NÃO SE PODE MAIS ILUDIR POIS ESTÁ EM JOGO É A VIDA NO PLANETA TERRA

De 6 a 15 de novembro próximo será realizada a 27ª Conferência das Partes das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, conhecida como Conferência do Clima (COP) da ONU. Neste ano será no Egito, país que tem semelhanças no clima e vegetação com o Nordeste brasileiro. Ambos sofrem com a escassez de chuvas. 

A vegetação desértica predominante no Egito, tem do lado brasileiro uma correspondência, a de possuir uma das maiores áreas do mundo suscetíveis à desertificação, com extensão de 1,3 milhões de km², que abriga uma população de 31 milhões de pessoas. As áreas desertificadas no Brasil já cobrem uma superfície em torno de 230 mil km2, praticamente o dobro do tamanho da Inglaterra.

O bioma Caatinga, predominante no Semiárido brasileiro, é o quarto maior bioma do Brasil, correspondendo a 11% do território nacional, mas que já perdeu 53 % da cobertura original. Segundo estudos do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas da ONU, é um dos biomas mais vulneráveis às mudanças climáticas, cujas consequências dramáticas já estão se fazendo notar em todo Semiárido.

Feitas as comparações, a COP27 tem como objetivo debater metas e ações para o enfrentamento das mudanças climáticas, reunindo representantes governamentais e não governamentais de diversos países. As grandes corporações com interesses em petróleo, gás, carvão estarão também presentes, atuando como sempre fizeram em outras reuniões do gênero, na direção de dificultar, embargar os acordos necessários para a redução do uso dos combustíveis fósseis (petróleo e derivados, gás natural e carvão mineral) na matriz energética mundial.

Nestes quase 30 anos de COP, as políticas adotadas foram insuficientes para reverter as emissões de gases de efeito estufa (GEE) na atmosfera terrestre, nem encontrar soluções eficazes e estratégicas para a atual situação de aquecimento global, que coloca em risco todo o Planeta. Assim, desastres climáticos em todos os continentes se sucedem.

Mesmo com os acordos e promessas, realizados no âmbito do mercado, para a redução das emissões de gases, constata-se, ano a ano, recordes da temperatura média global do Planeta. A cada ano a Terra fica mais quente. Tal situação está relacionada ao aumento da concentração de GEE na atmosfera, majoritariamente pelo uso de combustíveis fósseis. O setor de energia é a fonte de cerca de ¾ das emissões mundiais dos gases de efeito estufa, e a transição para fontes renováveis de energia é inevitável.

Desde a Conferência RIO-92, porém, a ação dos “céticos do clima”, dos lobistas das corporações de petróleo, gás e carvão, conseguiram barrar os avanços e a velocidade necessária para evitar o agravamento desta situação alarmante que nos encontramos hoje. Existe uma grande semelhança nesta ação dos que são contrários à vida, com o que ocorreu com o poderoso lobby da indústria tabagista no âmbito da Organização Mundial de Saúde (OMS). Retardaram e criaram obstáculos para medidas que poderiam salvar milhares de vidas. Só depois que não foi mais autorizada a participação destes promotores da morte, é que decisões antitabagistas foram tomadas com o rigor devido.

Importantes e decisivos resultados são apresentados pela curva de Keeling, base de dados referencial para toda discussão sobre o efeito estufa e o aquecimento global. Este gráfico mostra o acúmulo de CO2 na atmosfera, tendo como base medições contínuas desde 1958 até os dias atuais, pelo Observatório Mauna Loa, na ilha do Havaí. E o que se tem verificado ao longo do tempo é o crescimento linear da concentração de CO2. No ano de 2021 a concentração já estava em torno de 420 partes por milhão (PPM), enquanto nos anos 60 do século passado, era de 317 partes por milhão de CO2.

Assim, cada vez mais, o debate sobre as mudanças climáticas coloca de um lado as corporações gananciosas em defesa de seus interesses econômicos, que lutam contra a redução de emissões de gases estufa; do outro lado os movimentos sociais que lutam pela vida, por um planeta justo, ético, plural e que proteja os ecossistemas naturais. A luta é desigual. Todavia, a consciência coletiva transformada em prática atuante poderá pender a balança para os interesses públicos e da natureza envolvidos nesta questão que é de toda civilização.

A transição ecológica-energética necessária para conter as emissões de gases de efeito estufa não significa apenas passar de uma sociedade baseada nas fontes de energias fósseis para uma com fontes renováveis. É uma oportunidade para um debate urgente e abrangente sobre o significado de viver em uma sociedade capitalista, consumista, predatória e militarista, cujo pilar de sustentação são os combustíveis fósseis.

Existe muita desilusão e descrédito em relação à governança mundial no enfrentamento das mudanças climáticas. Os fatos mostram que os objetivos anunciados pelas COPs, e os resultados alcançados têm a ver com este histórico de insucessos. Para a COP27 os resultados já previsíveis e com certeza insuficientes para enfrentar este fenômeno provocado pelas atividades humanas.

O engajamento nesta luta, que não é só dos ambientalistas, mas de todos os homens e mulheres de boa vontade, é fundamental para a sobrevivência da humanidade que está ameaçada e exige a realização de profundas mudanças no atual modelo civilizatório. O que implica mudar o modelo insustentável de produção e consumo, e o próprio modo de vida das pessoas.

O envolvimento e mobilização cada vez maior da sociedade civil organizada é essencial e mesmo fundamental para responder sobre: Qual mundo queremos? Qual é o tipo de sociedade almejada?

Aqui ressalto o papel das mulheres como participantes ativas nas escolhas e decisões a serem tomadas. O compromisso, devido à própria condição biológica, de gerar e bem cuidar da vida, é a verdadeira condição fundamental para preservar e conservar o meio ambiente.

Em breve mensagem aos participantes da 27º COP, diria: ousem nas propostas, definam quem pagará a conta, estipulem metas globais e de cada país, e que compromissos assumidos sejam cumpridos. Que os maiores poluidores tenham maiores responsabilidades. E que a participação dos que defendem os combustíveis fósseis (petróleo, gás e carvão) não seja mais permitida no âmbito das Conferências do Clima. É um contrassenso esta participação.

Em todo este processo cabe ressaltar o papel vital da sociedade civil, em denunciar a falta de efetividade no combate às emissões de gases de efeito estufa, o que exige outra postura dos governantes no rumo de limitar o uso de combustíveis fósseis, e substituí-los por fontes de energia renováveis sem deixar de discutir e minimizar seus impactos socioambientais, aumentar a eficiência energética dos processos. Modelos sustentáveis para a extração de minérios, criação de gado, monoculturas também deve fazer parte da pauta, pois tais atividades muito contribuem para a deterioração das condições climáticas.

Não se pode mais iludir, nem tergiversar, pois o que está em jogo é a vida no planeta Terra.

Heitor Scalambrini Costa-Professor aposentado da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Publicado originalmente no EcoDebate

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LER É CONSTRUIR SENTIDOS E ALCANÇAR VERDADES QUE AJUDEM A COMPREENDER MELHOR O MUNDO

Por mais acaciano que pareça, “a arte da leitura”, diz Nelson Rodrigues, “é a releitura”. Nunca tive dúvidas a respeito. Mesmo que a primeira leitura, sobretudo de certas obras, nos envolva num turbilhão de surpresas, de emoções inimagináveis e de novas descobertas no campo da percepção e do conhecimento, recuperar e reviver esses momentos em dimensão mais profunda só nos é permitido pelo de ato de reler.

Pode parecer paradoxal: se leio um livro apenas uma vez, na verdade não o li. Se ler é construir sentidos e alcançar verdades que nos ajudem a compreender melhor o mundo e seus enigmas irredutíveis, é porque ler é reler, e reler, e reler… Sempre na predisposição de uma prática dialógica que nunca se esgota. Como se sabe, os grandes autores e as grandes obras abordam questões que são permanentes e que nos desafiam para além das épocas e das circunstâncias históricas e individuais.

Por isso não tenho receio de usar o termo “conviver” em lugar de “ler”, pois a convivência pressupõe a continuidade da ação, a partilha e o constante contato com os sinais mágicos, necessários e lúdicos da releitura.

Há autores que não podem ser apenas lidos. Lidos assim, apenas uma única vez. Exigem a releitura, isto é, uma convivência, uma intimidade, que tende a se intensificar com o passar dos dias e dos anos, como se fossem velhos amigos com os quais proseamos nas nossas horas de sossego, silêncio e meditação.

Vou dar três exemplos que, pelo menos para mim, integram essa seleta estante dos que devem ser lidos e relidos sempre, sob pena de perdermos o que existe de mais refinado e de mais precioso no sigilo melódico e semântico de suas frases e de seus versos. Vou ficar com os de casa e me ater a um ficcionista, a um ensaísta e a um poeta que me parecem exemplares dessa idiossincrasia literária e livresca.

Machado de Assis é um desses. É preciso relê-lo sistematicamente para podermos apreciar a sutileza de seu estilo e captar bem a obliquidade leviana de seu olhar sobre as coisas, olhar ao mesmo tempo tocado de humor e melancolia. Um romance, por exemplo, como Dom Casmurro, ou um conto como “Uns braços”, não se revelam, inteiros, na primeira nem na segunda nem na terceira leituras. Creio mesmo que, a cada leitura que se faça ao longo do tempo, algo de novo se descobre. São textos tão abertos em sua significação, que novas e múltiplas leituras nunca os preencherão, restando sempre um halo de mistério a ser saboreado.

O ensaísta, que também é poeta e memorialista, é o gaúcho Augusto Meyer. Algumas de suas páginas de crítica, sobretudo as reunidas em À sombra da estante, A chave e a máscara e A forma secreta, demonstram a densidade e a argúcia analíticas de um leitor criativo, presa da beleza estética e da autonomia da linguagem literária.

Augusto dos Anjos é o nosso poeta. O Eu é como a Bíblia: passa-se a vida inteira lendo-se e relendo-se suas páginas. Cada verso é um versículo; cada estrofe, uma imagem sagrada; cada poema, um Eclesiastes, um Apocalipse. Visionário, profético, sobretudo monumento estético, objeto material e artístico, coisa mental e linguagem expressiva. Relê-lo é fundamental!

Hildeberto Barbosa Filho-Poeta, escritor e professor da UFPB. Membro da Academia Paraibana de Letras. E-mail: hildebertopoesia@gmail.com

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OURICURI: FESTIVAL CONCERTO PARA GONZAGÃO CELEBRA CULTURA DO ARARIPE NESTA QUINTA-FEIRA (20)

Neste dia 20 de Outubro acontecerá o finalização do Projeto “Concerto para Gonzagão: Feira agroecológica e cultural o Gonzagão Aprovaria” em Ouricuri, festival que já teve dois momentos em agosto e setembro e celebra a cultura Gonzagueana ao mesmo tempo em que une produtos das famílias agricultoras da região do Araripe.

O evento acontecerá na Praça Frei Damião em Ouricuri-PE, a partir das 19hs e neste momento de finalização contará com a poesia da Cia Medusa e a música de Joquinha Gonzaga, sobrinho do rei do baião. O evento contará ainda com o espetáculo “Concerto para Gonzagão”, momento que reunirá diversos artistas da região em uma exaltação a música de Luiz Gonzaga. Além dos shows, famílias e artistas da região estarão comercializando seus produtos na feira agroecológica e cultural, artesanato, livros de cordel, comidas regionais, frutas, verduras, doces e diversos outros produtos da agricultura familiar. Importante também é citar que todo o evento conta com interpretação em libras. 

Nos dois primeiros encontros passaram pelo palco do festival artistas como Tacyo Carvalho, Ana Paula Nogueira, Elmo Oliveira e Júnior Baladeira, a população abraçou de uma maneira toda especial o projeto, sempre com praça lotada, comercialização de produtos e resgate da cultura popular,  escolas da zona urbana e rural se fizeram presentes por sentirem-se também representadas pela ideia do projeto, grupos culturais locais participaram fazendo diversas homenagens a cultura cantada por Luiz Gonzaga, sem dúvida, o encontro de gerações da música nordestina tem sido outro importante elemento trazido pelo festival, jovens e precursores da música têm confraternizado sob a bandeira da cultura de Luiz Gonzaga.  O projeto tem sido um momento fortalecedor, uma oportunidade que há muito se esperava para movimentar a cultura da região do Araripe. 

O Projeto Concerto para Gonzagão acontece com recursos do Fundo de Cultura de Pernambuco, Funcultura, com o patrocínio de Secretaria de Cultura, Fundarpe e Governo do Estado, tem na coordenação o artista Júnior Baladeira em parceria com o Grupo Fazendo Arte sob a produção de Elmo Oliveira e também da ONG Caatinga. 

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CESOL-SERTÃO DO SÃO FRANCISCO DISCUTE ALIMENTAÇÃO SUSTENTÁVEL COM PROFISSIONAIS DA COOPERFTIZ

Com o propósito de discutir a alimentação sustentável e formas de aproveitamento integral dos alimentos, o Centro Público de Economia Solidária Sertão do São Francisco realizará, na próxima quinta-feira (20), a partir das 14h30, oficina formativa com profissionais da reciclagem da Cooperativa de Catadores de Materiais Recicláveis (Cooperfitz), em Juazeiro. O evento integra a meta Consumo Sustentável do Cesol-SSF, e será mediado pela chefe de cozinha alternativa Poliana Santana, na sede da Cooperfiz, localizada no distrito industrial.

A proposta será discutir alternativas para a construção de um banco de alimentos para os cooperados. Entre os temas abordados estarão o desperdício dos alimentos e fome; as diferenças entre aproveitamento e reaproveitamento; o que fazer com as sobras? As plantas alimentícias não convencionais.  De acordo com chefe de cozinha alternativa, a alimentação sustentável consiste em um convite para uma mudança de comportamento em relação ao reaproveitamento integral dos alimentos.

"É de extrema importância essa nova visão sobre o consumo, pois sabemos que, seguindo esse ritmo que estamos, em 2050, a gente entra em um colapso alimentar e, infelizmente, não vai ter comida para todo mundo. Então um dos degraus é, de fato, a redução do desperdício", explicou Santana.

SUSTENTABILIDADE: A economia solidária potencializa a aquisição de produtos sustentáveis, que respeita o trabalho coletivo, a cooperação, a autogestão dos empreendimentos, proporcionando o empoderamento de familiais da região. Para a coordenadora do Cesol-SSF, Aline Craveiro, comprar produtos da economia solidária significa fortalecer pequenas inciativas de produtores e produtoras rurais locais.

"Costumamos dizer que, ao adquirir os produtos da Economia Solidária, os clientes não só estão fortalecendo os produtores e produtoras, como também se presenteiam com belas histórias de empreendimentos do nosso território fortalecendo, dessa forma, o consumo e vivência consciente com essa produção", finalizou Aline Craveiro.

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CAATINGA E O SEMIÁRIDO TEM ÁREAS DE DESERTIFICAÇÃO AUMENTADAS, DIZ MAPBIOMAS

Um novo levantamento obtido através de imagens de satélite pelo MapBiomas mostrou que o bioma Caatinga, inserido integralmente no território do Semiárido brasileiro, nos últimos 37 anos teve 15% de sua área queimada, e redução de 160 mil hectares de superfície de água.

Segundo o MapBiomas, a Caatinga teve um quarto, o equivalente a 25,59%, de seu território modificado pela ação do homem entre 1985 e 2021. Mais de 15% da Caatinga foi queimada, totalizando 13.770 hectares e, na bacia do São Francisco, as maiores ocorrências de queimadas ocorreram nos anos de 1987 a 2007. Houve ainda redução de áreas naturais, superando os 6 milhões de hectares, 10,54% da área mapeada em 1985. Além disso, a Caatinga, que conta com a maior parte dos rios de característica intermitente (correm apenas durante o período das chuvas, ficando secos durante a estação de estiagem), sendo os dois rios perenes de grande porte o rio São Francisco e o rio Parnaíba, perdeu mais de 160 mil hectares de superfície de água, ou seja 16,75%. O diagnóstico mostrou que, com exceção de Sergipe, todos os estados onde predomina a Caatinga tiveram redução de superfície de água.

O MapBiomas apontou que o principal motivo de avanço sobre a vegetação nativa foi a agropecuária, que ganhou 6,7% de território, ou 5,7 milhões de hectares. No período avaliado, a agropecuária cresceu um quarto da sua área. Segundo o coordenador da Equipe Caatinga do MapBiomas, Washington Rocha, o levantamento identificou ainda áreas de desertificação. “Mapeamos a região de Irauçuba, no Ceará, e detectamos a expansão de um núcleo de desertificação. Padrão semelhante foi observado em outros núcleos de desertificação, como em Cabrobó (PE), com tendência de expansão no sentido de Alagoas. Além dos núcleos de desertificação, é possível monitorar com os dados do MapBiomas as ASD´s (áreas suscetíveis à desertificação), como Jeremoabo, na Bahia. Este é um exemplo de como a transformação da Caatinga coloca o bioma em risco”.

Mesmo em área classificada como Reserva da Biosfera houve perdas de 7,6%, ocupadas pelas atividades de agricultura (2%) e pastagens (5,6%). Já as Unidades de Conservação ocupam 9,01% do bioma, totalizando 7,8 milhões de hectares, perderam 3,3% de sua área. Agricultura e pastagem ganharam 1,42% e 2,06%, respectivamente.

Vulnerabilidades-O Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (LAPIS) apontou que cerca de 93% dos municípios do Semiárido brasileiro considerados de pequeno porte, com população inferior a 50 mil habitantes, são marcados por uma confluência de vulnerabilidades e já lidam com problemas ambientais como secas extremas, desertificação e mudança climática.

O laboratório apontou que esses municípios apresentam uma série de vulnerabilidades nas áreas em processo de desertificação que incluem vulnerabilidade climática ocorrendo sobretudo pela frequência de secas intensas e pelos atuais impactos do processo de mudança climática, vulnerabilidade à desertificação, processo crescente e irreversível, aumentado pelas intensas secas e pelo manejo inadequado dos recursos naturais e vulnerabilidade ecológica. 

“Nesse último aspecto, a Caatinga enfrenta o risco de atingir um ponto de não retorno, ou seja, a degradação da vegetação e as secas extremas podem causar danos fisiológicos a ponto de a vegetação perder sua capacidade de se auto recuperar”, destacou o coordenador do LAPIS, Humberto Barbosa.

Além disso, outros pontos vulneráveis também são apontados no processo de desertificação, incluindo vulnerabilidade institucional que é vista pelo LAPIS como a falta de capacidade institucional dos pequenos municípios para enfrentar problemas ambientais complexos, vulnerabilidade socioeconômica e vulnerabilidade do conhecimento. “Em termos socioeconômicos, como a agricultura familiar de baixa escala é desmantelada durante as secas, a população perde sua principal fonte de subsistência e sobre a vulnerabilidade de conhecimento existe ainda a limitação no acesso a informações técnico-científicas qualificadas, o que impede uma melhor gestão dos recursos naturais e a obtenção de renda, a partir do aproveitamento sustentável da bioeconomia da Caatinga”, acrescentou Barbosa.

Todo esse processo tem uma ligação direta com a ocorrência do aumento dos eventos climáticos extremos na bacia do Rio São Francisco. Ainda segundo dados do Laboratório, o Semiárido é a região do Brasil mais afetada pelo aumento dos eventos climáticos extremos. Modelos climáticos indicam que haverá redução de cerca de 40% nas chuvas na região, ainda neste século.

“As grandes secas que afetaram o rio São Francisco estiveram historicamente mais concentradas na região do Baixo São Francisco. No entanto, de acordo com a pesquisa do Lapis, há sinais de condições crescentes de seca nas demais áreas da bacia, como é o caso do Alto e Médio São Francisco. Desse modo, a avaliação dos impactos de eventos intensos de seca, na bacia do rio São Francisco, é fundamental para desenvolver estratégias adequadas de adaptação e mitigação”, concluiu Barbosa. (Ascom CHBSF *Texto: Juciana Cavalcante *Foto: Edson Oliveira)

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DEFESA CIVIL DE JUAZEIRO REFORÇA ALERTA PARA BAIXA UMIDADE DO AR NA CIDADE

A Defesa Civil de Juazeiro informa que recebeu novos alertas do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) alertando para baixa umidade do ar na cidade. Segundo o Inmet, esta semana a umidade do ar deve variar entre 30% e 20% na cidade, sendo que a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda, como índice ideal, 60%.

Sem expectativa de chuvas para este período, o ar seco deve continuar, o que além de exigir cuidados com a saúde, aumenta os riscos de incêndio em áreas de vegetação mais seca.

A orientação das autoridades de saúde é que as pessoas evitem fazer exercícios físicos ao ar livre até às 16h. Dentro de casa, também é importante manter alguns cuidados, como umidificar o ambiente com vaporizadores, bacias de água ou toalhas molhadas. Além disso, é preciso aumentar o consumo de líquidos e, sempre que possível, permanecer em locais protegidos do sol.

O coordenador da Defesa Civil em Juazeiro, Ramiro Cordeiro, alerta que o tempo seco também favorece a ocorrência de incêndios florestais, por isso, a orientação é evitar acender fogo ou realizar qualquer tipo de queimada, contribuindo assim para aumentar a segurança durante o período de estiagem. Em caso de emergências, o contato da Defesa Civil é (74) 99931-2210.

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IMAGINE UMA CIDADE EM QUE OS PÁSSAROS SUMIRAM, VÍTIMAS DO USO EXCESSIVO DE AGROTÓXICOS

"O ser humano é parte da natureza, e sua guerra contra a natureza é inevitavelmente uma guerra contra si mesmo." A citação é de Rachel Carson, a bióloga e conservacionista americana que causou comoção em seu país ao publicar seu famoso livro Primavera Silenciosa em 1962. O trabalho começa com um convite: imagine uma cidade em que os pássaros sumiram, vítimas do uso excessivo de compostos químicos como agrotóxicos.

Carson não era contra a aplicação seletiva de agrotóxicos e inseticidas, mas era contra seu uso indiscriminado, comum em uma época marcada por uma fé cega no poder da ciência.

A obra teve tanta repercussão que foi uma das catalisadoras do movimento ambientalista nos EUA. Carson não só escrevia com precisão científica como também comunicava com beleza poética o que chamava de "tecido intrincado da vida", no qual tudo está interligado e do qual todos fazemos parte.

Sessenta anos depois da publicação de Primavera Silenciosa, quão preocupante é a atual proliferação de compostos químicos? E qual seria a mensagem de um livro como o de Carson hoje?

A BBC News Mundo (serviço de notícias em espanhol da BBC) conversou com Joan Grimalt, professor de Química Ambiental do Conselho Superior de Pesquisa Científica da Espanha e integrante do Painel Intergovernamental de Poluição Química (IPCP). O IPCP é um grupo de cientistas que reivindica a criação de um organismo internacional para monitorar agrotóxicos.

BBC: Rachel Carson alertou sobre "a contaminação do ar, da terra e do mar com materiais perigosos e até letais". Esta mensagem é relevante na atualidade?

Joan Grimalt: Sim, com certeza. É verdade que o uso em alguns lugares não é mais permitido. Mas, em geral, o uso de compostos químicos aumentou e o despejo desses compostos no meio ambiente também aumentou.

Existem atualmente cerca de 350 mil compostos fabricados pela indústria. Na época de Carson, eu diria que esse número não passava de 30 mil.

BBC: Em seu livro, Carson falou especialmente de um composto, o DDT.

Grimalt: O DDT foi importante. Mas o problema é que muitos compostos foram criados. Outro problema é a sua ampla utilização, que é o que gerou mais problemas ainda.

O DDT já era conhecido desde o final do século 19. Mas na década de 1940 havia um médico, Paul Müller, que propôs usar o DDT para eliminar os mosquitos do gênero Anopheles (mosquito-prego) que transmitem a malária.

E isso levou à disseminação do DDT em todo o mundo. Deve-se lembrar que isso rendeu o Prêmio Nobel de Medicina a Paul Müller, porque esse composto eliminou o mosquito Anopheles em praticamente todos os lugares, exceto nas zonas tropicais, e a incidência de malária caiu drasticamente.

E também é preciso dizer que desde 2005 a Organização Mundial da Saúde recomenda o uso do DDT para combater o mosquito Anopheles em lugares onde a malária ainda é endêmica.

Às vezes o que acontece é que uma coisa não é branca nem preta; depende do uso que se dá a ela.

Uma menina é pulverizada com DDT na Alemanha em 1945 como parte de um programa para matar piolhos, um dos insetos que podem transmitir o tifo

BBC: Quais foram impactos negativos do DDT?

Grimalt: Concretamente, um primeiro efeito foi que nas aves expostas ao DDT, as cascas dos ovos ficaram muito mais finas e, por isso, durante a incubação, muitas ninhadas foram perdidas porque os ovos não aguentavam o peso dos adultos que os chocavam. Isso resultou no desaparecimento de muitos pássaros.

O DDT quase extinguiu a águia-americana, por exemplo, a águia símbolo dos Estados Unidos, e muitas outras espécies. Além disso, se observou que em humanos o DDT também causava problemas. Há imagens onde você pode ver soldados dos Estados Unidos de cuecas sendo pulverizados com DDT (para matar pulgas e piolhos), porque se acreditava que o DDT não os afetava. Não sabemos como esses soldados estão agora. O DDT é neurotóxico e dentro das células dos organismos, incluindo os humanos, as células que mais se reproduzem são as células nervosas, por isso o dano causado ao sistema neurológico é mais permanente.

BBC: Você poderia nos dar alguns exemplos de compostos que são usados ??hoje e são especialmente preocupantes para você? Fala-se muito sobre os produtos químicos "forever chemicals" ou compostos "eternos" (fluorosurfactantes).

Grimalt: Ao falar de compostos ou contaminantes químicos, devemos diferenciar aqueles que possuem importantes propriedades de estabilidade química. Estes seriam o que se chama de produtos químicos eternos, que são compostos persistentes.

A persistência existe por causa de dois fatores. Primeiro, porque quimicamente as moléculas são muito estáveis. No meio ambiente não há muitas reações que conseguem degradá-las, e a atividade dos organismos, sejam eles bactérias ou organismos superiores, as degrada muito pouco.

A outra propriedade que esses compostos costumam apresentar é serem hidrofóbicos, o que significa que se dissolvem mais em matéria orgânica do que em água. Por isso eles tendem a se acumular em organismos vivos, o que é chamado de bioacumulação. Toda vez que hum corpo bebe ou come algo que os contém, ele os acumula e não os excreta, porque nosso sistema de excreção mais normal é a urina, e eles não são solúveis na urina.

Além disso, na medida em que vamos subindo na cadeia alimentar, os organismos superiores se acumulam cada vez mais porque comem coisas que também continham esses compostos. Isso é o que é chamado de biomagnificação. Mamíferos marinhos, por exemplo, focas, baleias, acumulam mais [compostos] do que peixes. E os peixes que são predadores de outros peixes acumulam mais do que peixes que comem algas e zooplâncton.

BBC: Você pode nos dar um exemplo desses compostos persistentes?

Grimalt: Isso está no DDT. Todos nós carregamos DDT e seus metabólitos em nosso sangue. Mas um composto que me preocupa muito é o mercúrio. Alguns tipos de carvão têm um certo nível de mercúrio e quando grandes quantidades desse carvão são queimadas, isso solta o mercúrio na atmosfera. A partir daí, isso passa para a água e também vai se acumulando em organismos.

Outra fonte de mercúrio é o fato de que em reservas tropicais, tanto na América quanto na África, há pessoas que se dedicam a procurar ouro, e são pessoas muito pobres com técnicas muito primitivas. Uma delas é amalgamar ouro com mercúrio.

BBC: Você pode nos lembrar de quão tóxico é o mercúrio?

Grimalt: Ele é neurotóxico nessas concentrações de que estamos falando, porque afeta tudo — o fígado, os rins. Também leva a deformidades nas crianças quando as mães grávidas são expostas.

Infelizmente, na Baía de Minamata, no Japão, isso foi perfeitamente documentado, porque havia uma indústria que despejava derivados de mercúrio no rio, e esses derivados entravam na cadeia alimentar e nos peixes que os habitantes locais comiam, e isso foi um desastre.

BBC: Quais outras substâncias o preocupam? Muito se fala sobre os microplásticos, que em estudos recentes foram detectados até na placenta humana.

Grimalt: Os microplásticos também são importantes, mas ainda não sabemos quais efeitos eles têm. Mas cuidado, o plástico é uma invenção da humanidade que provou ser muito útil.

O plástico é inerte e a priori não tem nenhum efeito negativo. Se isso acontecesse, estaríamos acabados, porque embalamos comida em plástico e colocamos remédios em nossas veias com tubos de plástico e nada acontece.

Isso não significa dizer que estamos usando de forma correta o plástico.

É preciso investigar quais são os efeitos dos microplásticos na saúde. Mas não é preciso esperar pesquisas para tratar adequadamente os resíduos e as águas urbanas. Já podemos retirar muito plástico do meio ambiente. Por outro lado, com o mercúrio, quando você já o descartou, não existe mais remédio.

BBC: Antes da entrevista, você me disse que "estamos todos participando de uma experiência química global". Por quê?

Grimalt: Digo isso porque estamos jogando muitos compostos no meio ambiente e alguns deles não voltam para nós. Mas a maioria deles sim, e colocamos tudo isso dentro do nosso corpo.

Em outras palavras, pensar que podemos ter uma saúde perfeita quando estamos cercados por água poluída, ar poluído e solo ou alimentos contaminados é uma bobagem.

BBC: E existem possíveis interações desses compostos entre si que ainda são desconhecidas?

Grimalt: Estamos falando de 350 mil compostos. Ainda há muitas coisas para entendermos.

Os compostos persistentes, uma vez ingeridos, como eu disse, permanecem dentro do corpo e começam a fazer efeito. E no caso daqueles que não são persistentes e o corpo os elimina principalmente na urina, se depois que os eliminamos voltamos a comer algo com eles, então estamos sendo sempre expostos.

BBC: Você pode nos dar um exemplo desses compostos não persistentes aos quais podemos estar sendo permanentemente expostos?

Grimalt: Por exemplo, os pesticidas que são usados ??na agricultura em pequenas doses e que voltamos a comer. Ou os bisfenóis que são aditivos plásticos. Existem muitos tipos de plástico que possuem muitos aditivos para modificar as propriedades do polímero ou dar cor. Se esses microplásticos são ingeridos, todos os compostos vão para dentro de nosso corpo.

Se olharmos para os resíduos plásticos em uma praia que não foi limpa, há plásticos de todas as cores e isso já revela que são plásticos diferentes com propriedades diferentes.

BBC: E quem regula todos esses 350 mil compostos? Existe uma organização internacional?

Grimalt: No nível internacional não existe nada. É por isso que nós do mundo científico, os membros do Painel Intergovernamental de Poluição Química, publicamos uma carta na revista Science solicitando um painel internacional para monitorar e aconselhar sobre compostos e resíduos químicos para reduzir a exposição a esses compostos.

BBC: A regulação dos milhares de compostos é feita por cada país?

Grimalt: No nível europeu, existem leis diferentes, como por exemplo o REACH [Registration, Evaluation, Authorisation and Restriction of Chemicals, uma lei da Comunidade Europeia de 2006], mas isso é apenas na Europa. Nos EUA, existe a Agência de Proteção Ambiental (EPA), que também é um órgão de referência em toda essa questão. Mas em muitos outros países, nada é feito. Não existe nada.

Além disso, outra coisa que eu pessoalmente acho uma vergonha é que muitos países desenvolvidos enviam resíduos para países subdesenvolvidos. Já se pode imaginar que o que acontece é que esses resíduos são despejados no meio ambiente ou tratados de forma totalmente inadequada.

Além disso, parte desses resíduos e dos compostos que contidos neles retornarão ao meio ambiente, serão distribuídos por todo o planeta e, portanto, também é do interesse de todos que esse tipo de coisa não aconteça.

BBC: Existem produtos que são proibidos em alguns países europeus, mas são vendidos na América Latina, como os pesticidas chamados neonicotinoides.

Grimalt: O que se tem feito muito é imitar as plantas, que, por não conseguirem se mexer, travam uma guerra química contra os insetos.

O tabaco produz nicotina não para os humanos fumarem, mas para matar insetos, para se defenderem. A nicotina foi tomada e suas moléculas modificadas para produzir derivados de nicotina ainda mais fortes para matar insetos. Com os neonicotinoides, existe a questão de saber se eles estão matando, por exemplo, abelhas.

BBC: Com essa enorme quantidade de compostos no meio ambiente, o que nós consumidores podemos fazer?

Grimalt: No nível do consumidor, certamente podemos fazer coisas. Uma delas é tentar minimizar o uso de plásticos, por exemplo, ir ao mercado com uma cesta ou embrulhar produtos em papel.

Os consumidores também podem reciclar ao máximo, o que facilita a gestão dos resíduos de forma menos poluente.

BBC: E para tentar proteger a saúde?

Grimalt: Nesse caso, é mais difícil de se dizer. Obviamente existem produtos ecológicos ou orgânicos que foram cultivados sem agrotóxicos. Isso também é positivo, mas sinceramente ainda acho que isso precisa ser mais estudado.

BBC: Por quê?

Grimalt: Para verificar se realmente existe um benefício para o consumidor. Se meu vizinho está usando agrotóxicos, não sei até que ponto meus produtos estão contaminados ou não. É importante deixar claro que isso é positivo. Não quero dizer que não é bom. Mas deveria ser mais estudado.

Atualmente existem cerca de 350 mil compostos químicos produzidos pela indústria. Na época de Carson havia cerca de 30 mil

BBC: Voltando agora ao livro de Rachel Carson. Ela alertou que pássaros e outras espécies corriam risco. Mas agora temos a crise do clima e da biodiversidade, com um milhão de espécies em perigo de extinção, segundo a ONU. Qual seria a mensagem de um livro como Primavera Silenciosa hoje?

Grimalt: Primavera Silenciosa foi um sucesso em parte porque os pesticidas que poderiam afetar mais as aves foram alterados. O DDT foi proibido em muitos países e onde ele ainda é usado para combater o mosquito Anopheles, isso é feito para proteger as pessoas. Ele não pode mais ser usado na agricultura.

Agora estamos discutindo outras coisas preocupantes, sobre uma grande diminuição da população de insetos em muitos lugares. E muitos desses insetos são polinizadores. Eles são necessários para as plantações, para que as plantas se reproduzam. O fato de haver muito menos insetos é preocupante. Eu diria que devemos passar da preocupação com os pássaros para a preocupação com os insetos, especialmente aqueles que vão de flor em flor — os voadores. E isso tem muito a ver com o uso de agrotóxicos.

BBC: É o que você estava falando sobre as abelhas...

Grimalt: As abelhas e todos. Lembro que quando pegava meu carro há vinte anos aqui na Catalunha ficava com a janela do carro cheia de insetos mortos. Hoje em dia há bem menos. Isso é uma observação pessoal. Mas se você ler artigos publicados em revistas científicas onde o nível de insetos em muitas áreas florestais foi monitorado, verá que houve uma queda.

BBC: Antes de terminar, eu queria perguntar sobre a figura de Carson. Ela escreveu seu livro quando lutava contra um câncer que tirou sua vida dois anos depois. Para você, pessoalmente, o que significa a figura de Carson?

Grimalt: Acho que Carson foi uma daquelas pessoas que tem uma visão que vai além do dia a dia de todos nós aqui no planeta. Ela percebeu o perigo do uso indiscriminado de agrotóxicos em geral e especificamente do DDT, quando todos estavam convencidos de que o DDT era uma coisa muito boa.

Em grande parte, o movimento ambientalista começou a partir da repercussão do livro de Carson, porque ela sugeriu que um dia poderá haver silêncio na primavera porque teremos matado todos os pássaros.

Naquela época, parecia que a natureza era imensamente poderosa diante da atividade humana. Mais tarde foi visto que não é bem assim. Agora somos muitos, temos muita atividade e o que estamos vendo é que a natureza é como se fosse um jardim, que se não cuidarmos, acabaremos destruindo.

Talvez, graças a Carson, muitas espécies de pássaros foram salvas. E o trabalho não acabou, porque temos que nos preocupar com insetos voadores.

BBC: Você fala de Carson como uma visionária. Você também destacaria sua grande determinação? Porque ela foi constantemente alvo de representantes da indústria de agrotóxicos.

Grimalt: Claro que sim. O mais fácil é tentar destruir a pessoa em vez de discutir as ideias que ela traz e ver se estão corretas ou não. Carson foi uma mulher super corajosa porque enfrentou todo status quo dos EUA. Por trás da fabricação de pesticidas e inseticidas, há muitos interesses econômicos. Muitas empresas se viram ameaçadas e pagaram a outras pessoas para que a atacassem.

E, além disso, ela sofreu com tudo isso quando estava com câncer, o que torna tudo muito mais doloroso e difícil. Porque estar bem de saúde não é o mesmo que estar muito doente e morrendo — na época, o câncer era praticamente uma sentença de morte — e ela tinha que se defender e continuar mantendo suas ideias. Eu acho que nesse sentido Carson é uma figura de referência mundial.

BBC: Você recomenda a leitura de Primavera Silenciosa para as novas gerações?

Grimalt: Claro que sim. Foi a primeira vez em que se disse que podemos causar um impacto irreversível na natureza.

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