
As questões começam ser postas diante da possibilidade de o ex- ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho (PSB), e o prefeito Julio Lóssio (PMDB) figurarem na cabeça de chapas majoritárias em 2014.
Adversários no âmbito local, os dois estão “na pista” e constroem suas candidaturas em realidades opostas, mas com coincidências.
O socialista é da base do governador Eduardo Campos (PSB).
O peemedebista é dos poucos políticos de Pernambuco a fazer oposição ao governo estadual.
Mas o que pode dificultar a situação de Bezerra e Lóssio é a origem política.
De acordo com o sociólogo e ex-secretário estadual de Planejamento José Arlindo Soares, um candidato ao governo deve contar com a possibilidade de obter pelo menos metade dos votos do Grande Recife.
“O Sertão do São Francisco responde por cerca de 5% dos votos do estado e não vejo fatos capazes de mudar a velha geografia do estado, cujo predomínio é da Região Metropolitana do Recife, onde estão mais 40% dos eleitores”, diz.
A prevalência metropolitana corrobora a chamada “síndrome Agamenon Magalhães” (ex-governador do estado), que dizia que sem o eleitorado do Recife e arredores não se senta na cadeira do Palácio das Princesas.
“Não há governador que tenha chegado reconhecidamente como político interiorano, do Agreste ou do Sertão. Estes não figuram nem mesmo em chapa majoritária. Inocêncio Oliveira (deputado federal, PP) não conseguiu jamais concorrer ao governo ou ao Senado. Nem quando contava com o apoio de 40 prefeitos”, destaca Arlindo.
Cautela é o que deve predominar ao se analisar a possibilidade de Petrolina, segundo observa o cientista político Thales Castro, da Universidade Católica de Pernambuco. Segundo ele, trata-se de uma cidade importante, com aeroporto internacional, que se sobressai na fruticultura e tem peso econômico e político.
Ele também considera que a postura do ex-ministro e do prefeito mostra que o município tem líderes com altivez e voz. No entanto, ressalta, que os projetos dos dois podem não se confirmar.
“Fatores nacionais e estaduais podem pesar. As ‘placas tectônicas’ estão se movimentando. É preciso definir o quadro nacional, vê como fica a economia e como o governador Eduardo Campos se posiciona”, diz.
Petrolina vive historicamente sob domínio da família Coelho, que se reveza na prefeitura desde 1955. Porém se dividiu a partir de 1986 e hoje parte apoia Julio Lóssio, cujo vice é Guilherme Coelho (PSDB). O único petrolinense a chegar ao Executivo estadual foi Nilo Coelho, entre 1967 e 1971. Foi governador indicado pela ditadura militar.
Julio Lóssio: “A importância política está no seu passado por ter fornecido nomes importantes que serviram ao estado, a exemplo de Nilo Coelho e Mansueto de Lavor. Está no presente, pois aqui temos desenvolvido políticas públicas com ênfase na cidadania (habitação, regularização fundiária, educação na primeira infância, emprego) que podem e devem ser ampliadas ao estado, que tem crescido, mas ainda mantém um grande nível de desigualdade. Está no futuro, já que a presença de universidades e institutos federais faz de nossa cidade uma produtora de talentos com massa crítica para propor avanços para Pernambuco e de modo especial para o Semiárido”.
Bezerra: (nota da assessoria) – “O Ex-ministro de Estado indicado pelo governador Eduardo Campos, Fernando Bezerra Coelho tratará desses assuntos no tempo certo”.
Carta de Julio Lóssio enviada ao PMDB nacional e publicada em 14 setembro de 2013 no Facebook:
Petrolina – PE, 10 de setembro de 2013.
Exmo. Sr.
Senador VALDIR RAUPP
Presidente Nacional do Partido do Movimento Democrático Brasileiro – PMDB
Brasília – DF Senhor Presidente,
O PMDB é, sem dúvida, dentre todos os partidos brasileiros, o grande guardião de nossa democracia.
Sua história, suas lideranças e, sobretudo, o grande apoio popular demonstrado nas urnas durante todos esses anos, trazem-nos a certeza de que a participação do Partido como ator principal dos processos eleitorais é fundamental para a manutenção de nossa força partidária.
Em Pernambuco o PMDB tem um passado glorioso de disputas e grandes vitórias, tendo, inclusive, governado a nossa Capital e o nosso Estado, e, ainda, à época, composto a Assembleia Legislativa Estadual e o Congresso Nacional de maneira quantitativa e qualitativa.
Mas a política se faz em ciclos e hoje estamos restritos ao mandato do Senador Jarbas Vasconcelos no Senado, nossa maior liderança, ao Deputado Federal Raul Henry, ao Deputado Estadual Gustavo Negromonte, os apenas dois Vereadores em Recife e poucas, muito poucas sete Prefeituras.
Como Prefeito da principal cidade governada pelo nosso partido e na condição de prefeito reeleito, mesmo tendo enfrentado a força do Governo Estadual e parte do Governo Federal, gostaria de trazer a público e ao nosso partido o nosso interesse de participar do pleito eleitoral de 2014.
Desenvolvemos políticas públicas em nossa cidade de importante inclusão social, tais como a regularização social, a habitação, a saúde e a educação com ênfase em educação infantil.
Assim, gostaria de apresentar ao nosso Estado as nossas experiências e nossas ideias, até porque, com o PMDB no governo de Jarbas Vasconcelos, Pernambuco iniciou um novo ciclo de desenvolvimento econômico, embora ainda apresente grandes desigualdades entre regiões e entre seus filhos.
O exercício da democracia é fácil quando nossas vontades são atendidas, contudo, o verdadeiro exercício da democracia está em se curvar à decisão da maioria. Penso que para nós, agentes políticos, o exercício da democracia intrapartidária deve ser cultivado, sob pena de ambiguidade entre o que falamos e o que praticamos.
Acredito que o PMDB, pela sua história em Pernambuco, pela sua força nacional e, sobretudo, pela necessidade de se reerguer em nosso Estado, deve participar majoritariamente do pleito que se aproxima.
Assim sendo, venho solicitar ao nosso Partido que me seja garantido o direito de disputar dentre nossos filiados a indicação partidária.
Alerto, oportunamente, que nosso calendário eleitoral determina que todos aqueles que desejem participar do pleito eleitoral em 2014 devem estar regularmente filiados até dia 04 de outubro de 2013.
Desde já, assumo o compromisso de aceitar, e fazer dela minha, a decisão do meu partido em nível estadual mesmo que minha vontade não seja a majoritária. Ao tempo em que espero dos nossos pares o mesmo comportamento em relação às definições do Diretório Nacional.
Se o nosso PMDB é guardião da democracia com suas diferenças e convergências, que nós possamos exercitar a democracia, ao invés de somente dela falarmos quando nos for conveniente.
Atenciosamente,
Julio Emílio Lóssio de Macedo
Secretário Adjunto do Diretório Estadual do PMDB em Pernambuco
Membro suplente do Diretório Nacional do PMDB
Prefeito Municipal em Petrolina
COM CÓPIA AO:
Diretório Nacional
Diretório Estadual em Pernambuco
Presidente Michel Temer
Senador Jarbas Vasconcelos
Deputado Federal Raul Henry
Fonte: Diário de Pernambuco