MARCUS ACCIOLY UM MARCO DA POESIA CONTEMPORÂNEA

Quando foi lançado, em 1971, “Nordestinados” angariou fãs renomados para o poeta pernambucano Marcus Accioly. “Poeta do povo nordestino, poeta da minha predileção”, escreveu o baiano Jorge Amado. “Grande poeta (...) Poeta - repita-se -, dentre os maiores produzidos pelo Brasil”, elogiou Gilberto Freyre. Em 2016 foi lançada a quarta edição do livro, comemorativa aos 45 anos de publicação da obra, com sessão de autógrafos e cantoria. O CD “Nordestinados - a poesia de Marcus Accioly com música de César Barreto” acompanha cada exemplar.

Na oportunidade Marcus declarou que esse foi o segundo livro lançado, o primeiro premiado pelo Recife das Humanidades e também o primeiro a ser lançado fora do Recife (no Rio, pela editora Tempo Brasileiro.

As histórias ocorrem na Mata-Seca e na Mata Úmida, nos engenhos Laureano e Jaguabara. “Se vê na Mata-Úmida/ Casas-canavieiras:/ De barro-massapê/ E folhas de palmeiras”, canta o poeta na obra que traz Agreste e Sertão. Os versos fazem parte de um mundo que els quis, contraditoriamente, preservar e destruir: preservar através do menino-particular e destruir diante do homem-plural que, à semelhança da cana-de-açúcar, vem sendo espremido de todo sangue, até seu bagaço humano, pela tradição”.

O CD, também relançado pela Bagaço, traz 12 faixas, todas compostas por Accioly e César Barreto: “Cego Aderaldo”, “Pedra sobre pedra”, “Meninos-caranguejos”, “O Sertão”, “Gemedeira”, entre outras.

“Pertencendo ao grupo de escritores e artistas nordestinos que, dos anos 1960 para cá, têm mergulhado nas raízes populares, de origem íbero-lusitana, latentes nos Romanceiros e Cancioneiros, na Literatura de Cordel e nas Cantorias, na Música, nas Gravuras e Esculturas primitivas, Marcus Accioly é dos poetas que hoje tentam recuperar a poesia em sua natureza primitiva: a palavra que nasceu do canto e se perpetua na voz popular”, escreve Nelly Novaes Coelho, ensaísta, crítica literária e professora, no prefácio de “Nordestinados”. Este livro se destaca, mais de 40 após seu lançamento, como uma das mais importantes diretrizes da poesia regional contemporânea, e não oferece só paisagem, mas o homem e sua realidade.

E neste outubro o Brasil e o mundo perdeu o Poeta...Marcus Morais Accioly, mais conhecido como Marcus Accioly, morreu neste sábado (21), aos 74 anos. Bacharel em Direito, Accioly se tornou membro da Academia Pernambucana de Letras (APL) no ano 2000, chegando a ocupar a cadeira 19, deixada por João Cabral de Melo Neto.


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TROPICÁLIA 50 ANOS: A HISTÓRIA DO MOVIMENTO QUE MARCOU A CULTURA BRASILEIRA

O movimento artístico que ficou conhecido como Tropicália completa 50 anos este mês. A apresentação das músicas Alegria, Alegria e Domingo no Parque, em 21 de outubro de 1967, durante a final do III Festival Record, marcaram o início de uma série de experimentações que levaram a uma nova forma de compreender a música brasileira. Essas inovações estéticas continuaram nos discos seguintes dos músicos Gilberto Gil e Caetano Veloso e na obra coletiva Tropicália ou Panis Et Circencis, o disco manifesto lançado no ano seguinte às apresentações no Festival da Record.

O clima tropicalista contagiou o Brasil e a efervescência se estendeu até dezembro de 1968, quando Caetano e Gil foram presos e, meses depois, obrigados a sair do país e irem para o exílio. A ditadura militar (1964-1985) acabava de iniciar sua fase mais dura, com Ato Institucional (AI) 5. A repressão não deixou passar o trabalho dos tropicalistas que, naquele momento, tinham sua máxima expressão em um programa semanal exibido na TV Tupi, emissora extinta no ano de 1980.

O pesquisador Frederico Coelho, professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio (PUC-Rio) e especialista em Tropicália, diz que a Tropicália surgiu, o cenário musical do país tinha como principais expressões as canções politizadas e de protesto dos artistas da chamada Música Popular Brasileira (MPB) e o pop da Jovem Guarda, liderada por Roberto Carlos e seu iê-iê-iê, que mimetizava Beatles e Rolling Stones. Era o auge da ditadura militar.

A radicalização política no país também se expressava na música: de um lado os admiradores das canções de protesto, do outro, os fãs do iê-iê-iê. “Os tropicalistas buscavam justamente uma cena que fosse um pouco mais aberta, com menos preconceitos e mais liberdade de criação”, destacou em entrevista à Agência Brasil o escritor Carlos Calado, autor do livro Tropicália: história de uma revolução musical.

A Tropicália representou uma renovação no cenário musical do país ao investir em ritmos como o baião, bolero, marcha, música caipira, incluindo na mistura o pop e o rock. “A Tropicália era muito mais um ponto de vista crítico sobre a cena da música brasileira, sobre o repertório da música brasileira, do que propriamente uma maneira de se fazer música. Não existia uma forma tropicalista, na verdade os tropicalistas buscaram várias formas”, explica Calado.

Passados 50 anos do movimento, o autor considera que o disco Tropicália ou Panis et Circensis representa hoje seu principal legado por permanecer moderno e desafiador.“É um disco que não envelhece. Praticamente se tornou um clássico que você pode ouvir a qualquer momento e ainda se surpreender de alguma maneira”.

Para o poeta e compositor Salgado Maranhão, a Tropicália foi fruto de um momento do país e teve o papel de abrir caminhos e possibilidades no campo artístico. “A Tropicália nos deu uma modernidade e uma ousadia que não tínhamos”.

O também poeta e compositor Antônio Cícero destaca que o mais interessante no tropicalismo foi o fato de ser um movimento de vanguarda para a música popular. “Foi através da Tropicália que eu rompi com essa separação radical entre a cultura erudita e a cultura popular. Foi muito importante para o Brasil,  o Brasil, representou a liberação de todas as possibilidades para a música brasileira”.
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LUIZ GONZAGA, O DOUTOR DA ECOLOGIA

Luiz Gonzaga aprendeu que para concretizar os sonhos era preciso primeiro aprender a caminhar, correr, dançar e voar

"Quem deseja aprender a voar, deve primeiro aprender a caminhar, a correr, a escalar e a dançar. Não se aprende a voar voando". Não sei o porquê mas pensei nesta frase para argumentar o pioneirismo de Luiz Gonzaga e seus parceiros musicais em defesa do meio ambiente, numa época que não se defendia a ecologia.

Agora o Rei do Baião, Luiz Gonzaga ganha o título maior no Ensino Superior. A Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) concedeu ao cantor e compositor Luiz Gonzaga o título de Doutor Honoris Causa (in memoriam), maior honraria das instituições de ensino.

Este título, nestes tempos de inversões dos valores educacionais e culturais, onde prolifera nos meios de comunicação péssima educação, gritaria, letras que incentivam desunião, invejas,  falta de amor; o título traz a oportunidade de valorizar o aprendizado e vontade própria de ser vencedor de um cidadão que não nasceu em berço de ouro e venceu todo tipo de preconceito.

Todo brasileiro sabe da condição de semi analfabeto de Luiz Gonzaga, mas cidadão que sempre sonhou em aprender e propagar o quanto é importante estudar na vida e ter um diploma universitário. O título concedido pela UFRPE é merecido e simboliza a valorização da leitura e do aprendizado. Luiz Gonzaga teve a coragem de sonhar quando tudo era proibido!

A ideia de conceder o título a Luiz Gonzaga veio do professor e pesquisador da UFRPE Severino Mendes Júnior. Ele argumento que Luiz Gonzaga foi um autêntico defensor do meio ambiente. O professor afirmou durante entrevista que pela afinidade das letras de Gonzaga com os estudos da UFRPE ele merecia o título máximo de Doutor Honoris Causa.

A proposta foi formalizada e aprovada, por meio da Resolução nº 158/2012, pelo Conselho Universitário da UFRPE. Na justificativa, a reitora da UFRPE e presidente do Conselho, Maria José de Sena, afirma que o cantor e compositor é um “autêntico representante da cultura nordestina, cujas canções envolvem ecologia e meio ambiente, enaltecendo a fauna da caatinga e referenciando a conservação da natureza”.

O Título de Doutor Honoris Causa é concedido a personalidades que tenham se distinguido pela sabedoria ou pela atuação frente a artes, ciências, filosofia, letras ou das relações com a sociedade. O título de doutor universitário proporciona a Luiz Gonzaga o mote de nós todos cantar e incentivar nossos jovens a estudarem e buscar o diploma que vai garantir liberdade. A educação é a única forma de libertação.

Afinal, o estudo de Luiz Gonzaga foi sua sanfona. E os josés, severinas e João, Antonio que não sabem tocar sanfona para ganhar o pão de cada dia?
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FORRÓ PODE SER CONSIDERADO PATRIMÔNIO IMATERIAL DO BRASIL

A Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo (CDR) vai discutir formas para preservar a cultura do forró, que inclui o registro do ritmo musical como patrimônio imaterial do Brasil. Foi aprovada em reunião da comissão requerimento para realização de audiência pública sobre a proposta. O debate deve ocorrer durante o Encontro Nacional dos Forrozeiros, no dia 20 de novembro, em João Pessoa (PB).

A presidente da CDR, senadora Fátima Bezerra (PT-RN), lembrou que a Unesco já concedeu o título de Patrimônio Imaterial da Humanidade ao frevo pernambucano.

"Assim como merecidamente, acertadamente, já foi feito com o frevo, nós queremos que a mesma coisa seja feita com o forró. Seria por demais oportuno que a comissão fosse até lá como forma de a gente prestigiar toda essa mobilização, porque defender o forró é defender uma das expressões mais genuínas de identidade cultural do Nordeste e do Brasil", disse.

O senador Elmano Férrer (PMDB-PI) observou que o forró faz parte de festividades tradicionais, como as festas de São João, e tem importância cultural e social.

"Eu acho que isso faz parte da nossa tradição, da nossa cultura. Eu vejo o mérito da proposta, o alcance social e cultural sobretudo", afirmou.

Para a também piauiense senadora Regina Sousa (PT-PI), o forró é um ritmo genuinamente brasileiro. "É importante a gente estar resgatando e reavivando as nossas expressões culturais. Tem um preconceito ainda muito grande com o nordestino e o forró é nacional, acho que nos une, não nos separa", frisou.

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BIBLIOTERAPIA: O CUIDADO ATRAVÉS DO LIVROS

Apoiada numa visão de Psicologia como “o cultivo da alma”, a psicóloga Tereza Roberta dedica-se a “desatar os nós do ser” por meio da Biblioterapia. A psicóloga e biblioterapeuta, única em Pernambuco com habilitação para este curso, vai apresentar os caminhos que vem percorrendo nessa área de conhecimento. Entre os dias 27 e 29 em Petrolina quando promoverá o Encontro Biblioterapia Cuidado através dos livros.

O objetivo entre outros quesitos é compreender a função terapêutica da leitura, semear e potencializar a dimensão da literatura, além de partilhar com o leitor textos utilizados em sua prática de consultório e em outras atividades de leitura que iluminam sentidos e sentimentos.

Tereza Roberta explica que a biblioterapia é a utilização da literatura como recurso terapêutico no qual a leitura pode contribuir de diversas formas desde nomear angústias, promover um espelhamento interno, ao abrir para o dálago por encontrar afinidades de idéias e sentimentos ao descobrir crenças e linguagens cristalizadas ao expandir perspectivas e possibilidades de ser. 

O mini curso terá 16 horas de duração e é a possibilidade das pessoas que se identifiquem com a riqueza da literatura de todos os lugares e tempos ampliar as buscas para quem arte é necessidade vital, um instrumento de transformação interior, de encontro consigo e com o outro. O investimento custa R$ 120 e estudantes e professores tem desconte. Outras Informações: 87(9)88681902
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NÃO VIOLÊNCIA: MÚSICA QUE EDUCA E TORNA UMA PESSOA DO BEM

A Orquestra de Câmara da Escola de Música da Rocinha, Comunidade do Rio de Janeiro, iniciou suas atividades em agosto de 2012 quando a escola começou a oferecer cursos de violino, viola, violoncelo, contrabaixo, flauta, clarinete, trompete, trompa e trombone, para jovens, inicialmente abrindo poucas vagas, mas já realizando ensaios visando às apresentações públicas.

Catorze desses jovens talentos de diferentes comunidades do Rio de Janeiro vão realizar um sonho: se apresentar em espaços consagrados para a música clássica, na Europa. O repórter Danilo Vieira, da Rede Globo acompanhou o último ensaio antes da viagem.

O conjunto de favelas do Alemão é um dos maiores complexos da cidade, e também um dos mais violentos. “O projeto se chama ‘Ação Social pela Música do Brasil'. Já existe há 22 anos. Nós iniciamos esse projeto para educar centenas de crianças e adolescentes através da música clássica”, explica Fiorella Solares.

São ao todo 900 alunos de diferentes favelas do Rio. O projeto oferece aulas de teoria e prática musical. Os mais avançados vão para a Camerata. São jovens virtuoses aprendendo e ensinando os valores da virtude. “Tem como você vencer através da música. Tem como você ser uma pessoa do bem através da música”, afirma Renan.

A Camerata embarca pra uma série de apresentações na Europa durante esta semana.“Por exemplo, na Holanda. o grupo foi convidado pra tocar na sala dos espelhos do Concertgebouw, em Amsterdam. Essa sala é conhecida como a melhor sala de concertos do mundo”, explica Fiorella Solares .

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NETO TINTAS FOI SORRIR E COLORIR CÉUS E ESTRELAS DO SERTÃO DA ETERNIDADE

Desafinados cantávamos. Cantar para viver a arte de ser Feliz. Cantar para afirmar que Luiz Gonzaga vive! E na curva da estrada eu escutava sempre o homem/criança dizer assim: Poeta Amigo Jornalista Vitalino estamos chegando em Exu. Aumenta o som:
"Meu Araripe Meu relicário. Eu vim aqui rever meu pé de serra Beijar a minha terra Festejar seu centenário/. Sejam bem vindos os filhos de Januário/Pro Araripe festejar...Meu Araripe. Meu relicário...

E hoje na madrugada, "Eu vi a Morte, a moça Caetana, com o Manto negro, rubro e amarelo.Vi o inocente olhar, puro e perverso, e os dentes de Coral da desumana...vi asas deslumbrantes que, rufiando nas pedras do Sertão, pairavam sobre Urtigas causticantes, caules de prata, espinhos estrelados e os cachos do meu sangue iluminado". 

Eu vi, juro que vi a Moça Caetana levando Anésio Lino de Souza Neto Tintas...e ele foi com o sorriso e braços abertos. E partiu assim...Nas asas do Pensamento uma lágrima. Petrolina, Garanhuns, Barbalha-Ceará, Juazeiro do Padim Ciço, Serrita-Missa do Vaqueiro, Feira de Caruaru, Paraíba-Campina Grande, rua Indio Cariris são cidades sonhos que choram tua saudade. E o Riacho do Navio onde nós e Italo/Abilio/Icaro pareciamos meninos a brincar de atravessar pontes e cantar...e o nosso relicário-Fazenda Araripe centenário festeja. E a hora mágica quando na Igreja do Araripe às 18horas rezavamos Ave Maria.

Há dores que fazem sentido, como as dores do parto: uma vida nova está nascendo. Mas há dores que não fazem sentido nenhum...Perdoe-me Pai Criador. Morrer tem seu sentido...as escrituras sagradas afirmam que sim: "Para tudo há o seu tempo. Há tempo para nascer e tempo para morrer". A morte e a vida não são contrárias. São irmãs. A "reverência pela vida" exige que sejamos sábios para permitir que a morte chegue quando a vida deseja ir. 

É assim que Penso: Anésio Lino de Souza-Neto Tintas fez a grande viagem. Foi colorir os céus do Sertão da Eternidade e em algum lugar vai garantir mais Felicidades e sorrisos na vida dos amigos...tornar mais belo a razão de viver...e de haver estrelas...
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