XICO NÓBREGA NO REINO DE GONZAGÃO: A MÚSICA E O MUNDO DO NORDESTE

Acompanhei atentamente a trajetória de preparação, concepção e agora lançamento da obra O Reino do Baião, personagens, obras e o Nordeste, do jornalista cultural Xico Nóbrega, com orgulho, meu irmão, e hoje colaborador da Procult. Uma parceria da EDUEPB com RG Editora, sob o patrocínio do selo UNIMED Cultural, a obra é concebida com um rigor meticuloso de um pesquisador-autoridade, conhecedor irretocável, criterioso e cuidadoso, qualidade rara no mundo das letras quando o assunto é cultura musical, especificamente sobre o Rei do Baião, o imortal Luiz Gonzaga. 

Esta obra reúne dezenas de artigos temáticos sobre Luiz Gonzaga, o Rei do Baião: a sua longa carreira artística, o solista de sanfona (Quem não vibra e se mexe com Remelexo?), as músicas em homenagem aos seus familiares, os seus maiores compositores e e seguidores, as curiosas histórias da Asa Branca, do Baião Paraíba, e da Triste Partida, a sua relação com a Jovem Guarda, e a presença de sete estados do Nordeste, nos seus baiões.  

A obra se abre ao leitor com um valioso levantamento biobibliográfico do Rei do Baião. Pela didática explanatória habilidosa, bem como a profundidade e veracidade das informações, este levantamento inicial é pertinentemente adequado, inclusive para a avassaladora maioria dos jovens leitores brasileiros que conhecem muito pouco sobre a vida e obra do grande Lula, matriz e ícone da MPB.

Destacam-se alguns capítulos especiais e imortais: O solista da sanfona; Humberto Teixeira, compositor fundamental; Zé Dantas, o compositor genial; Paraíba, um jingle político; Zé Clementino e a Jovem Guarda; Luiz e Jackson: androgenia e transexualidade; e Paraíba, um abraço pra ti pequenina. Estes, dentre outros artigos, tornam a obra de Xico Nóbrega tão importante, pelo valor didático e acadêmico, sobretudo aos leitores sedentos em descobrir e/ou valorar a obra desse gigante da MPB de base nordestina.   

Com uma escrita simples, não menos profunda e bastante acessível, Xico Nóbrega, para além de se mostrar como um acurado pesquisador, também esclarece pontos obscuros da história musical e com efeito pessoal do Rei do Baião. Assim, o cuidado deste pesquisador em referendar nas citações as fontes ligadas à discografia (datas, locais e gravadoras) tornam O Reino do Baião, personagens, obras e o Nordeste uma obra de cabeceira para qualquer brasileiro, em especial nordestino, que deseje conhecer o grande filão poético-musical que se esconde por trás da vasta produção de Luiz Gonzaga. Neste sentido, com seu lançamento marcado para dia 24/10, a partir das 19h, no Museu dos 3 Pandeiros, ratifico seu valor e convoco a todos para  prestigiar esse grande momento.

(Dr. Marcelo Vieira da Nóbrega. Docente da FALLA/UEPB. Permanente do PPGLI ( Programa de Pós-Graduação em Literatura e Interculturalidade) e do PPGFP (Programa de Pós-Graduação em Formação de Professores). Líder do Grupeo (Grupo de Pesquisa de Estudos da Oralidade).  

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RÁDIO EDUCADORA FM: NEY VITAL SACODE O FORRÓ COM BOM JORNALISMO

O Programa ‘Nas Asas da Asa Branca – Viva Luiz Gonzaga e seus Amigos’ agora tem novo horário e é apresentado aos domingos a partir das 10h na Rádio Educadora do Cariri FM 102.1, no Crato, Ceará.

Em defesa do Meio Ambiente e Valorização da Cultura Brasileira o jornalista Ney Vital recebeu Moção de Aplausos da Câmara de Vereadores, terra onde nasceu Padre Cícero. A homenagem, aprovada pelo Poder Legislativo, foi apresentada pelo vereador José Wilson da Silva Gomes (Wilson do Rosto) e aprovada por unanimidade.

A produção e apresentação do programa é do jornalista Ney Vital, colaborador da REDEGN. O programa é pautado em músicas de Luiz Gonzaga, informações em defesa do meio ambiente, agroecologia (destacando a Floresta Nacional da Chapada do Araripe e o Rio São Francisco), a cultura da região, seus cantadores de Pífano, aboiadores e violeiros.

‘Nas Asas da Asa Branca – Viva Luiz Gonzaga e seus Amigos’ segue uma trilogia amparada na cultura, cidadania e informação. Programa com roteiro usado para contar a história da música brasileira a partir da voz e sanfona de Luiz Gonzaga, seus amigos e seguidores.

Ney Vital considera o programa “o encontro da família brasileira”. Ele não promove rituais regionalistas, a mesquinhez saudosista dos que não se encontram com a arte e cultura, a não ser na lembrança. Ao contrário, o programa evoluiu para a tecnologia digital e forma de espaço reservado à cultura mais brasileira, universal, autêntica, descortinando um mar, cariri sertões de ritmos variados e escancarando a infinita capacidade criadora dos que fazem arte no Brasil.

É o conteúdo dessa autêntica expressão nacional que faz romper as barreiras regionais, esmagando as falsificações e deturpações do que costuma se fazer passar como patrimônio cultural brasileiro. Também por este motivo no programa o sucesso pré-fabricado não toca e o modismo de mau gosto passa longe.

“Existe uma desordem, inversão de valores no jornalismo e na qualidade das músicas apresentadas no rádio”, avalia Ney Vital que recebeu o Título de Cidadão de Exu, Terra de Luiz Gonzaga, título Amigo Gonzagueano Orgulho de Caruaru, e Troféu Luiz Gonzaga do Espaço Cultural Asa Branca de Caruaru e o Troféu Viva Dominguinhos-Amizade Sincera em Garanhuns.

Bagagem profissional-Ney Vital usa a credibilidade e experiência de 30 anos atuando no rádio e TV. Nas afiliadas da Rede Globo (TV Grande Rio e São Francisco), foi um dos produtores do Globo Rural, onde exibiu reportagens sobre Missa do Vaqueiro de Serrita e festa de aniversário de Luiz Gonzaga e dos 500 anos do Rio São Francisco, além de dezenas de reportagens pautadas no meio ambiente do semiárido e ecologia.

Membro da Rede Brasileira de Jornalismo, Ney Vital é formado em Jornalismo na Paraíba e com Pós-Graduação em Ensino de Comunicação Social pela Uneb/Universidade Federal do Rio Grande do Norte. 

“Nas Asas da Asa Branca, ao abrir as portas à mais genuína música brasileira, cria um ambiente de amor e orgulho pela nossa gente, uma disseminação de admiração e confiança de identidade cultural em nosso povo, experimentada por quem o sintoniza a RADIO EDUCADORA em todas as regiões do Brasil", finaliza Ney Vital.

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PESQUISA SOBRE ABELHAS DA CEMAFAUNA-UNIVASF GANHA DESTAQUE EM SEMINÁRIO

O Centro de Conservação e Manejo de Fauna da Caatinga (Cemafauna-Univasf) marcou presença no XVI Seminário de Pesquisa e XVII Encontro de Iniciação Científica do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), realizado entre os dias 14 e 16 de outubro de 2025, em Brasília (DF). O evento reuniu pesquisadores, bolsistas e gestores ambientais de todo o país em torno do tema “Ciência, Tecnologia e Conhecimento Tradicional na Gestão da Biodiversidade”, valorizando o papel da pesquisa científica aplicada à conservação.

Representando o Cemafauna, vinculado à Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), participaram a pesquisadora Aline Andrade e os bolsistas Mariana Barroso Cruz e Ludwig Lima Nunes, orientados por ela no âmbito da parceria entre ICMBio e Cemafauna-Univasf. Os trabalhos apresentados abordam estudos voltados à ecologia da conservação, comportamento e sustentabilidade das abelhas nativas, com foco nas Unidades de Conservação da Ararinha-azul e do Boqueirão da Onça, ambas localizadas no estado da Bahia. Os dois estudos integram o esforço científico em compreender os efeitos das modificações humanas sobre as populações de abelhas, consideradas espécies-chave na manutenção da biodiversidade. As pesquisas revelam como as mudanças no uso do solo, a perda de vegetação e a pressão antrópica interferem nas redes de interação entre abelhas e plantas nativas, impactando diretamente os ecossistemas da Caatinga. 

O trabalho da bolsista Mariana Barroso Cruz, intitulado “Interações entre populações de abelhas e espécies vegetais de interesse para a ararinha-azul (Cyanopsitta spixii) em áreas com diferentes níveis de pressão antrópica nas Unidades de Conservação da Ararinha Azul”, já havia sido premiado no Simpósio Nacional de Meliponicultura e voltou a ser reconhecido no evento do ICMBio, destaque na categoria de mérito e qualidade científica. Já o bolsista Ludwig Lima Nunes apresentou o estudo “Efeitos de perturbações antrópicas em comunidades de abelhas no Parque Nacional Boqueirão da Onça”, que monitora a composição, riqueza e diversidade das abelhas em áreas conservadas e sob diferentes graus de pressão humana. O trabalho destaca a importância das áreas protegidas para a manutenção da diversidade biológica e para o equilíbrio das relações ecológicas na Caatinga.

Para a pesquisadora Aline Andrade, orientadora dos bolsistas e integrante da equipe técnica-científica do Cemafauna, a participação no evento representa um marco no fortalecimento da parceria entre as instituições e na visibilidade das pesquisas desenvolvidas no semiárido. “Ver nossos estudantes apresentando resultados tão consistentes é motivo de orgulho e esperança. Cada dado coletado, cada observação de campo, ajuda a compreender melhor o papel das abelhas na manutenção da vida na Caatinga. E quando esses resultados são reconhecidos nacionalmente, reforçam a importância da ciência que nasce no sertão e contribui para decisões concretas de conservação”, destacou Aline Andrade.

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LIVRO O REINO DO BAIÃO PERSONAGENS, OBRA E O NORDESTE SERÁ LANÇADO NA SEXTA-FEIRA (24)

A Editora da Universidade Estadual da Paraíba (EDUEPB), lançará, na sexta-feira (24), às 19h, no Museu de Arte Popular da Paraíba (MAPP), em Campina Grande, o livro “O Reino do Baião: personagens, obra e o Nordeste”, do jornalista cultural Xico Nóbrega. A obra é publicada em parceria com a RG Editora e com o patrocínio do selo UNIMED Cultural. O evento é gratuito e aberto ao público em geral.

Para escrever o livro, o autor, que também é colaborador da Pró-Reitoria de Cultura (PROCULT) da UEPB, realizou uma pesquisa meticulosa e apaixonada sobre Luiz Gonzaga, o imortal Rei do Baião, figura central da cultura musical brasileira e ícone da identidade nordestina. Com escrita acessível e certeira, Xico Nóbrega, conhecido como uma das maiores autoridades no estudo da cultura musical popular, oferece aos leitores uma imersão na trajetória artística e pessoal de Gonzaga.

“O Reino do Baião” se destaca pelo aprofundado levantamento bibliográfico do artista, seguindo por temas que percorrem as diversas facetas da carreira de Luiz Gonzaga: como solista da sanfona, suas homenagens à família por meio da música, a relação com outros compositores, bem como curiosidades sobre clássicos, como “Asa Branca”, “Baião Paraíba” e “A Triste Partida”.

Figuram, ainda, capítulos dedicados à relação de Gonzaga com a Jovem Guarda e à representação dos estados nordestinos em sua obra, além da sua incursão em outros gêneros musicais. A narrativa articula a análise musical, social e histórica, amparada por referências à discografia de Gonzaga, com datas, locais de gravação e selos fonográficos, o que torna o livro uma obra de referência para pesquisadores, estudantes e admiradores da música brasileira, sendo útil, também, para o público mais jovem, que conhece pouco sobre a dimensão artística e humana de Luiz Gonzaga.

Outras informações, pelo telefone (83) 3315-3381 ou por e-mail eduepb@setor.uepb.edu.br.

(Texto: Giuliana Rodrigues-UEPB)

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FESTIVAL DE MÚSICA GERALDO AZEVENDO ACONTECE EM PETROLINA

Teve início nessa quinta-feira (16) o Festival de Música Geraldo Azevedo, realizado pela Prefeitura de Petrolina, através da Secretaria Executiva de Cultura. O evento, que homenageia o artista petrolinense reconhecido nacionalmente, contou com apresentações de artistas locais e de outros lugares do Brasil e um show de cantores da região. A primeira noite reuniu o público que acompanhou e torceu pelas apresentações com entusiasmo. 

Subiram ao palco da Concha Acústica 10 cantores que soltaram a voz para defender suas músicas autorais e inéditas, trazendo originalidade e identidade à primeira noite do festival. Na plateia, o clima era de celebração e valorização da cultura local. "É muito bonito ver a nossa cidade reconhecendo um artista tão importante como Geraldo Azevedo. A programação está linda, já é o segundo ano que venho prestigiar", comentou a professora Morgana Lima. Já o estudante Lucas Ferreira ressalta a importância do festival. "O palco está incrível, tudo organizado. Esse tipo de evento é uma iniciativa de apresentar novos talentos e valorizar ainda mais a cultura da nossa cidade", informa. 

Nesta sexta-feira (17), o festival segue com a segunda etapa da programação, mais 10 candidatos irão se apresentar para o júri, somando no total 20 apresentações, apenas 10 músicas serão selecionadas para serem cantadas na final, que acontece no sábado (18).

Ainda nesta sexta-feira, o público poderá curtir a apresentação da Camerata 21 de Setembro com o 'Rock in Concert,' que contará com apresentações dos cantores Temir Santos, Rafael Waladares e Ingrid Torres. (Texto: Jhulyenne Souza - Assessora de Comunicação da Secretaria Executiva de Cultura) 

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II FESTIVAL DE CINEMA DO NORDESTE BRASILEIRO ACONTECE ENTRE OS DIAS 20 A 25 OUTUBRO

A cidade de Areia, Paraíba, Patrimônio Nacional da Cultura, será palco do 2º Festival de Cinema do Nordeste Brasileiro, que acontecerá dos dias 20 a 25 de outubro de 2025. O evento celebra a produção cinematográfica independente do Nordeste e é uma oportunidade única para viver o cinema regional e conhecer um destino rico em história, cultura e beleza natural.

Acesse o link www.fecine.com.br para saber mais.

O 2º FECINE é uma produção da inCinerado Filmes (@incineradofilmes), realizado com recursos da Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura (@minc), operacionalizado pelo Governo do Estado através da Secretaria de Estado de Cultura (@secultpb). E conta com o apoio da Prefeitura Municipal de Areia (@prefeituradeareia).

Veja abaixo os filmes selecionados para o 2º FECINE:

Curtas – metragens:

Extinção (direção: Eriko Renan e Maycon Carvalho – PB)

Boi Brinquedo (direção: Mestre Martonio Holanda – CE)

Navio (direção: Alice Carvalho, Larinha R. Dantas e Vitória Real – RN)

Guia (direção: Tarcísio Ferreira – AL)

A nave que nunca pousa (direção: Ellen Morais – PB)

O som da pele (direção: Marcos Santos – PE)

Babalu é carne forte (direção: Xulia Doxágui – PE)

Lá em cima não há céu (direção: Yan Araújo e Óscar Araújo – PB)

Estou adaptado a uma cidade não adaptável (direção: Raquel Cardozo – RN)

O Carnaval é de Pelé (direção: Daniele Leite e Lucas Santos – PE)

Facção (direção: Henrique Corrêa – PE)

Deixa (direção: Mariana Jaspe – BA)

Mundinho (direção: Lúcio Lima  – BA)

Longas-metragens:

A Cigana (direção: Thiago Furtado – PI)

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BIOMA CAATINGA, FLORESTA QUE ALIMENTA E CURA

Parque Nacional do Vale do Catimbau, semiárido pernambucano. Patrimônio natural e cultural do Brasil, conhecido por abrigar um dos mais importantes conjuntos de sítios arqueológicos do País. Em meio ao bioma Caatinga, o local chama a atenção por suas formações rochosas imponentes e pela paisagem exuberante. Foi lá que uma grande tenda listrada foi montada para receber o encerramento da Caatinga Climate Week, neste último domingo (4), após uma verdadeira imersão em experiências exitosas de convivência com o Semiárido durante três dias de evento.

A seguir, relatos de nomes importantes do cenário climático do Brasil e do Semiárido Nordestino que revelam as identidades da Caatinga, bioma estratégico para o debate climático global, que compreende nove estados brasileiros (Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, norte de Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe), ocupa mais de 10% do território nacional e se estende por cerca de 862.818 km², abrigando aproximadamente 28 milhões de pessoas.

A poucas semanas da COP 30, em Belém, uma expedição envolvendo jornalistas, pesquisadores e representantes de organizações internacionais percorreu cerca de 400 km no Semiárido pernambucano, de 1º a 4 de outubro, para ampliar a visibilidade dos potenciais e das demandas da Caatinga e amplificar as vozes dos seus povos.

Para Edel Moraes, secretária nacional de Povos e Comunidades Tradicionais e Desenvolvimento Rural Sustentável do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), “é muito importante dizermos que o Brasil é formado por vários biomas, e que entre eles está um que é exclusivamente brasileiro e que nos ensina muito sobre adaptação, resiliência e enfrentamento”. Ela ainda ressalta que o Semiárido brasileiro é um território com forte presença de povos e comunidades tradicionais e chama a atenção para os saberes ancestrais, o protagonismo das mulheres e as tecnologias sociais, que hoje estão no cardápio mundial de combate à fome, na pauta climática.

“Vemos aqui um povo de soluções.” Glória Batista, da Coordenação Nacional da Articulação do Semiárido Brasileiro (ASA), lembra que a chegada das cisternas promoveu e segue promovendo uma virada na história do Semiárido brasileiro, com impactos principalmente na soberania e na segurança alimentar das famílias da região.

Ela reforça que a convivência com o Semiárido é entendida também sob a perspectiva de cuidar dos bens comuns e dos seus povos. “Isso faz com que o Semiárido passe a ser diferente daquele estereótipo de terra rachada, gado morto, vida inóspita, lugar sem futuro”. E, para além das tecnologias sociais, como cisternas, bancos de sementes e reúso e reaproveitamento de água – todas encontradas durante as experiências visitadas na Caatinga Climate Week -, é fundamental o processo de mobilização por meio de associações, cooperativas e formação e capacitação técnica, além da experimentação e da valorização do saber local. “A gente precisa trazer o bioma Caatinga e o seu povo para a centralidade do clima”, frisa.

Esta é uma foto externa em plano médio que captura uma mulher jovem com longos cabelos escuros e cacheados em um ambiente rural ou semiárido. Ela está em pé sobre o chão de areia clara, vestindo uma camiseta branca estampada e calças jeans azuis, e segura um pote de vidro transparente cheio de grãos ou sementes de cor clara na altura do peito, olhando para ele ou para o lado. Em primeiro plano, no canto esquerdo, há um arbusto com folhagem e pequenas flores roxas e laranjas. O fundo é composto por uma paisagem de vegetação esparsa e pequenos arbustos verdes, com algumas estruturas simples, circulares e de telhado baixo visíveis, possivelmente tendas ou abrigos, no meio do terreno arenoso. Acima, o céu é azul e aberto, pontilhado por nuvens brancas e fofas

Durante quatro dias, foram visitadas diversas experiências de convivência com o Semiárido | Foto: Andréia Vitório

Potência modelo para o mundo

Aldrin Martin Pérez Marín, pesquisador do Instituto Nacional do Semiárido (Insa), coordenador do Observatório da Caatinga e Desertificação e correspondente científico do Brasil junto à Convenção das Nações Unidas para o Combate à Desertificação (UNCCD), é enfático ao dizer que o Semiárido não é problema, pelo contrário: “é solução viva para o Brasil e para o mundo”.

Para ele, o que o Semiárido brasileiro pode oferecer ao mundo é um método, não uma receita. O método, segundo o pesquisador, tem três pilares universais: armazenar recursos (água, sementes, forragem), reduzir perdas (de solo, nutrientes, biodiversidade) e fortalecer a organização social. Esse tripé, assegura, funciona em qualquer deserto, do Sahel africano ao sertão mexicano.

“O que é específico nosso é a Caatinga, a maior floresta seca tropical do Planeta, megadiversa e com 72% do carbono guardado no solo; é a força de redes como ASA, AS-PTA, CETRA, IRPAA, PATAC; é a capilaridade de políticas como o PAA e o PNAE; é a chuva concentrada em poucos meses, que ensinou o povo a colher cada gota como se fosse ouro”, conclui.

O Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) e o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) são programas governamentais de compras públicas de alimentos produzidos por agricultores familiares no Brasil.

“Essa floresta Caatinga é uma floresta que alimenta e que cura”. A fala é de Elisa Pankararu, atual coordenadora do Departamento de Mulheres Indígenas da Articulação dos Povos e Organizações Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo (APOINME), durante o encerramento da Climate Week.

“O bioma Caatinga é único no Planeta. Deveria ser patrimônio cultural da biodiversidade, ser extremamente valorizado. No entanto, historicamente e culturalmente, construiu-se uma imagem negativa do nosso bioma, com preconceito e discriminação. Esse imaginário está na literatura, na arte, no cinema. Somos vistos como um povo feio, mas não somos. Somos de beleza e de cultura. Quero dizer que a Caatinga é um bioma de resistência, de beleza, mas também de conflitos. Somos de enfrentamento”, destaca, alertando para a presença de grandes empreendimentos e seus impactos na região.

O Relatório Anual do Desmatamento no Brasil, publicado pelo Map Biomas, em 2024, sinalizou que a Caatinga foi o terceiro bioma mais desmatado no País, com uma perda de 14% de área (174.511ha). Frente a esse contexto, chamam atenção os dados de pesquisas do Instituto Nacional do Semiárido (Insa) e do Observatório da Caatinga e Desertificação (OCA), que revelaram o alto potencial do bioma para capturar e armazenar carbono da atmosfera.

Cientistas demonstram que as florestas do Semiárido brasileiro podem retirar até sete toneladas de CO₂ por hectare por ano, consolidando-se como o bioma brasileiro mais eficiente no sequestro de carbono. Mesmo as regiões mais áridas da Caatinga são capazes de absorver entre 1,5 e três toneladas anuais de gás carbônico. TEXTO jornalista Andréia Vitório

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