MÚSICA É UM DOS FATORES QUE IMPULSIONAM O TURISMO

O ato de viajar para outras localidades é associado a diversas motivações, como descanso, saúde, cultura, sustentabilidade ou visitar parentes. Eventos do ramo musical também se apresentam como catalisadores turísticos e são vistos como tendência pelo Ministério do Turismo, em uma prática conhecida como gig tripping. A gíria em inglês gig faz referência a “show” ou “apresentação musical”; já tripping remete a “viajar”. 

Esses deslocamentos podem envolver trajetos pequenos, como ir a uma cidade vizinha para um show de uma banda local, ou viagens internacionais para acompanhar turnês. De acordo com a revista Tendências do Turismo 2025, a influência musical na área continuará em expansão e o mercado pode atingir US$ 13,8 bilhões até 2032. 

A imersão na cultura e a visita a locais icônicos — como o Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, o Atomium, na Bélgica, e o Píer de Santa Mônica, nos Estados Unidos — fazem parte do turismo musical. Destinos conhecidos por sua tradição em festivais e grandes shows se beneficiam, mas cidades e vilarejos também veem suas economias aquecidas por hospedagens e visitas. 

No Brasil, algumas cidades têm eventos fixos em seus calendários anuais ou bienais. Eduardo Silva Sant’Anna, doutorando em Turismo pela Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP, revela: “Fãs de gêneros diversos, do pop e rock ao pagode e MPB, viajam pelo País para assistir seus artistas preferidos”. Acontecimentos como Lollapalooza, Rock in Rio, The Town — que teve início no dia 6 de setembro e acabará no dia 14 deste mês —  e o Festival de Verão de Salvador são destaques que incentivam um número considerável de pessoas para suas regiões. 

O projeto Todo Mundo no Rio, o qual teve sua primeira edição em 2024, é outro exemplo da força dos eventos para uma localidade. Sem cobrar ingressos e realizado na praia de Copacabana, o evento reuniu 2,1 milhões de pessoas — segundo a Riotur, empresa de turismo do município do Rio de Janeiro — em maio para assistir ao show da cantora Lady Gaga. No ano passado, Madonna movimentou 1,6 milhão de fãs para festejar sua performance. 

Turnês internacionais, como a The Eras Tour, de Taylor Swift, e dominATE, do grupo sul-coreano Stray Kids, também são elencadas pelo pesquisador como fenômenos que lotam estádios e movimentam hotéis, restaurantes e o comércio local. 

Megaeventos musicais são estratégias para atrair visitantes em diferentes épocas do ano, segundo Sant’Anna. “Do ponto de vista do planejamento, são fundamentais para enfrentar a sazonalidade típica do turismo, que concentra grande parte do fluxo em períodos específicos, como férias escolares e temporadas de verão”, explica. O projeto Todo Mundo no Rio, por exemplo, está previsto para ocorrer anualmente em maio, no outono. 

O turismo musical, entretanto, pode estar restrito a públicos com maior poder aquisitivo, devidos aos custos altos de ingressos, viagens e hospedagens. Além disso, as emissões de carbono em deslocamento longos e a produção de resíduos pelos viajantes e artistas têm levado o meio a buscar alternativas mais sustentáveis, como compensação de carbono e turnês mais concentradas, do ponto de vista geográfico.

Eduardo Silva Sant’Anna chama atenção aos impactos para as comunidades locais, como a interrupção da rotina dos moradores e interferências no ambiente. Ele cita algumas formas de evitar conflitos: comunicar de forma clara os riscos e adaptar suas estratégias, valorizar os benefícios coletivos e planejar a localização das estruturas para minimizar incômodos em áreas residenciais.

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LULA SANCIONA LEI QUE DECLARA LUPICINÍNIO RODRIGUES E PIXINGUINHA PATRONOS DA MÚSICA BRASILEIRA

Ícones da cultura nacional, Pixinguinha e Lupicínio Rodrigues são oficialmente agora patronos da Música Popular Brasileira. A Lei nº 15.204 , que oficializa a homenagem, foi sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e publicada na edição desta sexta-feira, 12 de setembro, do Diário Oficial da União. O texto também é assinado pelas ministras Margareth Menezes (Cultura) e Macaé Evaristo (Direitos Humanos e Cidadania).

O título de Patrono é atribuído a brasileiros mortos há pelo menos 10 anos que tenham se destacado por excepcional contribuição ou especial dedicação ao segmento homenageado.

Nascido em Porto Alegre, em 16 de setembro de 1914, Lupicínio Rodrigues é considerado o criador do estilo “dor-de-cotovelo”, caracterizado por canções que expressam desilusões amorosas com profundidade poética. Obras suas, como “Felicidade” e “Nervos de Aço”, foram interpretadas por grandes nomes da música brasileira e seguem vivas na memória afetiva dos brasileiros.

Sua primeira música, “Carnaval”, surgiu aos 14 anos. A fama veio com “Se acaso você chegasse”, igualmente eternizada por grandes intérpretes. O gaúcho era fiel à inspiração da vida real, compondo com base nas próprias histórias. Casou-se em 1949 e abriu uma churrascaria, unindo música e boemia. Autor do hino do Grêmio, deixou cerca de 150 canções. Faleceu aos 59 anos, vítima de complicações cardíacas.

Pixinguinha-Nascido no Rio de Janeiro, em 4 de maio de 1897, Pixinguinha foi maestro, flautista, saxofonista, compositor e arranjador carioca. É celebrado como um dos maiores expoentes da música brasileira. Foi responsável por consolidar o gênero choro e por influenciar profundamente a formação da música popular brasileira moderna. Entre suas obras mais conhecidas estão “Carinhoso”, “Rosa” e “Lamentos”. O Dia Nacional do Choro, comemorado em 23 de abril, homenageia seu legado.

Apelidado de Pixinguinha pela avó, Alfredo da Rocha Vianna Filho começou a trajetória musical sob a batuta do pai e, ainda jovem, integrou o grupo “Os Oito Batutas”, levando o choro a palcos nacionais e internacionais. Definiu o estilo do choro com suas melodias ricas e arranjos sofisticados. Trabalhou como arranjador na RCA Victor e criou trilhas para cinema, mantendo viva sua influência até falecer em 17  17 de fevereiro de 1974. 

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O ANO DE 2025 É O QUINTO COM MAIOR ÁREA QUEIMADA EM QUILOMETROS QUADRADOS

O ano de 2025 é o quinto com maior área queimada em quilômetros quadrados entre janeiro e agosto desde 2003, quando se iniciou o monitoramento do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Foram 186.502 quilômetros quadrados (km²) atingidos, a maioria (119.243 ou 64%) em áreas de Cerrado. O bioma, que comemora seu dia nacional em 11 de setembro, é o mais atingido desde o começo da série histórica, registrou neste ano maior diferença em relação aos demais.

dado representa queda de cerca de 20% em relação a área atingida em 2024, que foi de 224.381 km², queda considerada discrepante em relação à diminuição de focos de queimada. Para esse dado houve recuo de 65% de 2024 para 2025, passando de 167.452 para 57.676 focos (período entre 1º de janeiro e 10 de setembro em ambos os anos), com queda de 47% em focos no Cerrado. Em relação à área queimada até agosto o Cerrado teve aumento entre 2024 e 2025: em 2024, um total de 106.677 km² havia sido atingido, frente aos mais de 119 mil km² neste ano. Apenas os anos de 2010, 2024, 2007 e 2005 tiveram maior área queimada registrada. 

A situação pode se agravar em setembro, com a permanência do clima seco. Áreas entre o Paraná e Tocantins estão com alerta de baixa umidade, indicado pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) e vigente até o começo da tarde de amanhã, coincidindo com a maior parte da incidência do bioma no país. Os alertas têm se repetido constantemente desde meados de agosto. Os atuais incluem estados de todas as regiões, com destaque para as áreas de Caatinga e Cerrado, onde as condições são mais severas.

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BANCOS DE SEMENTES REFORÇAM RESILIÊNCIA DO SEMIÁRIDO

Enquanto o mundo debate as metas climáticas e o colapso dos ecossistemas, no coração do Semiárido brasileiro pulsa uma rede silenciosa de resistência. São as casas e bancos comunitários de sementes crioulas, estruturas simples carregadas de história, saber e biodiversidade.

Ali, agricultores e agricultoras selecionam, guardam, multiplicam e trocam variedades de sementes adaptadas ao clima local, mantêm vivas práticas ancestrais e constroem, dia a dia, respostas concretas à crise ambiental.

As famílias estão envolvidas profundamente nessa movimentação. Trazem até uma carga de emoção nos nomes de “batismo” das sementes, como: sementes da “liberdade”, “resistência” ou “paixão”.

Essas estruturas comunitárias fazem parte de um sistema de gestão coletivo, organizado pelas próprias famílias agricultoras. Muitas nasceram dentro do Programa Sementes do Semiárido, coordenado pela Articulação Semiárido Brasileiro (ASA), e hoje representam uma frente importante na luta contra a desertificação e o esvaziamento rural.

O mais recente mapeamento promovido pela ASA, o “Levantamento Avaliativo das Casas ou Bancos de Sementes no Semiárido” – lançado durante um seminário transmitido pelo YouTube – revela a abrangência e o impacto dessa rede. São 875 casas e bancos de sementes em 29 territórios, que beneficiam diretamente mais de 15 mil famílias. Ao todo, foram identificadas 262 variedades de feijão, 108 de milho, 75 de fava e dezenas de hortaliças, frutíferas e espécies florestais nativas.

É importante destacar o papel dessa linha de ação ao se considerar, no panorama nacional, o Boletim Temático Desertificação, lançado em julho de 2025. Ele mostra que cerca de 18% do território brasileiro está suscetível à desertificação.E que aproximadamente 39 milhões de pessoas vivem em Áreas Suscetíveis à Desertificação (ASD).

Essas regiões cresceram 170 mil km² entre 2000 e 2020, um território maior que os estados de Pernambuco, Paraíba e Alagoas somados. A desertificação, nessas áreas, compromete solos, água, biodiversidade e segurança alimentar.

Do território às negociações-A foto mostra uma pequena casa simples de alvenaria pintada de branco, com telhado de telhas de barro, no meio de uma área rural. Acima da porta, em letras verdes, está escrito: “Casa de Sementes da Fartura Lauro Chaves dos Santos”. Em frente ao prédio estão dois homens usando chapéus de palha, um deles vestido de preto e o outro de jaqueta amarela, ambos sorrindo. À esquerda, no primeiro plano, há flores cor-de-rosa. O céu está azul com nuvens brancas, e a casa é cercada por árvores e um cercado rústico de madeira

A cada safra, guardiãs e guardiões escolhem os grãos mais resistentes e adaptados às condições climáticas da região e com isso, alimentam o ciclo da agrobiodiversidade | Foto: Kléber Nunes / ASA

A cada safra, guardiãs e guardiões escolhem os grãos mais resistentes e adaptados às condições climáticas da região. Com isso, alimentam o ciclo da agrobiodiversidade e enfrentam os efeitos do aquecimento global com práticas sustentáveis, sem depender de pacotes tecnológicos externos.

“O uso de sementes adaptadas é extremamente importante porque garante, num primeiro momento, a autonomia e a soberania alimentar dessas famílias. Além disso, é um elemento fundamental para a manutenção da diversidade biológica, pois essas sementes estão adaptadas ao clima local”, explica o pesquisador Fernando Curado, da Embrapa Alimentos e Territórios.

Para a ASA, o fortalecimento desses bancos deve ser entendido como política climática e não apenas como ação agrícola. “As práticas desenvolvidas pelas famílias guardiãs em seus territórios servem como recomendações para a formulação de novas políticas públicas capazes de superar esses desafios revelados pelo estudo (Levantamento Avaliativo das Casas ou Bancos de Sementes no Semiárido). São medidas que precisam promover a agrobiodiversidade, entendendo esta como ferramenta para criar sistemas mais resilientes de produção e consumo de alimentos saudáveis, ao mesmo tempo preservando os biomas”, defende Claudio Ribeiro.

Esse protagonismo das comunidades é ainda mais relevante diante dos desafios ambientais enfrentados por territórios como o de Jucati (PE), onde vive o agricultor Givaldo Pimentel. O município está entre os 100 brasileiros com maior percentual de área em desertificação severa – níveis 4 e 5 -, segundo o Boletim Temático Desertificação. Diante desse cenário, a expectativa do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) é que a realização da COP30 no Brasil ajude a colocar o tema no centro das negociações globais e a atrair investimentos que fortaleçam soluções baseadas na natureza e no conhecimento dos povos do Semiárido.

Patrimônio ameaçado-A imagem mostra de perto uma vagem de feijão aberta, segurada por uma mão. Dentro dela, estão três grãos de feijão ainda frescos, de cor branca com manchas e pintas rosadas, que dão um aspecto rajado. O fundo da foto está desfocado, mas é possível perceber outras vagens

A seca prolongada, a falta de apoio técnico, o avanço de transgênicos e o desinteresse das novas gerações ameaçam a continuidade do trabalho | Foto: Cláudio Ribeiro / ASA

Apesar da importância, os bancos de sementes enfrentam riscos reais. O estudo da ASA revela que pouco mais da metade das casas e bancos mapeados estão desativados ou extintos (50,4%). Dos 49% restantes, 42,6% estão funcionando e outros 7% não existem mais. As porcentagens correspondem a 441, 373 e 61, respectivamente. A seca prolongada, a falta de apoio técnico, o avanço de transgênicos e o desinteresse das novas gerações ameaçam a continuidade do trabalho.

“Muitas vezes o pessoal desanima da roça de sementes, principalmente pelo valor comercial da semente crioula”, relata Givaldo, que faz parte da Rede Municipal de Sementes de Jucati. O agricultor também afirma que existem questões financeiras que dificultam, principalmente na hora de realizar encontros e reuniões, “Isso é o nosso grande desafio para manter o banco de sementes”.

As dificuldades se agravam com o afastamento das novas gerações. “Nós temos dificuldades com os jovens. Tanto na sucessão rural, quanto no banco de sementes”, conta Givaldo. Ele explica que, mesmo dentro da própria família, o incentivo à educação formal acaba afastando os jovens do campo: “A gente mesmo costuma dizer que o filho ou o sobrinho tem que estudar para ter uma vida melhor”.

Apesar do êxodo rural ser uma realidade em muitas regiões, há movimentos que apontam para o caminho inverso. Em diversas comunidades, jovens que tiveram acesso à educação formal estão retornando ao campo com um novo olhar sobre a agricultura familiar. Combinam o saber acadêmico com os conhecimentos tradicionais.

Além das dificuldades de sucessão, outro risco preocupante é a contaminação por transgênicos. Segundo o pesquisador Fernando Curado, o problema atinge especialmente cultivos de polinização aberta, como o milho crioulo, que sofre contaminação cruzada por meio do pólen transportado por vento, água ou insetos.

Essa realidade tem gerado preocupação entre agricultores, que relatam a perda de variedades crioulas. Curado reforça que “as ações têm se voltado para o monitoramento dessa contaminação”, mas reconhece que isso ainda é insuficiente. Para ele, “os riscos principais estão exatamente na perda dessa agrobiodiversidade, a partir da erosão genética”.

Mesmo diante desse cenário, a ASA reforça que é possível reverter parte das perdas. “As que estão inativas podem voltar a operar com ações simples, como a recomposição dos estoques”, afirma Claudio Ribeiro, assessor de coordenação do Programa Sementes do Semiárido da ASA.

Ele ainda destaca que manter quase metade das casas ativas já é, por si só, um feito relevante: “Essa realidade de resistência das famílias agricultoras e guardiãs tem ainda mais valor se considerarmos que, em mais da metade desse tempo, vivemos sob os governos Temer e Bolsonaro, marcados por severos contingenciamentos de recursos públicos destinados aos programas sociais”.

A desmobilização, segundo ele, foi agravada pela pandemia de Covid-19, que paralisou ações em campo e enfraqueceu redes locais. “Essa conjuntura evidencia a importância de políticas públicas contínuas, investimento em assessoria técnica agroecológica e o fortalecimento de redes de cooperação entre as comunidades, como pilares fundamentais para garantir a sustentabilidade e a longevidade dessas iniciativas”, defende. (O ECO NORDESTE)


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FESTIVAL JUÁ LITERÁRIA ACONTECE ENTRE OS DIAS 22 A 25 DE OUTUBRO

O Festival Juá Literária promete transformar Juazeiro na cidade da arte e da leitura, com música, poesia, dança, literatura, teatro e cultura popular em uma programação pensada para toda a família. O evento gratuito acontecerá de 22 a 25 de outubro e vai reunir grandes nomes como Arnaldo Antunes, Russo Passapusso, Letícia Sabatella, Xangai, Itamar Vieira Junior, Xico Sá, Ana Mametto, Maciel Melo, Mariana Aydar e muito mais.

O Festival, que é realizado pela Prefeitura de Juazeiro, por meio da Secretaria de Educação/Seduc, conta com a curadoria de Maviael Melo e será uma culminância do programa Juá Literária. A iniciativa engloba uma série de ações de educação, cultura e arte, para a formação de estudantes cada vez mais leitores e integrando família, sociedade e escola em uma viagem ao mundo transformador da leitura.

Durante os quatro dias de evento, o Festival vai reunir cerca de 80 atrações em shows musicais, mesas redondas, lançamentos de livros, contação de histórias, apresentações teatrais, a Kombi do Zé Livrório, Cineteatro Busarte, Carreta Literária, Feira de Livros, oficinas e mesa de autógrafos. A programação vai acontecer, simultaneamente, na Orla II de Juazeiro, no Centro de Cultura João Gilberto, nos nove distritos, no Quintal do Poeta e no Rio São Francisco.

O Festival ainda conta com o apoio do Governo do Estado da Bahia, Fundação Pedro Calmon, Editora IMEPH, Ande Livros. A produção é assinada pela Carranca Produções e pela Entre Versos e Canções Produções Artísticas. (ASCOM/PMJ)

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O RÁDIO NASCEU EM PERNAMBUCO: 06 DE ABRIL DE 1919

Pernambuco tem uma contribuição determinante para a história do rádio no Brasil. Aqui, em 6 de abril de 1919, o extinto Jornal do Recife noticiava: “Consoante convocação anterior, realizou-se ontem na Escola Superior de Eletricidade, a fundação do Rádio Clube, sob os auspícios de uma plêiade de moços que se dedicam ao estudo da eletricidade e da telegrafia sem fio. Ninguém desconhece a utilidade e proveito dessa agremiação, a primeira do gênero fundada no país.”

Era o marco inicial de uma conquista de nomes como o radiotelegrafista Antônio Joaquim Pereira. A Rádio Clube foi a pioneira em função de ter feito a primeira transmissão oficial, em um estúdio improvisado na Ponte d’Uchoa, no Recife.

Em fevereiro de 1923, a Rádio Clube de Pernambuco passou a operar com um transmissor de 10 W, tendo sua abrangência aumentada para toda a área do Recife. Toda essa história levantou um amplo debate na sociedade e uma certeza entre estudiosos e pesquisadores: a Associação Brasileira de Pesquisadores de História da Mídia (Alcar) atesta que a data de nascimento oficial do rádio no Brasil é 6 de abril de 1919.

A notícia foi localizada em uma microfilmagem do Jornal do Recife, durante pesquisa do professor Pedro Serico Vaz Filho, da Universidade Anhembi Morumbi (UAM), que desde o fim dos anos 1990 investiga a história do rádio. A nova data de aniversário foi corroborada por mais notícias localizadas pelo pesquisador em jornais e revistas, publicados dentro e fora de Pernambuco, inclusive sobre o estatuto da nova emissora.

Jovens curiosos: “Claro que não foi uma rádio com a estrutura que nós temos. Eram jovens estudantes curiosos, que estudavam a radiotelegrafia e resolveram montar uma estação de rádio, [de caráter] bem amador, bem experimental. Mas já deram o título de Rádio Clube de Pernambuco”, disse Vaz Filho em entrevista à Agência Brasil.

Além da investigação em periódicos impressos, o pesquisador reviu a bibliografia a respeito e fez entrevistas com diferentes fontes que testemunharam o funcionamento da Rádio Clube ainda na primeira metade do século 20.

“Os preparativos para a fundação da emissora, segundo apuração com o ex-presidente da Rádio, também pesquisador Antônio Camelo, aconteceram na Rua das Mangueiras, atualmente Rua Leo Coroado, no bairro da Boa Vista”, descreveu a reportagem de Vaz Filho.

Segundo ele, “a Imprensa Oficial do Estado publicou no dia 7 de abril de 1919, um despacho da prefeitura recifense, doando um pavilhão do Jardim 13 de Maio, atualmente Parque 13 de Maio, para funcionar como sede da Rádio Clube.”

As descobertas de Pedro Vaz Filho sobre a primazia da Rádio Clube confirmam o que o professor, jornalista e radialista Luiz Maranho Filho, sempre defendeu. O pai de Maranho Filho trabalhou na emissora pioneira.

Data avalizada: a Carta de Natal, produzida a partir desse estudo, confirmou: “Avalizam essa decisão os dados apresentados há mais de três décadas pelo pesquisador Luiz Maranho Filho (UFPE) e validados, mais recentemente, pelo pesquisador Pedro Serico Vaz (Anhembi Morumbi).”

O novo entendimento sobre o nascimento do rádio no Brasil muda o conteúdo das aulas dos cursos de jornalismo, audiovisual e publicidade nas faculdades de comunicação.

De acordo com Vaz Filho, o líder da fundação da Rádio Clube de Pernambuco foi o radiotelegrafista e contabilista Augusto Joaquim Ferreira, também de perfil intelectual, mas não acadêmico. “Ele e outros jovens pensaram naquela possibilidade como meio de comunicação, não exatamente para levar educação às pessoas, o objetivo era outro: levar informações”, como ainda se dá hoje no rádio escutado no dial dos aparelhos de pilha ou na podosfera acessada pelos serviços de streaming.

Só isso para explicar por que, em Pernambuco, o rádio continua sendo um veículo tão forte, popular e protagonista do desenvolvimento do Estado.

Diariamente, dezenas de prefixos, estado afora, produzem entretenimento, levam informação, prestam serviço e ajudam Pernambuco a ser um estado referência na comunicação no país.

Agregado às novas tecnologias e multiplataformas, o rádio pernambucano é cada vez mais dinâmico, forte, moderno e interativo. Por isso, no radinho, no aplicativo, na web, nas redes sociais, Pernambuco não desliga o rádio!

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MEMÓRIA E FÉ: EXPOSIÇÃO BENZA ESTREIA RETRATANDO REZADEIRAS DO SERTÃO DE PERNAMBUCO

O município de Salgueiro (PE) receberá, nesta semana, a abertura da exposição "Benza", assinada pela fotógrafa e pesquisadora Karen Lima. O projeto retrata a força simbólica, cultural e espiritual das rezadeiras do Sertão pernambucano, reunindo 35 fotografias que transitam entre o documental e o poético. 

Realizada com o incentivo do Governo de Pernambuco, através do Programa Nacional Aldir Blanc (PNAB), a mostra estará aberta para visitação nos dias 4 e 5 de setembro na Praça Carlos Pena, das 16h às 20h e das 9h às 15h, respectivamente; e no sábado (6), na Praça de Eventos da Comunidade de Conceição das Crioulas, das 10h às 17h. 

A exposição mergulha nas histórias, na fé e na espiritualidade de cinco guardiãs de saberes ancestrais em Pernambuco: Mãe Joana, do Quilombo Conceição das Crioulas (Salgueiro); Rita Pankará e Dona Terezinha, de Orocó; Dona Teinha, de Floresta; e Mãe Neide, de Petrolina. Produzidas a partir de pesquisas realizadas por Karen Lima em visitas a essas localidades, as fotografias buscam retratar a essência de cada uma delas e valorizam tanto a imagem quanto a oralidade dessas mulheres, reconhecidas como referências comunitárias e espirituais em seus territórios. 

Montada em estrutura itinerante, a instalação propõe uma experiência sensorial, com fotografias impressas em tecido, monóculos que remetem à memória familiar e recursos de audiodescrição para pessoas cegas. "Queríamos que a exposição chegasse às comunidades, para que elas mesmas pudessem se ver nas imagens. É um reconhecimento, uma forma de valorização e difusão das histórias dessas mulheres", explica Karen Lima.

Ricas em sabedoria, as rezadeiras no Sertão de Pernambuco guardam aspectos importantes da cultura local. De acordo com Karen, a tradição das rezadeiras carrega saberes transmitidos de geração em geração e que ainda resistem, mesmo diante do risco de desaparecimento. "A exposição também se propõe a preservar essa herança cultural tão importante. Ao fotografar essas mulheres, sinto que preservo não só uma tradição, mas também parte da minha própria história", afirma a fotógrafa e pesquisadora. Após a estreia, "Benza" segue para os municípios de Floresta e Orocó, em locais comunitários e de acesso livre ao público.

Este projeto foi contemplado nos Editais da Política Nacional Aldir Blanc Pernambuco e tem apoio financeiro do Governo do Estado de Pernambuco, através da Secretaria de Cultura do Estado via PNAB, direcionada pelo Ministério da Cultura - Governo Federal. 



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