se vários outros setores, todos com o mesmo objetivo: não pagar pelo uso de obras musicais.

Não conseguiram, mas não desistiram. Em sessão remota prevista para breve, a Câmara poderá aprovar, sem ouvir os titulares de direitos autorais, um requerimento de urgência ao projeto de lei 3.968 de 1997, ao qual estão apensados mais de 50 outros projetos, todos buscando a isenção do pagamento da remuneração que autores, músicos e intérpretes têm o direito de receber pelo uso de suas obras musicais.

A questão aqui colocada é que a Constituição, a Lei Federal de Direitos Autorais e normas internacionais de proteção à propriedade intelectual garantem aos autores o domínio sobre suas obras e o devido pagamento pela execução pública de suas criações. Em 2013, a sociedade abriu uma ampla discussão, que resultou em diversas mudanças na Lei de Direito Autoral. Se o Congresso agora entende que esta lei deve ser revista, nós, artistas e entidades que nos representam, estamos dispostos a discutir o assunto. Queremos e devemos ser convocados para essa discussão. Não concordamos —é importante que se diga— nem com o momento nem com a forma com que essa revisão está sendo proposta, pressupondo, de boa-fé, que a intenção do Congresso é, de fato, avançar nessa questão.

É um contrassenso que essa questão seja levada ao Congresso, de afogadilho, sem o contraditório e o confronto de opiniões, sem que todos os segmentos envolvidos se sentem à mesa.

Perguntamos: para onde foi o diálogo? A democracia pressupõe a participação de todos na definição dos processos políticos. Ouvir todas as partes interessadas nas questões que lhes dizem respeito é a norma do jogo democrático.

É descabido e desumano que isso ocorra em meio a um momento inédito de pandemia, quando milhões de brasileiros sofrem com incertezas em relação à sua saúde, convivem indefesos e impotentes com a morte diária de pessoas vitimadas por uma doença ainda não totalmente conhecida e enxergam um futuro econômico incerto.

Além de descabido e desumano, é traiçoeiro sacar de um projeto de 1997, anterior a uma lei que foi votada e aprovado em 2013. Todo esse movimento em falso para beneficiar interesses econômicos em detrimento da sobrevivência de milhares de trabalhadores. Sim, artista é trabalhador. Não podemos esquecer desse aspecto fundamental na discussão que precisa ser feita.

A indústria da música é uma parte importante da economia criativa do Brasil, e no meio da crise buscou se reinventar. Munidos de uma tecnologia da comunicação cada vez mais sem fronteiras, os artistas apostaram nas lives para chegar ao seu público. E tem sido assim nesses tempos em que não podemos nos abraçar, encontrar as pessoas que amamos nem nos divertir com segurança.

Portanto, a música está na contramão das medidas que tentam tolher a capacidade criativa dos artistas, impondo-lhes num momento tão difícil maiores restrições econômicas. Temos esperanças de que nenhuma medida nesse sentido —uma afronta ao Estado democrático de Direito— será aprovada sem que os artistas sejam chamados ao palco de debates para expor sua opinião na defesa dos seus direitos.

Evitar o debate, além de não democrático, pode soar como intolerância, palavra tão utilizada ultimamente no que tange às relações humanas e políticas e que deve estar longe, também, das questões que envolvam a cultura —essa dimensão simbólica que nos caracteriza e nos liberta, tão preciosa na construção de nossas identidades como povo e nação.  (Fonte: Gilberto Gil Cantor, compositor e ex-ministro da Cultura (2003-2008, governo Lula)


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SENTIMENTOS, EMOÇÕES E COLEÇÃO DE MODA INSPIRADA NA FUNDAÇÃO CASA GRANDE SÃO TEMAS DO WEBINÁRIO CIENTÍFICO DESTA QUINTA-FEIRA (20)

O Webinário Científico Casa Grande Memorial Homem do Kariri nesta quinta-feira (20) apresenta a comunidade as pesquisas científicas já desenvolvidas sobre as diversas áreas de atuação da Fundação Casa Grande. 

O Webinário acontece em colaboração com os pesquisadores, reúne em lives, ao longo deste mês, as apresentações dos trabalhos científicos para discussão e maior conhecimento público dos estudos.

A 16° Webinar Científico da Casa Grande apresenta hoje (21) o trabalho de conclusão de curso de Afra Colodetti Bellucci na Universidade Anhembi Morumbi que tem como título "COLEÇÃO DE MODA INSPIRADA NA FUNDAÇÃO CASA GRANDE”. 

A mediação é da professora, Mestre em Arqueologia pela Universidade Federal do Piauí, Especialista em Biologia e Química pela Universidade Regional do Cariri URCA e membro do Conselho Científico da Fundação Casa Grande Memorial do Homem Kariri. 

Data 16° Webinar: 20 de Agosto de 2020 | 19h no Facebook da @fundacaocasagrande

Registre a sua participação! A certificação dos participantes e palestrantes serão emitidas pela Universidade Regional do Cariri - URCA.

Link para inscrições https://forms.gle/G2G6VDrf9CnFj18T6

Confira Programação:

21/08/2020 – 19hs – 18ª Webinar – Valor além do olhar: Fundação Casa Grande e o Valor social. Autora: Inês Almeida Martins. Dissertação de Mestrado em Intervenção Social, Inovação e Empreendedorismo apresentada a Universidade de Coimbra- Portugal. Mediação: João Paulo.

24/08/2020 – 19hs – 19ª Webinar – Design de Superfície como Ferramenta para a Valorização Institucional: Um estudo de Caso da Fundação Casa GrandAutor: Safira Maria de Lima Rosa. Monografia apresentada á Design – UFPE – Centro Acadêmico do Agreste. Mediação: Fabiana Barbosa.

25/08/2020 – 19hs – 20ª Webinar – Representações Culturais e Protagonismo Sociocultural: Estudo de Caso na Fundação Casa Grande. Autor: Adriana Helena Moreira. Tese de doutorado em andamento pela Universidade Trás os Montes e Alto Douro- Portugal. Mediação: Lucineide Marquis.

26/08/2020 – 19hs – 21ª Webinar – Trabalho – A juventude no Semiárido e o desenvolvimento regional sustentável: o caso da Fundação Casa Grande. – Lançamento de livro. Autora:  Maria de Fatima dos Anjos. Dissertação de mestrado apresentado ao Centro de Pesquisa e Pós-Graduação do Semiárido/UFCA. Mediação: Heloísa Bitu.

30/08/2020 – 19hs – 22ª Webinar Resultados – Apresentação dos Resultados com Lucineide Marquis e Heloísa Bitú. Mediação: Junior dos Santos.

Parceiros realização colaborativa: A Universidade de Coimbra através do Centro de Arqueologia, Artes e Ciências do Patrimônio, Universidade Regional do Cariri - URCA, Geopark Araripe Mundial da Unesco, Sistema Fecomércio e SESC Ceará, Grupo São Geraldo, Iu-á Hotel e Secretaria de Cultura do Governo do Estado do Ceará.

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COMBATE DA VIOLÊNCIA SEXUAL É DENUNCIADO PELOS CONSELHOS TUTELARES DE JUAZEIRO E PETROLINA

Ocorre abuso sexual de crianças e adolescentes quando estes indivíduos em formação são usados para gratificação sexual de pessoas geralmente mais velhas, em um estágio de desenvolvimento psicossexual mais adiantado. Esta,situação está presente em todos os meios socioeconômicos, religiosos, étnicos e culturais.

Abrange todo ato, exploração, jogo, relação hetero ou homossexual, ou vitimização, de crianças e adolescentes por um adulto, por um adolescente, ou por uma criança mais velha que, pelo uso do poder, da diferença de idade, de conhecimento sobre o comportamento sexual, age visando o prazer e a gratificação própria.

O abuso pode acontecer com toque físico (beijos, carícias, penetração digital, penetração com objetos, sexo oral, anal, vaginal) ou sem qualquer tipo de contato físico (assédio, cantadas obscenas, exibicionismo, voyeurismo, participação em fotos pornográficas).

O 13ª Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado ano passado, registrou recorde da violência sexual. Segundo levantamento das denúncias feitas por meio do Disque 100, dos 159 mil registros feitos ao longo de 2019 pelo Disque Direitos Humanos, quase 90 mil são de violações de direitos de crianças ou adolescentes, um aumento de quase 14% em relação a 2018. 

A maioria das vítimas (55%) foram meninas de até 13 anos. Conforme a estatística, apurada pela reportagem da redeGN em microdados das secretarias de Segurança Pública de todos os estados e do Distrito Federal, quatro meninas até essa idade são estupradas por hora no país. Ocorrem em média 180 estupros por dia no Brasil.

O Conselheiro Tutelar, Charles Vargas, disse que este ano em Juazeiro o número de denúncias já ultrapassa 20 casos .

O Conselho Tutelar  de Petrolina atua em duas áreas, R1 centro e R2 localizado no bairro Gercino Coelho. Ano passado no R2 foram registrados 56 denúncias de casos, entre estes denúncias de estupro e ou tentativa. A cada três meses é realizado um relatório. 

Os números são alarmantes: os dados do Disque 100, plataforma do Ministério dos Direitos Humanos que consta denúncias de violações de direitos fundamentais de crianças e adolescentes entre 0 e 17 anos, registra milhares de denúncias na Bahia de abuso e exploração sexual contra crianças e adolescentes. São em média cinco a dez registros por dia. A Bahia já figurou 3º lugar no ranking, em 2012, como um dos estados com maior número de denúncias contra esses tipos de crimes, vulgarmente conhecidos como pedofilia.

Atenção: esses números de ocorrências podem ser maiores e não são denunciados.

De acordo com a pesquisadora do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Cristina Neme, "o perfil do agressor é de uma pessoa muito próxima da vítima, muitas vezes seu familiar", como pai, avô e padrasto conforme identificado em outras edições do anuário.

Para a pesquisadora, a reincidência do perfil indica que "tem algo estrutural nesse fenômeno". Ela avalia que a mudança de comportamento dependerá de campanhas de educação sexual e que o dano exige mais assistência e atendimento integral a vítimas e famílias.

Você pode denunciar: O Disque 100 funciona diariamente das 8h às 22h, inclusive nos fins de semana e feriados. As denúncias recebidas são analisadas e encaminhadas aos órgãos de proteção, defesa e responsabilização, de acordo com a competência e as atribuições específicas, priorizando o Conselho Tutelar como porta de entrada (nas situações de crianças e adolescentes), no prazo de 24 horas, mantendo em sigilo a identidade da pessoa denunciante.

Conselho Tutelar Juazeiro: 74 9 91981304

Conselho Tutelar Petrolina: (87)3862 2022 e 38629211

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MARIANO CARVALHO E TICO SEIXAS APRESENTAM "VAI LAIVÊ" PELO YOUTUBE NO SÁBADO (22)

Um encontro musical com muita poesia, MPB, forró, rock e cantoria. Esta é a proposta para a noite deste sábado (22), com o show 'Vai Laivê', que vai reunir os talentos de Mariano Carvalho e Tico Seixas numa live transmitida pelo YouTube/sincroniafilmes4k.

O evento, que começa às 20h, vai contar ainda com as participações especiais de Paulo Ferreira, Silvino Junior e Maciel Melo, o 'Caboclo Sonhador', que promete surpreender o público com uma breve mistura de canto e recital.

O Vale Apresentar é um projeto da Sincronia Filmes com apoio da Agrovale e Clas Comunicação e Marketing. De acordo com seu realizador, Alexandre Justino, serão promovidas quatro lives, sempre aos sábados às 20h, com artistas regionais e convidados.

"Em função da pandemia do novo coronavírus a renda dos encontros será destinada aos artistas e técnicos de som e os alimentos arrecadados serão doados à entidades filantrópicas de Petrolina e Juazeiro", enfatizou, agradecendo ainda o apoio financeiro da Agrovale que possibilitou a realização do projeto. (Fonte: Class Comunicação e Marketing)

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ERA UMA VEZ NA FAZENDA BARÃO *POR CARLOS AUGUSTO CRUZ

Dia 17 de agosto, desde que eu conheci a Fazenda Barão, que se comemorava o aniversário de César Augusto em grande estilo.

Naquele dia o forró virava a noite, a cervejada era de três dias, o churrasco de bode, de boi, era tudo com fartura. Inclusive ia me esquecendo, e é bom que isso não aconteça, ia me esquecendo da buchada, do sarapatel e do papo à beira churrasqueira lá no alpendre.

Quando o homem fez 40 anos, foram quarenta caixas de cerveja, nos sessenta, foram uma caixa para cada ano de vida.

Disso tudo não podemos deixar de ressaltar apenas um detalhe: o homem não convidava a ninguém, deixava que os amigos se lembrassem e fosse procurá-lo no seu refúgio:  fazenda Barão. Mesmo assim não faltava gente.

Se naquela aglomeração de pessoas houvesse dez sanfoneiros, todos dez queriam tocar sanfona em homenagem a César. Meia noite, Flávio Baião, seu cunhado, sanfoneiro e controlador do som, anunciava os parabéns. Aí então era um discurso atrás do outro.

Nesta segunda, dia 17, nosso amigo e Irmão estaria completando idade nova. O Barão estaria em festa mais uma vez, pelos seus sessenta e seis anos.

Porém, a morte o tragou de repente, num final de tarde de uma terça feira, há cerca de um ano e meio, no dia 29 de janeiro de 2019.

Sua morte foi algo difícil de compreender!

No domingo à tarde, ele passou lá em minha residência, sem apresentar qualquer sinal de doença. À noite, ao chegar em casa ele começou a sentir- se mal, foi levado ao Pronto Socorro, foi atendido e mandado para casa. Continuou a passar mal, desta feita foi levado a Hospital em Petrolina que, automaticamente, o deixou internado, após entubá-lo, e colocado na UTI, onde ele permaneceu inconsciente, até na terça-feira por volta das 18:00 horas quando o seu Espírito foi entregue nas mãos do Pai.

Com isso findava-se uma vida onde ele colecionou apenas amigos, só semeou a paz, foi um ótimo amigo e um excelente Irmão.

Descanse em paz meu amigo/Irmão.

*Carlos Augusto Cruz é médico e advogado


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LIVE CELEBRA O PIONEIRISMO DA RÁDIO CLUBE DE PERNAMBUCO NO BRASIL

O Grupo de TrabaLho História da Mídia Sonora realiza dia 19 de agosto (quarta-feira), com início às 18 horas, a live Passado, presente e futuro do Rádio no Brasil. O encontro virtual vai marcar a Carta Pública que reconhece o pioneirismo da Rádio Club de Pernambuco quando, em 6 de abril de 1919, fez a primeira transmissão sonora à distância de um ponto de transmissão para vários pontos.

O encontro virtual terá como convidados os pesquisadores Pedro Vaz Filho (UAM), Luiz Maranhão Filho (UFPE), Luiz Artur Ferraretto (UFRGS) e Marcelo Kischinhevsky (UFRJ), que serão mediados pela coordenadora e vice-coordenador do grupo, Izani Mustafá (UFMA-Imperatriz) e Luciano Klöckner. A Carta foi assinada ano passado durante o XII Encontro Nacional da História da Mídia, realizado em Natal (RN).   

Depois do advento da internet comercial, o rádio sofreu uma metamorfose. Ampliaram as possibilidades de produção e escuta. As audiências segmentadas fragmentaram-se em nichos antes não atingidos. Nos sites das emissoras de rádio, os estúdios começaram a ser vistos ao vivo, as reportagens passaram a ser transcritas, ganharam fotos e até imagem em movimento. Na web, qualquer emissora do mundo pode ser ouvida em plataformas dedicadas a isso.

O rádio na rede pode ser sincrônico (em tempo real) e assincrônico, em reportagens gravadas, como acontece na Radioagência Nacional da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) ou nos milhares de podcasts. Concomitantemente, o rádio continua sendo o veículo eletrônico mais instantâneo, íntimo do ouvinte, que trata por “você”, próximo dos acontecimentos e de menor custo.

Essas propriedades são tema recorrentes do interesse dos pesquisadores de rádio no Brasil que, além do presente e do futuro do veículo, continuam investigando o passado. É por isto que a Associação Brasileira de Pesquisadores de História da Mídia (Alcar) realiza uma live vai debater a nova data de nascimento oficial do rádio no Brasil: 6 de abril de 1919.

No dia seguinte àquela data, o extinto Jornal de Recife deu a seguinte nota:

“Consoante convocação anterior realizou-se ontem, na Escola Superior de Eletricidade, a fundação do Rádio Clube, sob os auspícios de uma plêiade [reunião] de moços que se dedicam ao estudo da eletricidade e da telegrafia sem fio (TSF).”

A notícia foi localizada em uma microfilmagem do Jornal de Recife, durante pesquisa do professor Pedro Serico Vaz Filho, da Universidade Anhembi Morumbi (UAM), que desde o fim dos anos 1990 investiga a história do rádio. A nova data de aniversário foi corroborada por mais notícias localizadas pelo pesquisador em jornais e revistas, publicados dentro e fora de Pernambuco, inclusive sobre o estatuto da nova emissora.

“Claro que não foi uma rádio com a estrutura que nós temos. Eram jovens estudantes curiosos, que estudavam a radiotelegrafia e resolveram montar uma estação de rádio, [de caráter] bem amador, bem experimental, Mas já deram o título de Rádio Clube de Pernambuco”, disse Vaz Filho em entrevista à Agência Brasil.

Além da investigação em periódicos impressos, o pesquisador reviu a bibliografia a respeito e fez entrevistas com diferentes fontes que testemunharam o funcionamento da Radio Clube ainda na primeira metade do século 20.

“Os preparativos para a fundação da emissora, segundo apuração com o ex-presidente da Rádio, também pesquisador Antonio Camelo, aconteceram na rua das Mangueiras, atualmente rua Leão Coroado, no bairro da Boa Vista”, descreveu à reportagem Vaz Filho. Segundo ele, “a Imprensa Oficial do Estado publicou no dia 7 de abril de 1919, um despacho da prefeitura recifense, doando um pavilhão do Jardim 13 de maio, atualmente Parque 13 de maio para funcionar como sede da Rádio Clube.”

As descobertas de Pedro Vaz Filho sobre a primazia da Rádio Clube confirmam o que o professor, jornalista e radialista, Luiz Maranhão Filho, hoje com 87 anos, sempre defendeu. O pai de Maranhão Filho trabalhou na emissora pioneira. Os dois professores participarão da live organizada pela Alcar.

Durante um encontro de história da mídia realizado no ano passado na capital do Rio Grande do Norte, os pesquisadores especialistas no assunto assinaram a Carta de Natal, onde “avalizam essa decisão os dados apresentados há mais de três décadas pelo pesquisador Luiz Maranhão Filho (UFPE) e validados, mais recentemente, pelo pesquisador Pedro Serico Vaz (Anhembi Morumbi).”

O novo entendimento sobre o nascimento do rádio no Brasil muda o conteúdo das aulas dos cursos de jornalismo, audiovisual e publicidade nas faculdades de comunicação. Até recentemente, a bibliografia especializada reconhecia que a transmissão radiofônica pregressa havia ocorrido de fato naquela data em Recife, mas que a primeira emissora regular seria a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, a partir de 20 de abril de 1923.

A Rádio Sociedade foi fundada por acadêmicos como o médico e antropólogo Edgar Roquette-Pinto que via o rádio como um meio estratégico para levar educação à população, então majoritariamente analfabeta. “O TSF [ sistema de telegrafia sem fio] espalha a cultura, as informações, o ensino prático elementar, o civismo, abre campo ao progresso, preparando os tabaréus [pessoa sem instrução] despertando em cada qual o desejo de aprender”, escreveu Roquette-Pinto em artigo publicado em 1927.

De acordo com Vaz Filho, o líder da fundação da Rádio Clube de Pernambuco foi o radiotelegrafista e contabilista Augusto Joaquim Ferreira, também de perfil intelectual, mas não acadêmico. “Ele e outros jovens pensaram naquela possibilidade como meio de comunicação, não exatamente para levar educação às pessoas, o objetivo era outro: levar informações”, como ainda se dá hoje no rádio escutado no dial dos aparelhos à pilha ou na podosfera acessada pelos serviços de streaming.


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