DIA MUNDIAL DO RÁDIO: TREZE DE FEVEREIRO

Em data instituída pela ONU, dia 13 de fevereiro é o Dia Mundial do Rádio. Neste dia, em 1946, a Rádio ONU entrou no ar com sua primeira transmissão sobre o trabalho das Nações Unidas no mundo. O Dia Mundial do Rádio foi proclamado na Conferência Geral da UNESCO em 2011 e aprovado em 2012 pela Assembleia Geral das Nações Unidas. Segundo a ONU, o objetivo da data é conscientizar sobre a importância do veículo e fornecer acesso à informação. 

HISTÓRIA DO RÁDIO: Em 1860, o físico escocês James Clerk Maxwell descobriu as ondas rádio, porém, só em 1886, Heinrich Hertz apresentou as variações da corrente elétrica em forma de ondas de rádio. Desta forma, Guglielmo Marconi colocou em uma linha telefônica os sinais de rádio e o chamou de telégrafo sem fio. Tornando-se assim, o inventor do rádio. 

Porém, os feitos de Marconi criaram disputas judiciais. Nikola Tesla reivindicou a patente da invenção do rádio e até JC Bose também entrou na disputa judicial. É importante ressaltar que em 1943, a Suprema Corte dos EUA considerou Nikola Tesla como inventor do rádio. No Canadá, Reginald Fessenden foi conhecido como o precursor do rádio, principalmente por ser o primeiro a transmitir o som da voz humana sem fios. Porém, muitos autores creditam a invenção do rádio ao Guglielmo Marconi.

O rádio não tinha o formato de locução de como é conhecido nos dias atuais, pois só era transmitido sinais. A primeira transmissão de voz aconteceu em 1906, nos EUA, pelo engenheiro canadense Reginald Fessenden, transmitindo um concerto natalino para os tripulantes dos navios da United Fruit Company. Os primeiros equipamentos eram feitos de sulfeto de chumbo usados para detectar sinais de rádio, havendo bastante dificuldade para sintonização. A massificação do rádio só aconteceu em meados de 1927.

Em 06 de abril de 2021, foi instituído em Pernambuco o Dia Estadual do Rádio através do Presidente da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) , Eriberto Medeiros, promulgando a Lei 16.241 de autoria do Deputado Clodoaldo Magalhães (PSB-PE). A data relembra a primeira transmissão pelas ondas do rádio registrada no Brasil, que ocorreu no Recife, em 1919, pela Rádio Clube.

Só em 1922 a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, que é, até então, considerada a pioneira, fazia sua primeira transmissão oficial. Foi exatamente no dia 7 de setembro de 1922, nas comemorações do centenário da Independência do país, com a transmissão, à distancia e sem fios, da fala  do presidente Epitácio Pessoa. Mas a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, tendo à frente o médico Roquete Pinto, só começou a operar, no entanto, em 30 de abril de 1923.

A Rádio Clube foi a pioneira em função de ter feito a primeira transmissão oficial, em um estúdio improvisado na Ponte d'Uchoa, no Recife. Em fevereiro de 1923, a Rádio Clube de Pernambuco passou a operar com um transmissor de 10W, tendo sua abrangência aumentada para toda a área do Recife.

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RÁDIO CONTINUA VANGUARDA PELA CAPACIDADE DE MEXER COM A IMAGINAÇÃO DAS PESSOAS, DIZ PUBLICITÁRIO WASHINGTON OLIVETTO

O rádio passa por uma profunda transformação diante do avanço do áudio digital. Apesar das mudanças sofridas, ele preserva um conjunto de características que o torna capaz de absorver e explorar uma série de inovações, na avaliação de especialistas que compuseram a mesa de discussão “30 anos da CBN: das ondas ao podcast, o futuro do áudio”, no Palco do Conhecimento, na Rio Innovation Week.

Para Washington Olivetto, publicitário e fundador da W/GGK, da W/Brasil e da WMcCann, tanto o rádio quanto o podcast - que se popularizou nos últimos anos - possuem capacidade singular de lidar com a instantaneidade e a imaginação do público se comparado aos demais meios de comunicação:

"O rádio continua vanguarda por ter duas características imbatíveis: a instantaneidade e a capacidade de mexer com a imaginação das pessoas. Esse tipo de imaginação o rádio sempre vai ter e o podcast também. E isso bem produzido tem tudo para ser cada vez mais sucesso, seja para os anunciantes que apostaram nisso, seja para as agências que precisam de prestígio para trabalho criativo".

Márcia Menezes, head de Jornalismo Digital da Globo, destaca que o formato do áudio traz “uma temperatura do que está acontecendo” e mistura, no jornalismo, a informação com a “emoção e a verdade”.

Isso permite, avalia, que o mercado teste programas em áudio com formatos de curta e longa duração, a depender do consumo. A revolução trazida pelos podcasts, inclusive, expõe o potencial do áudio digital no mercado brasileiro:

— A voz traz o componente do humano, da verdade. Fizemos uma pesquisa em 2020 no Brasil que mostra que os novos formatos de áudio entram muito nas áreas urbanas, especialmente Sudeste e capitais do Nordeste. Ele captura - seja jornalismo ou entretenimento - várias gerações, especialmente entre os jovens a partir de 15 e 16 fala muito com a população brasileira, com a classe C.

Na avaliação de Marcelo Kischinhevsky, professor e pesquisador de Rádio da UFRJ, o rádio se adaptou melhor ao ecossistema digital do que a televisão aberta no país, que “demorou a entender o novo contexto de concorrência''.

Ele avalia que o rádio está cada vez mais inserido na lógica multiplataforma ao passo em que está presente no smartphone, nas mídias sociais, na TV por assinatura e até nos smart speakers (assistentes de voz). Uma das próximas tendências para os próximos anos, diz, será o formato de “rádio híbrido”:

A BMW, por exemplo, fechou um acordo para ter equipado nos veículos de fábrica o rádio híbrido, que inclui o rádio digital via internet e o analógico. Você clica no painel do seu carro e ele busca nos dois formatos o melhor sinal e coloca pra tocar pra você. Além disso, tem outras coisas sendo estudadas no rádio híbrido que envolve a escuta não linear, em que o usuário pode ter acesso a listas de músicas que vão tocar na rádio e pular o que não quer ouvir ou ouvir fora daquela ordem, podendo voltar ao fluxo normal à qualquer momento. São algumas das novidades a nível internacional.

Para Washington Olivetto, uma das frentes que ainda precisam ganhar corpo no Brasil é o investimento publicitário em áudio digital. Há vasto potencial de crescimento na área, diz ele:

— Historicamente, o que fez o sucesso da publicidade brasileira foi a boa relação entre agências, veículos e anunciantes. Mais do que nunca, agora com o rádio, podcasts e a possibilidade de alguns assumirem características visuais, é fundamental que agências e anunciantes de veículos estejam unidos para a gente começar a fazer coisas cada vez de maior qualidade. (Fonte: O Globo)

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PESQUISADOR CÍCERO ANDRÉ DA COSTA MORAES RECEBE TÍTULO DE DOUTOR HONORIS CAUSA

Neste domingo (13) às 17h), será lançada na cidade do Crato, Ceará, na Sé Catedral de Nossa Senhora da Penha, a face de São Vicente de Paulo, o Patrono da Caridade. "Um sonho que se torna realidade a partir da união estabelecida entre a Diocese de Crato, FUNCAR - Fundação Cariri, FATELL - Faculdade Tecnológica de Limoeiro do Norte e OESSJ-RJ: Ordem Equestre do Santo Sepulcro de Jerusalem, no Rio de Janeiro", diz a professora mestre, doutoranda Antônia Ladislau de Souza. 

Ainda de acordo com a professora que é presidente da Fundação Cariri-Funcar,  a iniciativa é um momento ímpar para a história e a cultura da Cidade de Crato. Professora Antonia Ladislau cita a contribuição de José Luís Araújo Lira cearense de Guaraciaba do Norte, hagiólogo, escritor, professor universitário com mestrado, doutorado e pós doutorado na área do Direito, além de co-fundador da Academia Brasileira de Hagiologia.

No próximo dia 15, quinta-feira, o professor e pesquisador Cícero André da Costa Moraes, receberá a outorga do título de Doutor Honoris Causa. O evento acontece no auditório do Colégio Diocesano do Crato Ceará, às 10hs.

Cícero André é natural de Chapecó (Santa Catarina) e reside atualmente em Sinop (MT). Tem formação em marketing e cursa pós-graduação em metodologia do ensino. É especializado em computação gráfica 3D para as Ciências da Saúde e forense e responsável por mais de 70 reconstruções faciais de Santos, Santas e personagens históricos. 

Cícero publicou dois livros e escreveu diversos tutoriais e artigos voltados a computação gráfica 3D principalmente para iniciantes.

Cícero é integrante do grupo de pesquisas arqueológicas Arc-Team da Itália, membro da Equipe Brasileira de Antropologia Forense e Odontologia Legal (EBRAFOL), Acadêmico Honorário da Academia Brasileira de Hagiologia (ABRHAGI) e Membro Honorário da Sociedad Peruana de Odontología Legal Forense y Criminalística (SPOLFOC). 

Ministrou mais de 100 palestras e 50 minicursos nas cinco regiões brasileiras e outros países participando de eventos como a Campus Party (México e Brasil), a COMTEL (Peru), a Latinoware (PR), a III Jornada de Odontologia e Antropologia Forense na USP e o FISL (RS).

O pesquisador recebeu em 2014  a Comenda Colonizador Ênio Pipino, na cidade de Sinop-MT e em 2015 foi honrado com o título de Cidadão Mato-Grossense oferecido pela Assembleia Legislativa do estado. Ainda nesse ano forneceu 27 reconstruções faciais para a mostra os muitos rostos da história humana apresentada em Pádua na Itália, onde além de dezenas reconstruções voltadas à evolução humana também apresentou as faces de Santo Antônio de Pádua e outras personalidades da cidade.


Além de Antônio, reconstruiu a face de outros seis santos católicos, dentre eles Santa Paulina, Santa Rosa de Lima e de Santa Maria Madalena a partir de um crânio supostamente atribuído a ela, presente em Sain-Maximin-La-Sainte-Baume, França. Junto com um grupo de pesquisas interdisciplinar majoritariamente composto por Médicos Veterinários, criou próteses para seis animais. Dentre os trabalhos mais notórios destacam-se o primeiro bico de um tucano, o primeiro casco completo de um jabuti e o primeiro bico de uma arara, todos impressos em 3D e colocados diretamente nos animais.

Atualmente trabalha com planejamento digital de cirurgias ortognáticas.

O Jornal Vatican News destaca que a reconstrução facial de São Vicente foi feita a partir das fotografias do crânio. 

“Quando eu mostrei ao doutor Cícero esse material - conta José Luís Lira – ele me disse: “Olha, parece que essa pessoa estava preparando o material para uma reconstrução, porque está muito bom, está muito fiel e está muito contextualizada a questão da fotografia”.

O designer 3D Cícero Moraes fala com conhecimento de causa. Ele é responsável por mais de 70 reconstrução faciais, entre as quais 2 Beatos e com esta de São Vicente, 18 Santos.

Cícero André revela que reconstrução facial de São Vicente de Paulo utilizou três abordagens clássicas de aproximação forense, que seria a abordagem russa, americana e inglesa.

"Além disso a gente utilizou um melhoramento que nós estudamos há pouco para o traçado do nariz, baseado em 150 tomografias de indivíduos vivos, que aumentou a precisão dessa região importante da face. A reconstrução facial no geral utiliza duas abordagens: uma é anatômica - por exemplo, a gente coloca os músculos principais do rosto - e a outra abordagem é uma abordagem mais estatística, que entra essa parte da projeção do nariz, dos lábios, o posicionamento do globo ocular dentro da órbita. E a gente também saber qual que é a massa em determinados pontos da face que, lembre-se, a gente tem apenas o crânio. Então dentro desse contexto, não teve nada de diferente nessa reconstrução, nós seguimos a metodologia clássica".

O pesquisador diz que o grande diferencial desse projeto é que ele nasceu de um âmbito puramente digital. 'Nós tomamos fotos que foram tiradas na década de 1960, extraímos a parte do crânio que aparece nessa foto, o que resultou imagens de média resolução". 

"Essas imagens - mais ou menos umas seis ou sete do crânio de posições diferentes -, elas foram enviadas para oito especialistas da área de medicina e odontologia - majoritariamente no campo forense -, eles observaram sem saber de quem se tratava e identificaram, a partir dessas imagens, alguns aspectos que permitiram a reconstrução facial, como por exemplo, o sexo do indivíduo – masculino -, a idade avançada, ancestralidade europeia e algumas deficiências, como por exemplo, a deficiência na parte da maxila, e uma leve projeção da mandíbula, o que definiria a classe 3 de prognatismo mandibular. E com esses dados todos extraídos de um campo puramente digital, foi possível saber que imagens de média resolução permitem esse tipo de abordagem, o que pode evoluir, até por uma inteligência artificial futura, onde você faz várias fotografias de um crânio e a própria inteligência já consegue identificar aspectos de quem foi esse indivíduo e pode ser muito útil em campos onde tem muitos crânios e uma visualização puramente humana seria inviável. Então a grande evolução é nesse contexto, a participação de todos esses especialistas, que culminou na publicação de um capítulo de livro, onde nós explicamos todo o processo, desde o início em 2015, até a apresentação".

Cícero enfatiza que o mérito de idealizar e viabilizar a reconstrução é do doutor José Luís Lira, mas que teve a honra de participar na etapa inicial e “angariar também a participação desses oito especialistas que vieram posteriormente a fazer parte desse projeto. Então foi um projeto único nesse sentido, bem documentado, e que vai permitir, talvez, desdobramentos futuros bem interessantes no campo da área forense, da medicina forense e da inteligência artificial”.


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SANFONEIRA DE 8 ANOS DESTACA BELEZA DA CHEIA DO RIO SÃO FRANCISCO

A última década foi de estiagens que castigaram o leito e quase fizeram secar um dos mais importantes rios do país. Mas as chuvas de dezembro e janeiro em Minas Gerais e no Oeste da Bahia recuperaram o São Francisco.

A chuva dos últimos meses também serviu para trazer alívio e mudar a cara de um dos maiores rios do país.

É no encontro com o Atlântico que o São Francisco mostra toda a sua força. Água doce, que veio das chuvas, se misturando a água do oceano depois de percorrer três mil quilômetros da nascente, em Minas Gerais, até a foz, na divisa de Sergipe com Alagoas. E pela primeira vez, Alice, de 8 anos, sanfoneira de Juazeiro da Bahia, olha para o Velho Chico cheio.

"Acho ele muito lindo assim, cheio, é a primeira vez que eu vejo ele assim bem cheio d'água, eu acho que ele fica com mais vida", conta Alice Dangelo Carvalho, sanfoneira.

Lagos abastecidos, comportas abertas nas represas. Só assim para a Joselma e o Nino voltarem a ver tanta água nas cachoeiras de Paulo Afonso - a última vez foi em 2009.

"Ê meu rio São Francisco, cada trecho tem a sua história, do alto a baixo, nenhum trecho fica de fora", relata a guia de turismo Joselma Rodrigues.
"Ter as águas do São Francisco voltando a correr pelas cachoeiras, torna esse espetáculo mais completo e mais bonito de se visitar, de se ver e se vivenciar", diz Nino Rangel, secretário de turismo de Paulo Afonso (BA).
A última década foi de secas severas que castigaram o leito e quase fizeram secar um dos mais importantes rios do país.

"A pior crise do São Francisco foi em 2014, quando a vazão em Minas chegou a 220 metros. Quase seco, quase que o rio é cortado num trecho de 39 quilômetros", ressalta o ambientalista Jackson Borges.
As chuvas de dezembro e janeiro em Minas Gerais e no Oeste da Bahia recuperaram o São Francisco, transformando a realidade rio abaixo.

Em alguns lugares, o nível do Velho Chico subiu quase quatro metros, cobrindo pedras e ilhas de areia que atrapalhavam a navegação. É um rio que voltou a ganhar força depois de 12 anos sofrendo com a falta de chuvas.

Só tão cheio assim é que é possível descobrir alguns lugares, como um pequeno cânion, com profundidade de mais de seis metros, onde a água fica paradinha entre os paredões da caatinga. E um dos muitos berçários de reprodução de peixes que estavam ameaçados de extinção. No futuro haverá fartura e um reforço na renda da população.

"Vai alimentar uma pesca extrativa, pelo menos daqui a dois anos nós vamos ter fartura de peixes e de espécies nativas", finaliza Emerson Soares, pesquisador da Universidade Federal de Alagoas. (Fonte: Jornal Nacional/TV Globo--Amorim Neto)
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EFEITOS DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS JÁ SÃO SENTIDOS NA BACIA DO RIO SÃO FRANCISCO

Quando se falava nos efeitos da ação humana sobre o meio ambiente e mudanças climáticas em 1972 na primeira conferência ambiental do mundo, a Conferência de Estocolmo na Suécia, realizada pela Organização das Nações Unidas (ONU), os discursos pareciam citar uma realidade distante de muitas gerações. Mas a conta chegou. As mudanças climáticas já são um fato consumado e repensar as atitudes individuais e coletivas se tornou ainda mais urgente. 

Na Bacia do Rio São Francisco, única inteiramente brasileira, é possível perceber como estes efeitos têm determinado a mudança de alguns padrões naturais e influenciado tudo à sua volta.

Desde o final do ano de 2021, a intensidade das chuvas registradas em toda a bacia do São Francisco, de acordo com o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) esteve acima da média, resultando no atual cenário de cheia. O fenômeno natural que não se via há muito tempo é provocado pela combinação de diferentes fatores como a ocorrência da La Niña, o aumento da temperatura dos oceanos e a ocorrência da Zona de Convergência do Atlântico Sul.

A situação de cheia na bacia do São Francisco, bem-vinda para todos que dependem das águas do Velho Chico, emite ainda um alerta importante. De acordo com o secretário do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, Almacks Luiz Silva, essa cheia quebra um ciclo histórico de pelo menos quatro outros eventos naturais acontecidos exatamente em intervalos de 30 anos.

“Com essa cheia, já percebemos que o cenário mudou. Em 1919, 1949, 1979 e 2009 ocorreram as grandes cheias em toda a bacia, sem considerar o trecho incremental do rio. Por exemplo, no estado do Pernambuco, há uns 12 anos houve uma grande cheia no rio Ipanema, que nasce no Pernambuco e deságua em Alagoas. Quando ocorre cheia nos rios afluentes, como o Paracatu e outros que estão a jusante de Três Marias, pode também ocorrer nesse trecho incremental, mas não em todo rio. Os afluentes baianos, como o Carinhanha, o Grande e o Corrente podem contribuir com cheias para Sobradinho, mas não no rio todo. É por isso que separamos as grandes cheias das cheias incrementais, e é exatamente nesse aspecto que temos vivenciado uma mudança. Da última cheia, em 2009, para a atual, em 2022, passaram-se 13 anos apenas, muito menos do que os habituais 30 anos, e isso mostra uma tendência de que a bacia tenha, a partir de agora, períodos irregulares de cheia”, explicou.

De acordo com documento elaborado pela Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf), em 1949, antes da construção da hidrelétrica de Sobradinho, o rio São Francisco atingiu uma vazão de 14.983m³/s e, em 1979, ano de inauguração da UHE Sobradinho, a maior cheia que ainda habita a memória de muitos ribeirinhos, atingiu o volume de 17.800 m³/s. A partir daí, com a possibilidade de controle de vazão realizada pela usina, a cheia de 2009 atingiu a vazão de 4.900m³/s.

Para o secretário as cidades devem se adaptar e se preparar para lidar com as mudanças climáticas. “As cidades têm que se preparar, não para reverter, porque já está sinalizado em todas as cidades ribeirinhas o nível que a água pode atingir de acordo com a quantidade de vazão liberada. Então, o que precisa é que as cidades cumpram com as normas e não permitam construções ou ocupação da agricultura nessas áreas. É preciso realizar educação ambiental de modo a conscientizar as pessoas de que as áreas inundáveis pertencem ao rio e quando ele enche, tudo volta a ser ocupado pelas águas”, pontuou.

No final do ano passado, o estudo “Avaliação de Secas na Bacia do Rio São Francisco por meio de Índices Terrestres e de Satélite”, publicado pelo periódico suíço Remote Sensig, mostrou que a bacia hidrográfica do Rio São Francisco já havia perdido, em 35 anos, mais de 30 mil hectares de superfície com água. O dado científico é perceptível para quem lida com o Velho Chico rotineiramente. É o caso do balseiro Ildeu Novais Pinto. Com 96 anos, navegou desde cedo com o pai pelo rio São Francisco e lembra que as chuvas que ocorriam com mais frequência, agora acontecem menos, mas com maior intensidade. “Dos meus tempos, quando navegava com meu pai com a barca de Paracatu a Pirapora, as chuvas eram constantes, mas elas se espaçaram muito, dando muito tempo ao sol para fazer o aquecimento da terra. As chuvas diminuíram muito e hoje há uma diferença extraordinária em relação a temperatura”.

Eventos extremos têm acontecido em todo o planeta e, assim como se falava há exatamente meio século, mais problemas devem se consolidar no dia-a-dia da humanidade, que já convive com secas extremas, períodos intensos de chuva, aumento de temperatura, entre muitos outros eventos climáticos.

Depois do primeiro passo dado, outros eventos se seguiram. Em 1987, foi assinado o Protocolo de Montreal, sobre substâncias que destroem a camada de ozônio. Em 1992, a ONU organizou a Conferência das Nações Unidas (Rio 92 ou ECO 92), que discutiu sobre clima, água, transporte coletivo, turismo ecológico e reciclagem. Realizada na cidade do Rio de Janeiro, a conferência reuniu 172 países e reconheceu que os problemas, antes de abrangência local, passaram a se tornar globais. Neste momento foi criada a Agenda 21 que, entre outras propostas, estipulou a mudança nos padrões de consumo e o combate ao desflorestamento.

Já em 1997, foi assinado no Japão o Protocolo de Kyoto, que visava a redução das emissões de gases do efeito estufa. O Brasil foi um dos 175 países que assinaram e ratificaram o acordo que passou a valer a partir de 2004. Já em 2002, aconteceu na África do Sul a Rio +10, também conhecida como Cúpula de Joanesburgo ou Conferência Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável, que destacou, entre outros aspectos, a promoção do acesso à água potável e melhoria do saneamento básico para atender as populações.

Vinte anos depois da Rio 92, aconteceu no Brasil, em 2012, a Rio +20, também conhecida como Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, reunindo 193 países-membros da ONU. Neste evento se originou o documento que ficou conhecido como “O futuro que queremos” e nele, entre outros aspectos, se propunha proteger os recursos naturais, mudar os modos de consumo e promover o crescimento econômico sustentável. Para o ambientalista Antônio Jackson Borges Lima, uma questão fundamental no processo de mudanças na bacia é também a preservação dos aquíferos. “Os aquíferos mantêm o rio vivo em tempo de seca. São eles que sustentam as nascentes e quando há uma exploração excessiva, aí temos, também, graves consequências para a bacia, como um todo”, alertou.

Em 2015, sucedendo o Protocolo de Kyoto, o Acordo de Paris teve o objetivo de propor a redução das emissões de gases de efeito estufa na camada de ozônio, e manter o aumento da temperatura do planeta abaixo de 2ºC. O acordo foi aprovado por 195 países em 2015, incluindo o Brasil. Mesmo mediante todos os esforços, a temperatura média do planeta no período entre 2021 e 2025 pode se tornar maior em relação ao período de 2016 a 2020, significando o mais quente da história desde a era pré-industrial, de acordo com relatório divulgado pela Organização das Nações Unidas (ONU), que aponta ainda uma probabilidade de 80% de que a média dos próximos cinco anos seja superior à dos últimos cinco.

O meteorologista Humberto Barbosa ressalta que, globalmente, 2021 foi o sexto ano mais quente já registrado para temperaturas de superfície, de acordo com dados divulgados pela NASA e pela Administração Nacional Oceânica e Atmosférica em seu relatório anual sobre o clima global, em 13 de janeiro de 2022. 

“Além disso, as temperaturas do oceano estabeleceram um novo calor recorde em 2021. Os oceanos do mundo estão mais quentes do que nunca, e seu calor tem aumentado a cada década desde a década de 1960. Este aumento implacável é um indicador primário da mudança climática induzida pelo homem. À medida que os oceanos aquecem, seu calor sobrecarrega os sistemas climáticos, criando tempestades e furacões mais severos e chuvas mais intensas. Isso ameaça a vida humana e os meios de subsistência, bem como a vida marinha”, afirmou. (Fonte: CHBSF)

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MAIS DE 100 FAMÍLIAS SERÃO BENEFICIADAS COM USO TERAPÊUTICO DA MACONHA EM PERNAMBUCO

Desde o ano passado uma decisão da 12ª Vara da Justiça Federal de Pernambuco, a Associação Amme Medicinal recebeu a autorização para plantar, manipular e produzir produtos derivados da maconha para o uso terapêutico.

A associação não-governamental e sem fins lucrativos tem como principal bandeira a luta pelo acesso ao cultivo, tratamento e informação sobre a terapêutica da planta. 

Hoje, ela atende 108 pessoas com fibromialgia, Mal de Parkinson, dor crônica e diversas outras doenças. “A decisão foi para reforçar isso, a importância do trabalho para a sociedade. A necessidade é real e é urgente. Quem tem dor não espera”, afirmou o presidente da associação, Diogo Dias

Mas esta ação não é algo pontual. Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), foram importados cerca de 45 mil produtos à base de cannabis somente em 2020. O que significa que não só as pessoas estão buscando o tratamento, mas também que os médicos estão prescrevendo.

“Nós estamos falando de uma planta. Nós podemos considerar a maconha um tratamento fitoterápico, porque ela não passa por nenhum processo da indústria propriamente dito. Mas a gente está falando de um tratamento que várias associações dispõem pelo Brasil afora, que tem uma eficácia muito interessante na melhora clínica da qualidade de vida das pessoas que estão fazendo uso e sabemos que isso tem que ser expandido, sabemos que tem que melhorar e sabemos também a nossa luta em favor da maconha terapêutica e com acesso pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e a importância disso para o Brasil”, destaca Marcos Bosquiero, integrante da Liga Canábica e médico de Saúde da Família e Comunidade.

O tratamento com maconha tem eficácia comprovada para mais de 250 tipos de doenças, entre elas a epilepsia. Como é  o caso de Pedro, de 12 anos, que tinha cerca de 50 convulsões por dia e tomava 16 comprimidos já aos 5 anos. O seu pai, Júlio Américo, que também é integrante da Liga Canábica e possui habeas corpus para o plantio da maconha, percebe que o filho é outra criança depois do tratamento.

“Pedro não controlava direito o tronco, só tinha controle parcial do tronco e da cabeça, ficava assim 'tronxinho' na cadeira de rodas, Pedro não conseguia olhar nos olhos das pessoas, não chorava, não sorria, não demonstrava sentimentos. Pra gente não tem palavras para descrever, você se sente pai em uma relação de reciprocidade. Você vê que essa criança agora consegue se comunicar, consegue dizer o quanto ela está incomodada ou o quanto ela está feliz, o quanto ela quer carinho, ela consegue pedir as coisas”, relembra Júlio.

Após a liminar, a lista de espera da Amme Medicinal ultrapassou 100 pessoas somente no primeiro dia. Mas elas só poderão ter acesso ao produto após a sentença do processo, que segue em tramitação. “O governo proíbe, mas a sociedade pressiona. A partir do momento que você tem várias associações conseguindo a liminar e vários indivíduos conseguindo habeas corpus, tornando leis como a da apologia em desuso, vai criando uma situação insustentável até chegar ao ponto que o estado não consiga mais manter aquilo. E aí vem a legalização.”, analisa Diogo

Apesar do preconceito e dos estigmas em torno do tema, o Brasil é hoje um dos países que mais pesquisa sobre maconha no mundo. E para que os tratamentos sejam mais acessíveis, o médico acredita que a legalização é uma questão central de saúde pública.

“Então, a gente tem que estudar, porque isso é importante e pode nos ajudar. É uma planta, é bom que a gente deixe isso bem claro, a gente está falando de uma planta, que poderia ser uma erva cidreira que você tem no fundo da sua casa, que poderia ser um boldo, que poderia ser um capim santo, um alecrim que a gente pode fazer chá também.  Mas a gente tem que conhecer e pra gente conhecer, mas pra conhecer a gente tem que legalizar”, conclui o médico. (Fonte-Brasil de Fato)

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CASO BEATRIZ: TODAS AS TESTEMUNHAS QUE PARTICIPARAM DA RECONSTITUIÇÃO RECONHECERAM SUSPEITO, DIZ ADVOGADO DOS PAIS DA MENINA ASSASSINADA

Todas as testemunhas que participaram da reconstituição simulada do assassinato da menina Beatriz Angélica Mota, de 7 anos, reconheceram Marcelo da Silva, de 40 anos, como autor do crime. A informação foi confirmada pelo advogado dos pais de Beatriz, Jaime Badeca, durante os trabalhos realizados pelos peritos da Polícia Civil de Pernambuco, nesta sexta-feira (11) em Petrolina, no Sertão.

As testemunhas são pessoas que estavam na festa de formatura do Colégio Nossa Senhora Auxiliadora, em dezembro de 2015, quando Beatriz foi morta a facadas. Elas teriam visto o suspeito no dia do crime. Se estivesse viva, Beatriz completaria 14 anos nesta sexta-feira.

A Polícia Civil de Pernambuco informou que o inquérito está sob segredo de Justiça e, por isso, não serão dadas informações, etapas e detalhes das investigações.

A defesa de Marcelo, que está preso como suspeito do crime na Penitenciária Doutor Edvaldo Gomes em Petrolina, expressou descontentamento com o reconhecimento e alegou que irá solicitar impugnação.

“Iremos judicializar o ato, porque uma situação de extrema estranheza aconteceu. Todo mundo sabe que há mais de um mês vem ventilando a foto do Marcelo trajando uma camiseta amarela. Curiosamente Marcelo me aparece na hora do reconhecimento com uma camiseta amarela. Isso é tendencioso. Vamos judicializar e certamente essa perícia será invalidada”, destacou o advogado de Marcelo da Silva, Rafael Nunes.

Marcelo da Silva, se tornou o principal suspeito do assassinato de Beatriz em janeiro de 2022, seis anos após a morte da menina. Ele foi apontado como autor do crime pela polícia, após exames de DNA, colhidos na faca, comprovarem a participação dele no crime. Marcelo chegou a confessar, mas voltou atrás e se diz inocente. (Fonte: g1)

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