"Amigo é coisa para se guardar  debaixo de sete chaves dentro do coração assim falava a canção que na América ouviu Mas quem cantava chorou ao ver o seu amigo partir...Mas quem ficou, no pensamento voou com seu canto que o outro lembrou e quem voou, no pensamento ficou com a lembrança que o outro cantou"...

Já são cinco anos de tua ausência física. A sanfona, triangulo e zabumba continuam a lembrar que desafinados cantávamos. Cantar para viver a arte da fé e de ser Feliz. Sorrir para jamais perder a esperança. Cantar para afirmar que Luiz Gonzaga é Mestre do Baião, Xote, Forró Sanfonado! 

E na curva da estrada eu escutava sempre o homem/alegria criança dizer assim: Poeta Amigo Jornalista Vitalino, Ney Vital,  estamos chegando em Exu, Pernambuco. Aumenta o som: Viva a Fazenda Araripe. Meu Araripe, meu relicário eu vim aqui rever meu pé de serra Beijar a minha terra Festejar seu centenário Sejam bem vindos os filhos de Januário para o centenário do Araripe festejar...

E numa madrugada, 15 de outubro de 2017, veio o silêncio: "Eu vi a Morte, a moça Caetana, com o Manto negro, rubro e amarelo. Vi o inocente olhar, puro e perverso, e os dentes de Coral da desumana...vi asas deslumbrantes que, rufiando nas pedras do Sertão, pairavam sobre Urtigas causticantes, caules de prata, espinhos estrelados..." Não era sonho assim me disse o Poeta Ariano Suassuna.

Assim eu vi, juro que vi a Moça Caetana levando Anésio Lino de Souza Neto Tintas...e ele foi com o sorriso e braços abertos. E partiu assim...Nas asas do Pensamento uma lágrima. Petrolina, Garanhuns, Barbalha-Ceará, Juazeiro do Padim Ciço, Serrita-Missa do Vaqueiro, Feira de Caruaru, Paraíba-Campina Grande, rua Indio Cariris são cidades sonhos que choram tua saudade. E o Riacho do Navio onde nós e Italo/Abilio/Icaro pareciamos meninos a brincar de atravessar pontes e cantar...e o nosso relicário-Fazenda Araripe centenário festeja. E a hora mágica quando na Igreja do Araripe às 18 horas rezávamos Ave Maria.

Há dores que fazem sentido, como as dores do parto: uma vida nova está nascendo. Mas há dores que não fazem sentido nenhum...Perdoe-me Pai Criador. Morrer tem seu sentido...as escrituras sagradas afirmam que sim: "Para tudo há o seu tempo. Há tempo para nascer e tempo para morrer". A morte e a vida não são contrárias. São irmãs. A "reverência pela vida" exige que sejamos sábios para permitir que a morte chegue quando a vida deseja ir. 

É assim que Penso: Anésio Lino de Souza-Neto Tintas fez a grande viagem. Foi colorir os céus do Sertão da Eternidade e em algum lugar está garantindo mais Felicidades e sorrisos na vida dos amigos...e tornando mais belo a razão de viver...e de haver estrelas...

Ney Vital é jornalista. Colaborador da RedeGn. Técnico em Agroecologia

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MÍDIA E DEMOCRACIA: VI SEMANA DE JORNALISMO DO CARIRI CEARENSE COMEÇA NA TERÇA (18)

A VI Semana de Jornalismo do Cariri Cearense, evento promovido pelo curso de Jornalismo da Universidade Federal do Cariri (UFCA) tem como tema “Mídia e Democracia” e volta a ser realizado de modo presencial no Campus Central da instituição, em Juazeiro do Norte, entre dias 18 e 21 deste mês. 

As inscrições são gratuitas e podem ser feitas através deste link até o dia 16. Os participantes receberão certificado emitido pela UFCA.

Assim como nas outras edições, o evento contará com oficinas, mesas redondas, e programação cultural. Maior evento do gênero realizado no interior do Ceará, a Semana de Jornalismo do Cariri tem contado com participação de estudantes, jornalistas profissionais, pesquisadores e professores de Jornalismo de diferentes partes do país. 

“Este é um ano eleitoral, que tem sido marcado por diversos episódios de violência e intolerância política. A semana de Jornalismo vai discutir a relação entre mídia e democracia, tendo como pano de fundo este cenário de polarização e ameaças às instituições democráticas”, explica o professor do curso de Jornalismo da UFCA, Edwin Carvalho, da Comissão Organizadora do evento.  

A poucas semanas para a realização do segundo turno das eleições, as autoridades temem pela escalada de casos de homicídios e atos de violência por motivações políticas. Levantamento realizado pelo Estadão aponta que o Brasil registrou 26 casos de assassinatos por motivações políticas no primeiro turno das eleições, sendo três deles no Estado do Ceará. O número chama atenção por já demonstrar ser maior do que o registrado em quatro campanhas presidenciais desde a redemocratização.

Entre os convidados que confirmaram presença na edição deste ano da Semana de Jornalismo promovida pela UFCA estão a presidente da Rede Nacional de Combate à Desinformação, Ana Regina Rêgo, autora do livro o livro “A Construção Intencional da Ignorância: o mercado das informações falsas” e a jornalista e professora Fabiana Moraes, que vai lançar no evento seu livro “A pauta é uma Arma de Combate”.

Programação 

Terça-feira, 18 de outubro Oficina (20 vagas) – Encontro das revistas “Corte Seco” e “Memórias Kariri”, e do livro “Quantas histórias cabem dentro da Tarrafa?” Horário: das 14h às 16h

Ministrantes: Bolsistas das revistas do curso de Jornalismo e Wesley Guilherme, egresso do curso de Jornalismo da UFCA e autor do livro “Quantas histórias cabem dentro da Tarrafa?”

Mesa-redonda – Mídia e Democracia

Horário: das 18h30 às 21h30

Convidadas: Helena Martins, doutora em Comunicação Social pela Universidade de Brasília (UnB); Ana Regina Rêgo, doutora em Processos Comunicacionais pela Universidade Metodista de São Paulo (Umesp); e Tamiris Tinti Volcean, mestre em comunicação midiática pela Universidade Estadual Paulista (Unesp). Mediadora: Lígia Rodrigues, professora do curso de jornalismo da UFCA

Quarta-feira, 19 de outubro Oficina (20 vagas) – Procedimentos de segurança para o jornalismo investigativo

Horário: das 14h às 16h

Ministrante: Rafael Mesquita, presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado do Ceará (Sindjorce)

Mesa-redonda – Jornalismo Político: fronteiras e questões éticas

Horário: das 18h30 às 21h30

Convidados: Rafael Mesquita, presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado do Ceará (Sindjorce); Érico Firmino, jornalista, colunista e editor no jornal O Povo; Luciana Fernandes Veiga, doutora em Ciência Política pelo Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (vinculado à Universidade Estadual do Rio de Janeiro) Mediador: Edwin Carvalho, professor do curso de Jornalismo da UFCA 

Quinta-feira, 20 de outubro Oficina (20 vagas) – Escritas afetivas: jornalismos popular e literário

Horário: das 16h às 18h Ministrante: Luan Matheus Santana, mestre em Comunicação Social pela Universidade Federal do Piauí (UFPI)

Mesa-redonda – Perseguição, violência e ataques à libertação de expressão

Horário: das 18h30 às 21h30

Convidados: Raimundo Nonato de Lima, mestre em Linguística pela Universidade Federal do Ceará (UFC); Filipe Roloff, mestre em Design Estratégico e Inovação Social pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos) Mediadora: Elane Abreu, professora do curso de Jornalismo da UFCA

Sexta-feira, 21 de outubro Oficina (20 vagas) – Produção de Pauta Horário: das 14h às 16h Ministrante: Fabiana Moraes, jornalista e professora da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) 

Oficina (20 vagas) – Curadoria como prática política Horário: das 16h às 18h

Ministrante: Moacir dos Anjos, ex-diretor do Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães (Mamam), em Recife-PE

Mesa-redonda – Papel e atuação da imprensa no processo eleitoral

Horário: das 18h30 às 21h30

Convidados: Fabiana Moraes, jornalista e professora da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE); Luan de Alencar Maciel, advogado e apresentador do “Budejo” podcast.

Mediador: Tiago Coutinho, professor do curso de jornalismo da UFCA


  

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ECONOMIA DO COURO MOVIMENTA MUNICÍPIOS DO SERTÃO BAIANO

A cultura dos vaqueiros está presente na literatura de cordel, que traz orgulho e coragem para enfrentar os desafios desta profissão no sertão da Bahia.

Assim como o cordel, que passa por diferentes gerações, o ciclo do couro reforça os laços desta tradição por meio dos artesãos e movimenta a economia nos municípios baianos.

Em Uauá, o cordel faz parte da família do vaqueiro aposentado Jaime Ribeiro. Ele foi alfabetizado por meio dos versos e é casado com Fátima, que é cordelista. A filha deles Erica, que prefere ser chamada de Pok, seguiu os passos dos pais e é poetisa. Já o genro Heitor Rodrigues fez um livro em homenagem aos vaqueiros.

Os artesãos também são responsáveis por transmitir os saberes populares e movimentam a economia. Em Jaguarari, por exemplo, ficam os responsáveis por fazer a maioria das peças de couro na região.

Já os artesãos Josino Duarte e o filho Pedro Borges trabalham no quintal de casa e fazem o uniforme completo do vaqueiro. Na mesma região, José Alves é o único a fazer selas de cavalo. Ele aprendeu o ofício com o pai e, por não conseguir passar o conhecimento para outras pessoas, suas criações correm o risco de virar objetos de colecionador.

Para preservar essa riqueza cultural, o historiador Danilo Rodrigues, que é neto de vaqueiro, idealizou o Museu do Vaqueiro. Com mais de 2 mil peças, o espaço tem como objetivo estimular os mais jovens a fazer parte dessa história e passar o conhecimento para as futuras gerações.

HISTÓRIA: Jaguarari: A saga de Danilo Rodrigues pela memória dos Vaqueiros. ano passado, Otávio Duarte, escreveu reportagem para a Agência Multiciência/Uneb. Confira:

Danilo Rodrigues da Silva, 35 anos, conta que, quando criança, costumava brincar com os utensílios de gado, montaria, talheres e moedas antigas que o seu avô guardava dentro de um baú, na Fazenda Bandeira, a 15 quilômetros de Santa Rosa de Lima, distrito de Jaguarari, na Bahia.

- Foram objetos que me chamaram a atenção e naturalmente eu comecei a brincar com essas coisas. E meu avô sempre me chamava atenção para ter cuidado, para guardar, para não jogar fora, por que eram dos pais dele.

Abençoado pela santa peruana, padroeira do distrito, o menino passou a guardar todos os objetos antigos que encontrava pela frente. Até que aos 11 anos, o colégio em que o garoto estudava foi convidado para montar um espaço que contasse a história do lugarejo em uma mostra cultural no aniversário de emancipação política do município. Era tudo que Danilo precisava para exibir as peças que guardava.

Empolgado, o moleque saiu em busca de mais objetos que pudessem ser exibidos na amostra. Aquele momento foi mágico para Danilo: “Um divisor de águas”. A cada visita que era realizada no espaço da amostra, o garoto alimentava o sonho de buscar artefatos antigos para a sua coleção.

A saga do menino não parava por aí. Montado a cavalo, Danilo percorreu mais de 80 fazendas na expectativa de encontrar peças históricas. Hoje, são mais de duas décadas dedicadas a salvar esses valores materiais que remontam a história e a memória de um povo através do Museu do Vaqueiro, em Santa Rosa de Lima.

HISTÓRIA DO DISTRITO: O povoado passou a ser conhecido como Santa Rosa graças a um padre que seguia em romaria pela região e, ao saber que o local ainda não tinha nome, o batizou em homenagem à santa peruana.

No passado, o arraial servia como ponto de parada entre tropeiros e marchantes que saíam de Vila Nova da Rainha, atual Senhor do Bonfim, para comercializar a carne de bode em Uauá, na Bahia.

O vilarejo foi crescendo quando as famílias e os vaqueiros da região passaram a perceber a importância do local e o rico comércio com a venda da carne de bode, dando início à tradicional Feira do Bode e reduzindo em léguas a distância dos marchantes até Uauá.

O distrito está localizado em um ponto estratégico da caatinga. Por apresentar grandes reservatórios naturais, conhecidos como caldeirões de pedra, com animais da fauna nordestina que favorecerem a caça, e a presença dos ouricurizeiros e umbuzeiros, formaram um ambiente favorável para a habitação humana no local.

O arraial se tornou povoado e, por volta de 1924, iniciaram a construção de uma capela e um morador encomendou uma imagem da Santa Rosa de Lima, que chegou no dia 30 de agosto de 1926. E de lá para cá sempre acontece o novenário dedicado à santa durante a semana que antecede essa data histórica, relata Danilo.

 TRAJETÓRIA: Após passar uma temporada em São Paulo, Danilo deixou a metrópole em 2010 para retornar à Santa Rosa de Lima após receber um convite da recém-criada Associação dos Vaqueiros para fazer parte dela. Danilo sabia que aquele retorno à sua terra era um chamado para dar continuidade ao seu trabalho. O rapaz apresentou o seu projeto à comunidade, e em troca recebeu dos moradores o apoio que precisava através das doações de móveis, documentos, fotografias e outros artefatos para contribuir com o acervo.

Hoje, o adulto com alma de menino, conta que enfim recebeu o reconhecimento merecido pelo distrito, mas não se esquece dos momentos em que sofreu preconceito ainda na adolescência por seguir buscando relíquias que ajudassem a contar a história do seu povo, que chegaram a questionar a saúde mental do jovem.

Na minha ingenuidade, sentia essa sagacidade de conseguir esses objetos antigos, mas comecei a perceber como estava sendo algo de chacota, de muitas críticas.  Em alguns momentos, não sabia lidar com aquela situação e me deprimia, me entristecia e me recolhia. E a única forma que eu encontrava de sair daquele estado de tristeza momentânea era voltar a essas fazendas, ter contato com essas pessoas, era ouvir as histórias deles e perceber toda a importância que possui o nosso povo sertanejo e quantas histórias e memórias nós temos para serem contadas e salvaguardadas.

PEÇAS DO ACERVO: Pelo desejo de contar a história de sua origem, Danilo saiu do distrito em 2015, e foi até Petrolina realizar um sonho. O rapaz pisou pela primeira vez na Universidade de Pernambuco (UPE) para cursar História, e agora comemora a conclusão da graduação.

 “Ter contato com a teoria, ter contato com tantas fontes, que já tratavam desses assuntos como antropologia, arqueologia, história... Foi algo a me agregar, me veio como uma luva. Estar na sua comunidade desenvolvendo um trabalho museológico e de repente você está dentro de uma universidade fazendo uma faculdade de história, é algo gratificante,” exalta Danilo.

O MUSEU: Aos poucos, o sonho de Danilo ganhava forma, mas o jovem não esperava a luta que viria a traçar pela frente para manter viva a história dos vaqueiros e do distrito através do seu acervo. 

“Fizemos um ofício solicitando a doação do prédio à Câmara Municipal, e a partir desse momento foi uma luta constante para convencer os gestores municipais sobre a importância dessa luta. Nós conseguimos a doação por parte do poder público, e foi criada uma lei sancionada pelo prefeito na época, e assim nós tomamos posse definitivamente do prédio. Agora, funciona o museu.” relata Danilo.

O antigo Mercado Municipal, espaço cedido pela prefeitura para abrigar as peças do museu.

O prédio do qual o historiador se refere já abrigou o antigo Mercado Municipal do distrito e foi fechado, após a Vigilância Sanitária declarar o local inapropriado para a venda de produtos. Através da Lei Nº 868/2013 de 10 de dezembro de 2013, o prédio foi concedido para a Associação dos Vaqueiros por um prazo de 30 anos, cabendo prorrogação da concessão. 

De lá para cá, Danilo procura mostrar ao poder público a importância da cultura do vaqueiro e da região através do museu. Agora, o local passa por uma reforma para melhorar a estrutura do espaço que já se encontra desgastada ou deteriorada pela ação do tempo. O historiador conseguiu arrecadar verbas de empresas privadas e de pessoas que se surpreenderam com o projeto, recebendo em troca doações para a conclusão da obra.

 Com o olhar historiador, mas sem o aparato técnico de uma equipe, Danilo enxerga que as duas mil peças que fazem parte do acervo, número suposto por ele, ajudam a contar a história da região.

No museu encontra-se objetos mais antigos que vão desde fósseis pré-históricos encontrados aqui em Santa Rosa, temos um acervo arqueológico, tem algumas peças e artefatos que possivelmente pertenceram à algumas civilizações que moraram ou passaram algum tempo aqui na nossa região, material bélico, material documental, material sacro e iconográfico, e imobiliário. 

No caso do material paleontológico e arqueológico, nós ainda não temos nenhum tipo de fundamentação teórica e científica sobre a temporalidade. No caso dos fósseis, sobre quais tempos esses animais povoaram aqui por Santa Rosa e quais animais foram esses, assim como utensílios arqueológicos. E comparando a outros que já tenham feito essas pesquisas, são machadinhas possivelmente do Período Neolítico, mas são fundamentações que ainda não são comprovadas - conta o historiador.

Danilo, agora com a graduação concluída, espera conseguir lutar ainda mais pelo seu sonho, de manter a tradição dos vaqueiros do distrito através do museu.

Para conhecer mais sobre Danilo Rodrigues e o Museu Do Vaqueiro, acesse o instagram @danilorodrigues7802 ou @museudovaqueiro_


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ROMARIA DE CANUDOS CELEBRA A FORÇA DO POVO DE CONSELHEIRO

Canudos é um lugar procurado por diversas pessoas que admiram e buscam compreender, refletir e absorver uma inspiração pela história de luta e partilha que aconteceu a partir de 1893. Seja a história da bem sucedida comunidade de Belo Monte, liderada por Antônio Conselheiro, o enfrentamento corajoso e a vitória dos/as conselheiristas durante três expedições das forças militares, ou o triste massacre da quarta expedição, em 1897 e a mobilização para manter viva a história de resistência daquele povo, apesar da inundação da velha Canudos com as águas da Barragem do Vaza Barris, uma aparente tentativa de encobrir o que se passou.

É dessa fonte de força, de história que pulsa em Canudos, que dezenas de pessoas se reúnem em romaria na cidade todos anos, no mês de outubro. Já são 35 edições desse evento que possibilita a quem participa uma programação diversa, com ações nas escolas, visitas guiadas ao Parque Estadual de Canudos, oficinas, celebrações religiosas e apresentações artísticas. A edição deste ano marcou o retorno presencial desde o início da pandemia da Covid-19, com atividades realizadas entre os dias 03 e 09 de outubro.

A romeira Chirlei Cavalcante, que participa da Pastoral da Juventude do Meio Popular - PJMP, de Pilão Arcado-BA, destaca que as discussões e vivências na Romaria de Canudos são importantes porque é uma forma de estar "trazendo a juventude mais para os movimentos sociais e alimentando sempre a mística". A importância da mística foi o tema da oficina mediada pelo Irpaa.

Sobre a relevância da inspiração provocada pela história de Canudos, a jovem Chirlei acredita que fortalece o comprometimento social. "É muito mais do que querer pensar só em si, mas também nas outras pessoas. É uma inspiração para a gente jovem. Eu tinha muita curiosidade para estar aqui. Eu gosto de experienciar vendo", afirma.

O "pensar na coletividade" foi tema central nas oficinas e mesas temáticas da Romaria, principalmente das discussões do Encontro das Juventudes. A "Espiritualidade Libertadora" esteve entre os assuntos abordados com os jovens. Os/As participantes também mencionaram os desafios e a necessidade atual de vencermos o egoísmo, a falta de acolhida dos que sofrem. Para isso, a juventude aponta que é preciso acabar com a distorção entre o que as pessoas fazem e o que o "Sagrado" representa, já que há uma divergência quando se compara o que as religiões pregam com o que muitas pessoas praticam. Os/As jovens denunciaram o uso da religião para espalhar o ódio e a intolerância.

O debate sobre espiritualidade foi mediado pelo integrante da Juventude Franciscana - Jufra, de Salvador-BA, Mateus Antony Nonato. Ele enfatiza que "ser cristão é buscar a vida em plenitude, ser cristão é um ato político. A espiritualidade libertadora é um ato político, de fé, religioso e é, principalmente, um ato humano de buscar a partir do meu credo, independente de qual seja, ir ao encontro do outro e buscar para ele, pra mim e pra todos, vida, vida em plenitude".

Seguindo o mesmo pensamento de Mateus, a jovem Júlya Bispo, de Salgado-SE, complementa que é muito importante respeitar a essência do outro, entender o que o outro fala e age de forma acolhedora. "A gente precisa ser acolhido, cuidado, ser entendido, escutado para que a gente possa fazer isso com os outros". Para Júlya e outras participantes, Deus não é egoísta, ou seja, é necessário que todos sigam e vivam o amor às pessoas próximas e mais necessitadas.

 "Acho super interessante que a gente leve a missão que a gente aprendeu aqui para as nossas cidades, nossas casas, nossas vidas, porque é uma lição importante, bonita e é algo que eu acho que vale a pena ser estudado, ser debatido e levado para a vida", conclui.

A participação nas discussões também foi intensa na conversa sobre a Economia de Clara e Francisco, mediada pela colaboradora do Irpaa, Ana Paula Ribeiro. A jovem Francine Gomes, do Centro Comunitário São José Operário, na capital baiana, pontua que gostou de conhecer a provocação de São Francisco, que fazia um chamado para que a juventude pense em ideias de economia.

 Francine reforça que o momento de partilha foi importante e que é fundamental "ouvir a voz da juventude, porque a gente tem muito jovem, adolescente, com cabeça aberta, preparado para o debate. Acho que a gente deveria escutar um pouco mais sobre os jovens, o que eles têm a nos oferecer ou a ideia que eles têm para nos ajudar a construir novas economias", afirma.

Quem participa da Romaria de Canudos também se encanta com a pluralidade e o respeito à diversidade de crenças. Durante o ato inter-religioso, realizado no auditório do Memorial Antônio Conselheiro, localizado no Campus Avançado de Canudos, da Universidade do Estado da Bahia - Uneb, sentaram-se lado a lado, representantes da igreja católica, dos povos indígenas, dos evangélicos e das religiões de matriz africana. Um momento de destaque e inspirador para os tempos atuais, quando se tornaram tão comuns casos de intolerância. 

A Mãe de Santo Antonieta D'Oxum, do Terreiro Ilê Axé Omim Odô, localizado no Quilombo Quingoma, em Lauro de Freitas-BA, participou da cerimônia e ressalta que "este culto inter-religioso é justamente para mostrar que podemos viver sim com nossas diferenças, com o objetivo de amor e de paz". 

Com um sorriso sereno e entusiasmada, ela nos conta que Canudos é um lugar de "resistência, força, energia positiva, espiritualidade". Mãe Antonieta destaca a energia sagrada que percebe na cidade. "Todo lugar que eu olho eu vejo a força da natureza, a força dos espíritos, os Orixás presentes. Canudos é como se fosse um elo que liga ao Sagrado, em todos os lugares e nas pessoas eu chego a sentir, ver essa energia positiva. Por mais que tudo tenha acontecido em relação a essa guerra, esse massacre, essa coisa tão injusta, este lugar é um lugar nobre".

Há 20 anos Mãe Antonieta planejava ir a Canudos, mas nunca era possível. Ele destaca que desta vez, finalmente, teve a alegria de conhecer mais de perto a história do líder religioso Conselheiro, a quem ela admira e o considera como uma inspiração. "Ele gostava de justiça, da verdade, tinha força, tinha garra e não tinha medo. Para mim ele é um espírito de luz, eu nem sei explicar, porque é tão além do que a gente quer falar, ele é tudo isso!".

Na programação também aconteceu a caminhada histórica cultural, exposição fotográfica, apresentações culturais e a tradicional caminhada dos romeiros. De acordo com o presidente do IPMC, Vanderlei Leite, apenas o público de caravanas vindas de outras cidades baianas e de três estados do Nordeste somam mais de 300 participantes, que se juntaram estudantes e outros habitantes da cidade. A organização concluiu as atividades com o sentimento de dever cumprido.

 "Esse é o formato da nossa romaria, de nos envolver com a temática de Canudos, a Canudos de Antônio Conselheiro, mas também de nos ajudar a refletir sobre a conjuntura atual e como a gente valoriza o legado de ontem para nossas experiências de hoje, para nossa caminhada, na organização, nos enfrentamentos, nas lutas contra as opressões de hoje", finaliza.

A Romaria é promovida pelo Instituto Popular Memorial de Canudos - IPMC, a Paróquia  Santo Antônio de Canudos e a Comissão da Romaria. O evento também conta com o apoio de instituições públicas e de organizações da sociedade civil. 

Texto e fotos: Eixo Educação e Comunicação do Irpaa

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CHOQUE FATAL: A AMEAÇA DA REDE ELÉTRICA PARA A ARARA-AZUL-DE-LEAR

Em média três araras morrem todo mês vítimas de choques elétricos em postes que atravessam sua área de ocorrência, restrita ao sertão baiano

A reportagem, Claudia Gaigher Jornalista ambiental especializada na cobertura dos biomas brasileiros e fotos de Thiago Filadelfo, publica no site O Eco Jornalismo Ambiental, destaca: Choque fatal: a ameaça da rede elétrica para a arara-azul-de-lear

Confira:

Quando você está em casa e percebe uma queda de energia, ou até mesmo um piscar na luz, nem sempre se preocupa com o que aconteceu na rede de distribuição para gerar essa oscilação. Foi justamente uma queda ou um piscar de luz nas casas de moradores do interior da Bahia que – perdoem o trocadilho – acendeu a luz de alerta para as pesquisadoras que tentam salvar a arara-azul-de-lear da extinção. 

Qual a relação da rede de energia com o risco de extinção das araras? Bem, com certeza você já viu aves pousadas em poste e linhas de energia. O que talvez você não tenha entendido é que esta cena é sinônimo de viver perigosamente para elas. 

Recentemente, um artigo publicado no periódico IBIS – International Journal of Avian Science por um grupo de pesquisadores, trouxe a confirmação de mais um alto preço que a arara-azul-de-lear (Anodorhynchus leari) paga por compartilhar seu habitat com seres humanos. A chegada da rede de energia, que promoveu melhoria na qualidade de vida de muitos brasileiros, trouxe também uma ameaça para aves raras: a eletroplessão. Quando a ave pousa nos postes de distribuição, recebe uma descarga elétrica acidental e morre em decorrência desse choque.

Uma das pesquisadoras que assina o artigo é a bióloga Larissa Biasotto, que trabalha no Núcleo de Ecologia de Rodovias e Ferrovias, Departamento de Ecologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Em sua tese de doutorado, ela mapeou os biomas e, a partir dos dados coletados em regiões com registro de morte de aves vítimas de descargas elétricas, montou um ranking das espécies com maior risco de morrerem por eletroplessão. 

“O risco foi calculado por espécie, baseado na densidade de postes dentro das áreas de distribuição e também em características morfológicas e comportamentais das espécies, como tamanho da asa e uso das estruturas de energia para pouso, forrageio, nidificação. Nesse trabalho nós apresentamos os biomas de maior risco e também as espécies”, conta Biasotto. 

A pesquisa identificou 283 espécies de aves que correm risco de eletroplessão, 38 delas vivem perigosamente expostas a um alto risco de morrer ao receber uma descarga elétrica. 

A Mata Atlântica é o bioma onde as aves mais convivem com esse risco, seguido pelo Cerrado, Pantanal, Pampa, Caatinga e Amazônia. Quanto mais avançam as redes, maiores são os riscos, e quanto mais devastado o habitat dessas aves, mais elas se habituam a usar os postes e redes como ponto de apoio e pouso. 

AS AVES MAIOR RISCO: No Pantanal, rota de mais de 180 espécies migratórias de aves, o tuiuiú (Jabiru mycteria), ave símbolo das planícies pantaneiras, está no topo da lista das aves com alto risco de eletroplessão. 

A segunda espécie com maior risco é a águia-serrana (Geranoaetus melanoleucus) encontrada no Nordeste, Centro Oeste e Sul do Brasil. Em terceiro lugar no ranking das aves mais expostas ao risco, está a águia-cinzenta (Urubitinga coronata). Uma das maiores aves de rapina do Brasil, ocorre em áreas de montanha, campos naturais do Sul, Sudeste e Centro Oeste. A espécie é considerada Em Perigo de extinção.

O gavião-de-pescoço-branco (Leptodon forbesi) é um gavião genuinamente nordestino e brasileiro. Essa ave de rapina registra um declínio populacional e restam aproximadamente 2.500 indivíduos no Brasil. Desde 2014 está na lista das espécies ameaçadas de extinção, como Criticamente Ameaçada. Ocorre em áreas de floresta nordestina, principalmente em Pernambuco. Com a redução de seu habitat, os fios de energia se tornaram mais um algoz.

O gavião-pombo-pequeno (Amadonastur lacernulatus) que só ocorre na Mata Atlântica, principalmente Serra do Mar e fragmentos de floresta nas cidades litorâneas, também está no ranking das aves mais expostas ao risco de morrer por choque ao pousar nas redes de energia. A espécie é classificada como Vulnerável ao risco de extinção.

A pesquisa da bióloga Larissa Biasotto norteou o artigo sobre o impacto das redes de energia nas populações de araras-azul-de-lear. A espécie foi escolhida como bandeira para alertar as autoridades e a população em geral sobre a necessidade de aliar o conhecimento científico e popular à tomada de decisão nos projetos de expansão das redes de distribuição de energia. 

Não é só construir postes e puxar fio para que os brasileiros tenham a comodidade de apertar um interruptor e ter luz elétrica em casa. Cada nova rede implica atravessar regiões de ocorrência de espécies cada vez mais ameaçadas com a perda de habitat e ausência de árvores nativas em suas rotas, que acabam usando os postes e fios como ponto de pouso para descanso em suas longas viagens em busca de comida.  

A arara-azul-de-lear faz longos voos diários para se alimentar. Chega a voar mais de 60 quilômetros num único dia. Seu prato preferido são os cocos de Licuri, uma palmeira nativa da Caatinga e que está cada dia mais rara. Para muitos indivíduos, as viagens terminam tragicamente. 

“Em 2008 tivemos o primeiro registro de arara-azul-de-lear morta eletrocutada, foi no Raso da Catarina, na Bahia. Isso nos entristeceu e preocupou. Os moradores das comunidades da região nos avisaram que encontraram uma carcaça de arara azul com ferimentos característicos de um choque. Ela estava caída perto do poste. Nos últimos dois anos aumentou muito o número de araras azuis encontradas mortas eletrocutadas. Os moradores locais são os nossos grandes aliados. Eles encontram as carcaças das aves mortas, recolhem e nos informam. Tem sido uma média de três araras mortas por mês, só esse ano já somam 32. E esse número é muito maior, porque existe a subnotificação, nem sempre conseguimos saber a quantidade de araras mortas por choque na rede de energia”, explica Biasotto. 

Para uma espécie que tem a população em vida livre reduzida a menos de 1.500 indivíduos, o número de mortes registradas já é alarmante o suficiente. Quando considerada a subnotificação, é desesperador, como reforça a bióloga Érica Pacífico, outra autora do artigo, fundadora e coordenadora do projeto Grupo de Pesquisa e Conservação da Arara Azul de Lear. Há mais de uma década ela se dedica a estudar e buscar caminhos para evitar a extinção dessa ave. Arrisca-se escalando os paredões de arenito para chegar aos ninhos, trabalha com outros pesquisadores para conhecer a biologia e comportamento dessa arara e já se integrou à comunidade local, que tem se mostrado grande aliada na luta para evitar a extinção da espécie. 

Extremamente rara, a arara-azul-de-lear só ocorre na ecorregião do Raso da Catarina e nas unidades de conservação do Boqueirão da Onça, na Bahia. Um paredão de arenito vermelho, alto e de difícil acesso. No meio da rocha, uma fenda pequena onde pontos azuis se refugiam. Assim é o ambiente onde a arara-azul-de-lear faz os seus ninhos na rocha e é ali onde se reproduz. Essa espécie é restrita da Caatinga, único bioma totalmente brasileiro. São décadas de ameaças, que a fizeram beirar quase a extinção, mas elas são teimosas. Corajosas e lindas. 

Com a instalação dos postes de rede de média tensão para levar energia para as comunidades, os acidentes e mortes de araras têm aumentado. “O ideal é que seja desenvolvido um programa de monitoramento com buscas bem definidas pelas carcaças todo mês, com um tempo certo, percorrendo trechos específicos, com pessoas treinadas. Mesmo sem essa padronização já deu pra ter noção da gravidade do problema”, afirma Thiago Filadelfo, que também é pesquisador do grupo de conservação e coautor do artigo científico. 

Os pesquisadores explicam que as linhas de energia de média tensão podem constituir uma armadilha ecológica, pois oferecem locais atraentes para poleiros ou nidificação. 

“A eletrocussão ocorre quando um animal toca condutores bifásicos ou um condutor e um dispositivo aterrado em um poste. Todas as carcaças foram encontradas sob ou muito perto de postes de energia e a maioria com sinais externos claros de eletrocussão, áreas queimadas no bico, corpo, penas e falanges. Sempre que possível recuperamos a carcaça e submetemos à necropsia para confirmar a morte por lesões provocadas pelas descargas elétricas. As carcaças das araras vão para a Coordenadoria de Gestão de Fauna do INEMA, Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, órgão ambiental da Bahia, para posterior notificação da companhia de energia”, acrescenta Érica. 

A explicação da bióloga é quase um grito de socorro. São anos de pesquisa e luta para proteger essa espécie, e ver mais de 30 indivíduos morrerem por choque elétrico é um golpe duro . Para esses cientistas que tanto se  dedicam a estar no campo, produzir conhecimento científico, buscar apoio da comunidade e caminhos para conservação pra que mais gerações possam ver esses pingos de azul voando pela caatinga baianana, não é apenas um projeto de pesquisa, é um amor incondicional por uma das mais belas espécies de araras brasileiras. Vê-las eletrocutadas provoca uma tristeza profunda, um desalento e até mesmo revolta. 

A arara-azul-de-lear ocorre numa região muito restrita, e as instalações de postes de média tensão com um distanciamento pequeno na rota das araras estão matando os indivíduos. Um contrassenso diante de todo o esforço para salvar essa espécie. 

Essa ave que pode viver 50 anos na natureza, quase desapareceu nas últimas três décadas de tanto que foi capturada para ser vendida no mercado ilegal de animais silvestres. A devastação de seu habitat também contribuiu para acelerar o declínio populacional. E, agora, a rede de energia.

O novo desafio se impõe justamente numa época de grandes conquistas para a conservação da espécie. Em 2019, as seis primeiras araras-azuis-de-lear foram soltas na região do Boqueirão da Onça. Em 2021, mais seis araras-azuis-de-lear do Programa de Manejo Populacional do ICMBio, vítimas do tráfico ou de acidentes na natureza, foram devolvidas à natureza depois de meses de tratamento para se recuperar de lesões provocadas por maus-tratos.

“Entre os anos de 2021 e 2022, mais treze araras foram soltas na região, devolvendo à natureza não apenas indivíduos provenientes do Programa de Manejo Populacional da arara-azul-de-lear coordenado pelo ICMBio, mas também araras resgatadas acidentadas na natureza e vítimas do tráfico ilegal, que infelizmente ainda assombra essa espécie“, afirma a pesquisadora Fernanda Riera Paschotto mestranda do Departamento de Ecologia da USP que também participou do estudo.

A abertura da porta do viveiro e a saída dessas araras batendo freneticamente as asas e voando livres em seu lugar de origem são imagens eternizadas na mente e na alma de quem teve o privilégio de participar desse programa de reforço populacional. Ver a comunidade tradicional que sempre viveu na região se tornar aliada na conservação, como cientistas cidadãos, é outro grande avanço. 

Thiago Filadelfo conta que já foram realizados muitos encontros, grupos de estudos com os pesquisadores e instituições que pesquisam as araras-azuis-de-lear na região. “Estivemos conversando com a COELBA (empresa distribuidora do Grupo Neoenergia) nos últimos 2-3 anos sem sucesso. Apenas quando o Ministério Público foi acionado, no ano passado, começaram a dar atenção e iniciamos um diálogo. Sobre o andamento das medidas mitigadoras, o Ministério Público elaborou um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) no qual sugerimos ações para evitar as eletroplessões. Sei que já começaram a trocar o design das linhas em alguns trechos das redes na região de Euclides da Cunha, mas não sei dar maiores detalhes sobre o cronograma. A malha elétrica é imensa e deverá ser um trabalho longo”, explica o pesquisador.

Enquanto não são aplicadas essas medidas de proteção, as araras-azuis-de-lear continuam morrendo vítimas de choque. Por isso, é possível até usar a expressão ‘eletrocutadas’, que gramaticalmente só pode ser aplicada quando algum ser vivo é “condenado por uma sentença a morrer por descarga elétrica”. Já a expressão ‘eletroplessão’ é o termo usado para os que morrem num instante de acaso, quando entram em contato com redes energizadas e recebem uma descarga. 

Nesse caso das araras-azuis-de-lear, o termo gramaticalmente indicado seria eletroplessão. Mas se pararmos para pensar, esticar fios em postes bem perto uns dos outros, atravessando áreas de reprodução e de alimentação dessas aves, é mesmo uma sentença de morte. 

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SE VIVO FOSSE, CANTOR E COMPOSITOR JOÃO DO VALE COMPLETARIA 88 ANOS NESTA TERÇA (11)

O Doodle, do Google, desta terça-feira (11) é uma homenagem ao cantor e compositor brasileiro João do Vale, dono de clássicos como Pisa na Fulô e Carcará. Hoje ele completaria 88 anos de idade.

Nascido no município de Pedreiras, no Maranhão, João começou a carreira musical logo cedo, aos 13 anos de idade. Destaque do gênero Baião, o artista afro-brasileiro foi responsável por introduzir os estilos musicais nordestinos no Brasil.

Quando ainda era jovem, Vale teve que lutar contra o preconceito ao ser expulso de uma escola para dar lugar a um aluno de classe alta. O acontecimento fez com que ele visse o mundo de outras formas.

Ao compor músicas para um grupo musical, João do Vale ajudou a montar peças chamadas de Bumba-Meu-Boi, retratando a cultura maranhense por meio do teatro, dança e letras. Apesar de alimentar a paixão pela arte, o trabalho não rendeu dinheiro suficiente para ajudar a família.

O músico decidiu se mudar para o Rio de Janeiro, com o objetivo de trabalhar e ajudar os familiares. Influenciado pelos gêneros musicais nordestinos, Vale começou a compor músicas sobre a cultura popular.

Como resultado do seu trabalho, ele finalmente teve a oportunidade de apresentar suas canções em Rádio Nacional. Cerca de 14 anos depois, o artista já fazia shows destacando os ritmos nordestinos.

João do Vale escreveu vários sucessos musicais. Entre eles, Carcará, Minha História, Pisa na Fulô, Peba na Pimenta e A Voz do Povo foram os destaques na carreira do artista.

Por causa de sua obra, João do Vale é lembrado até hoje como uma figura-chave no cenário musical brasileiro e morreu em 6 de dezembro de 1996, aos 62 anos. Em São Luís, um teatro se chama 'João do Vale', em sua homenagem. Já em Pedreiras, sua cidade natal, existe um memorial.

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JORNALISTA DANILO RIBEIRO LANÇA LIVRO: ZÉ LIVRÓRIO E A SANFONA VOADORA

O jornalista Danilo Ribeiro, apresentador do programa Globoesporte Bahia, da TV Bahia, anunciou pelas redes sociais,  o lançamento do seu primeiro livro: ZÉ LIVRÓRIO E A SANFONA VOADORA! 

De acordo com o jornalista, o livro é Uma viagem com muita imaginação e forró, com @zelivrorio e sua trupe!

O lançamento acontece na  Terça, dia 11, em Vitória da Conquista e quarta, dia 12, as 10h da manhã, no Festival de Forró da Chapada, em Mucugê

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