Jogos Olímpicos, Música da melhor qualidade, desafios e vitórias

O filósofo Nietzsche afirma que  “a música nos oferece momentos de verdadeiro sentimento”, pois “só a música colocada ao lado do mundo pode nos dar uma idéia do que deve ser entendido por justificação do mundo como fenômeno estético” e que “a vida sem a música é simplesmente um erro, uma tarefa cansativa, um exílio”.

Schopenhauer dizia que "a música é a representação mais pura de todas as vontades, de todas as emoções".

A música permite que a criança brinque dentro de nós; que o monge dentro de nós reze; que o jovem dentro de nós dance e que o herói dentro de nós supere todos os obstáculos, ou quase todos...

Nestas citações, percebe-se o quanto a filosofia atribui à música a importância para o pensamento e para a vida e se relaciona à afirmação da existência humana.

O encerramento da Olimpíada 2016 foi marcado quando destacou a boa música e os vários aspectos da cultura brasileira.

Teve destaque até para Maciel Salú e sua rabeca. A memória e valor cultural de Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro fizeram o mundo se emocionar e dançar.

No repertório Chiclete com banana (de Jackson do Pandeiro), O canto da ema (de Alventino Cavalcanti, Aires Viana e João do Vale, A cantiga do sapo (de Jackson do Pandeiro e Buco do Pandeiro, Asa Branca-Humberto Teixeira e Luiz Gonzaga e Sebastiana (de Rosil Cavalcanti).

O cantor e compositor recifense Lenine fez uma versão de Jacksoul brasileiro.

A cerimônia, com direção geral de Rosa Magalhães, Fernando Meirelles, Andrucha Waddington e Daniela Thoma, homenageou à Serra da Capivara e à arte rupestre. O artesanato foi celebrado com a tradicional Mulher rendeira, entoada pelas Ganhadeiras de Itapuã, de Salvador (Bahia).

O Grupo Corpo, de Belo Horizonte, dançou o xote Xiquexique, de Tom Zé e Zé Miguel Wisnik. Após a performance de dança contemporânea, a mais famosa canção de Luiz Gonzaga, Asa branca, foi tocada em gravação do próprio Rei do Baião e dançada por voluntários com figurino em alusão à cerâmica e à arte do Mestre Vitalino.

E assim o Brasil ganhou medalha de Ouro na categoria melhor música.
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Geneton Moraes Neto: morreu um nome sinônimo do melhor jornalismo

O jornalista e escritor Geneton Moraes Neto morreu no Rio, aos 60 anos. Pernambucano, um sinônimo de quem sabia fazer o melhor jornalismo. Com mais de 40 anos de carreira no jornalismo, Geneton era um apaixonado pelo exercício da reportagem, função que ele afirmava ser a "realmente importante" no jornalismo.

Dizia sempre que Todo profissional precisa de uma bandeira. "Escolhi uma: fazer Jornalismo é produzir memória. De certa forma, é o que me move"

Começou no jornalismo impresso, no Diário de Pernambuco, depois foi para a sucursal Nordeste do Estado de S. Paulo,  sempre como repórter. Passou uma temporada em Paris, onde trabalhou como camareiro, motorista e estudou cinema na Universidade Sorbonne.

De volta ao Brasil, foi editor e repórter da Rede Globo Nordeste e depois na Rede Globo Rio.

Foi editor executivo do Jornal da Globo e do Jornal Nacional, correspondente da GloboNews e do jornal O Globo em Londres, repórter e editor-chefe do Fantástico. Na GloboNews desde 2006, estava à frente do programa Dossiê. Em agosto de 2009, estreou um blog no G1, que manteve atualizado até abril de 2016.

Geneton também era escritor: publicou oito livros de reportagem e entrevistas. E seguiu o caminho dos documentários, o mais recente sobre Glauber Rocha.

Pernambucano, nasceu, como gostava de enfatizar, "numa sexta-feira 13 [de julho], num beco sem saída, numa cidade pobre da América do Sul: Recife". Saiu do referido beco sem saída para ganhar o mundo fazendo jornalismo. Seus primeiros passos na profissão foram aos 13 anos de idade, escrevendo artigos amadores para o "Diário de Pernambuco" onde, poucos anos depois, conseguiu seu primeiro emprego.

Em 2010, ao receber o prêmio Embratel de jornalismo, Geneton publicou em seu blog "pequena carta aos que gastam sola de sapato fazendo Jornalismo". Escreveu que "fazer Jornalismo é saber que existirá sempre uma maneira atraente de contar o que se viu e ouviu" e outros lemas.

O jornalista também produziu documentários como o “Canções do Exílio”, exibido no Canal Brasil, com depoimentos de Caetano Veloso, Gilberto Gil, Jorge Mautner e Jards Macalé, sobre o período em que moraram em Londres, e “Garrafas ao Mar: a Víbora Manda Lembranças”, que reúne entrevistas que ele gravou nos 20 anos de convivência com o jornalista Joel Silveira, um dos maiores repórteres brasileiros.

Em 2012, Geneton recebeu a Medalha João Ribeiro concedida anualmente pela Academia Brasileira de Letras (ABL) a personalidades que se destacam na área de cultura.
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Em defesa de Luiz Gonzaga, Parque Asa Branca e da nossa memória afetiva

A triste e assustadora reportagem veiculada pela TV Grande Rio/Globo, do possível fechamento do Parque Asa Branca, localizado em Exu, Terra de Luiz Gonzaga, lugar que guarda parte da memória do  Rei do Baião, merece reflexão. No parque está o Museu do Gonzagão.

Para onde está caminhando a Política Cultural brasileira?

A revitalização do museu mais  brasileiro e do patrimônio histórico ali representado deveria ser uma das prioridades do Ministério da Cultura. O Museu Gonzagão dever ficar sempre aberto à vida que há fora deles.

Este assunto evoca os versos de uma canção: "Tanta saudade preservada num velho baú de prata dentro de mim / Digo num velho baú de prata porque prata é a luz do luar". Este baú é como um museu pessoal, o museu que todos temos, feito de lembranças, quinquilharias e reminiscências que alimentam o nosso presente. Como todos os museus pessoais, o da canção tem "qualquer coisa" que vai além do "eu".

Gilberto Gil, ex-ministro da cultura disse que há um momento e um território em que o canto da memória se encontra com outras memórias e outros cantos. E se transforma a partir dos encontros feitos. Os museus de pedra e cal e os museus virtuais são baús abertos da memória afetiva da sociedade, da subjetividade coletiva do país, da soma dos museus pessoais.

O Parque Asa Branca merece atenção e não pode fechar! É preciso que o Museu do Gonzagão se mantenha vivo e pulse, consagrando o jogo de tradição e invenção que dialeticamente marca a construção da cultura brasileira.

O Museu de Luiz Gonzaga em Exu, têm cheiro de vida e nele está o alimento, a raiz da música mais brasileira inspirada no toque da sanfona de Luiz Gonzaga, de seus compositores e seguidores.

E esta raiz remete ao cosmo (e ao caos) das musas. O museu é a casa das musas. E não por acaso a musa da música tem lugar privilegiado no Templo das Musas, no museu das artes, no panteão das musas que desde a mitologia grega são as inspiradoras de toda arte, de toda criação humana. Os museus abrigam o que fomos e o que somos. E inspiram o que seremos.

O Parque Asa Branca precisa ser visto como um lugar de criação, diálogo e preservação do aqui e do agora. Esta noção está na base dos esforços de todos que preservam a memória e história de Luiz Gonzaga.

Os museus são "pontos de cultura". O Parque Asa Branca deve cumprir um papel de referência e base para o futuro da cultura. O Museu Gonzagão significa música e poesia para os nossos corpos, mentes e espíritos.
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Parque Asa Branca em Exu passa por dificuldades financeiras

O maior acervo do trabalho e da vida de Luiz Gonzaga encontra-se no Parque Aza Branca, uma espécie de museu que fica na cidade de Exu, no Sertão de Pernambuco. Devido a falta de recursos, dificuldades de manter as despesas com funcionários e a manutenção, o espaço poderá fechar as portas.

Desde o ano de 1999, o parque é administrado por uma Organização Não governamental (ONG), mas ela está tendo dificuldade de manter o funcionamento. “A ong tem dez funcionários de carteira assinada, o que dá uma folha de pagamento de R$12 mil reais, quando você soma todas as despesas fixas, com outras despesas que nós temos, a gente soma R$20 mil reais de despesas fixas por mês. Estamos arrecadando em torno de R$10 a R$12 mil reais”, explica o presidente da Ong Parque Aza Branca, Júnior Parente.

Segundo Júnior, o governo do estado que sempre foi um dos parceiros na manutenção do local, não está mais tão presente como antes. “A parceria do governo estadual, nesses últimos anos, vem sendo quase que exclusivamente para promoção de festas”.

Uma reserva financeira dos tempos em que o número de visitas era maior é que está mantendo o parque aberto. Mas, o dinheiro deve acabar em seis meses. A funcionária Milena da Costa disse que houve queda no número de visitantes do parque. “De um ano pra cá ,o movimento caiu mais de 50%”, revela.

Uma das fontes de renda do parque é a vendas de lembrancinhas e cobrança da entrada que custa R$4. “A gente passa aqui pra reviver essa história tão bonita de Luiz Gonzaga e comprar essa lembrancinha para levar para os nossos familiares e amigos”, conta o empresário Sandro Pereira.

No parque fica a casa que Luiz Gonzaga morou com os móveis da época, o mausoléu, onde o corpo do rei do baião está sepultado. Além da réplica da casa de reboco, onde o músico nasceu e o pé de juazeiro, cantinho de muitos encontros.

Fonte: G1
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Luiz Gonzaga: alma brasileira

O Brasil celebrou os 27 anos da morte do cantor e compositor Luiz Gonzaga, o rei do baião. Luiz Gonzaga, o Lua como também era conhecido, foi essencialmente um telúrico. Ele soube como ninguém cantar o Nordeste e seus problemas. Pernambucano, nordestino, brasileiro, Luiz Gonzaga encantou o Brasil com sua música, tornando-se um daqueles que melhor souberam interpretar sua alma.

Nascido em Exu, no alto sertão de Pernambuco, na chapada do Araripe, ele ganhou o Brasil e o mundo, mas nunca se esqueceu de sua origem. Sua música, precursora da música brasileira, é algo que, embora não possa ser classificada como "de protesto", ou engajada, é, contudo, politicamente comprometida com a busca de solução para a questão regional nordestina, com o desafio de um desenvolvimento nacional mais homogêneo, mais orgânico e menos injusto, portanto.
Telúrico sem ser provinciano, Luiz Gonzaga sabia manter-se preso às circunstâncias regionais sem perder de vista o universal.

Sua sensibilidade para com os problemas sociais, sobretudo nas músicas em parceria com Zé Dantas, era evidente: prenhe de inconformismo, denúncia do abandono a que ainda hoje está sujeito pelo menos um terço da população brasileira, mormente a que vive no chamado semi-árido.

Não estaria exagerando se dissesse que Gonzaga, embora não tivesse exercido atividade política ou partidária, foi um político na acepção ampla do termo. Política, bem o sabemos, é a realização de objetivos coletivos e não se efetua apenas por meio do exercício de cargos públicos, que ele nunca teve. Política é sobretudo ação a serviço da comunidade. Como afirma Alceu Amoroso Lima, é saber, virtude e arte do bem comum.

Outro aspecto político da presença de Luiz Gonzaga foi no resgate da música popular brasileira. O vigor de suas toadas e cantorias tonificou a nossa música, retirando-a do empobrecimento cultural em que se encontrava. Sua música teve um viés nacionalista, ou melhor, brasileiríssimo, que impediu que lavrasse um processo de perda de nossa identidade cultural. Não foi uma música apenas nordestina, mas genuinamente nacional, posto que de defesa de nossas tradições e evocação de nossos valores.

Luiz Gonzaga interpretou o sofrimento e também as poucas alegrias de sua gente. Mas foi por meio de "Asa Branca" que Lua elevou à condição de epopéia a questão nordestina. Certa feita, Gilberto Freyre afirmou que o frevo "Vassourinhas" era nossa marselhesa. Poderíamos dizer, parafraseando Gilberto Freyre, que "Asa Branca" é o hino do Nordeste: o Nordeste na sua visão mais significativamente dramática, o Nordeste na aguda crise da seca.

Gilberto Amado disse a propósito da morte de sua mãe: "Apagou-se aquela luz no meio de todos nós". Para o Nordeste, e tenho certeza para todo o país, a morte de Luiz Gonzaga foi o apagar de um grande clarão. Mas com seu desaparecimento não cessou de florescer a mensagem que deixou, por meio da poesia, da música e da divulgação da cultura do Nordeste.

Em sua obra ele está vivo e vive no sertão, no pampa, na cidade grande, na boca do povo, no gemer da sanfona, no coração e na alma da gente brasileira, pois, como disse Fernando Pessoa, "quem, morrendo, deixa escrito um belo verso, deixou mais ricos os céus e a terra, e mais emotivamente misteriosa a razão de haver estrelas e gente".

Fonte: Marco Maciel, foi vice-presidente da República. Foi governador do Estado de Pernambuco (1979-82), senador pelo PFL-PE (1982-94) e ministro da Educação (governo Sarney).
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Jornalista Ney Vital é escolhido para ser membro do Conselho de Cultura do Parque Aza Branca, Exu- Terra de Luiz Gonzaga

O jornalista Ney Vital é o mais novo membro do Conselho de Cultura da ONG-Parque Aza Branca, Exu, Pernambuco. O Parque Aza Branca é um patrimônio cultural do povo brasileiro e nele está o Museu de Luiz Gonzaga.

O dia da posse ainda não foi divulgado. Na justificativa, o nome de Ney Vital foi proposto pelos relevantes serviços prestados a cultura. Ney Vital já foi secretário de comunicação da prefeitura de Petrolina, Pernambuco,  ex-secretário de cultura de Areia, Paraiba, cidade Patrimônio Nacional da Cultura e assessor de imprensa do Incra Submédio São Franscisco.

Ney Vital em 2012, ano do Centenário de Luiz Gonzaga, recebeu da Assembleia Legislativa de Pernambuco, homenagem pela ampla divulgação, contribuição dada à cultura, literatura e à música brasileira, em especial vida e obra de Luiz Gonzaga.

"Aumenta o compromisso! A missão dos conselheiros é valorizar a vida e obra de Luiz Gonzaga, buscar caminhos de uma política cultural mais justa. O compromisso é mais forte agora para ampliar a consciência dos nossos valores mais brasileiros", finalizou Ney Vital.

O Parque Aza Branca, além do Museu do Gonzagão e da Casa de Luiz Gonzaga, o parque abriga também outras instalações, como o Ponto de Cultura Alegria Pé-de-Serra, o Mausoléu de Gonzagão (onde se encontram os restos mortais do Rei do Baião), dois palcos para eventos e ainda duas pousadas, denominadas Santana e Januário – em homenagem a sua mãe e a seu pai. Abrigando um cenário típico do Sertão pernambucano, o parque conta ainda com um viveiro de pássaros da espécie asa branca, além de juazeiros e cactáceos distribuídos por todo o local.
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Luiz Gonzaga é o pai do ritmo Baião

Luiz Gonzaga, por meio da sua música, deu origem a uma das mais significativas representações da cultura brasileira. Sua música e o baião, sua mais expressiva criação, revolucionaram o imaginário do povo brasileiro. Um universo ímpar de significações que alargou as fronteiras da nossa identidade nacional, incluindo o povo nordestino no imaginário do Brasil.

Há quem diga que o Nordeste, tal qual o compreendemos, foi uma invenção de Seu Lua. A grandeza de sua obra fez dele um dos representantes mais ilustres da cultura brasileira, pelo que dela ele soube traduzir e o que a ela soube, com sua genialidade, acrescentar.

Ainda jovem, tornou-se um símbolo do país inteiro. Entre meados das décadas de 1940 e 1950, o baião foi o estilo musical mais tocado no Brasil. O baião é, reconhecidamente, tanto quanto o samba, uma expressão brasileira, por excelência. Em qualquer parte deste planeta. E Luiz Gonzaga, o maior ídolo da música brasileira. Desde então, nunca mais deixou de ser ouvido, tocado e composto.

Luiz Gonzaga foi uma dádiva para nossa formação cultural em momento de grande expansão urbana. Gonzaga surgiu para o Brasil no Rio de Janeiro num momento privilegiado. A indústria do disco e a rede radiofônica já tinham a maturidade tecnológica e cultural, para entender um talento como o seu, capaz de unir o país de ponta a ponta, com alto nível de qualidade e elaboração.

Luiz urbanizou sua tradição, predominantemente rural e interiorana. Como todo grande artista, foi capaz de traduzir o seu mundo, universalizando-o; capaz de absorver em seu processo criativo toda a vivência cultural dos nordestinos e torná-las objeto de admiração e de afeto para milhões de brasileiros.

O Brasil é um país tão extenso e tão diverso que precisa ser o tempo todo ser apresentado a si mesmo. Foi isso o que Seu Luiz fez, apresentou ao Brasil um Nordeste que o Brasil desconhecia. Um mundo cheio de novidades, dores e belezas.

Poucos terão cantado tão bem quanto ele e seus parceiros os dramas do povo nordestino; mas, acima de tudo, foi a alegria de viver do nordestino que ele mais intensamente nos revelou. Muitos brasileiros aprenderam a amar e respeitar o Nordeste depois de serem cativados pela rara beleza da voz confiante de Gonzagão, e pelo seu sorriso, exprimindo uma inabalável alegria de viver.

Gonzaga surgiu como representante típico da massa cabocla do sertão. Destinado a plantar no coração da metrópole as sonoridades, os versos e a memória coletiva de um povo que nunca sonhava em ir para a cidade, e só o fazia quando o seu mundo começava a se acabar, pelo latifúndio, pela seca e falta de oportunidade.

Como o ex-presidente Lula. Outro ilustre brasileiro oriundo dessa tragédia nordestina.


Fonte: Juca Ferreira, ex-ministro de Estado da Cultura.
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