JUAZEIRO RECEBE 4º EDIÇÃO DO ENCONTRO NACIONAL DO CÍRCULO LITERÁRIO ANÁLITICO EXPERIMENTAL

J

Juazeiro sedia nos dias 20 e 21 de Fevereiro, a 4ª edição do Encontro Nacional do Círculo Literário Analítico Experimental (ENCLAE). O evento este ano acontece de forma virtual e deve reunir escritores, poetas, músicos e artistas de diversos seguimentos culturais da região com objetivo de promover e valorizar a cultura literária regional, incentivando assim o surgimento de novos autores e autoras.

No dia 20 acontece a mesa 'Juazeiro: perspectivas culturais para 2021' através do Google Meet às 19h, com a participação dos produtores culturais João Gilberto Guimarães (CLAE), Ramon Ranieri (Pulo de Gato) e Geraldo Júnior (Opara).  No dia 21, às 19h no canal 'Sincronia filmes' no YouTube, acontece a transmissão do Encontro Nacional do CLAE com show de Mariano Carvalho, lançamento da 14° edição da revista As Flores do Mal e participação virtual de autores de todo o Brasil.

Segundo o organizador Pablo Ambruch, esta edição do ENCLAE "é a celebração dos 15 anos do Círculo Literário Analítico Experimental, onde é possível reunir os amigos e participantes das produções ao longo dos anos e mostrar o trabalho que a editora vem desenvolvendo no Vale do São Francisco".

O projeto tem apoio financeiro do Estado da Bahia através da Secretaria de Cultura e da Fundação Pedro Calmon (Programa Aldir Blanc Bahia) via lei Aldir Blanc, direcionada pela Secretaria especial da Cultura do Ministério do Turismo, Governo Federal. (Ascom Texto: jornalista Cristina Laura

Nenhum comentário

EDIÇÃO ESPECIAL DA CACHAÇA SELETA VIRA RARIDADE NAS COLEÇÕES DOS PESQUISADORES DO REI DO BAIÃO LUIZ GONZAGA

Cachaça Seleta vai completar 10 anos da edição especial da bebida em homenagem ao filme nacional Gonzaga de Pai pra Filho. 

No ano de 2012 ano em que foi comemorado o centenário do “Rei do Baião”, o filme Gonzaga – De Pai pra Filho, assinado por Breno Silveira (diretor) retratou a história do relacionamento entre Luiz Gonzaga (Nivaldo Expedito de Carvalho) e seu filho Gonzaguinha (Júlio Andrade). 

Símbolo da cultura, a história serviu de inspiração para a criação da Edição Especial da Cachaça Seleta, a artesanal mais consumida no país. De propriedade de Antonio Rodrigues, a Seleta é produzida na cidade mineira Salinas, denominada capital mundial da cachaça.

As cachaças produzidas em Salinas possuem selo de indicação geográfica pelo INPI, pois ali se encontram as melhores condições climáticas, solo, água e cultivo de canas ideais para a produção da autêntica cachaça artesanal.

No próximo ano de 2022, a edição especial da Cachaça Seleta completa 10 anos. Alguns pesquisadores que vislumbraram o futuro e guardaram exemplares da cachaça, tem agora "uma raridade em forma de cachaça" e o rótulo que traz o cantor e sanfoneiro Chambinho do Acordeon.

Um dos exemplos é o jornalista Ney Vital, pesquisador da vida e obra de Luiz Gonzaga, que possui exemplares da edição especial da Cachaça Seleta. "Já recebi pedidos perguntando se eu vendo a edição especial com valor tentador. Mas não vendo e não troco, qual a música cantada por Luiz Gonzaga".

Esses dois mundos – a música e a cachaça – tem muito mais intimidade e aproximação do que podemos imaginar. No ritmo de Luiz Gonzaga e Gonzaguinha encontramos elementos essenciais que devem existir em harmonia na música: são combinações infinitas de sons, tons e ritmos.

A Cachaça Seleta também adota elementos essenciais que proporcionam harmonia ao resultado final, dentre eles o sabor, o visual, a sensação na boca, o aroma, a história, percepção, o toque do produtor, inspiração.

Pode-se até mesmo imaginar uma celebração que contempla os cinco sentidos. Na música envolve-se a audição para o deleite, e para degustar uma cachaça utiliza-se o olfato, a visão, o paladar. Mas falta o tato para fechar a conta, não?

Que tal imaginar essas duas identidades distintas que se dão a mão para unir esses dois universos cheios de brasilidade e inspiração? Pode parecer devaneio, poesia, delírio, êxtase….mas, afinal, são nesses momentos – também – que usufruímos da música imortal de Luiz Gonzaga e Gonzaguinha e da brasileiríssima Cachaça Seleta.

Nenhum comentário

DONA RITA, 97 ANOS É VACINADA CONTRA A COVID-19 E EXPRESSA ESPERANÇA E ALEGRIA

A partir desta segunda-feira (8), a Secretaria de Saúde de Juazeiro começa a avançar na Fase 1, vacinando idosos acima de 87 anos. As unidades volantes continuarão a vacinação em domicílio aos idosos acamados.

Na foto dona Rita, aos 97 anos, expressou alegria e esperança.

Postos para vacinação de idosos acima de 87 anos: - UBS's  do Quidé, Alto da Maravilha, Mussambê, Alto da Aliança, João Paulo II,   Tabuleiro,  segunda (8) e terça-feira (9) e Itaberaba, na quarta (10), quinta (11) e sexta-feira (12).

Horário: As unidades estarão funcionando para vacinação na segunda-feira, das 13h às 17h e de terça-feira  a sexta-feira, das 09h às 17h.

Zona Rural: Todas as unidades das 09h às 12h a partir de terça-feira (9).

Documentos: cartão de vacina, CPF e o cartão do SUS do idoso.



Nenhum comentário

COMPOSITOR JOSÉ DE SOUZA DANTAS FILHO, 100 ANOS DE NASCIMENTO E A PROSA DO FILHO, O DOUTOR DANTAS NETO


Luiz Gonzaga foi e continua sendo pedra angular, referência-mor do forró, baião, xote, mas o Rei do Baião, não trilhava sozinho. Havia por trás de si, uma constelação de compositores, poetas, músicos, além de profícuos conhecedores do seu trabalho, amigos talhados de sol, nascidos do barro vermelho, com almas tatuadas por xique-xiques e mandacarus.

Neste ano de 2021, o Brasil e a música brasileira comemora os 100 anos de nascimento, do compositor e médico, um dos mais talentosos nomes da cultura brasileira e internacional, José de Souza Dantas Filho, o poeta Zé Dantas.

As músicas de Zé Dantas continuam vivas e atual. Zé Dantas vive no sertão, no pampa, na cidade grande, na boca do povo, no gemer da sanfona, no coração e na alma da gente brasileira, pois, como disse Fernando Pessoa, "quem, morrendo, deixa escrito um belo verso, deixou mais ricos os céus e a terra, e mais emotivamente misteriosa a razão de haver estrelas e gente".

Zé Dantas nasceu em 27 de fevereiro de 1921, em Carnaíba, Pernambuco, Sertão do Pajeú. Para quem estuda a música e cultura à luz das ciências da comunicação,  sabe da importância de Zé Dantas para a compreensão sócio política, cultural, sociológica e antropológica para o conhecimento do Nordeste e do Brasil.

Basta citar as interpretações de Luiz Gonzaga e o puxado da sanfona ao cantar músicas como Vozes da Seca, Sabiá, Paulo Afonso, Cintura Fina, Algodão, Riacho do Navio, Farinhada, Pisa no Pilão,  Vem Morena, Forró do Mané Vito, Imbalança, Acauã, Casamento de Rosa, Abc do Sertão, Minha Fulô, Siri Jogando Bola, São João Antigo, São João do Arraiá,  A Profecia e Samarica Parteira, além de causos e outras dezenas de músicas para ressaltar a sabedoria musical presente no trabalho de Zé Dantas.

Na voz de Jackson do Pandeiro a música Forró em Caruaru é outro exemplo do conhecimento de Zé Dantas ao compor, escrever. Também por isto Luiz Gonzaga dizia que Zé Dantas era tão autêntico, puro de coração e alma que sentia nele o cheiro de bode, representando a expressão, do enorme talento e sentimento, valorização da identidade cultural sobre o Nordeste.

Zé Dantas foi casado com dona Iolanda. A música A Letra I, foi feita como forma de presente. Zé Dantas e dona Iolanda tiveram três filhos: Sandra, Mônica e Jose de Souza Dantas Neto. A cantora Marina Elali é neta de Zé Dantas.

Sobre Zé Dantas Neto, dizia o pai: "este menino tem a cara larga do Pajeú das Flores". José de Souza Dantas Neto nasceu no ano de 1959. O filho era um bebê quando Zé Dantas, tornou-se encantado, desencarnou e "partiu para o Sertão de Eternidade", no dia 11 de março de 1962.

José de Souza Dantas Neto, atualmente respeitado profissional da medicina, o doutor Dantas Neto é coronel médico do Exército Brasileiro. É mestre pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Foi chefe de clínica e da residência médica do Hospital do Exército por mais de 10 anos.

Estas e outras histórias serão contadas na próxima quarta-feira, dia 10, na live apresentada pelo pesquisador e escritor Rafael Lima, autor do livro, “O Rei do Baião e a Princesa do Cariri”, onde relata sobre os momentos mais marcantes vividos por Luiz Gonzaga na cidade do Crato, Ceará.

Rafael Lima terá com convidado o doutor Dantas Neto que vai falar sobre o Centenário do pai o compositor Zé Dantas a partir das 20hs no Instagram @rafaellima45100.

VIDA E OBRA: O gosto musical sempre foi o grande aliado do pernambucano José de Souza Dantas Filho (1921-1962), também chamado de Zé Dantas. Nascido em Carnaíba de Flores, no Sertão do Pajeú, desde menino se revelava compositor. Apaixonado por ritmo, melodia e harmonia, Zé Dantas, criava com facilidade xotes, baiões e toadas. No Recife estudou medicina conforme desejavam os pais, mas nunca abandonou a vocação artística.

Aquele que viria a ser um dos principais parceiros musicais do Mestre Lua é  tema do livro Na batida do baião, no balanço do forró: Zedantas e Luiz Gonzaga, da antropóloga Mundicarmo Ferretti. A publicação do livro é fruto da dissertação de mestrado da pesquisadora, que na década de 1970 fez o primeiro estudo acadêmico sobre a parceria entre os dois pernambucanos.

“Conheci o trabalho de Zedantas e de Luiz Gonzaga ainda na infância, no Piauí, e, posteriormente, vi que a música dos dois permanecia muito viva. Além disso, passou a atrair a atenção de um público classe média e universitário, da mesma maneira que em outros tempos interessou a imigrantes nordestinos”, conta. Em Pernambuco, Ferretti entrevistou amigos e familiares do compositor; e no Rio de Janeiro colheu depoimentos de pessoas ligadas a gravadoras, lojas de discos, casas de forró.

Segundo a pesquisadora, Zedantas conheceu o Rei do Baião em 1947, antes mesmo de terminar o curso de medicina na UFPE, em 1949, e de partir para o Rio de Janeiro no ano seguinte. Embora fosse “doutor”, era notado sobretudo pelo humor e talento com os quais contava histórias e criava versos. De 1950 a 1958, Luiz Gonzaga gravou 50 composições do conterrâneo, que as escrevia com a intenção de divulgar os costumes e as artes populares tipicamente nordestinas.

Com olhar voltado para as próprias raízes, Zedantas compunha canções sobre festividades sertanejas, práticas medicinais e agrícolas, poesia, artesanato. Chegou a ser diretor do programa O Rei do Baião, da Rádio Nacional, e do Departamento Folclórico da Rádio Mayrink Veiga. Quando morreu, aos 41 anos, um busto foi levantado na cidade natal, em sua memória.

Mas foi do cantor e compositor Antonio Barros, o paraibano que recebeu o maior tributo, a música Homenagem a Zedantas, interpretada por Luiz Gonzaga que empunhava versos como: “Chora meu olho d' água,/ chora meu pé de algodão./ As folhas já estão se orvalhando,/ saudade do nosso irmão,/ Zedantas”. 

Além de Luiz Gonzaga, as composições do pernambucano foram gravadas por artistas como Carmélia Alves (O calango), Quinteto Violado (Chegada de inverno), Ivon Curi, (Dei no pai e trouxe a filha), e Jackson do Pandeiro (Forró em Caruaru).

A vida e a obra de Zedantas também são o enfoque de Psiu!, filme documentário produzido e co-dirigido por Juliana Lima, com direção de Antônio Carrilho. “Partimos de conversa com dona Iolanda para colher depoimentos de outros familiares e amigos. Falamos com o filho de Zedantas, o cunhado, colegas de profissão no Rio de Janeiro, sertanejos que trabalharam na fazenda dos pais do compositor, além de artistas como Geraldo Azevedo e Fagner, que até hoje cantam as músicas dele”, ressalta a co-diretora.

No documentário, Zedantas é descrito como uma pessoa carismática, alegre e talentosa. Psiu! traz também imagens inéditas e gravações com a voz do compositor, que registrou em áudio entrevistas. A direção de fotografia é assinada por Léo Sete, Pedro Urano e Zé Cauê.

Nenhum comentário

EMPRESÁRIA DESTACA REABERTURA DAS DUNAS DE CASA NOVA, BAHIA OÁSIS DO RIO SÃO FRANCISCO

Dunas: o dicionário define como substantivo feminino plural Dunas. Montes e/ou colinas de areia. No coração dos sertanejos que conhecem as Dunas de Casa Nova, Bahia é um Oásis, um paraíso "Mar de água doce". O que já era bonito agora pode ser traduzido como muito mais belo e exuberante. 

Desde o mês de dezembro 2020 foi suspensa a visitação as Dunas do Velho Chico, Opará, na linguagem indígena, o Rio que é Mar. As Dunas está localizada a 58 km da sede de Casa Nova. Neste sábado (6) as visitas foram reabertas seguindo regras de distanciamento e uso de alcool gel e uso de máscara.

A reportagem do BLOG NEY VITAL esteve no local e conversou com a professora e empresária Andréa Passos Araújo, moradora de Casa Nova, sempre apaixonada pelo rio São Francisco e as dunas. 

"Temos o privilégio de ter a melhor praia de água doce da região do norte da Bahia e do Vale do São Francisco", afirma Andréa ressaltando a beleza traduzida na mistura de águas cristalinas com a quase misteriosa presença da areia branca das dunas.

É impressionante o contraste da vegetação da caatinga junto com um "mar de água doce". Nas dunas de Casa Nova tudo é atração. Ela destaca a Ilha da Pedra, conhecida como o antigo Serrote da Cidade Velha, que foi inundada pela barragem de Sobradinho e também um ilha deserta de areia conhecida como Paraíso do Sertão.

No momento, o reservatório de Sobradinho está com 52% do seu volume útil.

"Com essa pandemia do coronavírus é preciso redobrar os cuidados. Também sempre cito um trabalho de conscientização na preservação do Velho Chico, tanto com os turistas evitando jogar lixo nas margens do rio, quanto de agricultores ribeirinhos para evitar o uso de agrotóxicos no leito. Assim todos evitaram a poluição", finalizou Andréa.

Ano passado o programa Globo Repórter/Rede Globo revelou encantos de uma terra pouco conhecida pelos brasileiros e destacou "os segredos" de um lugar ainda pouco conhecido. Entre mar de água doce, onças e a caatinga sertaneja.

Um mar de água morna, transparente, que se espalha por mais de 300 quilômetros e até invade a Caatinga. Visto como uma espécie de “Caribe do sertão”, o mar doce fica no município de Casa Nova, norte da Bahia. Quando a barragem de Sobradinho foi construída, há mais de  50 anos, as águas represadas do rio submergiram cidades e vilas, obrigando milhares de sertanejos a deixarem suas terras para viver onde o lago não alcança. Hoje, os poucos que conhecem o recanto escondido lembram à velha profecia: o sertão virou um belíssimo mar.

Nenhum comentário

AGROFLORESTAS MUDAM A PAISAGEM DO SEMIÁRIDO. AGRICULTOR TRANSFORMA ÁREA DEGRADADA NO SERTÃO EM RESERVA ECOLÓGICA


A Agência Eco Nordeste lançou uma campanha pela valorização do bioma. Experiências com características de Empreendedorismo, Inovação e Sustentabilidade; em ações individuais, coletivas; públicas e privadas têm destaque na campanha Ecos do Bioma Caatinga. Esta matéria destaca o exemplar trabalho do agricultor familiar Vilmar Luiz Lermen, no município de Exu, Sertão do Araripe (PE), onde cultiva uma Agrofloresta exemplar.

Paranaense, filho de agricultores, há 20 anos residente no Estado de Pernambuco, sendo 13 anos no município de Exu, no Sertão do Araripe, onde cultiva uma agrofloresta exemplar. Trabalho apoiado por Paulo Pedro de Carvalho, 45, agrônomo e coordenador geral do Centro de Assessoria e Apoio aos Trabalhadores e às Instituições Não-Governamentais Alternativas (Caatinga). Ele vive em Ouricuri, mas atua em todo o Sertão do Araripe. Agrofloresta é um exercício de transformação na relação com a terra que ainda não está muito disseminado pelo Semiárido, mas que faz diferença onde passa.

Vilmar conta que tanto seu pai quanto sua mãe vieram de famílias agricultoras. Mas, depois de tentar a sorte com uma serraria, o pai faliu. Foi quando conheceu o Movimento Sem Terra (MST) e veio para o Nordeste participar de um encontro, se apaixonou, casou com Maria Silvanete não retornou. Militou no MST, trabalhou no Centro de Desenvolvimento Agroecológico Sabiá, cursou Pedagogia, se especializou em Geografia e, finalmente, comprou uma terra em Exu e vem cultivando sua própria agrofloresta ao lado da esposa, na Serra dos Paus Dóias, em cima da Chapada do Araripe.

Ele faz parte de Associação dos Agricultores(as) Familiares da Serra dos Paus Dóias (Agrodóia), que trabalha com Sistemas Agroflorestais; Sementes Crioulas; beneficiamento de frutas nativas (extrativismo) e cultivadas; e abelhas nativas e africanizadas, com uma inserção social no território do Araripe. Participa também do Conselho da Área de Proteção Ambiental (APA), Conselho de Turismo e Conselho de Desenvolvimento Rural Sustentável do Município. É sócio do Centro Sabiá e diretor do Caatinga e do Sindicato dos Trabalhadores Rurais do Exu.

Na propriedade, tem duas cisternas de 76 mil litros e fogão geoagroecológico. Na Associação, tem cisterna de 76 mil litros, jardim filtrante adaptado, fossa séptica, biodigestor, biofertilizante e agroindústria, onde são fabricados doces, geleias, licores, óleos essenciais e mel. Tudo isso fez com que a propriedade se tornasse um modelo a ser mostrados aos inúmeros visitantes que o casal recebe.

Para Vilmar, as vantagens do Sistema Agroflorestal Agroecológico começam pela conservação do solo e ambiente como um todo. Ele conta que, nas primeiras semanas, se investe em culturas de ciclo curto, que podem ser plantados simultaneamente com milho, árvores e raízes, além de forrageiras adubadoras de solo.

“Quase todas essas plantas produzem alguma flor e pólen para as abelhas, o que garante alimento, renda, e, no tempo e no espaço, o agricultor vai fazendo a sucessão vegetal. As árvores vão crescendo junto com esse sistema. Uma floresta nativa tem mais ou menos 300 anos. No Sistema Agroflorestal você faz isso em mais ou menos 30 anos, inclusive na própria Caatinga”, garante.

Vilmar lembra que, ao longo dos últimos 35 / 40 anos, o agricultor e pesquisador suíço Ernst Götsch radicado na Bahia, sistematizou, pesquisou, experimentou muitos destes sistemas, em diversos lugares do mundo, e foi passando em vivências, intercâmbios e cursos.

“Hoje tem muita bibliografia já testada pela academia que faz com que a família agricultora tenha alimento no período de chuva e de seca, tenha trabalho o ano inteiro, embora seja um pouco mais intenso na chuva porque é quando se planta a maioria dos cultivos. Mas na estiagem ainda tem trabalho, que ocupa a família, tem harmonia entre o sistema de acumulação e abundância numa estratégia que pode ser alimentar e de renda. Geralmente a família agricultora prioriza a alimentação e o excedente vai para as feiras agroecológicas e programas como PAA e Pnae“, explica.

A Academia, segundo o agricultor agroflorestal, vem ajudando a sistematizar a fornecer elementos técnicos e, com organizações, fazem assessoria e abrem caminhos junto às agências de financiamento / bancos oficiais para quem tem interesse em investir, baseado na experiência acumulada.

“Também tem sido feito um trabalho coletivo com o IBGE, a Conab, a Embrapa, para o zoneamento agrícola, para entrar no Censo Agropecuário, na lista dos preços mínimos da Conab, já que até então esses produtos eram considerados incipientes para a economia, porém, em alguns lugares do Semiárido são essenciais num extrativismo que depois passa para um cultivo dentro do Sistema Agroflorestal, com o solo protegido, presença da água. Isso dá uma segurança alimentar e hídrica para a família, fornece produtos para o ecossistema e para animais domésticos e silvestres. Quando a madeira estiver madura, não vai destruir, vai fazer uma colheita, pela poda ou queda natural”, relata.

Vilmar defende que o O Sistema Agroflorestal Agroecológico é o mais completo do ponto de vista de ciclagem dos nutrientes, manutenção de temperatura mais estável ao longo do ano. Trabalha com sementes crioulas, normalmente de base familiar e comunitária, dentro de redes de distribuição e comercialização”, destaca.

DESAFIOS: Um dos desafios apontados ele, na Caatinga, é o da sistematização, porque trata-se de um grande bioma de clima Semiárido, de mais de 1 milhão de quilômetros quadrados, em 11 estados, mas dentro dele há mais de mil outros micro ecossistemas.

“Para cada um tem que se pensar, estudar, avaliar o que melhor se adapta, o que é da vontade do agricultor e da família, qual a habilidade, como os sabores e saberes se casam e que estejam dentro da legislação ambiental, sanitária. O beneficiamento é necessário para aproveitar, agregar valor e compartilhar até com outras regiões”, ressalta.

“Nós seres humanos, somos altamente dependentes dos sistemas naturais. Lá na frente, quando a pessoa quiser se aposentar, tem uma poupança na madeira, óleos essenciais, meliponicultura, colheita de frutos, que não têm a necessidade de um manejo tão intensivo. Temos sucessão na mão de obra também”, ressalta Vilmar.

Ao olhar para trás, 30 anos depois de formado em Agronomia, Paulo Pedro lembra que, quando começou, o termo usado era Agricultura Alternativa, que foi se desenvolvendo com a participação de diversos atores, reunidos hoje pela Articulação Nacional de Agroecologia (ANA).

Paralelamente, as organizações ligadas à Articulação Semiárido Brasileiro (ASA) vêm fazendo um trabalho de Assistência Técnica Rural (Ater) no Semiárido em Agroecologia. Daí foi formada a Rede de Agricultores(as) Experimentadores(as) do Araripe (Rede Araripe), que trouxe outra perspectiva, ao trabalhar diretamente com 11 municípios do Araripe e mais um do Sertão Central (Parnamirim), em Pernambuco. São, em média, 2 mil famílias envolvidas.

“Houve uma melhoria na parte social e econômica, desenvolvimento de Políticas Públicas de Convivência com o Semiárido, a construção de um milhão e 200 mil cisternas, sendo 800 mil só pela Articulação Semiárido Brasileiro (ASA), formação e mobilização. Comparando com dez anos atrás, avançamos. Muitos ainda estão em transição, outros querendo conhecer”, destaca.

Paulo Pedro ressalta, ainda, a incorporação da temática das agroflorestas pelas instituições como a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e os Institutos Federais de Tecnologia (IFs). Mas faz a ressalva de que ainda não ganhou uma dimensão significativa.

“Se voltarmos uns dez anos, percebemos um grande avanço com experiências concretas de famílias que estão em processo de Conversão Agroecológica, muitas delas em Sistemas Agroflorestais. Viram que a experiência é boa e querem isso para as suas propriedades. Algumas estão bem avançadas, como a da família de Vilmar e Silvanete, lá em cima da serra, em Exu, que recebe visitas durante o ano inteiro”, avalia.

Para Paulo Pedro, a Agroecologia, por meio dos Sistemas Agroflorestais, está ganhando espaço. Mas ainda não é uma quantidade significativa na Agricultura Familiar. “É importante destacar que a Agroecologia e a Agrofloresta estão ganhando espaço na agenda política e dentro dos órgãos de pesquisa. Mas não podemos dizer que é institucional, que todos aderiram a esse processo. Mas grupos dentro dessas instituições trabalham junto com agricultores, comunidades, organizações da sociedade civil que fazem parte da ASA, da ANA, de várias redes que promovem a Agroecologia no Semiárido Brasileiro”, pondera.

“Hoje é bem real e visível a lógica da convivência se sobrepondo à antiga e equivocada do combate à seca. Os agricultores do Semiárido são experimentadores que buscam a todo momento saídas. Até a FAO e a ONU reconhecem a Agroecologia e a Agrofloresta como forma de dobrar a produção de alimentos saudáveis no mundo em dez anos e cuidando do meio ambiente e das relações entre as pessoas”, anima-se.

Por fim, o agrônomo destaca a existência de diversas redes, locais, regionais, nacionais e até internacionais, de troca de experiências, um fator muito importante na promoção da Agroecologia, para possibilitar as trocas de agricultor para agricultor, com experiências permanentemente desenvolvidas e “Quando o agricultor ensina algo que aprendeu, ele também está se abrindo para escutar outras famílias e as organizações que prestam assessoria a esses agricultores e essas redes estão ali para fomentar esse processo de construção participativa dos conhecimentos”.

Texto reproduzido do site Eco Nordeste. Maristela Crispim-Editora

Nenhum comentário

PROFESSOR RODRIGO HONORATO, LAETSON SILVA E AS TATUAGENS EM HOMENAGEM A LUIZ GONZAGA

 A tatuagem está há muito tempo na sociedade e tem conquistado os mais diversos públicos. Se antes era considerada um ato de rebeldia e se restringia a certas culturas, atualmente, ela está presente na dia a dia de milhares de pessoas.

As pessoas que usam tatuagens mais do que contar o que já se viveu, eles expõem amores, momentos e personalidade. Com a tatuagem, você transfere sentimentos, emoções, acontecimentos. Tem muito a ver com identidade, pois significa que a pessoa quer expor aquele modo de ser, afirma a antropóloga e socióloga da Universidade de Brasília (UnB) Mariza Veloso.

A reportagem do BLOG NEY VITAL conversou com o radialista Laetson Silva e o professor Rodrigo Honorato, dois exemplos de pessoas que colocaram no corpo a sua expressão de sentimentos.

O radialista Laetson Silva, Belo Jardim, Pernambuco essa semana pintou no corpo uma homenagem ao cantor, compositor e sanfoneiro Luiz Gonzaga. O ex secretário de Cultura de Exu, Pernambuco, terra de Luiz Gonzaga, o professor Rodrigo Honorato também tem no corpo, várias tatuagens de Luiz Gonzaga e expressões culturais.

Tudo indica que a prática de marcar o corpo é tão antiga quanto a própria humanidade. Mas, como é impossível encontrar corpos de eras tão remotas com a pele preservada, temos de nos basear em amostras.

Muito antes de imaginar corpos desenhados, a tatuagem já fazia parte do cotidiano de algumas sociedades, com diversos significados. Os primeiros registros datam de cerca de 3,3 mil anos antes de Cristo, quando curandeiros utilizavam carvão para realizar cortes e desenhos acreditando que isso restabeleceria a saúde dos habitantes de povoados na Europa.

De acordo com a National Geographic, por volta de mil anos depois, as mulheres egípcias desenhavam alguns traços abstratos e até mesmo representações da deusa da fertilidade e proteção dos lares, Bes. Depois de Cristo, os romanos foram os próximos a adornarem os corpos com desenhos. Entre as Cruzadas, nos séculos XI e XII, os soldados de Jerusalém eram identificados por tatuagens: se tivesse uma cruz, receberia um enterro cristão após sua morte em batalhas.

Segundo o Mega Curioso, foi no começo do século XVIII que as tatuagens começaram a ganhar maior espaço na sociedade, quando os marinheiros europeus tiveram contato com ilhas no Oceano Pacífico. Estes tinham nas tatuagens uma importante representação cultural. 

Alguns registros relatam que estes marinheiros passaram a utilizar suas iniciais para serem identificados caso algum acidente ocorresse no meio de suas viagens.

"A história da tatuagem é riquíssima, pois os desenhos já representavam diversas maneiras de expressão da humanidade", afirma Gastão Teixeira, tatuador do Rio de Janeiro que atende no estúdio ItattooClub. "O ser humano sempre teve a necessidade de mostrar ideias e até rituais com tinta na pele. Ainda hoje, notamos que isso ocorre com frequência", diz.

Em 1891, a primeira máquina elétrica de tatuar foi criada e patenteada por Samuel O'Reilly, marcando assim, uma geração que passou a utilizar os desenhos como uma forma de contracultura e protesto principalmente. Apesar do preconceito que perdurou por muito tempo, hoje a expressão da tatuagem se tornou mais comum e popular, sendo sinônimo de pessoas descoladas e antenadas às tendências da moda.

De acordo com o instituto alemão Dalia, cerca de 38% da população mundial conta com algum tipo de tatuagem no corpo. O Brasil está na oitava colocação do ranking de pessoas com desenhos na pele.

Recentemente, os artistas têm ganhado mais espaço para criar novas técnicas e representações no mundo das tattoos. Entre desenhos coloridos, finelines e aquarelas, o gosto dos clientes é o que dita a tendência da vez, de acordo com Daniel Couto, proprietário do ITattoClub, estúdio de tatuagem rotativo na região do Bela Vista, em São Paulo."Hoje, os estúdios recebem clientes que querem se manifestar de alguma forma: homenageando algo ou alguém. E são diversas as maneiras de conquistar o resultado desejado. Por isso, aqui no ITattooClub, temos diversos profissionais especializados nas mais diferentes técnicas, assim, o cliente sairá muito mais satisfeito", diz o empresário.

Nenhum comentário

← Postagens mais recentes Postagens mais antigas → Página inicial