ENTRE ÁGUAS E MEMÓRIAS: OBRA QUE RESGATA HISTÓRIAS SUBMERSAS SERÁ LANÇADA EM JUAZEIRO

Em uma viagem literária por cidades que um dia estiveram de pé, mas que agora repousam sob as águas do Rio São Francisco, os escritores Elton Rocha e Matheus José convidam o público de Juazeiro da Bahia para mergulhar nas páginas de "A Literatura Além da Barragem: História e Cultura das Cidades Inundadas pelo Rio São Francisco." O lançamento da obra acontece nesta terça-feira, 5 de agosto, às 19h, no Centro de Cultura João Gilberto (Rua José Petitinga, 354, bairro Santo Antônio).

Com incentivo da Lei Paulo Gustavo, da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia e do Ministério da Cultura, o livro propõe um resgate afetivo e histórico das cidades soterradas pelas águas em nome do "progresso energético", revelando narrativas esquecidas, memórias apagadas e culturas que resistem mesmo submersas. A publicação é da AGES (Associação dos Escritores da Bahia) e já teve sua primeira estreia em Salvador, no mês de junho, durante evento realizado na Livraria LDM do Shopping Paseo.

Agora, é a vez de Juazeiro receber os autores e suas histórias. Para Matheus José, retornar ao Vale com esse lançamento é mais que simbólico. "Estamos trazendo à tona o que o rio cobriu. É um convite a refletir sobre o que se perdeu, e o que ainda pulsa em nossa memória coletiva." Já Elton Rocha reforça: "Juazeiro é parte viva desse território banhado pelo São Francisco. Estar aqui com esse livro é um reencontro com nossas raízes. Esperamos vocês para esse momento especial."

A noite de lançamento contará com sessão de autógrafos e um bate-papo com os autores, aberto ao público. A entrada é gratuita.

Serviço:  Lançamento do livro "A Literatura Além da Barragem"

  Centro de Cultura João Gilberto – R. José Petininga, 354, Santo Antônio, Juazeiro/BA

 05 de agosto de 2025 (terça-feira)

  19h  Entrada gratuita





Atenciosamente,


Jaquelyne Costa

Jornalista, Assessora de Comunicação e Social Media

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BRASIL CELEBRA 36 ANOS DE SAUDADES DE LUIZ GONZAGA

 O Brasil celebra no sábado, 02 de agosto, os trinta e seis anos de "saudades" do cantor e compositor Luiz Gonzaga, o Rei do Baião. Para valorizar a memória do filho mais ilustre, será realizada no domingo (03), a MISSA DA SAUDADE, a partir das 11hs, Em Exu, Pernambuco, no Parque Aza Branca. (Asa com Z na grafia usada por Luiz Gonzaga).

O ex-secretário de Educação e Cultura de Pernambuco e membro da Academia Brasileira de Eventos e Turismo, Roberto Pereira, avalia que o nome de Luiz Gonzaga é daqueles que, quanto mais se afasta no tempo, mais se vai da lei da morte se libertando.

De acordo com Roberto Pereira, a vida e obra de Luiz Gonzaga deixaram o legado da nordestinidade, colimando-se com os maiores da música brasileira, cantando o forró e o baião.

“Da economia criativa quando se interligou ao artesanato de couro no chapéu, no gibão, nas alpercatas. Da gastronomia em seu repertório, ênfase para a Feira de Caruaru e Ovo de Codorna, dentre outras composições suas e de parceiros, a exemplo de Zé Dantas e Humberto Teixeira. Os seus ritmos ainda – e sempre! – animam a musicalidade nordestina e brasileira”, finalizou Roberto Pereira.

Luiz Gonzaga morreu no dia 02 de agosto de 1989

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PROCISSÃO DAS SANFONAS REÚNE GONZAGUEANOS DE TODO O BRASIL EM TERESINA

Texto William Souza. Foi em 2009 que nasceu a Procissão das Sanfonas em Teresina. Um gesto sonoro, coletivo, para manter viva a memória de Luiz Gonzaga, o Rei do Baião. E agora, mais uma vez, aquilo que já virou tradição se repete: a 17ª edição da Procissão das Sanfonas vai acontecer nesta sexta-feira, 1º de agosto, convocando músicos, devotos e forrozeiros para celebrar o mestre no compasso do fole e da caminhada.

Tudo começou com uma conversa entre amigos. O professor Wilson Seraine, talvez um dos maiores especialistas em Gonzagão do Piauí e do Nordeste, e Reginaldo Silva, que por doze anos foi companheiro de estrada de Gonzaga — motorista, produtor, confidente. Entre um café e uma lembrança, nasceu a ideia: não era só um missa, não era lamento, mas era uma festa. Porque Gonzaga era, e continua sendo, sinônimo de festa.

No primeiro ano, ainda era o começo de um sonho. Os sanfoneiros subiram num caminhão e cruzaram as ruas do centro, tocando para poucos olhos, quase em silêncio de público, mas com o coração vibrando. Pararam na Praça Landri Sales – a praça do Liceu, onde a orquestra sinfônica João Cláudio se uniu ao fole e ao forró. Foi bonito, mas não bastava. Era preciso pisar o chão.

E assim, no ano seguinte, os músicos desceram. Pé no asfalto, fole nos braços, caminharam da Catedral de Nossa Senhora das Dores até o Teatro de Arena. Aos poucos, a caminhada virava ritual, e o ritual ganhava forma. Vieram os primeiros vinte sanfoneiros, a caminhada sem patrocínio, sem palco, só vontade. Até que, no sexto ou sétimo ano, a diretora do Museu do Piauí pediu: que parassem ali, diante do casarão que guarda a memória do estado. E foi o que fizeram. Daí em diante, a procissão ganhou rumo e destino.

Vieram as camisetas com estampas do velho Lua. Vieram homenagens aos que o acompanharam em vida. Vieram crianças e velhinhos, e com eles o pau de arara, como naqueles tempos de estrada sertaneja. Veio a água distribuída no caminho, a ambulância no fim da fila, o trio elétrico modesto, o apoio do comércio local e o cuidado de quem faz com o coração. Vieram os bonecos gigantes, feitos à mão, como num cortejo carnavalesco que dançasse forró em vez de samba.

E assim, ano após ano, a procissão cresceu. Cruzou bairros, fronteiras e estados. Vieram músicos de Fortaleza, Aquiraz, Maracanaú. Gente do Pará, do Tocantins. De todo canto onde a sanfona ainda suspira.

Hoje, a Procissão das Sanfonas é mais que uma homenagem: é um gesto de resistência, de celebração, de poesia viva em forma de música. Mesmo sem apoio oficial, ela segue. Mesmo com cortes de verba, ela se reinventa. Porque Luiz Gonzaga é mais que saudade — é tamborim do sertão, é festa que não se cala.

E como todo ano tem um homenageado, este ano o evento marca a celebração dos 80 anos do nascimento de Gonzaguinha, filho de Luiz Gonzaga. A concentração começa às 15 horas com benção dos sanfoneiros, na Igreja Catedral Nossa Senhora das Dores, feita pelo padre Antônio Cruz e depois se inicia o percurso.

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CURAÇÁ: ARARINHA AZUL CORRE RISCO DE NOVA EXTINÇAO APÓS SURTO DE VÍRUS

O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) divulgou uma nota na noite da segunda-feira (28/07) informando que há um surto de circovírus em ararinhas-azuis reintroduzidas na natureza. Atualmente existem onze aves em vida livre, que foram soltas em 2022 no Refúgio de Vida Silvestre situado no município de Curaçá, na Bahia, onde acontece o programa de reintrodução da espécie, conduzido pela Association for the Conservation of Threatened Parrots (ACTP), criadouro particular com sede na Alemanha.

O circovírus é o patógeno causador da chamada Doença do Bico e das Penas dos Psitacídeos (PBFD), que não tem tratamento. Considerada altamente contagiosa e podendo ser letal, ela provoca perda de penas (que pode ser permanente, comprometendo voo e capacidade de manter temperatura), deformidades no bico e imunossupressão severa. A transmissão do vírus se dá através da exposição a penas infectadas e o contato com superfícies contaminadas, como poleiros, comedouros e bebedouros. Em geral a recomendação é a eutanásia do animal infectado.

Segundo o comunicado do ICMBio, medidas emergenciais já foram tomadas, em conjunto com o Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos da Bahia (Inema) e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

Entre as ações estão reforço nas medidas de biossegurança; triagem dos animais do criadouro, com isolamento, em áreas internas, dos animais com resultado positivo para circovírus até que seja concluída a bateria de testes e descontaminação dos recintos do criadouro e dos comedouros e ninhos utilizados pela população de vida livre. 

“Devido a essa ocorrência, a soltura de um novo grupo de ararinhas-azuis, prevista para este mês, foi temporariamente suspensa. Além disso, o ICMBio, enquanto autoridade que autoriza o manejo in situ dos animais e órgão gestor da APA da Ararinha Azul e do Revis da Ararinha Azul, determinou o recolhimento das ararinhas-azuis de natureza, para que sejam submetidas a bateria de testes, resguardando assim a sanidade da população. O projeto será retomado assim que a situação sanitária estiver controlada”, finaliza a nota.

Em maio de 2023, o ICMBio anunciou que o Brasil não iria renovar o acordo com a ACTP, que durante cinco anos foi parceira do governo no programa de reprodução e reintrodução da ararinha-azul em Curaçá.

Além de várias denúncias e polêmicas internacionais sobre a idoneidade do proprietário da associação, que tem sede na Alemanha, o ICMBio e o Ministério do Meio Ambiente foram pegos de surpresa ao serem alertados sobre o envio pelo criador de 30 araras brasileiras – 24 ararinhas-azuis e quatro araras-azuis-de-lear (Anodorhynchus leari), também endêmica e ameaçada de extinção -, para um zoológico da Índia, sem conhecimento ou autorização do governo brasileiro (leia mais aqui).

Na época da rescisão da parceria, entretanto, o ICMBIO afirmou que a ACTP seguiria atuando no centro da Bahia e “as aves e as instalações de Curaçá continuarão sob responsabilidade da associação. E por parte do ICMBio não há nenhum impedimento de que continue com a reintrodução da espécie na natureza.”

Espécie endêmica do Brasil, ou seja, ela só existe em vida livre em nosso país e em nenhum outro lugar do mundo, a ararinha-azul (Cyanopsitta spixii) foi vítima do tráfico ilegal de aves e a cobiça de grandes colecionadores europeus. Fascinados pelo sua beleza e azul vibrante, eles não economizaram esforços (e muito dinheiro) para poder ter um exemplar da famosa arara brasileira.

Com isso, a ararinha-azul acabou sendo declarada oficialmente extinta no país nos anos 2000.

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DANIELA COELHO ANDRADE: SORRIR É TAMBÉM UMA FORMA DE DIZER ADEUS

 


Sorrir em um velório não é desrespeito. É, muitas vezes, o reflexo do amor que permanece — da memória viva, da gratidão, da conexão que segue mesmo diante da m0rte.

No velório de Preta Gil, alguns amigos choravam, outros sorriam.

Alguns sussurravam palavras de carinho. Outros apenas silenciavam, em reverência.

Tudo isso é expressão legítima do vínculo vivido. Isso é honrar a existência dela.

Quem critica essas expressões, ainda não compreendeu os processos do luto. Está precisando ler História da M0rte no Ocidente, O homem diante da m0rte de Philippe Ariès.

E mais do que isso: talvez esteja agindo com desrespeito e desumanidade.

Luto não é espetáculo. Luto é humano.

É preciso estudar, acolher e respeitar a diversidade de reações — inclusive aquelas que não se encaixam nas expectativas sociais de dor.

Nem todo luto começa com a partida.

Às vezes, ele se inicia muito antes — no diagnóstico, na dor da incerteza, na lenta despedida de uma rotina, de uma expectativa, de uma vida como se conhecia.

O luto antecipatório, como nos ensina a Tanatologia e a experiência da Preta Gil e sua família, amigos e fãs, é o processo que algumas pessoas vivem quando já sentem, no presente, a dor da ausência que ainda está por vir.

É um movimento legítimo, muitas vezes silencioso, marcado por amor, cuidado e profunda entrega.

Quando a cura já não é possível, outras formas de presença se tornam prioridade: afeto, escuta, conexão.

Quem viveu intensamente esse tempo, por vezes atravessa a morte com uma serenidade que confunde quem observa de fora. Especialmente quando a pessoa que morreu pediu que fosse assim, que em seu velório houvesse música que fosse compatível com a vida por ela vivida.

Portanto, o luto não tem forma única. Não tem prazo. Não tem roteiro.

Cada pessoa sente, expressa e elabora à sua maneira — e isso precisa ser respeitado.

Julgar o luto alheio é não entender o que é amar de verdade.

Luto não é performance. É vínculo que persiste.

Como disse Gilberto Gil: "A ida dela contribuiu para sermos mais afetivos"

Texto psicóloga Daniela Coelho Andrade-Especialista em Logoterapia e Análise Existencial


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OURICURI: CICLO DE OFICINAS DE SABERES MUSICAIS CULTURA POPULAR DO SERTÃO DO ARARIPE

O Campus Ouricuri do Instituto Federal do Sertão Pernambucano (IFSertãoPE) está com inscrições abertas para o projeto "Ciclo de Oficinas de Saberes Musicais: Cultura Popular do Sertão do Araripe". A proposta oferecerá aulas gratuitas de pífano e oficinas de construção do instrumento, com o objetivo de valorizar a cultura local e promover o ensino da música tradicional da região.

As inscrições já foram iniciadas e podem ser realizadas até o dia 5 de agosto de 2025, tanto presencialmente no Campus Ouricuri quanto online, por meio de formulário eletrônico (https://forms.gle/j6ZbqU9J983tXBDa6). Podem participar estudantes matriculados em escolas públicas municipais e estaduais de Ouricuri, além de discentes do Campus Ouricuri do IFSertãoPE, com idade entre 13 e 21 anos.

Serão oferecidas 35 vagas no total, sendo 5 reservadas exclusivamente para alunos do IFSertãoPE e as outras 30, para estudantes da rede pública municipal e estadual. A seleção dará prioridade a candidatos com renda familiar per capita de até 1 salário-mínimo. Os interessados devem apresentar documentos como cópia de RG ou certidão de nascimento, CPF, comprovante de residência, declaração escolar e comprovação de renda, conforme especificado nos anexos do edital nº 13/2025.

As aulas presenciais terão início no dia 22 de agosto, sendo realizadas às sextas-feiras, nos turnos da manhã e tarde, no Campus Ouricuri. O curso terá duração de 4 meses, com carga horária total de 32 horas. Aos estudantes matriculados será fornecida ajuda de custo de 4 (quatro) parcelas no valor de R$200,00 (duzentos reais) cada, condicionada à frequência mínima de 75% das atividades.

O resultado final do processo seletivo será divulgado no dia 18 de agosto, no site do IFSertãoPE. Para outras informações ou esclarecimento de dúvidas, os interessados podem entrar em contato pelos e-mails: mayra.carmeli@ifsertao-pe.edu.br ou judson.alves@ifsertao-pe.edu.br. O edital com todos os detalhes do projeto está disponível para consulta no site do IFSertãoPE.

 

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55 MISSA DO VAQUEIRO DE SERRITA

Foi realizada no último domingo (27) a 55 Missa do Vaqueiro de Serrita Pernambuco. O Grupo Amigos do Gonzagão participaram do evento que celebra um dos mais marcantes momentos de fé e valorização da cultura.

Compreender que a história vem se tecendo com a força da própria vida. E por isto, disse o cantador, escritor Virgilio Siqueira, daí não ser possível guardar na própria alma a transbordante força de uma causa. 

“Tengo lengotengo lengotengo lengotengo … O vaqueiro nordestino/morre sem deixar tostão/o seu nome é esquecido/ nas quebradas do Sertão ...Os versos ecoam pelo lugar, realçados pelo trote dos animais e o balançar natural dos chocalhos trazidos pelos vaqueiros. É música. É arte.

A música, a Morte do Vaqueiro, composta por Nelson Barbalho, ainda ecoa nos sertões brasileiros: Raimundo Jacó, um vaqueiro habilidoso na arte de aboiar. Reza a lenda que seu canto atraía o gado, mas atraía também a inveja de seus colegas de profissão, fato que culminou em sua morte numa emboscada. O fiel companheiro do vaqueiro na aboiada, um cachorro, velou o corpo do dono dia e noite, até morrer de fome e sede.

Cada arte emociona o ser humano e maneira diferente! Literatura, pintura e escultura nos prendem por um viés racional, já a música nos fisga pelo lado emocional. Ao ouvir música penetramos no mundo das emoções, viajamos sem fronteiras.

A viagem mais uma vez é o destino Serrita, Pernambuco, sítio Lages, ali um primo de Luiz Gonzaga, Rei do Baião, no ano de 1951, Raimundo Jacó, homem simples, sertanejo autêntico, tendo por roupa gibão, chapéu de couro tombou assassinado.

Realizada anualmente sempre no mês de julho, a Missa do Vaqueiro de Serrita tem em suas origens uma história que foi consagrada na voz de Luiz Gonzaga, criada com os amigos Padre João Câncio e Pedro Bandeira, violeiro.

A história de coragem se transformou num mito do Sertão e três anos após o trágico fim, sua vida foi imortalizada pelo canto de Luiz Gonzaga, A morte do vaqueiro. O Rei do Baião, que era primo de Jacó, transformou “A Morte do Vaqueiro” numa das mais conhecidas e emocionantes canções brasileiras. 

Luiz Gonzaga queria mais. Dessa forma, ele se juntou a João Câncio dos Santos, na época padre que ao ver a pobreza e as injustiças sociais cometidas contra os sertanejos passou a pregar a palavra de Deus vestido de gibão, para fazer do caso do vaqueiro Raimundo Jacó o mote para o ofício do trabalho e para a celebração da coragem.

Assim, em 1970, o Sítio Lajes, em Serrita, onde o corpo de Raimundo Jacó foi encontrado, recebe a primeira Missa do Vaqueiro. De acordo com a tradição, o início da celebração é dado com uma procissão dos vaqueiros a cavalo, que levam, em honras a memória do vaqueiro, oferendas, como chapéu de couro, gibao, queijo, farinha e rapadura, ao altar de pedra rústica em formato de ferradura. 

A missa, uma verdadeira romaria de renovação da fé, acontece sempre ao ar livre. A Missa do Vaqueiro enche os olhos e coração de alegria e reflexões. O poeta cantador de viola, Pedro Bandeira, falecido em agosto de 2020, era conhecido como o príncipe dos poetas populares do Nordeste, morreu aos 82 anos e se fez  presente em todas as missas, nas últimas venceu o peso da idade e iluminava com uma mágica leveza rimas e versos nos improvisos da inteligência.

Pedro Bandeira é autor de centenas de músicas, entre elas a  “Graça Alcançada”, que veio a ser gravada por mais de 20 intérpretes e pode ser considerada o hino dos romeiros e das romarias em Juazeiro do Norte.  

Vaqueiros e suas mãos calejadas, rostos enrugados pelo sol iluminam almas. Em Serrita ouvimos sanfonas tocando alto o forró e o baião. Corpo e espírito ali em comunhão. A música do Quinteto Violado, composto por Janduhy Filizola é fonte de emoção. A presença de Jesus Cristo está no pão, cuscuz, rapadura e queijo repartidos/divididos na liturgia da palavras.

Emoção! Forte Emoção é o sentimento na Missa do Vaqueiro ao ouvir sanfona e violeiros:

“Quarta, quinta e sexta-feira sábado terceiro domingo de julho/Carro de boi e poeira cerca, aveloz, pedregulho Só quando o domingo passa É que volta os viajantes aos seu locais primitivos/Deixa no caminho torto/ o chão de um vaqueiro morto úmido com lágrimas dos vivos".

E aqui um assunto místico: quando o gado passa diante do mourão onde se matou uma rês, ou está esticado um couro, é comum o gado bater as patas dianteiras no chão e chorar o "sentimento pelo irmão morto". O boi derrama lágrimas e dá mugidos em tons graves e agudos, como só acontece nos sertões do Nordeste!

Assim eu escutei e aqui reproduzo...

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