PARQUE AZA BRANCA CELEBRA 32 ANOS DE SAUDADES DE LUIZ GONZAGA

No próximo dia 02 de agosto, o cantor e sanfoneiro Luiz Gonzaga, o Rei do Baião, completa 32 anos de falecimento. Este ano, mais uma vez devido o decreto de distanciamento social não terá aglomeração no Parque Asa Branca, localizado em Exu, Pernambuco, terra onde nasceu o Rei do Baião.

Todos os anos é celebrada a 'Festa da Saudade do Gonzagão. As homenagens ao músico acontecem no Parque Aza Branca, local onde estão o acervo, o museu e o mausoléu do artista. 

De acordo com o presidente da Organização não Governamental (ONG) que administra o parque, Francisco Parente Júnior (Junior Parente), no domingo às 9hs será celebrada uma Missa em Ação de Graças. A missa acontece embaixo do pé de juazeiro

A missa será transmitida pelo canal de youTube da ONG Parque Aza Branca.

Administrado pela ONG Aza Branca, o espaço Parque Aza Branca segue sem faturamento. As principais fontes de receita do espaço são as vendas dos ingressos para o museu além da comercialização de artigos de couro como chapéus, livros, camisas, cds e sandálias.

O Parque Aza Branca é um patrimônio cultural do Nordeste Brasileiro. Sua função é preservar o acervo constituído pelo legado de Luiz Gonzaga – O Rei do Baião, em Exu, sua terra natal.

Esse legado foi iniciado pelo próprio Luiz Gonzaga que, retornando a Exu, teve a idéia de criar esse espaço cultural, dotando-o com objetos pessoais.

O Museu do Gonzagão traz a marca de seu caráter, cultor de raízes e nordestino assumido. Ali deixaria a melhor parte de sua história, marcada por grandes mudanças, pelejas e o sucesso conhecido de todos.


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LIVE DELAS APRESENTA SHOWS INÉDITO COM CANTORAS, COMPOSITORAS E MUSICISTAS DO VALE DO SÃO FRANCISCO

No próximo sábado (31), às 20h, acontece a Live Delas. O projeto traz o encontro de três cantoras e compositoras do Vale do São Francisco: Camila Yasmine, Joyce Guirra e Mirielle Cajuhy. Além disso, o show conta com uma banda exclusivamente formada por mulheres. Outra novidade são os encontros entre as cantoras, com duetos e trios para interpretação de canções autorais.

A ideia é potencializar a visibilidade dessas artistas, principalmente como compositoras, proporcionar o encontro inédito entre as três cantoras e incentivar outras artistas a explorarem seu talento e trabalho. A proposta do show autoral é inédita e visa destacar o talento dessas mulheres para a composição. Não por acaso, todas já participaram de festivais de música, com destaque para o Festival Edésio Santos da Canção, em sua maioria, com premiações de destaque.

O projeto é idealizado pelo Delas Produtora e tem incentivo da Lei Aldir Blanc, através do edital Culturas Identitárias, categoria Gênero, da Secretaria de Cultura, Turismo e Esporte da Prefeitura Municipal de Juazeiro.

SERVIÇO:

O que é: Live Show DELAS

Dia: 31/07 – (sábado)

Horário: 20h


Transmissão: Canal DELAS Produtora no Youtube


Mais informações: Instagram @delas_produtora

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JOIAS DA COROA, EXPRESSÃO E TÉCNICA EM COURO DE ROMILDO APRIGIO É TEMA DE LIVE NESTA QUARTA (28)

O Centro Cultural Cais do Sertão, equipamento gerido pela Secretaria de Turismo e Lazer de Pernambuco e a Empetur e localizado no Bairro do Recife, na capital pernambucana, reabre para visitação presencial nesta quinta-feira (1º), seguindo todos os protocolos de segurança contra a Covid-19. Por enquanto, a capacidade admitida é de 50 pessoas dentro do museu ao mesmo tempo.

Para esta fase de retomada, o Cais anuncia o seu funcionamento nos seguintes horários: quintas e sextas-feiras, das 10h às 16h, e aos sábados, domingos e feriados, das 11h às 17h. Quem for ao museu vai perceber que toda a área expositiva do equipamento conta com sinalização especial, com lembretes sobre higienização das mãos e o distanciamento social obrigatório de 1,5m. Durante todo o tempo da visita, o público deve permanecer de máscara.

Os ingressos para o Cais do Sertão seguem no valor regular de R$10 (inteira) e R$ 5 (meia-entrada), com uma novidade: é possível agora efetuar o pagamento via pix.

Programação On-line:

O fato de reabrir as portas não significa dizer que o Cais do Sertão vai relegar a segundo plano a programação on-line nas redes sociais, considerada um diferencial entre os centros culturais do País na pandemia . Ao longo do mês, o museu promete manter o alto nível de discussões e do conteúdo oferecido pelo Instagram, YouTube e Spotify.

Um dos destaques desta semana é a faixa Conexão Cais, que ganha um programa especial nesta semana. Agora aprovado pela Lei Aldir Blanc (LAB-PE), o quadro conta com entrevistas de Patrimônios Vivos de Pernambuco. Nesta quarta-feira (30), a gestora do Cais, Maria Rosa Maia, e o fotógrafo Fred Jordão, revelam a trajetória artística  do Mestre Biu, propagador no coco, rima, ciranda e embolada em Aliança, Zona da Mata Norte de Pernambuco.

Outro quadro que segue firme na programação da casa é o Papo de Museu, que promove a interlocução entre artistas, pesquisadores e gestores culturais do Estado e de todo País. Entre os convidados do mês de julho, a cantora e compositora Terezinha do Acordeon, a coquista de Olinda Mestra Ana Lúcia, a Quadrilha Pisa no Espinho, filho do artesão de couro Mestre Aprígio, Romildo Aprígio, e a contadora de histórias Mariane Bigio.

O perfil do Spotify continua a embalar e inspirar os ouvintes-internautas com a seleção de artistas locais e nacionais. Para este mês, está programado repertório dedicado às coquistas do Estado, passando pelo legado de Terezinha do Acordeon ao Cangaço cantado por mulheres. E a criançada também será contemplada com  uma seleção infantil, remetendo às férias.


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PRIMEIRO EPISÓDIO DA WEBSÉRIE MANDINGA NA BEIRA DO RIO JÁ ESTÁ DISPONÍVEL NA INTERNET

A trajetória da capoeiragem na cidade de Juazeiro-BA, das rodas de rua dos anos 60 até as configurações dos dias atuais, contada a partir das experiências e vivências dos mestres Butica, Marreta e Deca. Essa é a proposta da websérie "Mandinga na Beira do Rio", que já está com seu primeiro episódio disponível no YouTube (https://bityli.com/yeTUb) e no Instagram do Projeto Malê (@projetomale), coletivo de educação artística nascido nas cidades ribeirinhas de Juazeiro-BA e Petrolina-PE.

"Nesse primeiro episódio, intitulado 'Nascido na beira do rio', trazemos a história de Mestre Butica, que dedicou parte de sua vida à capoeiragem. Ele conta sobre o início da sua trajetória na capoeira, por volta dos anos 60, como também da experiência em ter sido o primeiro mestre em Juazeiro", conta Mayane Santos, jornalista juazeirense que assina a direção e o roteiro da websérie.

No segundo episódio - "No passo da avenida" -, Mestre Marreta fala da participação dos capoeiras no carnaval juazeirense e nos desfiles das escolas de samba, e sobre o preconceito. O processo de formalização da capoeiragem, com a inserção do movimento nas academias, é tema do episódio três, "A 'evolução' da capoeira", com Mestre Deca. Por fim, os Mestres estarão reunidos em "A força dos antigos", numa conversa sobre a atuação do poder público junto às culturas populares. Esses próximos episódios serão liberados, respectivamente, em 27, 29 e 31 de julho, sempre às 20h.

"Mandinga na beira do rio" nasceu em 2019, a partir de diálogos realizados juntos à mestres antigos do município. À época, o Projeto Malê produziu um episódio piloto sobre a história do Mestre Botica, apesar dos escassos recursos que o coletivo tinha disponível. A produção, que é inédita na região do Vale do São Francisco, visa também contribuir para o registro da memória da capoeira local, já que há uma escassez de conteúdos que registrem a historicidade do movimento.

"A oralidade se mantém presente, mas até hoje não existe nenhum material audiovisual dessas figuras e várias outras que a gente buscou pesquisar. Priorizamos a questão da idade e partimos então desses três personagens mais antigos. Com a Aldir Blanc vimos a possibilidade de dar esse ponta pé com esses três nomes, mas deixando abertura para contar outras tantas histórias oriundas desses três personagens", contou João Borges, roteirista e responsável pela pesquisa histórica da capoeira em Juazeiro.

Produzida por meio de recursos do edital Prêmio de Cultura Lei Aldir Blanc - Culturas Identitárias, de Juazeiro-BA, a websérie "Mandinga na beira do rio", além de estar disponível nas plataformas digitais, também será distribuída nas escolas municipais da cidade, em respeito a Lei 10.639, que a partir de 2003 tornou obrigatório o ensino da história e cultura afro-brasileira e africana em todas as escolas, mas que ainda é alvo de violações.

PROJETO: O Malê é um coletivo de educação artística, nascido nas cidades ribeirinhas de Juazeiro-BA e Petrolina-PE, e que tem, como orientação, os fundamentos da Capoeira Angola como meio de difusão do pensamento. Antes da pandemia da covid-19, o coletivo realizava treinos semanais pelos bairros periféricos de ambas as cidades e também no Arco da Ponte, estando no município de Juazeiro também com a única roda semanal de Capoeira Angola. O projeto age em conjunto com os núcleos, que desenvolvem atividades em suas respectivas áreas com o intuito de espalhar o corpo da Capoeira Angola nas periferias, estimulando-se com estudos da espiritualidade afro-brasileira e indígena como métodos de abordagem para o enfrentamento dos dilemas do dia a dia. (FONTE: Ascom/Thiago Santos)

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FLORESTA NACIONAL DO ARARIPE COMPLETA 75 ANOS

Primeira a ser instituída no Brasil, a Floresta Nacional do Araripe, no Ceará, é o cenário perfeito para quem gosta de natureza e de se aventurar em trilhas seja para pedalar, correr ou fazer caminhada. Com ventos gelados pela manhã, principalmente nessa época do ano, nada melhor que uma bebida quente como o chá de cambuí - fruta nativa da região - para aquecer do frio antes de enfrentar as trilhas.

A floresta completou neste ano 75 anos de criação. Além de Araripe, a unidade abrange também os municípios cearenses de Santana do Cariri, Crato, Barbalha, Missão Velha e Jardim.

Conhecedor da floresta por conviver nela há mais e 40 anos, mestre Galdino sabe bem onde encontrar os ingredientes para preparar o chá que ajuda amenizar o frio da manhã dos trilheiros. "Para quem não conhece o cambuí, ele é primo legítimo da jabuticaba, só que tem uma diferença, a jabuticaba nasce no galho e essa daqui bota na ponta da folha. A gente vai fazer um chá misto da folha do cambuí com a cidreira que já está um pouco domesticada também com a nossa Flona Araripe", explica.

Quem decide fazer a trilha a pé sente com mais intensidade o ar puro e a sensação térmica caindo a medida que caminha sob a sombra das árvores ao mesmo tempo em que desfruta da paisagem. É o caso da professora universitária Rosa Medeiros, veterana dos passeios no local.

Outros pontos muito buscados por quem frequenta a floresta são os mirantes. De um deles, visitados pela reportagem é possível avistar pelo menos quatro cidades da região do Cariri.

PRESERVAÇÃO: O responsável por cuidar dos mais de 38 mil hectares de verde é o Instituto Chico Mendes de biodiversidade do qual Flávia Domingos faz parte da equipe. De acordo com ela, é sempre uma surpresa positiva quando os turistas se deparam com a beleza cênica do lugar.

"Ninguém espera, quem é de fora, encontrar uma vegetação tão exuberante, e tão magnífica aqui nessa região, então causa estranheza, mas para os que são da região já estão acostumados com essa pérola que nós temos aqui no Cariri. Ao proteger essa área, a vegetação, nós estamos melhorando o clima, está prestando uma série de serviços ambientais, e um deles é a beleza cênica, preservada, e com acesso para todas as pessoas" afirma.

A mata preservada com fontes de água cristalina que jorra o ano todo, além de cascatas só completam a beleza da floresta classificada como um verdadeiro pulmão pelo secretário adjunto do Desenvolvimento Econômico e Turismo do Crato, Manoel Pedrosa.

"Aqui tem uma fauna e uma flora muito diversificada. "É um pulmão porque, pela localização dela, aqui é o início do Cariri, o início do Ceará, os rios nascem aqui: Rio Salgado, vai para o Jaguaribe, até o norte e Fortaleza, então por conta da altitude está sempre gerando uma condição climática melhor", finaliza.

O ponto de partida para a demarcação da floresta foi a Casa Sede, construída em 1946 às margens da CE-292, rodovia que liga o Ceará a Pernambuco. A ideia inicial era que o espaço servisse de apoio para o patrimônio verde.

O chefe do Núcleo de Gestão Integrada ICMBio no Araripe, Carlos Augusto Pinheiro, destaca a evolução da Floresta Nacional ao longo dos anos e como ela foi se aperfeiçoando, deixando de ser tão somente uma casa administrativa para se tornar ponto de pesquisas e monitoramento.

“Ao longo dos anos que eles foram se estruturando, então ela passou de ser a casa do chefe, casa administrativa, para ser um ponto de pesquisa, ponto de monitoramento nosso de prevenção de combate a incêndios florestais”, afirmou.

A Floresta do Araripe é administrada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e faz parte do Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (Snuc). De acordo com especialistas a floresta possui um dos últimos redutos de Mata Atlântica do Brasil. Além disso, abriga espécies raras da fauna e flora, a exemplo do Soldadinho-do-Araripe, ave em gravíssimo risco de extinção, que sobrevive na mata úmida no sopé da floresta.

Além de promover a proteção da floresta, o ICMBio também tem a missão de promover o turismo sustentável. Em tempos de pandemia, o contato com a natureza tem sido mais procurado. A preocupação do órgão é tentar manter o distanciamento para preservar a saúde dos visitantes.

"A gente pensa que faz parte da saúde mental e física poder estar desfrutando de um espaço desses. Mas isso tem que ser feito com todos os critérios, todos os cuidados. Não é porque estamos em espaços abertos que podemos abrir mão das máscaras, porque aqui tem outras pessoas visitando o espaço. Nós temos que ter cuidado com a fauna, não sabemos os efeitos desse vírus com a fauna local", diz Flávia Domingos, analista ambiental.

G1 ce Foto: Frederico Holanda Bastos

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MUSEU LUIZ GONZAGA, DISTRITO DE DOM QUINTINO PROMOVE LIVE NO DIA 02 DE AGOSTO


"Opa Pessoal! Nós do Museu Luiz Gonzaga, Distrito de Dom Quintino, Ceará estamos fazendo uma programação em homenagem aos 32 anos de Saudade do nosso Rei do Baião. E pra isso infelizmente temos gastos e com a Pandemia o Museu está fechado, com isso estamos fazendo uma vaquinha para arrecadar dinheiro para nossa live. Você pode nos Ajudar? qualquer quantia é super bem-vinda!  A chave PIX: museudeluizgonzagacrato@gmail.com

Um cheiro no coração de todos e MUITO OBRIGADO"!

Essa é a mensagem do criador, diretor presidente do Museu Luiz Gonzaga, Pedro Lucas Feitosa, 16 anos.  A live será realizada no dia 02 de agosto, às 18hs


A história do adolescente teve início em 2013, Pedro Lucas Feitosa, então com 8 anos, voltou encantado de uma visita que fizera ao Parque Asa Branca, o Museu do Gonzagão, em Exu, Pernambuco. Ao voltar para a sua casa, no Crato (Cariri cearense), Pedro Lucas já sabia como dar vazão à admiração que nutre por Luiz Gonzaga: ele criaria um museu dedicado ao Rei do Baião, na casa em que sua falecida bisavó morava, vizinha à dele.

A história virou realidade no distrito de Dom Quintino, a 26 km do centro do Crato,  Ceará, onde Pedro Lucas, montou o museu para contar a história de Luiz Gonzaga. O garoto teve inspiração de outros lugares artísticos. "Eu vi muita gente que queria conhecer a história dele, Luiz Gonzaga, logo vislumbrei criar um ponto turístico e eu criei o museu".

Segundo o avô, Antônio Feitosa, aos 5 anos o menino começou a ouvir as músicas de Luiz Gonzaga e se inspirou. A maior parte dos artigos do museu veio de doações de terceiros. "Eu postava na internet, o pessoal foi vendo e doando", diz o idealizador do museu.

A paixão pela música de Luiz Gonzaga foi concretizada quando numa festa de São João na escola, Pedro Lucas escutou “Numa Sala de Reboco”, letra de Zé Marcolino e ter gostado tanto da música que passou a cantá-la frequentemente. Uma tia dele viu o gosto pela música e presenteou-o com um CD de Luiz Gonzaga.

Atualmente, o Museu Luiz Gonzaga, está localizado na rua Rua Alto da Antena, no Distrito de Dom Quintino. O espaço já foi visitado por nomes como Chambinho do Acordeon, Targino Gondim e o pesquisador Paulo Vanderley, pesquisador da vida e obra de Luiz Gonzaga.

O Museu eúne objetos que recriam a época em que Gonzagão viveu. Pedro Lucas antes da pandemia guiava as visitas no local, contando a história de cada objeto do museu, função que divide com o primo, Caio Éverton. Além de vinis do artista, o museu exibe sanfonas, ferramentas de trabalho e utensílios, partes do universo cantado por Luiz Gonzaga.

Por toda a história é que Pedro Lucas, solicita aos amigos mais um incentivo. Para o futuro ele que ser um museólogo.

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É DOMINGUINHOS O MAIOR SANFONEIRO DO UNIVERSO

 

“Armaria, mãinha! Nãn! Quem é esse neném deitado em minha manjedourazinha?”

— É Dominguinhos, meu filho. O maior sanfoneiro do Universo. Fale baixo, Joshua, que ele precisa descansar. Fez uma viagem longa, está enfadado. Vá brincar com seus novos amigos, esse anjinhos que chegaram ainda há pouco da Palestina e das favelas pacificadas do Rio de Janeiro para a visita do Papa.

Nem bem falou Nossa Senhora, toda zelosa pelo sono do recém-chegado, e ouviu-se uma voz de trovão. Não era Deus.

— Acorda, seu Dominguinhos! Oxente! Amofinou-se, o homem? Acorda, seu Dominguinhos, que eu, Sivuca, Jackson do Pandeiro, Marinês e João do Vale queremos fazer um fuá com vosmicê.

Não era Deus. Era Luiz Gonzaga, quase Deus, já levantando o manto azul que Nossa Senhora havia colocado delicadamente sobre o corpo e a alma calma do sanfoneiro de Garanhuns, de Pernambuco, do Brasil, do Universo. E Nossa Senhora não teve nem tempo nem jeito de segurar os forrozeiros comandados pelo Rei do Baião, já tudo no pé da porta querendo dar as boas-vindas e tocar música boa com ele. E foi assim que Dominguinhos ressuscitou logo no primeiro dia. Pegou uma sanfona novinha trazida por Santa Luzia e está tocando e cantando com seus parceiros. A semana no céu agora não tem segunda, terça, quarta, quinta, sexta nem sábado. Todo dia é Dominguinhos. Dominguinhos vive, viva Osvaldinho do Acordeon! Dominguinhos vive, viva Camarão! Dominguinhos vive, viva Richard Galliano! Viva todos os sanfoneiros do mundo!

O mais universal dos acordeonistas vinha adoentado já há alguns anos, mas era só poder sair do hospital e já caía na estrada, ele mesmo dirigindo a caminhonete, revezando-se com um motorista. Gostava de dirigir, tinha medo de avião. E conhecia bem as estradas do Brasil. Era alguém estar perdido nas imensidões do Brasil e ligava pra ele. Bastava dizer onde estava e ele ensinava o melhor caminho para chegar. Uma espécie de Google Maps da música brasileira. Percorreu muito o nosso país. Primeiro com Luiz Gonzaga. Depois com Anastácia, Gilberto Gil, Gal Costa, fazendo o seu próprio trabalho solo.

Quando não estava na estrada, ou nos hospitais dos últimos tempos, enfiava-se em estúdios, onde quer que estivesse, para gravar, fazer participações em discos de iniciantes, desconhecidos, parceiros, gentes de outros estilos. Gostava de se misturar, de levar sua musicalidade única a todos os lugares, todos os sons, todos os sentidos. Talvez por isso mesmo tenha contagiado imensamente a música brasileira e influenciado praticamente todos os sanfoneiros seus contemporâneos e os que vieram depois dele. Se bem que, para ele, o tempo não parecia assim dividido em antes, durante e depois. Era como se vivesse num contínuo. Tudo sendo durante, como agora.

O acordeonista francês Richard Galliano chora de emoção no filme “Paraíba meu amor”, do diretor franco-suíço Bernard Robert-Charrue, ao encontrar-se pela primeira vez com Dominguinhos. Sempre que vinha ao Brasil, procurava os discos do sanfoneiro pernambucano em lojas e sebos. Era um ídolo, uma referência. No período em que Dominguinhos esteve enfermo, quando o hospital já não mais o devolveu para a amada estrada e aos estúdios, Richard Galliano fez uma música pra ele, uma linda melodia. 

Enquanto dormia Dominguinhos inspirou muitos outros artistas daqui e de alhures a compor pra ele, inspirados nele, canções de ninar, canções de acordar. Mas dessa vez ele só foi mesmo acordar no outro mundo, sob o manto azul da Santa, com a voz de trovão de Gonzagão e os resmungos do Menino Jesus por causa do empréstimo de sua manjedoura.

Dominguinhos vive, viva Dominguinhos!

(Texto: Francisco Cesar Gonçalves-Chico Cesar-cantor e compositor)

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