Bolsonaro demite o ministro da Educação e nomeia Abraham formado em ciências econômicas para comandar a pasta

O presidente Jair Bolsonaro anunciou em uma rede social nesta segunda-feira (8) a demissão do ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez. Bolsonaro informou também que o novo ministro será Abraham Weintraub.

Bolsonaro e Vélez tiveram uma reunião no Palácio do Planalto nesta segunda, pouco antes do anúncio da demissão do agora ex-ministro.

"Comunico a todos a indicação do Professor Abraham Weintraub ao cargo de Ministro da Educação. Abraham é doutor, professor universitário e possui ampla experiência em gestão e o conhecimento necessário para a pasta. Aproveito para agradecer ao prof. Velez pelos serviços prestados", afirmou o presidente.

Colombiano naturalizado brasileiro, Vélez Rodríguez tomou posse no cargo em 1º de janeiro e enfrentava uma "guerra interna" no MEC provocada por desentendimentos entre militares e seguidores do escritor Olavo de Carvalho.

Weintraub, o novo ministro, já trabalhava no governo Bolsonaro. Ele era secretário-executivo da Casa Civil, segundo cargo mais importante dentro da pasta.

Weintraub atuou na equipe do governo de transição. Junto com o irmão, Arthur Weintraub, foi responsável pela área de previdência no período. Os dois foram indicados a Bolsonaro pelo ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni.

O ministro da Casa Civil conheceu os irmãos Weintraub em um seminário internacional sobre Previdência realizado, em 2017, no Congresso Nacional.

Abraham Weintraub é formado em Ciências Econômicas pela Universidade de São Paulo (1994) e atuou no mercado financeiro por mais de 20 anos. Entre os cargos que exerceu, foi sócio na Quest Investimentos, atuou como diretor do Banco Votorantim e no comitê de trading da BM&F Bovespa (atual B3).

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Previsão é de chuva para Juazeiro e Petrolina na terça-feira (9)

Segundo as previsões do Laboratório de Meteorologia da Universidade Federal do Vale do São Francisco,  há possibilidade de ocorrência chuvas na região de Juazeiro, Petrolina e vizinhanças dentro dos próximos dias.

Destaca-se que as simulações apontam para a possibilidade de ocorrência de chuvas mais expressivas durante a próxima terça-feira (09/04/19). 

A atuação de um cavado sobre o oceano Atlântico Sul e a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) são os principais sistemas atuantes para a formação de chuvas nos próximos dias.

Fonte: Labor Univasf
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Incra censura divulgação de livro sobre ditadura escrito por servidora aposentada

O aniversário do 31 de março de 1964 não passou em branco no Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), órgão vinculado ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. E para trazer de volta o clima pós-golpe, o general João Carlos Jesus Corrêa restaurou a censura. Mandou seu gabinete retirar uma notícia divulgada na rede de comunicação interna do Incra, a Incranet.

As coincidências não param por aí. A informação censurada era sobre o lançamento do livro O estado autoritário e a pedagogia do silêncio – 1964-1979 (Editora Insular), escrito por uma servidora do Incra aposentada, a professora Áurea Oliveira Silva, 76 anos, mestre em educação e militante política.

O livro analisa justamente como o Estado coercitivo instalado no pós-golpe de 1964, por meio de seus aparelhos repressivos e ideológicos, educou os indivíduos ao silêncio. E também a construção dos mais importantes movimentos de resistência em Santa Catarina, bem como as formas de micro-resistências dos indivíduos para sobreviver e se rebelar. 

Para tanto leu documentos do período e fez entrevistas para entender como a repressão física e psicológica do Estado, em colaboração da sociedade civil, provocou o silêncio, a alienação e o exílio interno e externo.

Lançado na Assembleia Legislativa de Santa Catarina, em Florianópolis, na noite de segunda-feira (1º), dia em que o golpe foi efetivado, há 55 anos, a obra parte de sua pesquisa Aprender a calar e aprender a resistir: a pedagogia do silêncio em Santa Catarina, para obtenção do mestrado em Educação defendido em 1993, pelo Centro de Ciências da Educação da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

"Durante 20 anos tentei publicar a dissertação, mas não consegui. E com a vitória de Jair Bolsonaro no segundo turno da eleição de 2018 voltei a pensar no assunto. Tudo deu certo quando encontrei um editor, que se interessou", disse Áurea à RBA.

Na sua avaliação, a atitude da presidência mostra que a situação no país está ficando cada vez mais parecida com a ditadura que foi sua algoz e ao mesmo tempo objeto de seus estudos.

Nascida em Uruçuca, no sul da Bahia, Áurea foi para Salvador, onde ingressou no movimento estudantil por meio de atuação no grêmio do ginásio Duque de Caxias. Aos 19 anos mudou-se para São Paulo e depois para o Rio de Janeiro, onde atuou em ações das Comunidades Eclesiais de Base em defesa dos moradores da favela Santa Marta, na época vulneráveis ao interesse imobiliário.

Perseguida, fugiu para Ilhéus (BA), voltando mais tarde para São Paulo. Operária e militante em fábricas, foi presa pelo Dops e Operação Bandeirante. Quando saiu das prisões, onde foi torturada, ingressou na Ação Popular (AP), vivendo na semiclandestinidade, até que em 1973 foi para o Chile.

Com o golpe de Augusto Pinochet contra o governo de Salvador Allende naquele ano, seguiu para o Canadá, onde obteve cidadania, e depois para Moçambique. Em 1980, retornou ao Brasil. Estudou na Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS) e na Unicamp, onde graduou-se em Pedagogia, e o mestrado em Educação pela UFSC.

"A partir do lançamento do livro na Alesc, que pela primeira vez reuniu mais de 200 pessoas, me sinto descoberta. Mas eu sabia que estava cutucando a onça com a vara curta. Não tenho medo por mim, porque mexer comigo passa a ficar complicado. Mas que mexam com familiares. Um argentino conhecido, que tem filho morando em Paris, contou que já há muita gente sendo ameaçada no Brasil por telefone. E que muitos na França já se mobilizam para receber pessoas vítimas de ameaças", disse.

A Confederação Nacional das Associações dos Servidores do Incra (CNASI) divulgou nota sobre o episódio, na qual mostra prints das publicações antes de serem retiradas. Para a entidade, a "intenção do texto era divulgar o evento e o trabalho da autora, mas a temática parece ter incomodado a cúpula militar.

O texto de divulgação trazia o testemunho da autora, que foi presa, exilada e retornou ao Incra após a anistia, em 1986. Embora trouxesse elementos oficiais da memória da instituição, como a reintegração da autora ao quadro do Incra, a divulgação do conteúdo não foi avaliada como de interesse aos servidores do Incra. 

A atitude parece convergir com a estratégia da atual gestão do Executivo federal, que busca esconder fatos históricos do passado, cobrindo-os com um manto de fake news, divulgadas por meio das redes sociais.
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Mais da metade dos brasileiros está acima do peso

Uma pesquisa do Ministério da Saúde indica que 53% da população brasileira estão com excesso de peso e 45,8% praticam uma atividade física insuficiente. Os valores foram registrados na Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel).

Feito em 2017, o estudo envolve entrevistas feitas por meio do telefone, com participação da Associação Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Os números estão longe da meta da Organização Mundial da Saúde (OMS) que pretende reduzir a inatividade física em 15% até 2030, em todo o mundo.

Segundo pesquisa da OMS em 2018, o número de pessoas que faziam atividades insuficientes totalizava 1,4 bilhão de pessoas. “Acredita-se que um em cada cinco adultos e quatro em cada cinco adolescentes não praticam atividade física de forma suficiente”, disse o diretor de Normas e Habilitação dos Produtos da ANS, Rogério Scarabel.

Neste fim de semana, quando se comemoram o Dia da Atividade Física (6) e o Dia Mundial da Saúde (7), a ANS lança o projeto Movimentar-se É Preciso. Por meio do seu Programa de Promoção da Saúde e Prevenção de Riscos de Doenças (Promoprev), a agência está estimulando as operadoras de saúde a realizarem programas voltados a atividades físicas para seus beneficiários nestes dois dias.

Atualmente, existem 1.822 programas Promoprev cadastrados junto à ANS, contemplando cerca de 2,25 milhões de beneficiários de planos de saúde. O número de programas cresceu 432% em sete anos. Das 743 operadoras médico-hospitalares ativas com beneficiários, 394 –53% do total – têm programas desse tipo na ANS. Das 394 operadoras exclusivamente odontológicas ativas com beneficiários, somente 15 (4,27%) têm programas na ANS.

Para apoiar os esforços dos países e comunidades em atingir a meta de redução de sedentarismo, a OMS lançou, no último ano, um plano de ações que incentiva as pessoas a estar mais ativas todos os dias. As operadoras que quiserem saber mais detalhes podem acessar o portal da OMS ou entrar em contato com a ANS por meio do e-mail promoprev@ans.gov.br.

O diretor de Normas e Habilitação dos Produtos da ANS enfatizou que a atividade física regular é fundamental para prevenir e tratar doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs), entre as quais se incluem as doenças cardiovasculares, diabetes e câncer, além das doenças mentais.

Segundo a ANS, essas enfermidades são responsáveis por 71% de todas as mortes no mundo, incluindo as mortes de 15 milhões de pessoas por ano entre 30 e 70 anos. Além de constituir um desafio para a saúde, a inatividade física custa cerca de US$ 54 bilhões em todo o mundo em assistência médica direta, dos quais 57% são incorridos pelo setor público.

O Promoprev quer reduzir os índices elevados de obesidade no país. A ANS elaborou um manual de diretrizes de enfrentamento da obesidade na saúde suplementar nacional e procura incentivar as operadoras a desenvolver projetos para beneficiar os consumidores. O guia está disponível na página da agência: www.ans.gov.br.

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Promotores e Procuradores publicam carta em busca de melhoria no atendimento da Rede PEBA

Tirar do papel o planejamento integrado e regionalizado da rede de atenção à saúde com a colaboração entre as esferas municipal, estadual e federal. Com esse objetivo, promotores e procuradores dos Ministérios Públicos de Pernambuco (MPPE), da Bahia (MPBA) e Federal (MPF) se reuniram em Petrolina, no Sertão pernambucano, para articular iniciativas referentes à Rede Interestadual de Atenção à Saúde do Vale do Médio São Francisco (Rede Peba), que compreende 53 cidades nos dois estados, onde vivem cerca de dois milhões de pessoas. 

Eles publicaram a Carta de Petrolina, assinadas por 22 membros, em que consolidam as principais ações a serem desenvolvidas em prol da saúde do sertanejo.

"Fizemos a primeira reunião em que vários promotores e procuradores de Justiça dos três MPs participaram a fim de termos uma ação articulada e podermos atuar de forma mais incisiva para melhoria do fluxo de pacientes nas unidades hospitalares de grande porte, bem como permitir que cada ente possa exercer o seu papel e garantir o investimento necessário", disse a promotora de Justiça do MPPE, Ana Cláudia de Sena Carvalho.

A expectativa dos membros é cobrar dos entes federativas que integram a Rede mais investimentos e estruturação na saúde da região, a fim de que os diversos gestores da saúde possam atuar de forma complementar, otimizando a cooperação técnica e financeira e melhorando a gestão das políticas de saúde pública na região.

"Precisamos que todos os envolvidos com a rede de saúde, garantam a estruturação mínima de cada hospital. As unidades de saúde municipais, por exemplo, precisam ter uma estrutura mínima em que seja possível resolver os casos de baixa complexidade", asseverou Ana Cláudia. Essa ação visa impedir, por exemplo, que ocorram situações como a da última segunda-feira, 2 de abril, quando o percentual de taxa de ocupação do Hospital Universitário da região chegou a ser superior a 190%.

Dos estados da Bahia e de Pernambuco, a Carta cobra a garantia do cumprimento dos acordos pactuados, assumindo responsabilidades sanitárias e financeiras na Rede Peba, visando garantir à população usuária o efetivo direito ao acesso integral e resolutivo e os serviços do Sistema Único de Saúde (SUS); solicita, ainda, a melhoria nos serviços da Central de Regulação Interestadual de Leitos (CRIL), que coordena o acesso aos serviços de urgência e emergência na região. 

Os promotores e procuradores definiram que vão atuar de forma conjunta para que a Central adote medidas com o objetivo de aproveitar melhor a infraestrutura já disponível, dando agilidade aos atendimentos de urgência e emergência.

Uma das ferramentas adotadas para coordenar as ações da Rede Peba é a Comissão de Cogestão da Região Interestadual (CRIE), que é formada por representantes do Ministério da Saúde, das Secretarias de Saúde de Pernambuco e da Bahia e dos municípios da região, além da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf). 

O Ministério Público deverá cobrar uma definição de estratégias de gestão que viabilizem a realização das iniciativas da Rede Peba nas cidades da região, bem como a garantia de recursos por parte de todos os entes federativos e a designação de representantes com poder de decisão e mandato de no mínimo dois anos para integrar a Comissão.

Fonte: MPPE
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Sebastião Biano, Gilberto Gil e os tocadores de pífanos

Sebastião Biano completa 100 anos no dia 23 de junho, véspera do dia de São João, e é o único integrante vivo da original Banda de Pífanos de Caruaru. Sebastião Biano é um dos maiores nomes da cultura brasileira

Ele atravessou o século 20 tocando em sua celebrada Banda de Pífanos de Caruaru, a “original”. Em criança, tocou pra Lampião em cena memorável que jamais esqueceu. Filho de uma família retirante da seca, trocou Alagoas por Pernambuco. Nos anos 1970, já com a “bandinha” famosa no país, estabeleceu-se em São Paulo.

Sebastião Biano é o último remanescente da formação original da Banda de Pífanos de Caruaru, um dos grupos intrumentais familiares mais antigos do país, formado em 1924. 


A primeira vez que ouviu falar sobre um pífano, lhe disseram que se tratava de um "pedacinho de madeira" com sete furos, sendo um para sopro e seis para os dedos.


Pareceu divertido. Ele tinha cinco anos e já acompanhava o pai nos afazeres da roça, quando aproveitava para enrolar folhas de jerimum e usá-las como apito. O irmão, Benedito, fazia o mesmo, enquanto o pai, Manoel Clarindo, observava a brincadeira sem repreender. 

Não demorou muito para que Manoel encomendasse os pifes a um amigo que os fabricava nos arredores de Mata Grande (AL), onde a família morava. A iniciativa, mal sabia ele, renderia o sustento dos filhos e netos durante décadas. 

A história é embrada por Sebastião Biano neste dia 6 de abru quando ele completa 100 anos de idade. "Quando se tem a minha idade, é preciso começar qualquer história pelo verdadeiro começo."


Na travessia de um século de vida, Sebastião Biano gravou sete álbuns com a Banda de Pífanos de Caruaru, produzidos entre 1972 e 2003. O grupo - ainda em atuação - ostenta no currículo a gravação de Pipoca moderna por Gilberto Gil, em Expresso 2222 (1972), além de um Grammy Latino (Melhor Álbum de Música Regional ou de Raízes Brasileiras, em 2004).


A Banda de Pífanos de Caruaru (PE) tinha quase 50 anos de atividade, quando foi descoberta pelo grande público. O responsável por apresentá-la ao Brasil foi Gilberto Gil, ao incluir no LP Expresso 2222 (1972) o tema instrumental Pipoca moderna. Depois Caetano Veloso colocou letra e a gravou no álbum Jóia (1975).


Biano tinha pouco mais de cinco anos quando foi convocado pelo pai a integrar o conjunto. "Ninguém me ensinou. Foi o bom Deus que me enviou pronto", brinca. "E Ele sabe que nunca houve técnica melhor do que a da nossa banda. Não há quem supere." Aos 100 anos, ele se permite ter mais memórias do que modéstia.


A confiança no próprio talento escapou de Sebastião somente uma vez na vida: aos oito anos, ao ser desafiado por Lampião. Acompanhado do pai e do irmão, estava há nove dias hospedado na casa de um rico fazendeiro, animando as festas de graças pela boa colheita da temporada. No último dia, enquanto o vigário rezava missa na capela da fazenda, o bando de cangaceiros invadiu a propriedade. Biano segurou a mão do irmão, a fim de fugirem juntos. “Ninguém corre”, advertiu o pai dos meninos. 


Lampião se aproximou e, após anunciar que a visita se devia a um acerto de contas com o padre (queria quitar dívida com Nossa Senhora da Saúde, da cidade de Tacaratu), ordenou que os meninos tocassem o pífano. “Se sabem, toquem.”


Os dois molharam (literalmente) as calças. "Minha língua estava grudada na boca, eu mal conseguia soprar", recorda Biano. Quando o pife finalmente soou, Lampião mandou buscar dois cangaceiros do bando - os responsáveis pela música durante as viagens - e bradou: "Esses dois pivetes tocam melhor que vocês, seus dois cavalões velhos!". 


Biano considera o episódio prova da aptidão da Banda de Pífanos. Cita o testemunho com família de todo tipo de miséria, entre 1926 e 1939, enquanto migrava a pé, de Mata Grande (AL) a Caruaru (PE). 


Na estrada, não havia comida, higiene ou abrigo. Mas só o som do pífano. "A cena de que nunca me esqueço é a da nossa chegada a Pernambuco. O verde, a fartura, as terras caruaruenses. Ali acabou-se a nossa fome de tudo!". “Daquele dia em diante, conheceram nossa música. E ela, que é meu legado, nunca mais se calou.”

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Dessalinizador de baixo custo garante água potável no semiárido

Um dessalinizador solar de baixo custo de implantação e manutenção, com capacidade para produzir água potável sem uso de eletricidade e livre de produtos químicos, é alternativa para famílias do semiárido da Paraíba, que enfrentam longas estiagens e sofrem com escassez de água de boa qualidade.

O modelo já atendeu a cerca de 300 famílias e está disponível em um banco de tecnologias online para ser replicado em qualquer parte do país e ajudar a solucionar a falta de acesso à água potável.

Resultado da parceria da Cooperativa de Trabalho Múltiplo de Apoio às Organizações de Autopromoção e da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), o dessalinizador aproveita o potencial solar da região e atende a assentamentos de agricultores familiares desde 2015. O modelo foi reconhecido como tecnologia social pela Fundação Banco do Brasil (FBB), chegando a ser premiado pela entidade em 2017.

“A ideia [do dessalinizador] parte do princípio de que vivemos no semiárido. Os poços que a gente perfura, quase em sua totalidade, têm água salobra, água salgada, o que não serve para o consumo humano. Então, desenvolvemos junto com a UEPB essa tecnologia para exatamente fazer com que essa água salgada se tornasse uma água ideal para o consumo humano”, contou Jonas Marques de Araújo Neto, presidente da cooperativa.

“O primeiro impacto que o dessalinizador gerou foi maior solidariedade ainda entre eles [agricultores], porque um dessalinizador desse serve para quatro ou cinco famílias, não é uma questão individual. Dá uma média de 80 litros de água por dia, que é distribuída entre eles. Nós [da cooperativa] não temos o menor poder sobre isso, eles é que têm o verdadeiro poder e eles é quem dizem como vai ser dividida essa água”, disse, ao acrescentar que esse modelo fortalece a comunidade.

Além disso, ele destacou a importância do consumo de água potável para a saúde. “Você chega em um hospital público e pergunta: ‘depois dessa história do dessalinizador, quantas crianças apareceram aqui com dor de barriga, com subnutrição?’. Eles vão dizer para você, sem sombra de dúvida, que diminuiu muito”.

Outro benefício da implementação dessa tecnologia é que as pessoas conseguem manter seu modo de vida no semiárido, desenvolver as atividades e sustentar as famílias sem precisar migrar para conseguir oferta de água potável, nem recorrer a subempregos nos centros urbanos. “Isso faz com que as pessoas consigam ficar nas suas terras, consigam habitar o semiárido”.

O dessalinizador consiste em uma caixa construída com placas pré-moldadas de concreto e cobertura de vidro que deixa passar a radiação solar. Dessa forma, a construção possibilita o aumento da temperatura dentro da caixa e a evaporação da água armazenada em uma lona encerada, conhecida como lona de caminhão.

Responsável por um Banco de Tecnologias Sociais – uma base de dados com mais de 900 soluções para problemas sociais nascidas da sabedoria popular e do conhecimento científico – a fundação já beneficiou cerca de 130 mil pessoas no país, em 444 municípios, por meio de um total de 389 projetos, de acordo com relatório divulgado pela instituição na última semana. Os projetos tiveram investimento total de R$ 156,3 milhões.

Todas as tecnologias sociais do banco fazem referência aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Organização das Nações Unidas (ONU). As inscrições estão abertas para certificação de novas tecnologias sociais até o dia 21 deste mês, com a possibilidade de concorrerem a prêmios em dinheiro. Podem participar entidades sem fins lucrativos, do Brasil ou de outros países da América Latina ou do Caribe.

Fonte: Agencia Brasil

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