Patativa do Assaré 110 anos, o poeta autor da música A triste partida

Antônio Gonçalves da Silva nasceu a 5 de março de 1909 na Serra de Santana, pequena propriedade rural do município de Assaré, sul do Ceará. 

As penas plúmbeas, as asas e cauda pretas da patativa, pássaro de canto enternecedor que habita as caatingas e matas do Nordeste brasileiro, batizaram o poeta, que passou a ser conhecido em todo o Brasil como Patativa do Assaré. 

Analfabeto, "sem saber as letra onde mora", como diz num de seus poemas, sua projeção em todo o Brasil ganhou uma dimensão quando na década de 1960, a música Triste Partida, toada de retirante foi gravada por Luiz Gonzaga.

Sua verve poética serviu para denunciar injustiças sociais, propagando sempre a consciência e a perseverança do povo nordestino, que sobrevive e dá sinais de bravura ao resistir a condições climáticas e políticas desfavoráveis.

A esse fato se refere a estrofe da música Cabra da Peste:

"Eu sou de uma terra que o povo padece
Mas não esmorece e procura vencer.
Da terra querida, que a linda cabocla
De riso na boca zomba no sofrê
Não nego meu sangue, não nego meu nome.
Olho para a fome, pergunto: que há?
Eu sou brasileiro, filho do Nordeste,
Sou cabra da peste, sou do Ceará."

Cantando para seu povo, brincou poeticamente com o fato de estar sendo gravado em disco na abertura de A Dor Gravada:

"Gravador que está gravando
Aqui no nosso ambiente
Tu gravas a minha voz
O meu verso e o meu repente
Mas gravador tu não gravas
A dor que meu peito sente".

Nota: Patativa morreu em 8 de julho de 2002.
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União da Ilha celebra a cultura e inova a bateria com sanfona, triangulo e zabumba

A União da Ilha do Governador levou a cultura e os costumes do Ceará à Sapucaí na madrugada desta terça-feira (5) com um enredo sobre as obras dos escritores Rachel de Queiroz e José de Alencar. 

O mestre de bateria Keko Araújo parabenizou
os 264 ritmistas, e a novidade deste ano que contou com 11 pessoas tocando triângulo, o que fez o samba conversar com o forró e o xaxado. 

"Esse ano agregamos novos valores ao samba. No meio da bateria teve triângulo,  a sanfona, e isto resultou numa festa bonita", festejou.

A comissão de frente misturou tradição com modernidade ao mostrar um cortejo de sertanejos pedindo salvação, até serem abençoados por um Padim Ciço voador – um "milagre" realizado com um ator em cima de um hoverboard.

Obras como "Iracema", "O Guarani" e "O sertanejo", de José de Alencar, e "As três marias", "O quinze" e "Memorial de Maria Moura" serviram como inspiração direta de fantasias e alegorias. A escola também usou diversas obras de arte produzidas diretamente no estado, como esculturas, fantasias e rendas. E até a bateria se inspirava nas tradições locais com o uso de uma sanfona.

Através do legado dos autores, o carnavalesco Severo Luzardo Filho chegou a seu terceiro desfile na União da Ilha explorando a culinária, as belezas naturais, a cultura e a fé do Ceará para tentar o primeiro título da escola no Grupo Especial. "Iracema", por exemplo, foi representada em alas sobre a bica do Ipu, rendas, artesanato de palha e o velho guajará.

A bateria também homenageou Padre Cícero, o Padim Ciço, milagreiro não reconhecido pela Igreja que atrai milhares a Juazeiro do Norte, e que inspirou inúmeros cordéis.

Foto: Facebook  

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Huberto Cabral será agraciado com o Título de Doutor Honoris Causa da URCA

A Universidade Regional do Cariri (URCA), irá conceder título de Doutor Honoris Causa ao cerimonialista e jornalista Huberto Cabral. O reconhecimento se deu após proposição e análise junto ao Conselho Superior da Universidade (Consuni) pelos relevantes serviços prestados e contribuições para a Região do Cariri. A solenidade acontece no próximo dia 08 de março, no Salão de Atos da URCA, às 17 horas, no campus do Pimenta, em Crato.

O processo de Huberto Cabral foi aprovado através de solicitação da 8ª reunião extraordinária do Departamento de História, no dia 4 de junho deste ano, pelo docente do curso, Carlos Rafael Dias.

No documento de avaliação com os seus dados biográficos, Huberto Cabral é descrito como jornalista-memorialista-historiador-radialista, funções que se fundem num comunicador que se notabilizou pelos serviços que têm prestado nessas áreas à História do Cariri e do Crato, Ceará,  além de sua presença marcante em importantes cerimoniais públicos e privados da cidade cratense e região.

Suas funções estão sendo exercidas na área, inclusive já tendo passado pela URCA como Assessor de Imprensa, no início da criação da universidade, e da assessoria da prefeitura do Crato, tem sido organizador de inúmeros eventos de caráter cultural e histórico no Município, a exemplo da ExpoCrato.

 O homenageado nasceu em Crato, em 1936, tem atividade permanentes junto à Diocese do Crato e a Rádio Educadora, com atividades em jornais, como O Levita, que foi um dos editores, que passou a editar ainda no Seminário, e depois a Ação, porta-voz da Diocese do Crato, fundado em 1939. Também atuou na amplificadora cratense, pioneiro no serviço de auto-falante da região do Cariri.

Com a fundação da Rádio Araripe do Crato, primeira emissora do interior cearense, Huberto Cabral passou a atuar na emissora dos Diários Associados, maior conglomerado de mídia da América Latina.

Chamado de ‘enciclopédia viva do Crato’, Huberto passou a ser uma testemunha ocular de episódios históricos da cidade, e uma das fontes essenciais de muitos acontecimentos. É um guardião e documentos de notável relevância, além de ser requisitado com frequência por pesquisares de universidades da região, além da imprensa, para dar depoimentos relevantes para pesquisar acadêmicas e matérias que são veiculadas junto à imprensa.

Teve a honra de conviver com icones com Patativa do Assaré e Luiz Gonzaga.

Segundo o Vice-Reitor da URCA, Professor Francisco do Ó Lima Júnior, que presidiu a reunião do CONSUNI em que o título foi concedido por unanimidade dos seus membros, os muitos amigos e admiradores de Huberto Cabral prometem realizar uma significativa comemoração na vindoura solenidade.
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Mestre Espedito Seleiro participará de desfile de escola de samba do Rio de Janeiro

O artesão de couro Espedito Seleiro será homenageado em uma das alas da escola de samba carioca União da Ilha do Governador, no Carnaval 2019. 

“A Moda de Espedito Seleiro”, será a 24ª ala da agremiação, que desfilará no sambódromo da Marquês de Sapucaí nesta segunda-feira de carnaval. Tesouro Vivo cearense, Espedito também estará em um dos carros alegóricos, ao lado de outros dois estilistas cearenses.

Reconhecido como Mestre da Cultura cearense em 2008, Espedito autorizou que a escola desenhasse as roupas da ala inspiradas em suas peças. “Já que estão oferecendo essa homenagem, por que não aceitar com todo carinho, com todo prazer?”, garantiu o artesão. O caririense estará no carro alegórico junto com o estilista Ivanildo Nunes e do designer de moda, Lindebergue Fernandes.

Com o enredo “A peleja poética entre Rachel e Alencar no avarandado do céu”, celebrando a literatura e cultura popular do Estado, a União da Ilha promete levar para a avenida cerca de 10 mil peças de artesanato cearense. 

Além de homenagear Espedito Seleiro, há uma expectativa que o Mestre Noza, artesão de madeira que se notabilizou em Juazeiro do Norte, também seja lembrado. No mês de setembro, o carnavalesco Severo Luzardo visitou o Cariri.

Natural de Arneiroz, mas estabelecido desde jovem em Nova Olinda, Espedito Veloso de Carvalho, 79, começou seu trabalho com o couro aos oitos anos, ajudando seu pai na produção de couro. Hoje, é um dos artesãos mais reconhecidos em todo Brasil. Suas peças como bolsas, sandálias, chinelos e carteiras já estiveram em desfiles nacionais e até em filmes.
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Pinto do Acordeon segue internado em UTI e filho pede orações: ‘papai é forte’

O músico paraibano Pinto do Acordeon está internado há cerca de 10 dias após problemas renais. A informação foi confirmada pelo filho do músico, o também sanfoneiro Mô Lima. Até a manhã desta segunda-feira (4), Pinto do Acordeon seguia internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

Pinto do Acordeon foi submetido a uma hemodiálise e precisa passar por um cateterismo. De acordo com Mô Lima, somente após normalizar a situação dos rins é que o músico paraibano poderá passar pelo procedimento no coração.

O músico está internado em um hospital particular no bairro da Torre e sob acompanhamento do médico cardiologista Ítalo Kumamoto.

Em 2015, Pinto do Acordeon teve parte de uma das pernas amputada por conta de complicações causadas por diabetes. Anteriormente, o cantor já havia sido internado e submetido a uma angioplastia.

Francisco Ferreira Lima, o Pinto do Acordeon, nasceu no município de Conceição, no sertão paraibano. Ele se tornou popular a partir de apresentações que realizava junto a trupe de Luiz Gonzaga. Ele gravou cerca de 20 álbuns durante a carreira. ‘Neném Mulher’ é uma das músicas mais conhecidas do repertório.
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Deputados e senadores ignoram eleitor e mantêm privilégios e mordomias

Se na campanha eleitoral a moralização dos atos parlamentares estava na pauta de 10 entre 10 candidatos, o primeiro mês de mandato dos novos deputados e senadores mostrou que o discurso está distante das promessas. As primeiras movimentações explicitaram pouca ou nenhuma iniciativa para acabar com as mordomias no Congresso — e não são poucas, principalmente comparadas aos direitos dos trabalhadores brasileiros.

O Correio listou prerrogativas de parlamentares que não fazem qualquer sentido para o cidadão comum — e que não têm paralelo com países desenvolvidos e com democracia consolidada. Entre as mordomias, está a ajuda de custo para mudanças, o que representa, sem qualquer sentido, dois salários a mais no início e no fim do mandato.

Outro ponto é o uso indiscriminado de carros oficiais pelas autoridades. Apenas no Executivo, mais de 100 pessoas têm direito a um veículo para se deslocar, além do presidente, do vice e dos ministros de Estado. No Legislativo e no Tribunal de Contas da União (TCU), senadores e ministros têm carros à disposição. No Judiciário, se forem considerados todos os tribunais e, mesmo fora do Poder, o Ministério Público, o número sobe de maneira exponencial.

O descalabro no Congresso segue com a aposentadoria especial de parlamentares, 55 assessores, verbas indenizatórias — mesmo com profissionais à disposição na Câmara e no Senado —, apartamentos funcionais e passagens aéreas. Tudo fora do salário de R$ 33,7 mil por mês, em parte do tempo pouco ou nada honrado pelos parlamentares, como ocorreu na semana passada e voltará a se repetir nas próximas quarta, quinta e sexta-feiras.

Reportagem do Correio da última sexta-feira mostrou que parlamentares devem queimar R$ 5,5 milhões pelos seis dias não trabalhados, sem considerar os penduricalhos das verbas de gabinete e os custos funcionais. A próxima sessão deliberativa na Câmara está marcada para o dia 12. Neste um mês de trabalho desde a posse dos políticos no parlamento, a principal comissão, a de Constituição e Justiça (CCJ), sequer foi instalada, fazendo com o que a reforma da Previdência não avançasse uma única casa desde que o texto foi anunciado.

A expectativa é a de que, com a volta do Congresso depois do carnaval, as mudanças nas regras de aposentadoria ganhem ainda mais protagonismo, impedindo qualquer avanço de pautas relacionadas à transparência e ao controle de gastos públicos. “Não existe Estado democrático de direito sem um poder legislativo atuante, mas, para isso, ele não precisa ser gordo, inchado e cheio de privilégios, como é hoje”, diz o senador Reguffe (sem partido-DF), autor dos principais projetos em tramitação para reduzir custos no Congresso.

O orçamento do Senado previsto para este ano é de R$ 4,5 bilhões. A folha de pessoal chega a 84,19% desse bolo. “Desses, 45,66% são com aposentados e pensionistas, isto é, bem próximo da metade do gasto com pessoal, situação semelhante à do Rio Grande do Sul, que gasta hoje 54% da folha com inativos. Se não houver um rigoroso estudo e tomada de decisão que mude o atual rumo perdulário, dentro de poucos anos, o Senado será financeiramente inviável”, emenda Martins.

Para o professor Pablo Holmes, o poder da burocracia brasileira e dos políticos é quase imperial, fortalecendo laços entre eles que passam longe da realidade brasileira.

“Uma coisa é o discurso do palanque, outra é a acomodação dos parlamentares depois de eleitos. Avançamos muito ao longo dos últimos anos em relação a privilégios, mas ainda nos falta muito, apesar da pressão de setores sociais”, diz. O debate fiscal, a partir da falta de recursos, é cada vez mais presente na sociedade. “O sistema político ainda permite essa defesa dos privilégios, que vai sendo minado com o tempo, por mais longo que seja esse processo.”

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, afirma que a Casa vem economizando nos últimos anos e que tem cortado gastos em todos os setores. “A gente cortou muita coisa. Nos primeiros dois anos depois da aprovação da PEC do Teto, a Câmara dos Deputados foi o poder, do ponto de vista nominal, que cresceu menos as despesas, 2,8% do ponto de vista nominal, e do ponto de vista real foi negativo, já que a inflação foi maior que 2,8. Então, nós devolvemos R$ 700 milhões para o governo federal.”

Maia destaca ainda que, entre todos os gastos, a maior despesa da Casa é com aposentadorias e diz que uma reforma administrativa será realizada para reduzir custos.

 “Agora, estamos começando um trabalho com os recém-eleitos, de reforma administrativa. Vamos fazer a reforma. Precisamos reorganizar em todos os poderes”, frisa.

“Eu comando a Câmara. Se colocar salário e aposentadoria da Câmara, dá quase R$ 4 bilhões. O que custa menos é o deputado. Se você cortar o deputado, ou seja, se não tiver parlamentar na Câmara, ainda teremos uma despesa bilionária. É um dado da realidade. O Executivo é caro, o Judiciário é caro. Foi isso que nós construímos ao longo de 30 anos.” O Correio tentou contato com o presidente do Senado, David Alcolumbre (DEM-AP), mas não teve retorno.

“Não existe Estado democrático de direito sem um poder legislativo atuante, mas, para isso, ele não precisa ser gordo, inchado e cheio de privilégios, como é hoje”

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Com reforma da Previdência, trabalhador rural não poderá se aposentar por idade sem nunca ter contribuído

Se as mudanças propostas pelo governo no sistema previdenciário forem mantidas na negociação com o Congresso, um pequeno produtor ou trabalhador rural não poderá mais se aposentar por idade, sem nunca ter contribuído.

No desenho feito pela equipe econômica, o jovem que entrar hoje no mercado rural ou um pequeno produtor, no regime familiar, terá de contribuir com 20 anos, no mínimo, para conseguir a aposentadoria.

Para o pequeno produtor, a contribuição será de R$ 600 por ano, pelo menos.

"Lembrando que essa contribuição é pelo grupo familiar. Então, uma família que tem pai, mãe e dois filhos, vai precisar de uma contribuição anual de R$ 600, R$ 50 por mês para os quatro", diz o secretário especial da Previdência, Leonardo Rolim. "Então, vai ser feita essa contribuição e ela vai contando até completar 20 anos de contribuição ao longo de toda a vida laboral."

Também pela proposta do governo, a idade mínima para pedir aposentadoria rural permanece a mesma para os homens, de 60 anos. Mas, para as mulheres, a idade pode subir de 55 anos para 60 anos.

Segundo o governo, quem temais mais de 36 anos, não precisará contribuir com a Previdência para conseguir o benefício, basta comprovar que trabalhou 20 anos no campo. Também informou que nada muda para quem já recebe a aposentadoria.

No entanto, para quem tem entre 16 anos e 35 anos, o projeto traz regras de transição, tanto para idade mínima de aposentadoria como para o tempo de contribuição.

O governo federal não disse quanto vai arrecadar só com a proposta para a aposentadoria rural, mas já informou que esse valor não deve cobrir o rombo de mais de R$ 100 bilhões na Previdência do campo.

"O objetivo principal das mudanças em relação à Previdência rural não é levar a uma grande economia, mas separar Previdência de assistência e dar transparência aos subsídios que existem na Previdência rural", afirma Rolim. "Previdência rural é muito importante, a atividade rural é estratégica para o Brasil, não por acaso esse é o regime que está sendo menos afetado na Previdência e vai continuar fortemente subsidiado."


A proposta tem alguns pontos polêmicos, segundo o advogado Wanderson Camargos, especialista em Previdência. O problema maior, de acordo com ele, é que pequenos produtores e trabalhadores tem renda baixa e, portanto, pode ser um difícil garantir uma contribuição contínua para o governo.

"Pode surgir um grande empobrecimento do homem do campo, uma exclusão social, de morrer sem ter direito aos benefícios", diz Camargo. "E pode também ter um grande risco de um grande voltar como aconteceu no passado, um grande êxodo rural."



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