Piloto Sobrinho de Luiz Gonzaga e Neto de Januário

Jornalista Ney Vital e Fausto Luiz, sobrinho de Luiz Gonzaga
Fausto Luiz Maciel, conhecido por Piloto é filho de Muniz, irmã de Luiz Gonzaga, nascido no Crato,  Ceará, começou a acompanhar Luiz Gonzaga no ano de 1975. Sua primeira gravação com o tio foi no disco Capim Novo, em 1976. Participou de inúmeros trabalhos e viagens do tio como zabumbeiro, motorista e secretário. A partir de 1980 seguiu acompanhando Luiz Gonzaga em todos os seus trabalhos, até o ano de seu falecimento, em 1989. Atualmente mora em Petrolina/PE.

Piloto é irmão de Joquinha Gonzaga, cantor e sanfoneiro.

Conta que conheceu todos os grandes cantores da epoca, citando Jackson do Pandeiro, Ari Lobo, Abdias e Marines.  Tive momentos de muito aprendizado e vi muitos fatos e acontecimentos na carreira do meu tio.  “A gente brigava muito. Eu era perguntador e ele respondão. Com tio Gonzaga não tinha por favor; Era leve isto no Recife, dava o roteiro, de ida e volta. Eu sempre tinha uma resposta na ponta da língua".

Quando ia gravar um dos últimos discos, eu quis viajar logo para o Rio de Janeiro  com ele, que me pediu que ficasse em Exu, quando precisasse, mandava a passagem e eu iria. Avisei que fizesse isto com antecedência, porque não ia às pressas. E foi o que aconteceu. João Silva me ligou dizendo para eu pegar o ônibus que a gravação ia começar tal dia. Estava muito em cima, respondi eu não iria. E não fui”.

Revela hoje que os arroubos faziam parte da idade e uma certa imaturidade e dificuldade de compreender o humor do tio. "Mas houve momentos de muitos abraços e declarações de amor. Bons momentos e felicidades".

Motorista e zabumbeiro, Piloto afirma que durante os anos que conviveu com Gonzagão testemunhou “coisas incríveis”; “Ele foi mal assessorado quase a carreira toda. Ele não tinha visão de dinheiro. Às vezes fazia show em clube lotado, e o empresário dizia que deu prejuízo. Quando Gonzaguinha assumiu a carreira dele, tio Gonzaga teve sua fase de profissional. Passou a receber cachê adiantado".

 Piloto revela que até o final da vida Luiz Gonzaga não podia, por exemplo, ver um circo. 'Lembrava sempre quando parava e fazia o show dividindo a renda com o dono, as vezes dava toda renda ao dono, quando o circo estava com muita dificuldade. Uma vez cismou de comprar uma Kombi a álcool, ninguém conseguiu convencer ele sobre as desvantagens, da instabilidade, nada. Quando ele queria, tinha que ser”.
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Ney Vital sacode o forró com bom jornalismo

Jornalista Ney Vital-Rádio Cidade-Juazeiro Bahia
O  rádio continua sendo o principal veículo de comunicação do Brasil. Aliado a rede de computadores está cada vez mais forte e potente. Na rádio Cidade Am 870, Juazeiro Bahia, o jornalista Ney Vital apresenta o Programa Nas Asas da Asa Branca-Viva Luiz Gonzaga, às 7hs.

O programa é transmitido também via internet www.radiocidadeam870.com.br e segue uma trilogia amparada na cultura, cidadania e informação. "É a forma, o roteiro concreto para contar a história da música brasileira a partir da voz e sanfona de Luiz Gonzaga, seus poetas e compositores", explica Ney Vital. 


Ney Vital é jornalista. Pós Graduado em ensino de comunicação social-Universidade Federal do Rio Grande do Norte/Uneb.

O programa Nas Asas da Asa Branca-Viva Luiz Gonzaga é um projeto que teve início em 1990, numa rádio localizada em Araruna, Paraíba. "Em agosto de 1989 perdemos o Rei do Baião e então, junto com o professor hoje doutor em Ciência da literatura, Aderaldo Luciano que mora no Rio de Janeiro iniciamos o  programa de rádio. E até hoje continuo neste bom combate".

No programa o sucesso pré-fabricado não toca e o modismo de mau gosto passa longe."Existe uma desordem , inversão de valores no jornalismo e na qualidade das músicas apresentadas no rádio", avalia o jornalista que recebeu este ano o Trofeu Viva Dominguinhos, em Garanhuns.

Ney Vital recebeu também o titulo Amigo Gonzagueano Orgulho de Caruaru recentemente em evento realizado no Espaço Cultural Asa Branca.

Ney Vital usa a credibilidade e experiência em mais de 25 anos atuando no rádio e tv. "O programa incentiva o ouvinte a buscar qualidade de vida. É um diálogo danado de arretado. As novas ferramentas da comunicação permitem ficarmos cada vez mais próximo dos ouvintes", finalizou Ney Vital.
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Rio São Francisco, era digital, tempos de barulho e o silêncio da Lua

Ao olhar  na beira do Rio São Francisco a Lua Cheia pensei o quanto o jornalismo mudou. Sou da linha de pensamento que jornalista deve escrever com sentimento!

A era digital exige pressa! Os textos são curtos! Leituras rápidas! A maioria dos leitores adeptos ao mundo do barulho (parece) não ter interesse do muito que diz o silêncio da Lua.

Nas margens do Rio São Francisco junto do meu inseparável bloquinho de anotações escrevi, ampliei os sentidos, desejei convidar e compartilhar cada sentimento, instantes que inspiram e nos forçam, positivamente, a enxergar o não óbvio, o que está nas entrelinhas: a lua e as estrelas unem pensamentos, ações, boas palavras.

Gosto de linguagem introspectiva e o certeiro uso de adjetivos, descrições de cenários e personagens, não sou adepto do lead engessado dos textos jornalísticos. Não gosto de seguir o convencional. Sou um livre pensador!

Em tempos de excesso de informações e aprimoramento das tecnologias nos meios de comunicação, a Lua reascende a esperança de uma vida,  jornalismo preocupado com o lado humano. Olhando a Lua lembrei do educador Paulo Freire, distante de sua amada e na esperança de um dia encontrá-la.  Reproduzo:

Escolhi a sombra desta árvore para repousar do muito que farei, enquanto esperarei por ti. Quem espera na pura espera vive um tempo de espera vã. Por isto, enquanto te espero trabalharei os campos e conversarei com o sentimento e a busca da Paz.  Suarei meu corpo, que o sol queimará; minhas mãos ficarão calejadas; meus pés aprenderão o mistério dos caminhos; meus ouvidos ouvirão mais, meus olhos verão o que antes não viam, enquanto esperarei por ti.

Não te esperarei na pura espera porque o meu tempo de espera é um tempo de que fazer.Desconfiarei daqueles que virão dizer-me em voz baixa e precavidos: É perigoso agir. É perigoso falar. É perigoso andar. É perigoso esperar, na forma em que esperas,porquê esses recusam a alegria de tua chegada.

Desconfiarei também daqueles que virão dizer-me, com palavras fáceis, que já chegaste, porque esses, ao anunciar-te ingenuamente, antes te denunciam. Estarei preparando a tua chegada como o jardineiro prepara o jardim para a rosa que se abrirá na primavera".
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Jorge de Altinho: música, poesia, encantos pelos brejos, sertões e cariris

Juliana Souza, Jorge de Altinho e Ney Vital
Zeneide, Ney Vital, Fábia, Jorge de Altinho, Albacelia e Keila
A gravação do DVD de Flávio Leandro em Petrolina, Pernambuco proporcionou a oportunidade de um grande encontro com o que existe de melhor na Música Universal Brasileira.

Encontramos Jorge Assis Assunção, Jorge de Altinho. Compositor de alma cheia e grandeza humana. É de Jorge de Altinho as primeiras composições gravadas pelo Trio Nordestino (Lindu, Cobrinha e Coroné), destaco "Fole de ouro", "Amor demais", "Forró quentão", "Petrolina Juazeiro",  "A separação".

Em seu início de carreira inspirou-se em Raul Seixas e Jackson do Pandeiro. O seu primeiro disco LP: "Jorge de Altinho - O príncipe do baião", é hoje considerado pelos pesquisadores e colecionadores uma das raridades no mercado dos especialistas e admiradores da vida e obra de Jorge de Altinho.

Ressalto sempre que Luiz Gonzaga foi pedra angular, referência -mor do forró, mas o Rei do Baião, não trilhava sozinho. Havia por trás de si, uma constelação de compositores, músicos, além de profícuos conhecedores do seu trabalho, amigos talhados de sol, nascidos do barro vermelho, com almas tatuadas por xique-xiques e mandacarus.

Jorge de Altinho é uma dessas estrelas! Tem sua luz  propriá até hoje, inspirado no convivio dos sertões, conhecedor dos segredos e nuances da noite estrelada. Humilde e grande na sabedoria de seguir os ensinamentos e conselhos de Luiz Gonzaga e Dominguinhos.

Uma das mais belas interpretações de Jorge de Altinho é Tamanho de Paixão, onde ouvimos Luiz Gonzaga e Dominguinhos fazendo a sanfona roncar feito trovão em dia de chuva.
No livro Forró de Cabo a Rabo, o jornalista e crítico musical Ricardo Anísio, aponta Jorge de Altinho, como uma das vozes mais bonitas do reduto forrozeiro. Timbre de voz de rara beleza. Compositor de maior sensibilidade, construtor da palavra poética.

E foi usando a construção poética que Jorge ao ser apresentado a Albacelia, Fábia, Keila e Zeneide, amantes da boa música e moradoras da região do cariri nos fez lembrar:
Doido de saudades Cariri
Doce paixão Vejo na saudade
 tô aqui Meu coração

OH Cariri  meu Cariri Manda um beijo de recordação
 Eu quero te abraçar nesse meu sonho
Quero te envolver nessa emoção

Quero ver de novo me amor
Teus canaviais e teu luar
Mergulhar na paz do Araripe
E em tuas fontes me banhar
É tanta saudade Cariri

Quero estar pertinho de você
Pra no meu abraço teu sorriso
Nos teus rios meus sonhos correr"

É este  Jorge de Altinho.

 
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Alvaney Pires, um empresário dedicado a Toyama Tec na prestação de serviço de Petrolina e região

O empresário Alvaney Pires afirma que a Toyama-Tec-distribuidor autorizado de peças e serviços, oferece produtos com qualidade e tecnologia que atende e supera as expectativas do mercado, aliados a um excelente custo e benefício, sendo ainda referência em Assistência Técnica, treinamentos, linha de produtos e pós-vendas.

Em Petrolina a empresa atende o comprometimento com clientes. A Toyama Tec está localizada no Bairro Areia Branca, avenida 7 de setembro, fone 87 38673833.

Segundo Alvaney a Toyama-Tec possui uma preocupação contínua em todos os seus produtos. Para isso possui uma equipe que garante esta Qualidade, desde o projeto do produto atuando com rigor na obtenção dos materiais a utilizar na fabricação. Levando assim produtos com a máxima eficiência e qualidade esperada.
      
A missão do atendimento da Toyama-Tec se baseia nos seguintes princípios: Identificar, atender e superar as expectativas do cliente; Estimular e valorizar a qualidade dos colaboradores e  Colocar no mercado produtos que superem a expectativa dos clientes e consumidores.
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Programa Nas Asas da Asa Branca-Viva Luiz Gonzaga participará dos Prêmios de Comunicação da CNBB-Microfone de Prata do Rádio

O Programa Nas Asas da Asa Branca-Viva Luiz Gonzaga, produzido pelo jornalista Ney Vital e apresentado aos sábados às 7hs na Rádio Cidade am 870, Juazeiro-Bahia, será um dos participantes do Prêmio Microfone de Prata para o Rádio, promovido pela CNBB-Conferência Nacional dos Bispos do Brasil e tem o objetivo de incentivar programas com valores humanos, éticos e espirituais.

Criado há 48 anos, os Prêmios de Comunicação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) buscam estabelecer diálogo com a cultura e a sociedade.

A edição de 2016 está com inscrições abertas até 31 de dezembro, para as categorias: cinema, rádio, televisão e imprensa. Podem se inscrever profissionais e veículos de comunicação das diferentes áreas, de acordo com as normas previstas no regulamento de cada premiação. Confira www.cnbb.org.br

Nesta edição serão escolhidos os melhores trabalhos produzidos entre 2014 e 2015, cujos objetivos coincidam com valores humanos, cristãos e éticos. A cerimônia de entrega dos prêmios acontecerá durante a 54ª Assembleia Geral da CNBB, programada para abril de 2016, em Aparecida (SP).

De acordo com a organização, os Prêmios de Comunicação nasceram com a proposta de “reconhecer e valorizar o trabalho dos profissionais que se empenhavam em produzir obras que dignificavam o ser humano como protagonista e sujeito da história na área da Comunicação. Este foi o olhar de esperança da Igreja no Brasil para com os produtores e profissionais da comunicação, durante o longo período de repressão Militar”.
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Luiz Gonzaga, Enem 2015 e a música que faz sonhar, revolucionar e refletir

O Enem 2015 acertou ao eleger a persistência da violência contra a mulher no Brasil como tema da redação. O assunto ganhou as redes sociais com elogios e críticas acaloradas. Também fez com que políticos e machistas de plantão se posicionassem em redes sociais e por meio de notas oficiais.

Na rede social Twitter, meninas comemoram o tema eleito para redação com mensagens do tipo “deixe aqui a sua risada para todos os machistas que precisaram engolir seu próprio veneno ao fazer a redação do Enem”.

Avalio que o Governo Federal acertou em optar por este tema. Louvo também que o  Exame Nacional do Ensino Médio, proporcione aos jovens o conhecimento a respeito da música brasileira a partir do Nordeste.

A música Assun Preto serviu para discutir as marcas da variedade regional registradas pelos compositores resultando na aplicação de um conjunto de princípios  e regras gerais que alteram a pronúncia, a morfologia, a sintaxe ou o léxico. Mais de 7 milhões de brasileiros jovens vão despertar o interesse para a música interpretada por Luiz Gonzaga.

Ano passado a prova exigiu dos estudantes conhecimento sobre cultura e música brasileira. As questões destacaram o compositor nascido no Maranhão João do Vale, música Sina de Caboclo, que trata da desigualdade social.

Outro destaque o Cordel e Xilogravura resistindo à tecnologia gráfica, a gráfica Lira Nordestina, Juazeiro do Norte- Ceará, e a Academia dos Cordelistas de Crato. Uma outra questão foi estruturada com a letra de Antonio Barros, o xaxado: “Oi eu aqui de novo”, manifestando aspectos do repertório linguístico e cultural do Brasil.

Nas questões estão a presença de Luiz Gonzaga. Nome que mais valorizou a música brasileira, revolucionando o conceito da melodia, ritmo e harmonia. O Enem vem provocando uma nova busca de conhecimentos da mais autêntica manifestação musical brasileira de todos os tempos.

As questões propostas no Enem resumem para o que chamamos a atenção desde a morte do Rei do Baião em 1989: o Brasil tem uma produção musical rica de conteúdo.E porque a TV e o rádio tocam tantas porcarias divulgadas insistentemente, colocando-as em primeiro lugar das paradas como as mais ouvidas, dançadas e cantadas?

Por tudo resta aplaudir a primeira reflexão do Enem: “Há uma doce luz no silêncio”. O Enem cumpre o papel de zelar pelo patrimônio cultural e artístico do Brasil.

*Ney Vital-Jornalista
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Boas Lembranças do meu tempo criança quando a alegria era marcar o gol e vê estrelas

Não tenho fotos do meu tempo criança! No meu baú resta apenas esta, já adolescente no futebol! 

A imaginação é um dos elementos essenciais à vida infantil. Para viver intensamente   a   infância   é   preciso   criar   fantasias   capazes   de   transpor as realidades. Os   brinquedos sem  a imaginação.   Praticamente   são   elementos mortos no mundo das crianças. Muitas vezes, as crianças se utilizam de fatos reais para criarem seus divertimentos.

Do meu tempo de criança minha maior alegria, digo sem dúvidas, foi jogar futebol!

Depois do futebol tive como brinquedos o sol, a lua, o rio, a chuva e as estrelas para brincadeiras que não se quebravam...e isto eu aprendi no livro Menino de Engenho, de José Lins do Rego.

Ter o sol, a lua, o rio, a chuva e as estrelas para brincadeiras é uma descrição que fantasia a ausência dos brinquedos. Diante de tanta privação material, consegui sobreviver, não morri de fome e aind tenho até hoje os elementos   inquebráveis   da   natureza.

E por isto hoje ainda criança/adulto  alimento os sonhos, depositando toda uma carga de sentimentos na tentativa de alcançá-los...sou um sonhador!

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Humberto Gessinger, Rock, Sanfona e Baião

Sanfona Luiz Carlos Borges e Humberto Gessinger
Um dos melhores álbuns do ano, InSULar, de Humberto Gessinger, foi indicado ao Grammy Latino, na categoria melhor álbum de rock.

Vi e escutei o DVD. Fiquei emocionado com a harmonia e parceria de Humberto com o mestre da sanfona Luiz Carlos Borges. Eles interpretam Deserto Freezer, com Borges  na sanfona. Humberto fala que ele faz uns improvisos tão maravilhosos

A letra diz:  "Se é o medo que te move, não se mexa,fique onde está. Se é o ódio que te inspira,não respire o ar viciado deste lugar. Eu tenho medo do medo que as pessoas têm. (...) O mal nasce do medo da escuridão. Nesse deserto freezer,carnaval e solidão andam lado a lado em perfeito estado de conservação. É um navio fantasma, um cemitério de automóveis,é um deserto freezer, zero kelvin, perfeição."

Em seu  blog, Humberto, falou sobre a experiência:  “Compus, ensaiei, gravei, mixei, lancei… e dei um tempo pra esquecer e tentar ouvir o Insular de forma menos cerebral. Quase sempre é necessário; só às vezes é possível. Cada vez mais, tento viver as paixões em vez de falar delas”.

Viver as paixões! Reportei-me a paixão que Luiz Gonzaga tinha pela música. Andou de mãos dadas com vários ritmos: jazz, blues e rock. Gostava o Rei do Baião de música boa, com ritmo, harmonia e melodia.  Luiz Gonzaga nos anos 50 já aplaudia a gravação da pioneira "Baião Rock", gravada por Jair Alves, que recebeu o título de Príncipe do Baião.

Era tamanho o amor paixão tinha pelos ritmos que o instrumentista Zé da Flauta conta que em um dos seus inúmeros contatos com Dominguinhos e Luiz Gonzaga, Zé da Flauta apresentou a famosa balada Starway to heaven, do grupo inglês, para o mestre da sanfona. “Ele prestou bastante atenção e, depois de ouvir a música inteira, elogiou tudo, a melodia"... lembra Zé.

Outro fato aconteceu Durante o tempo em que Zé da Flauta tocou com o Quinteto Violado, a banda fez duas grandes turnês viajando e tocando junto com Luiz Gonzaga. Numa das viagens, feita num ônibus alugado pelo grupo, a rádio tocava uma música de Bob Marley, a qual o Rei do Baião acompanhava o ritmo batendo com o dedo no braço da poltrona. Vendo a cena, Zé da Flauta perguntou: “Curtindo um reggae aí, seu Luiz?”. Ao que o mestre respondeu: “Reggae? Isso é um xote metido a besta, rapaz!”.

Não é por acaso que Raul Seixas disse que havia uma ponte caminho entre o trabalho de Luiz Gonzaga e Elvis Presley.

Enfim...a indicação de Humberto Gessinger já é considerada uma vitória da música brasileira, universal.
Cobrinha, Coroné, Roberto Carlos e Lindu

A 16ª edição do Grammy Latino acontece dia 19 de novembro em Las Vegas e vai homenagear Roberto Carlos. Roberto Carlos que um dia se deixou fotografar com o Trio Nordestino, trio que na época usava sanfona, zabumba e triangulo, uma autêntica orquestra...mas isto é assunto para outro dia de prosa.
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À memória de um garoto morto

Peço emprestado a Edvard Munch O Grito e a expressão de horror, angústia e aflição que desde 1893 impregna, com suas turbulentas cores, a consciência universal.

Convoco Pablo Picasso, com todos os seus pincéis, para lançar tintas em uma nova Guernica e denunciar o mar de corpos a boiar num líquido cemitério em águas do Mar Mediterrâneo.

Clamo por Castro Alves, para que pegue novamente a pena para escrever sobre esses infaustos navios de desesperados imigrantes, frágeis e superlotadas embarcações que empilham escravos de um tempo de novas infâmias e violências, 500 anos depois daqueles navios negreiros chorados em versos que nos parecem tão atuais: “Senhor Deus dos desgraçados! / Dizei-me vós, Senhor Deus! / Se é loucura… se é verdade / Tanto horror perante os céus?! / Ó mar, por que não apagas / Co’a esponja de tuas vagas / De teu manto este borrão?… / Astros! noites! tempestades! / Varrei os mares, tufão!”

Que se levante Candido Portinari e sua Criança Morta nos braços maternos de uma família de retirantes. Quem vai consolar e pintar a dor de Abdullah Kurdi, o pai que chora a morte da esposa Rehan e dos filhos Galip e Aylan, o pequeno, que não pôde sequer segurar nos braços e que veio terminar a sua jornada de esperança no embalo das ondas, na beira do mar?

Diria Fernando Pessoa, quem sabe, como um insuficiente réquiem: “A morte chega cedo, / Pois breve é toda vida / O instante é o arremedo / De uma coisa perdida.”

Seria Dante Alighieri capaz de descrever este outro inferno, da infância de Galip, Aylan e tantos meninos e meninas, vivida sob um céu de aviões a despejar bombas sobre a terra? Medo e terror no pátio de casa, o pão de cada dia servido em meio à fúria e ódio, que deixam um rastro de escombros e ruas amontoadas de cadáveres. “Oh, quão insuficiente é a palavra e quão ineficaz.”

Teria chegado a hora de Pieter Bruegel pintar novamente O Triunfo da Morte? “A indesejada das gentes”, como a designou Manuel Bandeira, já computou mais de 2.500 imigrantes mortos por afogamento ou sufocados em porões de barcos, exército de esqueletos a atormentar a opulência de um mundo tão cruel e desigual.

Até quando o homem será o lobo do homem, como assinalou o dramaturgo romano Plauto? Até quando as lutas sem tréguas pelo poder irão renovar o mito grego de Cronos, que come os filhos após o nascimento por temer que eles lhe tomem o trono? Francisco Goya deu sombrios traços a essa lenda em Saturno Devorando um Filho.

Quantos filhos a máquina de guerra das grandes potências ainda haverá de devorar, no conturbado xadrez geopolítico das primaveras que prometem democracias que nunca florescem e que terminam por irrigar com muito sangue o solo de tantas pátrias mais madrastas do que mães gentis?

“Tiveste sede de sangue, e eu de sangue te encho”, profetizou Alighieri antes das desastradas intervenções militares na Líbia, Iraque, Afeganistão, Mali, Iêmen, Síria…

Não, não é uma “crise migratória”, como noticiou um jornal. É uma crise humanitária, da falta de solidariedade, da omissão, da desigualdade social, da disputa pelo petróleo (canhões e ogivas a serviço dos interesses do capital), da interferência de religiões na vida política, dos embates tribais e étnicos.

Não, isto também não é uma fatalidade. É o resultado de relações desiguais entre seres humanos, países, ideologias, em que afloram a opressão, a discriminação, o preconceito, a ganância e o ódio ao semelhante.

Rehan, Galip e sobretudo você, pequeno Aylan, perpetuado em milhares de pixels no abandono de uma praia onde não poderá brincar, como tantas outras crianças. Carlos Drummond de Andrade teria que refazer o poema: “É só um retrato, mas como dói!”

Convido, por fim, outro poeta, John Donne, e encerro. “A morte de cada homem diminui-me porque eu faço parte da humanidade; eis porque nunca pergunto por quem dobram os sinos: é por mim.”

*Celso Vicenzi é jornalista-Observatório da Imprensa
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Serrita: Fé e Mistícismo na Missa do Vaqueiro

Cada arte emociona o ser humano e maneira diferente! Literatura, pintura e escultura nos prendem por um viés racional, já a música nos fisga pelo lado emocional. Ao ouvir música penetramos no mundo das emoções, viajamos sem fronteiras.

A viagem dessa vez é o destino Serrita, Pernambuco, município próximo a Exu, terra onde nasceu Luiz Gonzaga, ali no sítio Lages, um primo do Rei do Baião, no ano de 1951, Raimundo Jacó, homem simples, sertanejo autêntico, tendo por roupa gibão, chapéu de couro tombou assassinado.

Logo os amigos abalados pela atrocidade criam a Missa do Vaqueiro. Luiz Gonzaga, Pedro Bandeira, João Cancio e João Bandeira usam a música para advertir sobre a natureza subversiva de um crime: desigualdade social, injustiça social.

Com a poesia do compositor Janduhy Finizola ao gosto do estilo e do povo desde 1971 é cantada a Missa do Vaqueiro, ato de Fé na cultuação de Raimundo Jacó. Homenagem a todos vaqueiros que ocorre sempre no terceiro sábado do mês de julho.

Serrita durante um final de semana torna-se a Capital do Vaqueiro. Forró e uma gastronomia ao sabor do milho, umbuzada, queijo e carne de sol. Aproveito e saboreio uma lapada de cachaça com caju antes da missa iniciar.

Serrita enche os olhos e coração de alegria e reflexões. O poeta cantador de Viola se faz presente ao evento e o peso dos seus mais de 80 anos ilumina com uma mágica leveza rimas e versos nos improvisos da inteligência. Vaqueiros e suas mãos calejadas, rostos enrugados pelo sol iluminam almas.

Em Serrita ouvimos sanfonas tocando alto o forró e o baião. Corpo e espírito ali em comunhão. A música do Quinteto Violado é fonte de emoção. A presença de Jesus Cristo está no pão, cuscuz, rapadura e queijo repartidos/divididos na liturgia da palavras.

Emoção! Forte Emoção é que sinto na Missa do Vaqueiro ao ouvir sanfona e violeiros:
“Quarta, quinta e sexta-feira/sábado terceiro de julho/Carro de boi e poeira/cerca, aveloz, pedregulho/Só quando o domingo passa/É que volta os viajantes aos seu locais primitivos/Deixa no caminho torto/ o chão de um vaqueiro morto úmido com lágrimas dos vivos.


Assim eu vi é assim que conto...
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Filme Os Gonzaguianos é destaque em Campina Grande Paraíba

Jornalista Ney Vital e cantor Chico Cesar
Foi lançado em Campina Grande, Paraíba, durante os festejos de juninos, o documentário “Gonzaguianos”. O evento aconteceu no Museu de Arte Popular da Paraíba (MAPP) da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), localizado às margens do Açude Velho.

Trata-se de um vídeo documentário que fala sobre um grupo de admiradores e pesquisadores da obra do Rei do Baião, Luiz Gonzaga. O documentário foi filmado em Caruaru, em novembro de 2014. Na ocasião, foram entrevistados dez gonzaguianos: o compositor Alexandre Valença (PE); o colecionador Antiógenes Viana (PE); o músico Gilvan Neves (PE); o cantor e compositor Israel Filho (PE); o jornalista e escritor Jurani Clementino (CE); o escritor Kydelmir Dantas (RN); o poeta Luiz Ferreira (PE); o radialista e jornalista Ney Vidal (PB); o compositor Valdir Geraldo e o pesquisador Paulo Corrêa (SE).

O vídeo é resultado de um trabalho desenvolvido por um grupo de alunos do curso de Comunicação Social – Habilitação em Jornalismo, do Centro Universitário do Vale do Ipojuca (Unifavip), sob a orientação do professor e escritor Jurani Clementino, cearense, radicado em Campina Grande. Pelo menos dez alunos do 6º período do curso participaram do processo de gravação. Os demais contribuíram com a edição.

A ideia de documentar o trabalho dos admiradores de Luiz Gonzaga nasceu em novembro de 2014 quando os estudantes registraram em vídeo o 2º Encontro dos Gonzaguianos, em Caruaru.

Fonte: Governo da Paraíba/Universidade Estadual da Paraiba- texto Astier Basílio
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Rádio Emissora Rural debate a Educação como prioridade Nacional

Neste sábado 13, foi realizado um debate no programa "Educação prioridade Nacional", exibido na Rádio Emissora Rural de Petrolina, coordenado pelo professor Gildo Monteiro Junior.

 O programa contou com a participação do sanfoneiro Keu Dantas, jornalista Ney Vital Guedes, que abordou os aspectos da cultura brasileira e a valorização da obra e vida de Luiz Gonzaga e da professora Rosélia Coelho que destacou o Encontro da ACODINE (Associação dos Colégios
Diocesanos do Nordeste).

O ACODINE tem como finalidade a aproximação, solidariedade e partilha entre seus associados, e ainda incentivar eventos pastorais e esportivos, como manda a missão de educar - via Colégios Diocesanos.

No Encontro da ACODINE foram  discutidos os temas: Marketing Educacional, Perfil da Escola Diocesana e o Ensino Religioso na Escola Católica, ministrados pelo professor Kalil Michereff, professor Laércio de Oliveira e o monsenhor Ausônio Tércio de Araújo, e envolveu  também palestras e atividades culturais.

O programa Educação prioridade Nacional é transmitido todo sábados às 10hs da manhã na Rádio Emissora Rural.

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Garanhuns vai homenagear pesquisadores com o Troféu Viva Dominguinhos

A 2º edição do Festival Viva Dominguinhos acontece de 30 de abril a 02 de maio, em Garanhuns, na Praça Central. Este ano o evento faz uma homenagem aos amigos, estudiosos e pesquisadores da obra e vida do sanfoneiro Dominguinhos. Trata-se do Troféu Viva Dominguinhos.

O Troféu Viva Dominguinhos será entregue no sábado 2, durante o evento. Os homenageados serão: o ex-prefeito criador do Festival de Inverno de Garanhuns, Ivo Amaral, radialista Geraldo Freire, pesquisador Paulo Vanderley, professor Luiz Ceará, jornalista Ney Vital, Mauro Moraes(filho de Dominguinhos), pesquisador Zé Nobre, produtor cultural Marcos Lopes, sanfoneiro Zezinho de Garanhuns, secretária cultura Cirlene Leite, prefeito de Garanhuns Izaias Regis, professor Wilson Saraine,  e ao criador do troféu pesquisador professor Antonio Vilela.

“Este evento é uma das manifestações mais importantes da cultura brasileira, pois valoriza a nossa música, que é nossa identidade",  afirmou o prefeito Izaias Regis.

Grandes nomes da Música Popular Brasileira darão destaque ao festival, que também conta com shows e rodas de sanfona.

O festival  foi criado para homenagear o mestre e sanfoneiro José Domingos de Moraes, o Dominguinhos. Este ano o Festival vai reunir os cantores  Nádia Maia, Quinteto Violado, Flávio José, Nando Azevedo, Geraldinho Lins, Petrúcio Amorim, Alcymar Monteiro, Waldonys e Dorgival Dantas. Os shows da Praça Cultural Mestre Dominguinhos terão início sempre às 21h, sendo quatro atrações por noite.

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Garanhuns: II Festival Viva Dominguinhos 30 de abril a 02 de maio

Quinta-feira (30)
21h00 – ARAL – Alexandre Revoredo, Adiel Luna e Rogério Diniz
22h00 – Nádia Maia
23h30 – Quinteto Violado
01h00 – Flávio José

Sexta-feira (01)
10h – Banda Quero Xote
11h20 – Ivan Maceió
12h30 – Os Coroas do Forró
13h50 – Projeto Seu Domingu’s – Fábio Aladim
15h – Forró Pesado
16h10 – O Bom Kixote
(Nos intervalos, apresentações de poesias e cordéis).
Projeto Roda De Sanfona (Palco Colunata)
21h00 – Nando Azevedo
22h00 – Geraldinho Lins
23h30 – Petrúcio Amorim
01h00 – Alcymar Monteiro

Sábado (02)
10h – Crianças da Escola de Sanfona Lula Sanfoneiro (Sertânia)
11h20 – Trio Pisa na Fulô
12h40 – Silvia Regina “Balaio de Poesia” (Arcoverde)
(Nos intervalos, participação de sanfoneiros e poetas populares).
21h00 – Kiara Ribeiro
22h00 – Waldonys
23h30 – Santana
01h00 – Dorgival Dantas
Espaço Canta Dominguinhos (Palco Colunata)

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Documentário Os Gonzaguianos será lançado em Caruaru-PE

A coordenação do Curso de Jornalismo do Centro Universitário do Vale do Ipujuca-Caruaru-PE, promoverá entre os dias 6 a 9 de abril, A Semana do Jornalista. Na programação além de palestras com jornalistas da TV Globo e Sistema Jornal do Commecio, consta o lançamento do documentário-filme Os Gonzaguianos.

Para manter viva a memória de Luiz Gonzaga, um grupo de amigos se reúne todos os anos e trocam materiais, experiências, dividem experiências e falam sobre a vida e obra do Rei do Baião - são os chamados Gonzaguianos. Com o objetivo de registrar essa iniciativa, alunos do curso de Jornalismo do UNIFAVIP desenvolveram um documentário sobre os Gonzaguianos, que será apresentado no dia 7 de abril, a partir das 19:30h, no auditório da instituição.

O grupo reúne um amplo conhecimento da obra e das parcerias do Rei do Baião, num esforço de manter vivo o trabalho de Luiz Gonzaga. O Espaço Cultural Asa Branca do Agreste, situado no bairro Kennedy, é um exemplo do que essa paixão pelo artista é capaz. O espaço foi criado por Luiz Ferreira, um dos gonzaguianos, a partir da coleção que guardava em um cômodo de sua casa.

Ano passado O Grande Encontro dos Gonzagueanos em Caruaru – Pernambuco, foi realizado no sábado dia 15 de Novembro de 2014.

 O  coordenador do encontro, pesquisador e colecionador  Luiz Ferreira, entregou o “Troféu Luiz Gonzaga Orgulho de Caruaru” a 9 personalidades. O objetivo é  homenageá-los  pelo serviço prestado a cultura brasileira.

Os homenageados foram:
1º Alexandre Valença: Músico e compositor de Pesqueira e filho do saudoso Nelson Valença de quem Luiz Gonzaga gravou 12 músicas.

2º Gilvan Neves: Sanfoneiro, cantor e compositor o qual já tem feito arranjos musicais para muitos cantores nordestinos.

3º Israel Filho: É cantor filho de Caruaru gravou a música saudade do forró de Gonzagão é uma homenagem ao Luiz Gonzaga e ao mesmo tempo um agradecimento ao rei do baião por ter lhe apresentado em público como um dos seus seguidores.

4º Jurannir Clementino: Jornalista e escritor natural de Várzea Alegre – CE, radicado em Campina Grande – PB, Jurandir é primo do poeta José Clementino de quem Luiz Gonzaga gravou 8 músicas. Jurandir é autor do livro que conta a história do poeta José Clementino Editado em 2013.

5º Kydelmir Dantas: Nascido na Paraiba. Mora em  Mossoró, é  funcionário da Petrobrás, escritor e historiador é autor do livro Luiz Gonzaga e o Rio Grande do Norte editado em 2013.

6º Ney Vital: Nascido em Areia PB. Reside em Petrolina onde atua como  jornalista e radialista. Assessor de imprensa. É produtor e apresentador do  Programa Nas Asas da Asa Branca-Viva Luiz Gonzaga. Foi produtor e editor de jornalismo afiliadas Globo/Nordeste. Pós-graduado em ensino de comunicação social UNEB-UFRN.

7º Osvaldo Augusto: é de Caruaru, músico é filho do saudoso Maestro Joaquim Augusto de quem Luiz Gonzaga gravou 6 músicas de 1957 a 1961.

8º Paulo Correia: de Aracajú – Sergipe onde é diretor de Patrimônio de cultura. Paulo Correia foi quem descobriu que a música Renascença de autoria de Onildo Almeida e gravada por Luiz Gonzaga. Há muitos anos na R.C.A. nunca teria sido lançada sugerindo ao diretor da revivendo que a lançasse em 2007.

9º Valdir Geraldo: É músico e compositor de Exú – PE e de quem Luiz Gonzaga gravou a música Nessa Estrada da Vida em 1984 no L.P. Danado de Bom.
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Aderaldo Luciano: Apontamentos para uma História Crítica do Cordel Brasileiro

Durante os últimos 40 anos os estudos sobre o cordel brasileiro ficaram estáticos. As poucas tentativas de pensá-lo caíram no fácil caminho da repetição. Para muitos esse produto cultural vive paralisado na primeira metade do século XX, como um fóssil. Repetem-se os mesmos chavões nos quais ele foi sendo sepultado.

O professor, doutor em Ciência da Literatura aponta com o livro História Crítica do Cordel Brasileiro um caminho diferente para esses estudos. O autor, respaldado por vasta pesquisa, busca saída para os labirintos que lhe acompanharam desde a infância: terá realmente o cordel vindo de Portugal? Qual a verdadeira relação entre o cordel e o universo dos cantadores repentistas? É verdade que os cordéis sempre foram vendidos pendurados em um barbante, nas feiras livres? O cordel é poesia brasileira?

Aderaldo Luciano é doutor em Ciência da Literatura e este livro representa uma parte de sua tese de doutoramento na Universidade Federal do Rio Janeiro. Procura responder as perguntas questionando as respostas corriqueiras e apresentando elementos comprobatórios para a formação de um novo olhar sobre o cordel brasileiro, fruto de longos anos de averiguação.

"O nosso objetivo maior é, depois desse trabalho embrionário, conduzir os estudos sobre o cordel, norteando-os por sua filiação ao todo poético brasileiro. O cordel é poesia e técnica. O encontro da técnica e da poesia, do engenho e da arte, fará brotar a obra prima do cordel", diz Aderaldo Luciano, ressaltando que não cabe mais a miopia, injustiça dos manuais de literatura brasileira não apresentarem Leandro Gomes de Barros, aos estudantes de letras, além de ignorar por completo sua obra.

 Os cordéis de Leandro Gomes de Barros viraram clássicos. Além de O Cachorro dos Mortos, Vida de Cancão de Fogo e seu Testamento, História da Donzela Theodora, Vida de Pedro Cem. Alguns deles temperaram a obra do dramaturgo e romancista Ariano Suassuna.

“A minha peça mais conhecida, o Auto da Compadecida, é fundamentado em três folhetos da literatura de cordel. O primeiro ato é baseado em um folheto chamado O Enterro do Cachorro", explicava Ariano Suassuna.

Aderaldo Luciano também escreveu O Auto de Zé Limeira (Confraria do Vento, 2008, poesia). Co-autor em Violência simbólica e estratégias de dominação: produção poética de autoria feminina em dois tempos (Editora da Palavra, 2010, ensaios) e Quem Conta um Conto – Estudos Sobre Contistas Brasileiras Estreantes Nos Anos 90 e 2000 (Tempo Brasileiro, 2009, ensaios) ambos organizados pela professora Dra. Helena Parente Cunha. Até 2008 foi um dos editores e colunistas da Revista Confraria on line.

Foi coordenador editorial da Editora Luzeiro LTDA, especializada em cordel. Coordena o projeto Roda de Cordel – Círculo de estudos sobre o cordel brasileiro, em São Paulo-SP, e Roda de Cordel – leituras, projeto de leitura de cordéis em escolas e comunidades rurais brasileiras. Como músico tem se dedicado a pesquisar a música formadora do Brasil profundo, notadamente a oriunda do nordeste brasileiro.

Pedidos: edicoes.adaga@gmail.com
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Associação dos Blogueiros de Pernambuco e Centro de Estudos da Mídia Alternativa realizam encontro em Olinda

Promovido pela Associação dos Blogueiros de Pernambuco (AblogPE) e o Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, o 3º BloggerPE acontece entre os dias 27 a 29 de março, na Faculdade Barros Melo -  AESO, em Olinda.  A inscrição é online e gratuita, mas a hospedagem será preferencialmente aos associados à entidade das regiões do sertão e agreste.

Com o tema “A Comunicação no Centro do Debate - Democratização da Mídia”, os palestrantes são Altamiro Borges, Rodrigo Vianna, Melka Pinto, José Bertoni e Tarso Violin. O evento é destinado aos produtores de conteúdo para mídias digitais, publicitários, jornalistas, radialistas, estudantes de comunicação social, informática e direito.

Altamiro é jornalista, presidente do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé e autor do livro "A ditadura da mídia"; Rodrigo Vianna, repórter especial da TV Record e responsável pelo Blog Escrevinhador; Melka Pinto, presidente da União dos Estudantes de Pernambuco (UEP), blogueira e estudante de Enfermagem da UPE; Bertoni é Mestre em Filosofia e administrador e desenvolvedor do site de TIE-Brasil; e Tarso é Advogado e presidente do Paranablogs.

O evento busca discutir e tratar quanto à posição da blogosfera pernambucana aos principais temas ligados às questões do País, a exemplo da regulação econômica da mídia, Reforma Política e Marco Civil da Internet, bem como empreender iniciativas que busquem o fortalecimento quanto aos interesses dos ativistas digitais.


Fonte: AblogPE
Instituição fundamental para a implantação da Política Estadual de Incentivo às Mídias Alternativas e Digitais, que agrega hoje cerca de 500 ativistas, de todas as Regiões, do Litoral ao Sertão pernambucano.
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Antonio Nobrega: 09 de Fevereiro Dia do Frevo

Nesta segunda-feira, dia 9 de fevereiro, em Recife, comemora-se o dia do frevo. O frevo foi elevado à condição de patrimônio imaterial da humanidade. Como se vê, o frevo está em alta. Mas frevo para quê? Por que frevo?

Foi o escritor Ariano Suassuna quem, indiretamente, apresentou-me a ele. Com seu convite para integrar o Quinteto Armorial, dei início a uma viagem de aprendizado dos cantos, danças e modos de representar presentes em manifestações populares como o reisado, o maracatu, o caboclinho e sobretudo o frevo.

Com o passar dos anos, esses aprendizados foram se conectando a estudos e reflexões sobre a cultura brasileira em geral e a popular em particular. Esse casamento entre conhecimento empírico e teórico foi conduzindo-me à constatação de que vivemos num país que reluta em aceitar-se integralmente.

Que outra razão para tal desperdício de insumos culturais tão vastos e de tão imensa riqueza simbólica como o nosso reservatório de ritmos presente em batuques, cortejos e folguedos; de formas e gêneros poéticos –quadrões, décimas, galope à beira-mar; de passos e sincopados armazenados no nosso imaginário corporal popular?

E o que temos feito com tudo isso? Empurrado para o gueto da chamada cultura folclórica, regional ou popular, falsamente antagonizante daquela que se convencionou denominar de cultura erudita.
Há mais de cem anos que a "entidade" frevo vem despejando no país, especialmente em Recife, volumoso material simbólico.

 Esse "material" foi se formando dentro daquilo que venho denominando de uma linha de tempo cultural popular brasileira. Essa "entidade" frevo materializou-se por meio de um gênero de música instrumental, o frevo-de-rua, orgânica forma musical onde palhetas e metais dialogam continuamente, ancorados pela regular marcação do surdo e a sacudida movimentação da caixa; uma dança, o passo do frevo, imenso oceano de impulsos gestuais e procedimentos coreográficos; e dois gêneros de música cantada: o frevo-canção e o frevo-de-bloco, cada um com características particulares tanto de natureza poético-literária quanto musical. Um valioso armazém de representações simbólicas.

Mais do que preservar o frevo, nossa tarefa está em amplificar, dinamizar, trazer para a órbita de nossa cultura contemporânea os valores, procedimentos e conteúdos presentes nessa "instituição" cultural.

Essa ação amplificadora poderia abranger escolarização musical – por que não se estuda frevos em nossas escolas de música?–; a prática da dança – a riqueza lúdica e criadora proporcionada pelo seu multifacetário estoque de movimentos–; a valorização de modelos de construção e integração social advindos do mundo-frevo etc. Tudo isso ajudaria ao Brasil entender-se melhor consigo mesmo e com o mundo em que vivemos.

O frevo é uma das representações simbólicas mais bem-acabadas e representativas que o povo brasileiro construiu. Assim como o samba, o choro, o baião, uma entidade transregional cuja imaterialidade poderemos transmudar em matéria viva operante se tivermos a suficiente compreensão do seu significado e alcance sociocultural.

Fonte: Antonio Nobrega é multi-instrumentista, dançarino e cofundador do Instituto Brincante de cultura e dança popular.
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Dominguinhos, o discípulo que inovou a arte do Mestre Luiz Gonzaga

No Nordeste a tradição das 18h é a família escutar a hora do Angelus. E foi nesta hora Divina que Dominguinhos morreu! Um descanso para quem lutou mais de 6 anos para sobreviver a um câncer no pulmão.

Neste Brasil de memória curta e por vezes muito injusta escrevo aqui que Dominguinhos foi o discipulo de Luiz Gonzaga que superou o Mestre.

Dominguinhos, nascido em Garanhuns,  dia 12 de fevereiro, no  agreste de Pernambuco continuará sendo um dos mais importantes e completos músicos, instrumentistas, tocador de sanfona. É imortal em discos, DVD e milhares de entrevistas por este Brasil afora.

Filho de Chicão, afinador de sanfona de 8 baixos e de Dona Maria soube também guardar a honra e gratidão de ter “aprendido umas lições” de Luiz Gonzaga, Rei do Baião, que um dia anunciou ser o Dominguinhos o seu mais legitimo seguidor, o verdadeiro herdeiro musical.
Dominguinhos e seu talento de tocar sanfona agradava as mais variadas plateias, indo do jazz aos dançadores do forró pé de serra. Dominguinhos sempre um sorriso para os amigos e humildade, genialidade ao tocar  sanfona respeitando os 8 baixos de Januário, pai de Luiz Gonzaga e de seu pai Chicão.

Dominguinhos sempre teve o compromisso com nossas raízes. Saudade da fala cadenciada como a toada do aboiador. Saudade do olhar triste, de um carinho e atenção que conquistava a todos no primeiro aperto de mão e da voz quente quando tocava e cantava. Dominguinhos tornou-se um cantador que melhor soube interpretar a alma brasileira e vive na boca do povo, no puxado da sanfona em todos os recantos desse Brasil.

Visitei recentemente Garanhuns, lugar onde nasceu Dominguinhos e numa  conversa com o prefeito Izaias Regis, a Secretaria de Comunicação Jaqueline Menezes e professor Antonio Vilela, ouvi deles o compromisso da realização do II Festival Viva Dominguinhos, dia 30 de abril, 01 e 02 de Maio.

O Festival é importante para reunir jornalistas, pesquisadores, professores,  estudantes, crianças, jovens e adultos  para discutir a Política Cultural no mundo globalizado e mais uma oportunidade de Garanhuns atrair desenvolvimento econômico e social.
Garanhuns nesse sentido vai consolidar um calendário que será um dos principais acontecimentos do Nordeste.  Garanhuns firma com o Festival Viva Dominguinhos o incentivo e valorização da cultura e arte, um festival ancorado na alma e no profissionalismo do filho mais ilustre da música brasileira.

Garanhuns abastecerá todo o Brasil, Estado, através da impressionante riqueza de ritmos e artes, do cordel aos cantadores de viola, do aboio ao frevo, do armorial ao maracatu, do baião ao xote e xaxado,  as múltiplas variações da música nordestina/brasileira presentes na sanfona, triangulo e zabumba, “uma autêntica orquestra”, na definição de Luiz Gonzaga.

O professor paraibano, radicado no Rio de Janeiro, Aderaldo Luciano, sempre me lembrou que Luiz Gonzaga foi pedra angular, referência -mor do forró, mas o Rei do Baião, não trilhava sozinho. Havia por trás de si, uma constelação de compositores, músicos, além de profícuos conhecedores do seu trabalho, amigos talhados de sol, nascidos do barro vermelho, com almas tatuadas por xique-xiques e mandacarus.

E por isto Garanhuns é o local apropriado para ser o palco capaz de reunir milhares de admiradores, com sede e fome de ouvir, cantar, silenciar, transformar e aplaudir em noites e nuances do céu estrelado sanfonado do mestre Dominguinhos, o discípulo que inovou a arte do mestre Luiz Gonzaga.

Garanhuns vai proporcionar com o Festival Viva Dominguinhos a oportunidade de conhecermos e ampliar o debate sobre compositores, músicos, artistas que sabem divisar o Cruzeiro do Sul do Sete Estrelo e muito além disso discutir e como lidar com a máquina capitalista avassaladora dominante hoje da “indústria musical”.

Dominguinhos Vive. Garanhuns é agora um pedaço de terra de todos nós brasileiros. Dominguinhos, qual Luiz Gonzaga tornou-se uma estrela luminosa a brilhar. Como disse Fernando Pessoa, “quem, morrendo, deixa escrito um belo verso, deixou mais ricos os céus e a terra, e mais emotivamente misteriosa a razão de haver estrelas e gente”.

Viva Garanhuns. Viva o Nordeste. Viva Petrucio Amorim, Xico Bizerra, Três do Nordeste, Jorge de Altinho, Elba Ramalho, Anastácia, Paulo Vanderley, Luiz Ceará,  Quinteto Violado, Flávio Leandro, Cezinha, Flávio José, Viva o Fole de Oito Baixos, Targino Gondim... Viva o Festival Dominguinhos.
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Raymundo Mello: Cipó, Magá e Irandi

O Governo do Estado anuncia a reinauguração do Estádio Lourival Baptista, o famoso “Batistão”, para o próximo dia 4 de fevereiro, com um jogo entre Confiança e Vitória-BA pela Copa do Nordeste. Ótimo! Esse retorno de atividades esportivas na agora “Arena Lourival Baptista” está sendo esperado com tanto interesse e expectativa, ou mais, talvez, do que na ocasião de inauguração do “Batistão”, em 09/07/1969.

Pena que desta vez não teremos a Seleção Brasileira, aquela que ganhou o tricampeonato mundial em 1970, nem Luiz Gonzaga e Hugo Costa, homenageando com um hino especial o estádio, onde, “enquanto os craques jogavam bola as crianças davam lição... nosso estádio tinha escola...”

Já escrevi e publiquei algumas memórias falando sobre o estádio, seu bravo Administrador (José Carvalho), à época, e outras lembranças dignas de nota.

Para não perder a oportunidade que o fato está nos oferecendo, e lembrando alguns eventos ali ocorridos e personagens de sua história, recorri a meus modestos arquivos-registro e localizei no Tabloide do “Portuga” n.º 01, edição de 27/09/2012, o texto que adiante reproduzo.

Um registro-memória, a meu ver, de grande valor, bem escrito, pois seu autor é mais competente do que eu, é Antropólogo, e usou uma linguagem de quem sabe o que escreve. Assim, com a licença de meu filho, Ray Mello, repasso o texto, memória inesquecível, inclusive, para nosso radialista esportivo maior, Carlos Magalhães (posso chamá-lo de Magá que ele não se incomoda), a quem abraço de coração, contando ouvi-lo na festa esportiva de 4 de fevereiro de 2015.

                                                                      * * * * *
O lance que eu não esqueço!
Acostumei-me, desde cedo, a gostar de futebol. Semanalmente ia aos estádios, aos domingos à tarde e às quartas à noite, em companhia do meu pai, Raymundo Mello; algumas vezes, minha mãe nos acompanhava, principalmente em jogos que íamos no interior – nos estádios “Presidente Médici” (Itabaiana), “da Vila Operária” e “do Cruzeiro” (Estância), “Paulo Barreto” (Lagarto), “José Neto” e “Constantino Tavares” (Propriá) e “Gonçalo Prado” (Maruim). 

Torcia, interagia com torcedores, comentava os lances e outras situações pertinentes aos jogos, comia alguns “petiscos” típicos dos campos de futebol, enfim, participava ativamente de tudo. E sempre de radinho “colado” no ouvido, acompanhando as narrações, os comentários e as reportagens dos jogos.
Certa noite de quarta – era eu ainda criança – o famoso “Alianza Lima”, clube peruano de grande porte, veio jogar em Aracaju, no Batistão, com o Club Sportivo Sergipe. Lá estávamos nós... uma partida imperdível.

Lembro que nos acomodamos no meio da parte coberta da arquibancada, mais ao sul. O Sergipe jogava bem, “tocava bem a bola”, enfrentava o Alianza de igual para igual. E eu ali, olhos fixos no gramado; a localização privilegiada me permitia ver o jogo com nitidez. E a audição atenta à narração.

Certa altura do jogo, não me lembro o tempo exato (penso que já passava dos 30 minutos do 1.º tempo), um lance precioso do ataque do Sergipe... era 1 a 0 para o “Vermelhinho”; o estádio ficou uma vibração só. Eu, de pé, braços erguidos, festejei fervorosamente o lance, pulando e abraçando o meu pai.

Mas, além da beleza da jogada que resultou no gol, a narrativa me chamou a atenção, aliás, me chama até hoje. E olha que ouço futebol pelo rádio praticamente durante toda a minha vida. Fiquei impressionado com a “complementação do lance”, na linguagem radiofônica, uma sucinta descrição da jogada, após o grito de gol do narrador, comumente feita por um radialista postado próximo ao gramado que, à época, era chamado de “fundo de gol”.

“Preparou, vai marcar, chuuutaa! Gooooooooool !!! Um gol da maestria brasileira! Cipó! Com afeto e com carinho, com açúcar para completar... o Sergipe inaugura o marcador!” – vibrou Carlos Magalhães com voz forte e palavras poéticas, marcas indeléveis de sua locução.

Logo após, o momento mágico, o complemento do lance. À época, na equipe da Rádio Cultura, o “fundo de gol” do lado do placar do Batistão era sempre Irandi Santos.
“Jogada sensacional de Rocha que lançou a Cipó. Cipó fechou, levou o jogo todo para o meio de campo... Gonzalez foi na jogada, ele abriu, e quando Salinas descobriu o ângulo, ele, de pé direito, a meia altura fulminou, vencendo, assim, a perícia do ‘goalkeeper’ peruano. 1 para o Sergipe, zero para o Alianza. Cipó!”.

O Sergipe perdeu o jogo. No segundo tempo, o Alianza, time mais bem preparado, voltou mais forte, acabou fazendo um gol logo no início e depois virou o placar – 2 a 1. Magalhães e Irandi lembram do jogo mas não das palavras com que narraram o lance que eu, tanto tempo depois, “narrei” pra eles. Magalhães, há uns 10 anos, no Bar do Geraldo (ao lado do Ginásio de Esportes Constâncio Vieira); Irandi, encontrei há uns 2 anos, rapidamente, em Itabaiana. Ele ouviu, sorriu, ficou emocionado, me abraçou com seu jeito sempre educado, voz suave de tom moderado. Irandi, por muitos anos, muitos, animava as tardes na Rádio Cultura, a partir das 14 horas, com um programa musical recheado de variedades, por ele produzido e apresentado.

 Das 17 em diante, o estilo era o cancioneiro mais romântico e o clichê “Ao cair da tarde” soava macio na sua voz; fechava magistralmente a tarde apresentando, às 18, “a Hora da Ave Maria”, anunciada como “uma página da Professora Lindalva Cardoso Dantas, na voz de Irandi Santos”. Uma voz, sem dúvida, inconfundível. Anos depois, Irandi parou de fazer o “fundo de gol”, depois saiu da Cultura, foi trabalhar em Itabaiana, onde está até hoje.

Eu continuo ouvindo futebol no rádio. Vez por outra, lembro-me daquele lance. Um lance que, com certeza, não vou esquecer, pelo que representou para a criança torcedora que eu era e pela plasticidade da complementação de Irandi – um jogo de palavras que se harmonizaram, uma construção rápida de sentenças que me permitem, hoje, fechar os olhos, transladar-me mentalmente para aquela noite enluarada no Batistão e conseguir “ver” aquele gol belíssimo do Cipó, tão bem descrito por Irandi Santos, o melhor “fundo de gol” que já ouvi. 

É certo que o leitor não conseguirá, por estas palavras, sentir a mesma emoção. Sensação é algo inerente a cada ser, próprio das experiências vividas. Mas, enfim, este é o lance que eu não esqueço...

                                                                 * * * * *
P.S. – O competente Radialista e Professor Vilder Santos, leitor do Jornal do Dia, vai aplaudir este registro. Tenho certeza que em suas anotações constam dados precisos sobre esta partida e que ele lembra bem a narração vibrante do Magá.

* Raymundo Mello é Memorialista
raymundopmello@yahoo.com.br
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Iguatu, Ceará: Janeiro 100 anos do Doutor do Baião, Humberto Teixeira





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Pedro Bial e Aderaldo Luciano abrem edição 2015 do Projeto Mar de Culturas

A primeira edição de 2015 do Mar de Culturas  ̶̶  projeto que abre espaço para temas relacionados ao cotidiano do Rio e do Grande Rio  ̶̶  mergulha na literatura com o tema “A poesia popular: verso ou reverso?”. Os convidados Pedro Bial e Aderaldo Luciano discutem o assunto na quinta-feira, dia 15 de janeiro, no Quiosque da Globo, em Copacabana.

Jornalista, apresentador de TV, escritor e cineasta, Pedro Bial vai debater a difusão da poesia e a valorização da literatura popular com o professor,  músico e poeta Aderaldo Luciano, também pesquisador da literatura de cordel e de manifestações poéticas populares do Brasil, e autor do livro “Apontamentos para uma história crítica do Cordel brasileiro”.

 Mar de Culturas
Data: 15 de janeiro (quinta-feira)
Local: Quiosque da Globo – Praia de Copacabana (altura da Rua Miguel Lemos)
Horário: 19h às 20h
Convidados: Pedro Bial e Aderaldo Luciano
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As mais duras tiranias e toda forma de fundamentalismo combate primeiramente o humor, a alegria

Fonte: Jornal do Commercio/Facebook Adriano de Leon
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Show Humbertos será apresentado em Iguatu, dia 25 de janeiro

No próximo dia 25 de janeiro, a cidade de Iguatu, Ceará, receberá o show musical Humbertos. O espetáculo faz uma homenagem ao compositor cearense Humberto Teixeira, nascido em 5 de janeiro de 1915, considerado  principal compositor de Luiz Gonzaga.

O show Humbertos é apresentado pela Caravana Cearense do Baião. Os músicos levam os encantos e a beleza do baião, ritmo que assumiu caráter de movimento cultural brasileiro e se destacou no mundo inteiro na década de 40. A proposta além de apresentar as canções com arranjos originais o grupo resolveu ousar e reinventar as canções tão famosas no mundo inteiro.

"Algumas canções vêm em ritmos mais contemporâneos é uma forma que buscarmos assimilar as novas gerações que a música se renova e se reinventa, essa circulação por meio do projeto Caravana Cearense do Baião é uma forma de remontar o projeto que o próprio Humberto desenvolveu enquanto Deputado Federal de levar músicos para fora do Brasil", diz Michel Prudêncio idealizador do projeto.

As canções de protesto e de saudade presentes no show são apresentadas em reggae, rock, blues, valsas e xote e baião, a pesquisa do projeto foi feita a partir de documentos iconográficos e áudios presentes no Museu da Imagem e do Som em Iguatu.

O projeto de circulação tem o apoio cultural do Governo do Estado do Ceará por meio do Edital Incentivo as Artes 2014 da Secretaria Estadual da Cultura, com entrada gratuita.

Fonte: Facebook/Michel Prudencio
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Diário do Nordeste: Ano 2015 começa com a lembrança dos 100 anos de nascimento de Humberto Teixeira, o doutor do Baião

O ano de 2015 começa com uma lembrança singular para a cultura cearense: esta segunda, 5 de janeiro, é marcada pela recordação dos 100 anos de nascimento do poeta e compositor Humberto Teixeira. Nascido em Iguatu (Centro-Sul do estado), em 1915, o parceiro mais célebre de Luiz Gonzaga viveu 64 anos, falecendo na cidade do Rio de Janeiro no dia 3 de outubro de 1979. Seu corpo está sepultado no cemitério São João Batista, em Botafogo (zona sul carioca).

No passo da trajetória de vida do cearense que também fora advogado e deputado federal, o Diário do Nordeste apurou um olhar local sobre a memória de Humberto. Compositores e pesquisadores abordam a sagacidade intelectual daquele que ficara reconhecido internacionalmente como o "Doutor do Baião". E segundo a cinebiografia "O Homem que engarrafava nuvens" (2009), daquele que em vida fora um "estranho" para a própria filha, Denise Dummont - algo que revela as multifacetas de seu centenário.

Humberto Cavalcanti de Albuquerque Teixeira foi filho de João Euclides Teixeira e Lucíola Cavalcanti de Albuquerque Teixeira. Começou, cedo, a se interessar por música. "Eu toco um pianozinho pra mim, mas num me aventuro a mostrar nem nada, mas minha vontade de início em música era ter estudado piano. Depois da flauta eu estudei também bandolim. É um instrumento que cheguei a tocar lá em Iguatu", disse o próprio, em depoimento ao memorialista Nirez, quase dois anos antes de falecer.

Na década de 30, migrou para o Rio de Janeiro a fim de estudar Medicina e se profissionalizar na composição, mas acabou formando-se como advogado. Sua atuação jurídica estendeu-se à política, tornando-se deputado federal e defendendo a causa dos direitos autorais. Além de deputado, Humberto foi diretor da União Brasileira de Compositores (UBC).

 Em 1945, conheceu Luiz Gonzaga, procurado pelo sanfoneiro - que andava atrás de um parceiro hábil na composição das letras. A parceria despontou: a partir daí, o baião fez sucesso sintetizando vários ritmos regionais, através de canções como "Baião", "Asa Branca", "Juazeiro", "Assum Preto", "Que Nem Jiló" e "No meu pé-de-serra". Com Lauro Maia, de quem também foi cunhado, compôs "Deus me perdoe".

E ainda fez, sozinho, músicas como "Kalu" e a "Sinfonia do Café". "Pra mim, ele tornou natural se falar do universo nordestino com uma poesia tão elevada. Falava de objetos simples, mas de uma maneira muito sofisticada", resume o poeta e arquiteto Fausto Nilo que, a exemplo de Humberto, fez carreira musical tomando a responsabilidade de compor para parceiros instrumentistas. Para Fausto, a história do Doutor do Baião precisa ser explorada para além "do viés de Luiz Gonzaga". "Ele não era como eu, só letrista. Ele era letrista e músico, tocava piano. Aqui em Fortaleza ele tocou em banda de cinema. No Rio, ele já tinha várias músicas gravadas antes de conhecer Gonzaga", pontua.

Também adepto do viés "humbertiano", o produtor Calé Alencar conta mais da faceta musical do iguatuense. Em 2004, Calé fez um samba-enredo para o bloco Fuxico do Mexe-mexe, do Carnaval de Fortaleza, com o nome "Humberto Teixeira: o Doutor do Baião".

"Ele tocou como músico, de forma muito íntima. Não se projetou profissionalmente, mas usava todo esse cabedal pra compor. Pra você ter ideia, ele teve um desafio sobre o tema do café, e fez uma música super elaborada (Sinfonia do Café), impressionando Eleazar de Carvalho (também iguatuense), que foi um dos maestros mais brilhantes do mundo", conta.

Calé opina que Humberto Teixeira teria um patamar de relevância para a música mundial. "A visibilidade para Gonzaga foi realmente muito maior. Mas Humberto, como inventor do baião, é um dos maiores compositores do mundo", destaca. A envergadura posiciona Humberto Teixeira em uma situação que vai bem além da fama (atrelada, quase sempre, à figura de Gonzaga).

Parceiro de Cícero Nunes, Lauro Maia, entre outros, o iguatuense também influenciou a "poética" de figurões da MPB. "O Caetano Veloso gravou 'Kalu' no 'Totalmente Demais' (1986), disco que vendeu muito. Vejo muitas coisas na obra do Caetano que são humbertianas. Uma das estrofes de 'Terra' (de Caetano) foi inspirada em 'Paraíba' (de Humberto)", assegura Calé Alencar. Na memória do compositor Fausto Nilo, a atuação de Humberto Teixeira toma uma proporção de modo que o iguatuense chega às lembranças não só pela música.

"Pela década de 50, lá em Quixeramobim, o Humberto apareceu fazendo um pequeno discurso pela campanha dele (a deputado federal). Eles distribuíram um livreto, com as letras de grande parte dos sucessos da parceria com Luiz Gonzaga. Tinha foto dele em Iguatu. E eu nunca o tinha visto pessoalmente. Antes, tinha informação de autores porque na casa de meu avô tinha discos. Só conhecia Humberto Teixeira nesse sentido", revela.

Fonte: Diário do Nordeste/Felipe Gurgel
Especial para o Caderno 3
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São José do Egito festeja o centenário do repentista e Poeta Lourival Batista, o Louro do Pajeú

Com o tema “100 anos de poesia. Tudo que reluz é Louro”, a cidade de São José do Egito vivencia a partir desta sexta-feira (2), o centenário de nascimento do repentista e poeta Lourival Batista, o Louro do Pajeú, falecido em 1992. A programação festiva envolve apresentações musicais, exposições, recitais poéticos e várias atividades abertas ao público, até o dia 6 de janeiro.

Na noite de abertura, que começa a partir das 19h, no Palco Zá Marinho, centro da cidade, o público contará com as apresentações dos cantadores Valdir Teles e Diomedes Mariano, além do pré-lançamento do DVD “Canção do Tempo”, do grupo Em Canto e Poesia. Também serão realizados shows instrumentais de Vinícius Sarmento, Nuca Sarmento, Greg Marinho, Miguel Marinho, Fred Didier, Guilherme Eira e Luizinho Sanfoneiro. Finalizando a noite, irão subir ao palco o Sexteto de Três e o Expresso Pau de Arara.

No decorrer da programação, será realizada a Oficina de Pífanos, com os músicos João do Pife e Marcos do Pífano, lançamentos dos livros “São José do Egito ou o Reino dos cantadores, etc, coisa e tal”, de Zé Rabelo; “Pífanos do Agreste”, da Página 21; e “O Sertão onde eu vivi”, de Zelito Nunes. Outra atividade de destaque será a exposição “Pajeú Fotográfico”, contendo fotografias de Abel Taiguara, Diandra Rosenberg, Erlah Moura e Mariana Pinheiro.

No Instituto Lourival Batista, também conhecido por Casa do Repente, entidade responsável pela realização do evento, o músico será homenageado com a exposição “100 Anos de Poesia”, na qual reunirá registros do poeta nascido em Itapetim e que ficou conhecido como um dos mais expressivos nomes do repente brasileiro. O evento conta com a produção da Página 21 e possui patrocínio do Governo de Pernambuco, através da Empetur, Fundarpe, Secretarias de Turismo e de Cultura do Estado.

Confira a programação:

Sexta-feira (2)

Espaço João Macambira

10h às 12h
- Oficina de pífanos, por João do Pife e Marcos do Pífano
14h às 16h
- Atividade infantil – decoração do espaço João Macambira.
16h30 às 17h30
- Show infantil: Cordelândia

Praça Seresteiro João Pequeno

17h30
- Abertura da exposição Pajeú Fotográfico – por Abel Taiguara, Diandra Rosenberg, Erlah Moura e Mariana Pinheiro

Instituto Lourival Batista

19h
- Abertura da exposição: Lourival Batista – 100 Anos de Poesia

Palco Zá Marinho

20h às 2h
- Abertura Oficial
- Cantoria: Valdir Teles e Diomedes Mariano
- Pré-lançamento do DVD Canção do Tempo, do Em Canto e Poesia
- Instrumental : Vinícius Sarmento, Nuca Sarmento, Greg Marinho, Miguel Marinho, Fred Didier, Guilherme Eira e Luizinho Sanfoneiro
- Sexteto de Três
- Expresso Pau de Arara

Sábado (3)

Espaço João Macambira
15h às 17h
- A arte e a educação, por Saulo Gomes ou Haideé Camelo.

Espaço Bodega Job Patriota
18h às 20h30
- Cantoria: Lázaro Pessoa e Arnaldo Pessoa
- Recital: Felipe Júnior e Vinícius Gregório
- Lançamento dos livros: São José do Egito ou o Reino dos cantadores, etc, coisa e tal, de Zé Rabelo e Pífanos do Agreste, da Página 21
- Recital e Canto: Luciana Rabelo

Palco Zá Marinho
21h às 2h
- Tonfil
- João do Pife, Marcos do Pífano e Banda Pifônica de Carnaíba. Regência de Cacá Malaquias
- Maciel Melo e Xangai

Domingo (4)

Espaço João Macambira
15h às 17h – A revelação da oralidade, por Chico Pedrosa, Dedé Monteiro e Antonio Marinho.

Espaço Bodega Job Patriota

- 17h30 às 19h30
- Recital: Nõe de Job
- Lançamento de livro: O Sertão onde eu vivi, de Zelito Nunes
- Cantoria: Mocinha de Passira e Louro Branco em Homenagem a João Furiba
- Mambembe

Matriz de São José

19h30
- Missa do Cantador, celebrada pelo Pe. Luisinho

Palco Zá Marinho

21h às 2h
- Bráulio Tavares
- Bia Marinho
- Vital Farias
- Vates e Violas

Segunda-feira (5)

Espaço João Macambira

15h às 17h – O legado de Louro, por Ésio Rafael, Pedro Américo e Raimundo Branco.

Espaço Bodega Job Patriota

18h às 20h30
- Recital: Graça Nascimento e Cida Pedrosa
- Lançamento dos livros: Linguaraz, Viagem de Joseph Língua e Ficção em Pernambuco, de Pedro Américo
- Vozes e Versos

Palco Zá Marinho

21:30h às 2h
- Recital 8 ou 80: Letícia Moraes e Chico Pedrosa
- Ednardo
- Em Canto e Poesia

Terça-feira (6)

Espaço Bodega Job Patriota

12h
- Confraternização: Baião de Dois

14h às 18h
- Cantorias: Geraldo Amâncio e Moacir Laurentino, Zé Cardoso e Severino Feitosa, Valdir Teles e Diomedes Mariano
- Lançamento do livro: Mosaico de Reflexões, de Gustavo Ferrer
- Mesa de Glosa em homenagem a João Paraibano
- Microfone aberto: espaço livre para criação
- Cordas em Retalhos
- As Severinas

Instituto Lourival Batista

3h30
- Vigília Poética
* Na Rua Domingos Siqueira há um ponto de coleta para doação de alimentos não perecíveis e de material de higiene pessoal para o Lar da Divina Misericórdia (Lar dos Idosos) de São José do Egito.
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Presidente Dilma diz que lema do Governo é "Brasil Pátria Educadora"

A presidenta Dilma Rousseff disse na cerimônia de posse no Congresso Nacional, que o lema do novo governo será “Brasil: pátria educadora”. Ela caracterizou o lema como simples, direto e que reflete com clareza qual será a prioridade do governo, além de sinalizar o setor para o qual devem convergir os esforços de todas as suas áreas.

“Estamos dizendo que a educação será a prioridade das prioridades, mas também que devemos buscar em todas as ações do governo um sentido formador, uma prática cidadã”, explicou, ao acrescentar que só a educação liberta um povo e abre portas para o futuro.

Dilma defendeu um ensino de qualidade em todos os níveis de formação e para todos os segmentos da sociedade. A presidenta destacou que a expectativa é que, ao longo deste novo mandato, o setor comece a receber volumes mais expressivos de recursos oriundos dos royalties do petróleo e da exploração da camada pré-sal.

“Buscaremos, em parceria com os estados, efetivar mudanças curriculares e aprimorar a formação dos professores” disse, ao avaliar ser esta uma área frágil no sistema educacional brasileiro. A presidenta prometeu dar atenção especial ao Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) e ao Programa Jovem Aprendiz. “O Brasil vai continuar como país líder no mundo em políticas sociais transformadoras”.
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