ARARINHA AZUL VOLTA AOS CÉUS DA CAATINGA NESTE SÁBADO 11


O ano era 2000, o Brasil comemorava os 500 anos da chegada dos portugueses no país, ou, mais especificamente, no sul da costa da Bahia. Mais ao norte de onde as caravelas aportaram, no interior do mesmo estado, os brasileiros avistavam, pela última vez na natureza, uma ararinha-azul (Cyanopsitta spixii) selvagem.

Descoberta em 1819, a espécie, que é da mesma família das araras e papagaios, sofreu um gradual processo de extinção na natureza, devido à destruição do ambiente e à captura para o comércio ilegal de animais silvestres.

Apenas dois traficantes foram responsáveis, nas décadas de 70 e 80, por tirar da natureza 23 ararinhas.

Em 1986, a última população selvagem conhecida tinha apenas três aves. Em 1990, restava apenas um macho. Dez anos depois, não havia mais nenhum pássaro selvagem.

Esse processo, acompanhado pela imprensa, provocou comoção mundial e a ave acabou se tornando um dos símbolos da luta contra a destruição da fauna e a perda da biodiversidade, tendo sido, inclusive, retratada no longa de animação norte-americano Rio.

CATIVEIRO: Desde então, iniciou-se um projeto de reintrodução da espécie na natureza. Por ironia do destino, um dos motivos que levaram ao seu desaparecimento das matas baianas foi sua salvação: a captura da ave para manutenção em cativeiro.

Uma população de algumas dezenas de aves continuou sendo mantida em cativeiro por criadouros no Brasil, Europa e Oriente Médio. Ainda na década de 90, o governo brasileiro começou um projeto de manejo para reprodução desses animais e a negociação do retorno, para o país, de parte das aves que estavam no exterior.

Em 2018, foram demarcadas duas áreas para a reintrodução da espécie, a Área de Proteção Ambiental da Ararinha-Azul e o Refúgio da Vida Silvestre da Ararinha-Azul, juntas somando 120 mil hectares nos municípios de Juazeiro e Curaçá, na Bahia.

ARARINHAS: Dois anos atrás, 52 ararinhas-azul foram trazidas de volta para o país, a partir de um acordo com o criadouro alemão ACTP, e instaladas em um viveiro no município de Curaçá, para sua ambientação, que envolveu a redução de seu contato com humanos; o convívio com araras-maracanã (Primolius maracana), com quem dividia o habitat natural e que tem hábitos semelhantes aos seus; o treinamento do voo; o reconhecimento de predadores; e a oferta de alimentos que serão encontrados na natureza.

Agora, mais de 20 anos de ser declarada extinta na natureza, as ararinhas voltarão a voar pela caatinga brasileira. Neste sábado (11), está prevista a soltura das oito primeiras aves. Mais 12 serão soltas em dezembro.

Elas foram selecionadas entre aquelas que demonstraram maior adaptação para a vida na natureza, ou seja, aquelas que voam melhor, que estão se relacionando melhor com o grupo, que são mais sadias, que consigam identificar melhor os predadores.

As oito primeiras aves estão passando pelos últimos dias de ambientação em um cativeiro, junto das maracanãs, com as quais serão soltas.

NATUREZA: Segundo o coordenador do Plano de Ação Nacional para a Conservação da Ararinha-Azul, Antonio Eduardo Barbosa, a soltura envolverá a abertura do recinto onde elas estão se ambientando. As portas serão mantidas abertas durante o dia e fechadas durante a noite, para evitar que as ararinhas que retornem ao cativeiro sejam mortas por predadores.

“Será uma soltura branda, como a gente chama. A gente abre o recinto, mas a gente quer que as aves permaneçam ali. Será ofertada alimentação suplementar durante um ano, para que elas ainda visitem o recinto. Nessa primeira soltura experimental, a gente quer conhecer a dinâmica que as aves vão apresentar”, explica.

Nesse momento, os pesquisadores vão aproveitar para observar o comportamento da ararinha na natureza, ou seja, os locais que visitam, o que comem, que habitat estão explorando.

Os animais serão marcados com anilhas e receberão transmissores, que permitirão seu rastreamento por alguns meses.

Barbosa reconhece, no entanto, que o processo de reintrodução não será tão fácil, a começar pelo próprio ambiente, do qual a espécie está afastada há duas décadas e que é muito seco em determinados períodos do ano, o que levará as aves a voar por grandes distâncias em busca de alimento.

As linhas de transmissão de energia elétrica são outro desafio para as aves que voam pela região, assim como a existência das abelhas-europeias (Apis mellifera), espécie exótica que ocupa cavidades naturais da área onde as ararinhas poderiam nidificar. “Embora a gente tenha feito um trabalho de controle dessas abelhas, para diminuir um pouco essa pressão”, disse o pesquisador.

Sem falar do risco de novas capturas para o mercado clandestino de aves raras. “A gente tem que ter a comunidade do nosso lado, sendo vigilante na região para qualquer tipo de atividade nesse sentido, sendo nossos espiões e denunciando qualquer ilícito ambiental”, defende Eduardo Barbosa.

O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) não informou à Agência Brasil como será o esquema de fiscalização ou quantos agentes farão o patrulhamento da área.

FUTURO: Superadas as ameaças, há ainda o desafio de que a espécie prospere e se reproduza, aumentando a população de forma natural, como se conseguiu, com relativo sucesso, com os espécimes em cativeiro.

Há cerca de 200 ararinhas-azuis, somando-se essas em processo de readaptação para a soltura e as que são mantidas em cativeiro ao redor do mundo, número bem maior do que as poucas dezenas que haviam na década de 90.

Nesses dois anos em que estão no Brasil, três ararinhas nasceram, aumentando a população de Curaçá para 55 aves, segundo Barbosa. Não há previsão de quando haverá novas solturas a partir de 2023, mas a ideia é manter parte dessas 55 em cativeiro, como se fosse uma reserva para garantir a sobrevivência da espécie, a soltura de novos indivíduos e a reposição das esperadas perdas no ambiente.

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DONA RITA QUINTINO DE SOUZA COMPLETA 99 ANOS NESTE DOMINGO 05 DE JUNHO

No dia dedicado ao Meio Ambiente, 05 de Junho,  Rita Quintino de Souza, completa 99 anos. Dona Rita, como é conhecida nasceu em Campina Grande, Paraíba, mas fez raiz no município de Juazeiro, Bahia. Das raízes plantadas e partilhadas, ao lado do hoje saudoso esposo, Abilio Lino de Souza,  colheu frutos e teve 4 filhos, 11 netos e 11 bisnetos. Na data do aniversário a matriarca foi homenageada pelos netos e bisnetos.

Dona Rita é um Patrimônio da História da região do Vale do São Francisco e Norte da Bahia, 99 anos com muito vigor e já está fazendo planos para o centenário, "nas Graças de Deus, Grande Arquiteto do Universo".

Aos 99 anos Lúcida, ativa e adora dialogar, e se manter atualizada com a modernidade, dona Rita declara os seus segredos de longevidade e lucidez.

 “Eu trabalhei muito, sempre com o hábito de acordar para trabalhar e contribuir com o desenvolvimento da Família, para garantir segurança, respeito e bem estar. Hoje tenho netos, empresários, advogados, médica, odontóloga, todos bem encaminhados na vida atraves da educação dada por meus filhos. Vencemos os desafios e a idade nos proporcionou a Dádiva de assistir as vitorias, apesar também de momentos extremamente difíceis".

O segredo é ter fé sempre, foco, determinação e tentar não levar tudo muito a sério, saber curtir cada momento do dia e “não abrir mão dos melhores drinks como whisky ou cachaça, sempre com o alerta de consumir com moderação”, garantiu Dona Rita, enquanto soltava uma longa gargalhada. 

Entre seus passatempos, Dona Rita, diz é ouvir Rádio e viajar, sempre que pode vai a Campina Grande. Entre as muitas alegrias da vida ela conta que atualmente o mundo está muito mudado. "Mas uma verdade continua valendo. O ensinamento de Jesus Crito onde diz que devemos viver em pensamentos positivos, ações e boas palavras , assim construimos a vida de abundância, fartura de felicidades", finaliza dona Rita. 

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CHAPADA DO ARARIPE COMO PATRIMÔNIO DA HUMANIDADE: MEMBROS DO CONSELHO CIENTÍFICO E CULTURAL TOMAM POSSE

Mais um passo para a candidatura da Chapada do Araripe como Patrimônio da Humanidade. Em abertura do seminário ”Chapada Cultural do Araripe – Mostra Internacional de Patrimônio e Turismo”, na Fundação Casa Grande em Nova Olinda, Ceará.

O Secretário da Cultura do Estado do Ceará, Fabiano Piúba, deu posse aos membros do Conselho Científico e Cultural da Chapada do Araripe. 

O objetivo do conselho é fazer o assessoramento estratégico e técnico dos trabalhos e produções desenvolvidos pelo grupo de pesquisa do Dossiê que vem sendo elaborado para que se solicite ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) a inclusão da Chapada do Araripe na Lista Indicativa Brasileira, com posterior apresentação à Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).

O Conselho Científico e Cultural é formado por pesquisadores e profissionais de reconhecida competência na área do patrimônio cultural e natural. Entre os nomes estão os ex-Ministros da Cultura Gilberto Gil e Juca Ferreira; o líder indígena e escritor Ailton Krenak; o cineasta Guel Arraes; os escritores Ronaldo Correia de Brito e Xico Sá. Entre os cearenses estão o pesquisador e idealizador da Fundação Casa Grande Alemberg Quindins; a ex-secretária da cultura do Ceará, Cláudia Leitão; o pesquisador e jornalista Oswald Barroso; o mestre da Cultura Espedito Seleiro; o cineasta Rosember Cariry, entre outros nomes como o reitor da Urca, Francisco do O’ Lima Júnior; e o professor Patrício Melo, que coordena o Grupo de Pesquisa Dossiê de Candidatura da Chapada do Araripe.

O evento em Nova Olinda também foi importante para destacar as conquistas do lançamento da campanha de candidatura da Chapada do Araripe como patrimônio da humanidade. Durante o 1º Ciclo Matinal de Conversa, intitulado “Dossiê, Candidatura e Plano de Gestão da Chapada do Araripe – Patrimônio Dá Humanidade: estratégias e articulação política e institucional”, o secretário pontuou os passos nessa candidatura junto a parceiros como a Urca, o Geopark Araripe, a Fundação Casa Grande, o Instituto Cultural do Cariri, a Fecomércio, assim como a secretarias de Meio Ambiente e Turismo do Ceará.

“Temos envolvido um conjunto de instituições acadêmicas, culturais, educativas e sociais. Nós realizamos seminários, foi criado um Comitê Interinstitucional com um rol de instituições públicas, privadas e do terceiro setor, foi criado o Conselho Científico e Cultural e também há a pesquisa que estamos realizando pela Secult com a Urca e Fundação Casa Grande, financiada pela Secretaria de Ciência e Tecnologia do Ceará e a Funcap, que tem garantido a produção de conteúdo científico, acadêmico, com uma pesquisa robusta para que a gente possa chegar a nosso objetivo de maneira consistente. 

Houve a lei criando a modalidade de Paisagem Cultural e a aprovação da Chapada do Araripe como primeira paisagem cultural do Ceará, e inclusão da Chapada do Araripe na Lista Indicativa do Iphan é a nossa meta”, frisou o secretário lembrando também do seminário que acontecerá na próxima terça-feira, 7, no Centro de Convenções do Cariri, em que será assinada a “Carta da Chapada do Araripe: Somos Patrimônio da Humanidade” junto a prefeitos da região para reafirmar e repactuar o compromisso.

Representando o Iphan, Candice Ballester disse que o Ceará está no caminho certo para a entrada da Chapada do Araripe na Lista Indicativa Nacional do Iphan. Ela considera que é um processo demorado, que deve acontecer por cerca de 4 anos, mas que em 2023 a Chapada do Araripe deve vir a se integrar à lista desejada. 

“Cada bem que a gente apresenta tem que ter um diferencial. A gente quer consolidar o que já existe dentro de uma construção coletiva para apresentar valores dentro do que já existe. Já temos uma rede de instituições aqui no Ceará empenhadas e esse é o grande diferencial. Nenhuma das candidaturas que existem partem da perspectiva de educação patrimonial e sustentabilidade, como estão fazendo. São outros diferenciais”, pontuou a gestora que também reconheceu a importância do Ceará ter a Chapada do Araripe como Paisagem Cultural do Estado.

Participaram também da mesa de abertura, o gestor cultural criador da Fundação Casa Grande, Alemberg Quindins e a Coordenadora do Centro de Estudos em Arqueologia, Artes e Ciência do Patrimônio da Universidade de Coimbra, Portugal, Conceição Lopes, que também atua como consultora científica do Dossiê de Candidatura da Chapada do Araripe Patrimônio Dá Humanidade. A mediação foi feita pelo professor Patrício Melo, que coordena o Grupo de Pesquisa Dossiê de Candidatura da Chapada do Araripe.

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PROGRAMAÇÕES ESTÃO DETERIORADAS, DIZ CANTOR ZELITO MIRANDA SOBRE DIVERSIDADE DE ATRAÇÕES NO SÃO JOÃO

 

'Programações estão deterioradas', diz Zelito sobre diversidade de atrações no São João Confira reportagem texto de Erem Carla/Bahia Notícias.

A mistura de gêneros musicais se tornou uma febre mundial com as variações dos ritmos que surgem no mercado fonográfico. O funk se mistura com o brega, o sertanejo passeia com o piseiro e os temperos vão surgindo com o passar do tempo. 

Em 1991, quando a mistura de ritmos não era habitual, um baiano do município de Serrinha resolveu temperar o forró com axé, MPB e até mesmo rock n’roll. Zelito Miranda, o Rei do Forró Temperado, mudou o jeito de fazer forró e por pouco não se tornou arquiteto ou jornalista. 

“Quando eu cheguei aqui [Salvador], queria fazer arte, não importava a qual, eu tinha que estar no meio artístico. Fiquei 10 anos fazendo teatro, fiz dois longas e quando passou isso tudo quis fazer música. Eu fui para MPB nordestina e consegui gravar meu primeiro LP aqui na Bahia e esse LP me gerou uma viagem com Belchior de 27 show pelo Brasil, onde conheci a galera de trio elétrico”, lembra Zelito. 

O cantor conta que o convite para fazer um disco só com músicas de forró surgiu de um amigo e que nesse trabalho, decidiu incluir as influências que tinha de trio elétrico, samba reggae e axé.

Ainda sem nome para o novo CD, Zelito recebeu amigos para ouvir o disco e batizar o trabalho. De tanto brincar que tinha colocado um “tempero” nas músicas, não deu outra: ‘Tem que se chamar o rei do forró temperado!”, exclamou um amigo. 

“Aceitei ‘O Rei do Forró Temperado’ como nome do disco e não como uma marca minha. Mas aí lascou, porque um amigo fez um outdoor com o nome e todos que ligavam já não falavam Zelito e me chamavam assim”, diz o cantor que diz levar na brincadeira até os dias de hoje. 

Zelito ainda fala que acredita na importância de modificações no forró. “Se você pegar o forró e mantiver ele sempre tradicional, chega uma hora que não pega ninguém”.

O cantor ainda disse ao Bahia Notícias que é averso a introdução de artistas de outros segmentos musicais nas festas de São João. 

“Acho que é importante que essa tradição seja mantida, eu sou averso a essas tiradas porque não funciona. São João é uma festa que tem gastronomia, indumentária, música, dança… Mas essas misturas são inevitáveis”.

Zelito completa 13 anos do evento Forró no Parque neste ano. Com as restrições em decorrência da Covid-19, a festa não acontecia há dois anos. Para comemorar o retorno das atividades, o tradicional forró ganhou três edições: abril, maio e junho. 

Para o mês junino, o forrozeiro preparou uma festa especial no dia 12, Dia dos Namorados, às 11h, no Largo Pedro Arcanjo, no Pelourinho.  “Tem que chegar muito cedo, vamos dançar forró temperado até as 15h, aguardo vocês!”

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BACIA DO RIO SÃO FRANCISCO PERDEU 50% DA SUPERFÍCIE NATURAL DE ÁGUA E MAIS DE 7 MILHÕES DE HECTARES DE VEGETAÇÃO NATIVA, APONTA ESTUDO

Segundo dados da iniciativa MapBiomas, a Bacia do São Francisco perdeu 50% da superfície de água natural entre os anos de 1985 e 2020. Contando com as ações humanas que trouxeram um aumento artificial de 13% da superfície de água de reservatórios, a redução foi de 4%, com as maiores perdas vistas no Alto e no Baixo São Francisco, de 19% e 21% respectivamente.

 O estudo marca o Dia Nacional de Defesa do Rio São Francisco a pedido do Plano Nordeste Potência, iniciativa de um conjunto de organizações brasileiras que trabalham pelo desenvolvimento verde e inclusivo da região.

O estudo também mostra como quatro grandes reservatórios apresentam tendência de queda na superfície de água nos últimos 36 anos. A maior é registrada na hidrelétrica Luiz Gonzaga entre Pernambuco e Bahia, seguida por Sobradinho, Três Marias e Xingó.

 A ação humana pode não ser suficiente para manter o recurso na região, especialmente considerando cenários de redução de chuva previstos para os próximos anos. "A criação de reservatórios aumenta a superfície de água, no entanto temos observado uma tendência de perda de água nos principais reservatórios, além da perda de superfície de água natural significativa na bacia do Rio São Francisco, isso favorece um cenário de crise hídrica", observou Carlos Souza Jr., coordenador do MapBiomas Água.

 “Esses números refletem o que nós podemos ver na prática. A Bacia do São Francisco sofre com o uso intenso e sem planejamento, seja dos recursos hídricos quanto do seu solo. Hoje existem populações que vivem nessa região e que já sofrem com essas variações.

Precisamos implementar soluções como a recuperação das áreas degradadas o mais rápido possível, além de promover uma boa gestão dos recursos”, afirma Renato Cunha, coordenador executivo do Gambá, grupo Ambientalista da Bahia.

 A Bacia do São Francisco é a terceira maior do país e corresponde a cerca de 8% do território nacional. Ainda que haja grandes variações entre os anos, a tendência de queda é clara e soma-se a análises anteriores, inclusive do governo federal. Estudo feito em 2013 pela extinta Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência, por exemplo, indicava que poderia haver uma perda de até 65% da vazão até 2040, com base no registro de 2005.

“Os preocupantes indicadores do MapBiomas mostram que é urgente a implantação de um profundo programa de revitalização, previsto desde o início do projeto de transposição e nunca realizado. Além das ações de reflorestamento, recomposição de áreas degradadas e obras de saneamento em centenas de municípios, é fundamental um plano de elevação e estabilização da vazão média do rio e incentivos a um modelo de economia que impulsione a regeneração da bacia hidrográfica”, propõe Sérgio Xavier, coordenador do Projeto HidroSinergia, do Centro Brasil no Clima, que está desenvolvendo o Lab de Economia Regenerativa do São Francisco nas fronteiras dos estados de Alagoas, 

BAHIA, SERGIPE E PERNAMBUCO: Outros dados do MapBiomas mostram que o uso da terra na bacia se intensificou. Atualmente, a cobertura de vegetação nativa nessa área é de 57%, mas chega a somente 30% no Baixo e 37% no Alto São Francisco. 

Apesar de existirem áreas consolidadas de agricultura e pastagem, a região hidrográfica perdeu 7 milhões de hectares de vegetação nativa nas últimas três décadas para a agropecuária, restando 36,2 milhões de hectares – desses, somente 17% estão em áreas protegidas. As pastagens ocupam 14,8 milhões de hectares e a agricultura, 3,4 milhões. A formação savânica foi a mais atingida, perdendo 4,6 milhões de hectares (14%). Além de Cerrado, outros dois biomas compõem a bacia, Mata Atlântica e Caatinga.

DESMATAMENTO: Esse avanço das atividades agrícolas se manifesta em outros indicadores. O Médio São Francisco registrou quase 2 mil alertas de desmatamento em 2019 e 2020, totalizando aproximadamente 99 mil hectares derrubados. A mesma sub-região mostrou o maior crescimento no número de sistemas de irrigação desde 1985, 1.870%, seguido pelo Alto São Francisco, com 1.586%.

“A bacia do São Francisco está sob pressão, tanto pela agricultura quanto pela geração de energia, que coloca em risco milhares de pessoas que vivem na região”, complementa Washington Rocha, coordenador da equipe Caatinga no MapBiomas.

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03 DE JUNHO-DIA EM DEFESA DO RIO SÃO FRANCICO, OPARÁ, VELHO CHICO

Não existe rio sem povo. Não existe povo sem rio.

Não existe rio sem povo. Não existe povo sem rio.

O São Francisco é assim, múltiplo,

porque é de todos, de muitos jeitos,

com muitas histórias e olhares.

Um rio feito de afluentes e de culturas diferentes,

que chegam de todos os cantos e criam algo único.

Alto, Médio, Submédio, Baixo,

inteiro São Francisco.

Pra ver o Velho Chico inteiro, de verdade,

tem que enxergar com o coração.

A arte tem que brilhar na retina,

a economia tem que vibrar,

a vida tem que pulsar. O Velho Chico das águas,

da fauna, da flora,

da cultura, da oportunidade,

das pessoas e dos sonhos.

Múltiplo, diverso, infinito.

Um rio que transborda trabalho, esperança,

novas histórias e novas realidades.

Porque o Velho Chico é uma contradição:

ao mesmo tempo em que está sempre mudando,

que é sempre novo,

nunca deixa de ser o mesmo em sua essência,

em sua força.

Por isso, cuidar do Velho Chico,

é cuidar do eterno e também do efêmero.

É perceber que as águas são o começo,

mas que existe muito mais além

do que a vista alcança.

Porque o São Francisco tá nos olhos,

tá nas mãos, tá na memória,

tá no sangue de todos nós.

E agir pelo rio, é agir pelas pessoas.

É agir pela vida e pelo futuro.

E é por isso que eu digo,

com a certeza de quem é um pouco Velho Chico também,

que o Velho Chico são muitos.

E se a gente cuidar, vai ser cada vez mais.

O Velho Chico são muitos.

Que Velho Chico é você?

Por: Maurilo Andreas Foto: Rodrigo de Angeli

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JOQUINHA GONZAGA, 70 ANOS E MAIS UM MÊS DE JUNHO NA VIDA DE VIAJANTE

É mês de junho. Há dois anos os festejos juninos não deram o ritmo. A pandemia da Covid-19 marcou um período de tristeza e também reflexões. "Sonhei olhando a Serra do Araripe. Madrugada pegava o carro junto aos meus músicos seguindo a vida de viajante Nordeste afora. Encontrando os amigos e fazendo shows".

A frase ano passado foi do cantor e compositor Joquinha Gonzaga, sobrinho de Luiz Gonzaga e neto do tocador de sanfona de 8 baixos, Januário. Emocionado Joquinha declarou as dificuldades vividas no  momento de isolamento social e proibição das festas juninas 2020 e 2021.

Este ano aos 70 anos, completado em abril, Joquinha Gonzaga, pega a sanfona e junto aos músicos mais uma vez segue a Vida de Viajante. 

"Ainda tenho datas que podem ser fechadas. Tenho show marcado em Caruaru, Paulo Afonso, Barbalha, Capim Grosso. Nossa missão é cantar e seguir a tradição deixada pelo nosso Rei do Baião', disse Joquinha.

João Januário Maciel, o Joquinha Gonzaga é hoje um dos poucos descendentes vivos da família precursora do forró, baião. Dos nove filhos de Santana e Januário, todos eles, já partiram para o sertão da eternidade. Joquinha Gonzaga, nasceu no dia 01 de abril de 1952, filho de Raimunda Januário (Dona Muniz, segunda irmã de Luiz Gonzaga) e João Francisco Maciel.

A filha de Joquinha, Sara Gonzaga é a atual produtora empresária do sanfoneiro que traz a humildade e o sorriso de Luiz Gonzaga estampado em cada abraço. Sara diz que durante todo o ano a vida do pai e sanfoneiro Joquinha "é andar por este Brasil percorrendo os sertões para manter a valorização dos verdadeiros sanfoneiros presente nos forrós".

A expectativa neste ano de 2022, No período das festas juninas, de maio até agosto (quando se celebra 02 de agosto a festa da saudade), a agenda de Joquinha Gonzaga é ganhar outro ritmo. "É mais acelerada. É assim que vou pelejando! Alô Exu, meu moxotó e cariri tô chegando prá tocar ai", brinca Joquinha Gonzaga, ressaltado que "todo ano é uma peleja pra levar o verdadeiro forró prá frente e mostrar o baião e xote, para o povo, como pediu "meu tio Luiz Gonzaga".

A sanfona de Joquinha Gonzaga tem a herança original do pé de serra do Araripe e banhos do Rio Brígida. Joquinha traz com sua sanfona o tom cada vez mais universal divulgado por Luiz Gonzaga. 

Seguindo o estradar e os sinais da vida do viajante vai Joquinha cumprindo os compromissos de agenda puxando o fole e soltando a voz, valorizando a tradição e mostrando para as novas gerações a contemporaneidade, modernidade dos acordes da sanfona modulada no ritmo, melodia e harmonia.

Sara conta orgulhosa e conhecedora da vida e obra da família, que Joquinha Gonzaga é o mais legítimo representante da arte de Luiz Gonzaga. Mora em Exu, Pernambuco. "Sempre está  contando histórias. Não foge das características do forró, xote, baião. Procura sempre a melhor satisfação do público que tem uma admiração especial a família, a cultura de Luiz Gonzaga, Zé Gonzaga, Severino e Chiquinha também tocadores de sanfona e já se foram. O estilo musical não pode ser diferente. É gonzagueano", diz Sara, na vitalidade da juventude.

“É emocionante a devoção que todo nós ainda hoje temos por Luiz Gonzaga e Dominguinhos e isto cresce a cada ano, mesmo com a invasão dessas bandas e um desprezo, descaso com a cultura. Mas não vamos desanimar. O importante é que apesar de tudo o verdadeiro forró não morre”, diz Joquinha Gonzaga. 

Contato para shows de Joquinha Gonzaga: (87) 999955829 e watsap: (87)999472323

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