EM TEMPOS DE INTELIGENCIA ARTIFICIAL, BIBLIOTECAS SE TORNAM AINDA MAIS NECESSÁRIAS

Atualmente as inteligências artificiais dominam o debate público e científico. Os professores de escolas de ensino fundamental, médio e mesmo universitários desenvolvem estratégias cada vez mais elaboradas a fim de driblar o uso imponderado da IA nas atividades propostas em sala. A ideia basicamente é evitar que os alunos realizem suas tarefas por meio da IA generativa e passem a refletir nas atividades ao invés de apenas usar um prompt de comando e copiar e colar a resposta obtida.

Quero lembrar uma frase que já se tornou popular na internet: “a IA não é inimiga, nem amiga, é uma ferramenta”. Dito isso, este texto não se propõe a demonizar as ferramentas de inteligência artificial, mas sim lembrar de uma estratégia bastante antiga (mas que muitos se esquecem em tempos de imediatismo) e que pode ajudar professores e estudantes a driblar essas ferramentas: a biblioteca.

Ir até a biblioteca, consultar um bom livro e se apropriar do conhecimento ali escrito não tem preço, a assinatura da IA sim. Longe de estarem ultrapassadas, as bibliotecas ganham um papel ainda mais crucial na era da inteligência artificial, pois podem ser aliadas da integridade acadêmica. Mais do que nunca, esses espaços precisam ser reconhecidos como lugares de construção do conhecimento, onde professores e estudantes podem encontrar estratégias para contornar a dependência das inteligências artificiais e resgatar o protagonismo da pesquisa humana.

Ao invés de recorrer à IA para resolver tarefas de forma automática, estudantes orientados por bibliotecas bem estruturadas podem redescobrir o prazer da investigação, da leitura aprofundada e da construção argumentativa baseada em fontes confiáveis. O acesso a acervos físicos e digitais, a orientação de bibliotecários e o uso de bases de dados científicos oferecem um caminho mais sólido para quem quer se destacar academicamente de forma ética.

Ao lado dos professores, as bibliotecas também oferecem suporte essencial. Com o apoio de profissionais da informação, docentes podem desenhar atividades menos vulneráveis ao uso indevido da IA. É possível, inclusive, propor trabalhos que exigem pesquisa local, análise de fontes primárias, entrevistas, visitas a acervos, resumos anotados e fichamentos com critérios definidos. Tarefas que demandam envolvimento real, leitura ativa e reflexão crítica.

Além disso, bibliotecas podem funcionar como espaços de formação para lidar com os impactos da IA no ambiente educacional. Oficinas, rodas de conversa e projetos de letramento informacional ajudam a esclarecer não só os limites éticos do uso dessas ferramentas, mas também os riscos de dependência e superficialidade. Ao ensinar estudantes a diferenciar informação de qualidade de conteúdo automatizado, as bibliotecas se posicionam como núcleos de resistência à pauperização do saber.

Sempre vale a máxima: as bibliotecas não são apenas depósitos de livros, mas instituições comprometidas com a democratização do saber, com a organização da informação de forma sistemática e com a formação de cidadãos críticos. Em um cenário onde dados são abundantes, mas a curadoria é escassa, o trabalho dos bibliotecários se torna mais relevante do que nunca. Eles ajudam usuários a entender como a informação é produzida, quais interesses estão por trás de determinadas narrativas e como utilizar ferramentas tecnológicas de forma consciente e produtiva.

Não se trata de proibir o uso da IA, mas de mostrar que o conhecimento não nasce de atalhos. Ele exige processo, envolvimento, análise, comparação, tempo. Nesse sentido, a biblioteca ressurge como espaço de desaceleração consciente, onde o aprendizado acontece de forma mais profunda, reflexiva e significativa.

Em tempos de inteligência artificial, recorrer à biblioteca é um ato de resistência.

Por Luiz Ricardo de Barros Silva, mestrando da Escola de Comunicações e Artes da USP


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RAIOS IMPACTAM O CLIMA E MATAM MILHÕES DE ÁRVORES

Um raio nunca cai duas vezes no mesmo lugar, diz o ditado. Mas um novo estudo revela que o impacto nas florestas do planeta é muito mais avassalador do que se imaginava. Pesquisadores da Universidade Técnica de Munique (TUM), na Alemanha, desenvolveram um modelo inédito que estima que 320 milhões de árvores são mortas anualmente por raios em todo o mundo.

Este número surpreendente refere-se apenas às árvores atingidas pelo impacto direto da descarga elétrica, sem contar as milhões de outras perdidas em incêndios florestais que os próprios raios iniciam. A descoberta, publicada no Global Change Biology, sugere que o papel dos relâmpagos como uma força ecológica foi historicamente subestimado.

Até agora, os danos por raios eram difíceis de quantificar em escala global, com estudos focados apenas em florestas específicas. A equipe alemã, no entanto, adotou uma abordagem matemática, combinando dados de observação com padrões globais de raios para criar o primeiro panorama mundial do fenômeno.

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PETROLINA: CENTRO CULTURAL EMOÇÕES REÚNE ACERVO DA VIDA E OBRA DE ROBERTO CARLOS

A paixão por Roberto Carlos atravessa décadas e fronteiras — e, em Petrolina, ganhou forma física através de um acervo impressionante. À frente do Centro Cultural Emoções, o curador e fã desde os nove anos de idade, Adriano Thales, mantém viva a memória e a obra do "Rei" por meio de mais de cinco mil itens raros dedicados ao artista. O espaço, que funciona como uma verdadeira cápsula do tempo, reúne discos, fotografias, objetos autografados, recortes de jornal e relíquias que contam a trajetória de um dos maiores ícones da música brasileira.

O local não se resume apenas à celebração da arte de Roberto Carlos. Também cumpre um papel social importante: o Centro Cultural Emoções arrecada alimentos não perecíveis, que são destinados a famílias em situação de vulnerabilidade. "A música emociona, mas ajudar também faz parte da nossa missão. Aqui, a cultura caminha lado a lado com a solidariedade", destaca o curador.

Com a chegada do aguardado show de Roberto Carlos em Petrolina, que acontece no dia 8 de agosto, a expectativa de Adriano Thales é das maiores. "É uma emoção indescritível. Já o vi em várias cidades, mas tê-lo aqui, tão perto de casa, é especial demais. A cidade inteira está se preparando para viver essa noite inesquecível", afirma, emocionado.

O Centro Cultural já prepara uma programação especial para a semana do show. "Para muitos, o acervo é uma forma de reviver momentos marcantes através das músicas que embalam gerações. Já temos vários agendamentos de pessoas que estão vindo de outros estados, a exemplo de São Paulo, Sergipe, Ceará, Paraíba, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, para conhecer o nosso Centro", pontua Adriano.

Enquanto a data do espetáculo se aproxima, o Centro Cultural Emoções segue de portas abertas. Localizado na Rua Castro Alves, nº 428, Centro, o espaço funciona de terça a domingo, das 9h às 12h e das 15h às 18h, recebendo visitantes e colecionando histórias de amor, saudade e, acima de tudo, emoção. (Fonte-Texto e fotos: Luzete Nobre)

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A VOZ DO BRASIL. RÁDIO 90 ANOS

Neste dia 22 de julho, A Voz do Brasil completa 90 anos no ar. Criado em 1935 durante o governo Getúlio Vargas, o programa se chamava A Hora do Brasil. É o programa de rádio de caráter oficial mais antigo do Brasil ainda em execução, reconhecido pelo Guiness Book, o livro dos recordes. O noticiário atravessou transformações tecnológicas, políticas e sociais sem nunca sair do ar.

Agora, passará também a ser distribuído nas plataformas de áudio digitais como Amazon, Apple Podcast, Castbox e Spotify. Nesse último, também será possível acompanhar como videocast. Além disso, a Empresa Brasil de Comunicação (EBC) promove uma série de ações que resgatam memórias e destacam a relevância da atração na vida dos brasileiros.

Para o presidente da EBC, Jean Lima, mesmo após nove décadas, A Voz do Brasil continua cumprindo sua missão de levar informações de interesse público. “Ter a oportunidade de celebrar os 90 anos de A Voz do Brasil é também reconhecer o trabalho de gerações de profissionais que ajudaram a construir esse legado de uma comunicação que chega gratuitamente a milhões de brasileiros todos os dias nos locais mais distantes, com informações relevantes sobre serviços públicos. É um serviço que só uma empresa pública de comunicação pode oferecer e motivo de orgulho e inspiração para todos nós na EBC”, complementa o presidente.

Celebrações-Na semana do aniversário, as edições de A Voz do Brasil contarão com uma série especial de reportagens comemorativas. A cada dia, será apresentado um episódio diferente, abordando a história do programa, os locutores que marcaram época, as transformações tecnológicas do rádio e as trilhas sonoras que embalaram a atração ao longo do tempo – nem sempre foi O Guarani, vale o spoiler.

As matérias serão exibidas no Canal Gov, que ainda trará depoimentos de especialistas, ouvintes e ex-locutores em seus interprogramas. Spots comemorativos de rádio foram produzidos e estão sendo veiculados.

Também haverá uma sessão solene do Congresso Nacional em homenagem ao programa A Voz do Brasil no dia 5 de agosto, às 11h. Os Correios também estão produzindo um selo comemorativo fazendo referência à data.

A Rádio Gov está incluída nas celebrações e vai apresentar conteúdos temáticos no programa Assunto Federal, apresentado por Luciano Seixas, que vai ao ar de segunda a sexta-feira, às 16h. A Agência Gov também vai publicar reportagens alusivas à data.

Nas redes sociais, a comemoração também ganha destaque. Os programas da semana de aniversário serão disponibilizados na íntegra nos canais digitais governamentais. Estão previstas entrevistas com personagens que interagiram com conteúdos de A Voz do Brasil nas plataformas, compondo um vídeo especial com esse recorte da recepção popular. Teasers comemorativos também serão publicados ao longo da semana para reforçar a presença da campanha.

Outra novidade é a reformulação da identidade visual do programa e do site da Rádio Gov, que passará a dar mais visibilidade à transmissão em vídeo de A Voz do Brasil. O programa será exibido em destaque na capa do portal, entre 19h e 19h30, fortalecendo a presença digital do conteúdo que, até então, ficava em uma área com menor visibilidade. A mudança também inclui ajustes no layout das páginas, facilitando a navegação e o acesso ao acervo multimídia.

Internamente, profissionais da EBC foram convidados a gravar, no estúdio de A Voz do Brasil, a tradicional vinheta "Em Brasília, 19 horas”. O material poderá ser compartilhado nas redes sociais com a hashtag #VozdoBrasil90anos.

Sobre A Voz do Brasil-A Voz do Brasil foi criada por Getúlio Vargas em 22 de julho de 1935, àquela época sob o nome de A Hora do Brasil. Apenas em 1962 é que o programa passou a ser conhecido pelo mesmo nome dos dias atuais.

Nos primeiros anos de existência, estava sob responsabilidade do Departamento Nacional de Propaganda (DNP) e depois do Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP). Nos anos seguintes, passou para a alçada da Agência Nacional, Empresa Brasileira de Notícias (EBN), Radiobrás e, por fim, da EBC.

Ao longo de sua trajetória, A Voz do Brasil divulgou fatos marcantes da história brasileira, como a deposição dos presidentes Getúlio Vargas, em 1945, e João Goulart, em 1964. Também levou a todo o país a cobertura dos processos de redemocratização, em dois momentos históricos: 1946 e 1985.

A Voz do Brasil consolidou, ao longo dos anos, uma trilha sonora que se tornou inseparável de sua identidade. A abertura com a ópera O Guarani, de Carlos Gomes, atravessou gerações e permanece até hoje como o prefixo oficial da atração, seguido da emblemática frase “Em Brasília, 19 horas”. Reconhecida imediatamente por milhões de ouvintes, a melodia se transformou em um símbolo sonoro desse patrimônio radiofônico.

Atualmente, A Voz do Brasil tem uma hora de duração. Os primeiros 25 minutos são produzidos pela EBC com o objetivo de levar à população notícias sobre o Poder Executivo federal. O tempo restante é reservado aos Poderes Legislativo e Judiciário. O noticiário vai ao ar tradicionalmente às 19h, de segunda a sexta-feira – e pode ser retransmitido até as 22h.

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HUBERTO CABRAL PATRIMÔNIO VIVO DO CARIRI

 Em plena atividade na Rádio Educadora do Cariri, FM 102.1, na cidade do Crato Ceará, o jornalista e cerimonialista, Huberto Cabral, é um dos Patrimônios da História Cultural e da educação Brasileira. Considerado uma ‘enciclopédia viva’ da história regional e reconhecido como uma das personalidades históricas do Cariri é Doutor Honoris Causa título aprovado por unanimidade pelo Conselho Superior da Universidade Regional do Cariri (URCA), em 2024.

Nascido no dia 20 dezembro de 1936, Huberto Cabral caminha para completar 89 anos. Em conversa com o colaborador da REDEGN, jornalista Ney Vital, Huberto Cabral, carrega na sabedoria uma alma refletida em palavras de humildade.

No passado teve atividades em jornais, como O Levita, que foi um dos editores, que passou a editar ainda no Seminário, e depois a Ação, porta-voz da Diocese do Crato. Huberto Cabral também atuou na amplificadora cratense, pioneiro no serviço de auto-falante da região do Cariri. Com a fundação da Rádio Araripe do Crato, primeira emissora do interior cearense, Huberto Cabral passou a atuar na emissora dos Diários Associados, maior conglomerado de mídia da América Latina.

Chamado de ‘enciclopédia viva do Crato’, Huberto passou a ser uma testemunha ocular de episódios históricos da cidade, e uma das fontes essenciais de muitos acontecimentos. "É um guardião e documentos de notável relevância, além de ser requisitado com frequência por pesquisares de universidades da região, além da imprensa, para dar depoimentos relevantes para pesquisar acadêmicas e matérias que são veiculadas junto à imprensa".

Huberto é um jornalista que entrevistou até presidente da República. Mas é o assunto Cariri que faz os olhos brilharem. "Estive com Luiz Gonzaga, Patativa do Assaré, Padre Antônio Vieira, Zé Clementino, Pedro Bandeira, figuras geniais. É uma vida de muitas histórias", diz Huberto Cabral.

Ele conta que Luiz Gonzaga tinha grande amizade pelo Crato e cita: Luiz Gonzaga, ao deixar sua terra natal e fugir para Fortaleza, passou pelo Crato, pegou um trem na estação com destino à Fortaleza, onde serviu no quartel do 23º BC. "Quando menino, o pai de Luiz Gonzaga, seu Januário e a mãe Santana vinham sempre que podia para o Crato onde comercializava seus produtos na feira, principalmente farinha".

Huberto Cabral é testemunha vivo da história que Luiz Gonzaga participou de alguns momentos marcantes do Crato. Em 1946, por exemplo, ele retorna ao Crato para animar e tocar em leilões da festa de São Francisco. Maçom que era, Luiz Gonzaga teve vários trabalhos filantrópicos desenvolvidos a favor do bem estar do povo.


Em 1951 Luiz Gonzaga esteve presente à inauguração da Rádio Araripe, primeira emissora de rádio do Interior do Ceará, junto com o pai, Januário, e o irmão, Zé Gonzaga. Em 1953 Luiz Gonzaga participou da festa do centenário do Crato realizando show na Praça da Sé. Em 1974 recebeu o título de cidadão cratense outorgado pela Câmara Municipal em iniciativa do vereador Ivan Veloso.


Em 1987 na Expocrato o presidente da Comissão Gestora, Francisco Henrique Costa, promoveu grande show folclórico na história da exposição numa homenagem a quatro heróis do ciclo do Jumento. “Pela primeira vez e única vez reuniram-se no palco Luiz Gonzaga, Patativa do Assaré, Padre Antonio Vieira e José Clementino que foram saudados pelo violeiro Pedro bandeira”. revela Hubeto Cabral.


Huberto Cabral já foi agraciado com a Comenda Bárbara de Alencar, a maior do Município do Crato, além dos diplomas da Câmara Municipal do Crato, Mérito Legislativo e Jornalista João Brígido dos Santos, e a Comenda Irineu Pinheiro, do Instituto Cultural do Cariri – ICC.


Atualmente aos domingos 7hs da manhã e ao meio dia, Huberto Cabral apresenta e produz os programas de rádio transmitidos pela Educadora FM 102.1.

 


Texto e Foto Jornalista Ney Vital


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SAC JUAZEIRO AMPLIA HORÁRIO DE ATENDIMENTO

O SAC Juazeiro amplia o horário de atendimento com foco na grande procura da população pela nova Carteira de Identidade Nacional (CIN). A novidade, realizada em parceria com o Detran e o Departamento de Polícia Técnica da Bahia (DPT), passa a vigorar a partir da próxima segunda-feira (21). O posto vai funcionar de 7h às 18h. O expediente atual é de 8h às 17h.

A expansão funciona da seguinte maneira: de 7h às 8h (atendimento exclusivo da CIN); de 8h às 17h (todos os serviços do posto); e de 17h às 18h (atendimento exclusivo da CIN). É importante ressaltar que o atendimento da nova carteira de identidade é feito 100% por agendamento prévio através do aplicativo ou portal www.ba.gov.br, ou pelo call center: (71) 4020-5353 e 0800 071 5353.

"Com essa medida, estimamos um aumento de 25% na capacidade de atendimento do posto, o que representa cerca de 3 mil atendimentos mensais. Esse avanço reforça nosso compromisso com a ampliação do acesso aos serviços públicos, em especial com a emissão da nova Carteira de Identidade Nacional (CIN), garantindo mais cidadania e dignidade à população da região", afirma a secretário da Administração, Edelvino Góes.

CIN- A primeira via da CIN é gratuita e terá o Cadastro de Pessoa Física (CPF) como número único de identificação. Para fazer o documento é necessário apresentar a certidão de nascimento ou de estado civil (original) em mãos. Caso a certidão original esteja plastificada é preciso levar também uma cópia simples. 

Vale destacar que a CIN permite incluir outros números de documentos como CNH, carteira de trabalho, título de eleitor e certificado militar. Além disso, podem ser adicionadas também condições de saúde, como o Transtorno do Espectro Autista (TEA) e deficiências auditiva, visual, física e intelectual; e até informações como tipo sanguíneo, fator RH e opção por ser doador de órgão.

Outra novidade é a inclusão do nome social a pedido do próprio cidadão. Caso haja mudança de nome na certidão de nascimento fica valendo apenas este novo registro. A CIN também possui uma versão digital que estará disponível no GOV.BR três dias após a impressão. 

O documento ainda consta um QR Code para verificação da autenticidade e verificação de dados. A CIN tem validade de acordo com a faixa etária do cidadão: de 0 a 12 anos incompletos, validade de 5 anos; 12 a 60 anos incompletos, validade de 10 anos; acima de 60 anos, validade indeterminada. 

Para outras informações, a Secretaria da Administração (Saeb) disponibiliza o site oficial (www.ba.gov.br/administracao) e o site institucional do SAC (www.sac.ba.gov.br). A implantação da CIN na Bahia é realizada pelo Departamento de Polícia Técnica (DPT), órgão ligado à Secretaria de Segurança Pública (SSP), e responsável pelo IIPM, em parceria com a Saeb, através do SAC.

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ONILDO ALMEIDA O HOMEM QUE LEVOU A FEIRA DE CARUARU AO MUNDO

Todos os domingos, Onildo Almeida tem um compromisso inadiável. Trajado elegantemente com camisa de alfaiataria e calça impecável, ele deixa sua casa antes das 7h da manhã acompanhado da esposa, Lenita, para ir à Feira de Caruaru. 

É comum que seu momento de compras seja interrompido por um pedido de foto, um abraço ou um convite para um papo. Algum desavisado que passa por ali pode não saber, mas Onildo, aos 96 anos, é o maior vendedor da Feira de Caruaru. 

Embora nunca tenha tido comércio no local, foi ele quem compôs os versos que exaltam a diversidade de produtos da feira em que “de tudo que há no mundo” tem para vender. Sua canção Feira de Caruaru ficou imortalizada na voz de Luiz Gonzaga e se tornou a primeira de muitas obras de Onildo a serem gravadas pelo Rei do Baião.

Na década de 1950, Onildo Almeida era um jovem apresentador de programas de auditório na Rádio Difusora de Caruaru, mas também se aventurava na música. Lançou seu primeiro disco, um álbum que continha uma única canção, uma homenagem à Feira de Caruaru, à cidade e à cultura nordestina. A música fez sucesso na região, mas não ultrapassou as barreiras estaduais. 

Filho de um comerciante bem-sucedido na cidade, ele e seus seis irmãos cresceram em uma família musical. As irmãs se dedicavam ao piano e os homens, ao violão, ao violino e ao bandolim. Aos 13 anos, Onildo já compunha suas primeiras canções e adolescente já se apresentava com o quarteto vocal Vocalistas Tropicais.

Em uma de suas idas à Caruaru em meados de 1950, Luiz Gonzaga, que já era um ídolo na época, se apresentou na Difusora, a rádio onde Onildo trabalhava, e ouviu Feira de Caruaru pela primeira vez. 

"Ele pegou o disco e perguntou quem era o cantor. Meu irmão, que trabalhava na rádio como operador, me apresentou", relembra o compositor. "Ele me disse: 'Como é que você tem um negócio desse que não me mostra?' Eu respondi: 'Tá na sua mão!'".

Em 21 de março de 1957, Gonzagão gravou pela primeira vez a canção que se tornou um grande sucesso. O LP de 78 rotações teve 100 mil cópias vendidas em dois meses. A marca fez com que o Rei do Baião conquistasse o primeiro disco de ouro da carreira. 

“Pelo simples fato de Gonzaga gravar, já era uma um acontecimento, né? Um acontecimento raro. Ele pegar e gravar uma música do jeito que eu fiz e não alterou nada”, recordou Onildo sobre a sensação de ouvir sua canção cantada na voz de Seu Luiz.

Feira de Caruaru foi regravada por outros artistas e em diversos idiomas, inclusive em outros países. O encontro do compositor carurarense com o filho de Exu, no Sertão de Pernambuco, rendeu uma amizade e uma parceria frutífera. Gonzaga gravaria ainda Aproveita Gente, Onde o Nordeste Garoa, Zé Dantas, Só Xote, Sanfoneiro Zé Tatu e muitas outras canções de Onildo. Outros gigantes da música nordestina como Marinês, Jackson do Pandeiro, Trio Nordestino e Jorge de Altinho também recorreram ao "poeta do agreste" para compor seu repertório.

Onildo também fez a cabeça dos tropicalistas. Em You Don't Know Me, canção de Transa, álbum emblemático de Caetano Veloso de 1972, gravado quando o artista estava exilado em Londres, Caetano faz uma colagem de citações, entre elas um trecho de A Hora do Adeus, parceria de Onildo Almeida e Luiz Queiroga, gravada por Luiz Gonzaga no álbum Olha Eu Aqui de Novo de 1967: "Eu agradeço ao povo brasileiro / Norte, Centro, Sul inteiro / Onde reinou o baião". 

No mesmo ano, Gilberto Gil gravou o arrasta-pé Sai do Sereno, composição de Onildo, no álbum Expresso 2222 - o primeiro que o músico baiano lançou após o retorno ao Brasil com o fim de seu exílio em Londres.

Ao longo de quase um século de música, Onildo Almeida se tornou uma referência musical e inspiração para novos artistas nordestinos. Isso fica evidente na maneira como é celebrado durante os festejos juninos em Caruaru. Este ano, durante a festa, ele foi convidado especial da Orquestra de Pífanos de Caruaru e se apresentou em um dos palcos do São João de Caruaru dedicados à música alternativa, junto com a banda pernambucana Diablo Angel. 

A banda, que tem dez anos de estrada, lançou neste mês de junho uma versão com pegada pop rock de Feira de Caruaru com a participação do próprio Onildo.

"Estar com ele no palco, poder cantar com ele estas músicas que fazem parte da nossa história é um privilégio. Eu cresci com essas canções. Era aquele desafio gostoso, era quase como memorizar um repente, aquela letra de ‘Feira de Caruaru’ ", diz Kira Derne, vocalista da Diablo Angel, que também nasceu na cidade. 

Entre encontros, ensaios e apresentações ao lado de Onildo, ela aproveita para aprender com o mestre.

"Ele é muito generoso. Eu estou sempre tentando escutá-lo, especialmente como uma jovem compositora. Você ter a oportunidade de estar com ele, de aprender sobre processo criativo, como ele aborda a escrita de uma canção, as histórias de como foram escritas suas principais canções...Eu aproveito cada minuto ao lado dele", acrescenta.

Celebrado como o homem que apresentou Caruaru ao mundo, Onildo é uma figura querida na cidade e costuma ir às escolas conversar com as crianças sobre música e cultura nordestina. Ele diz não recusar convites, mas não costuma ultrapassar os limites da cidade: odeia viajar. 

As homenagens chegam em sua casa e emolduram as paredes de sua sala, uma espécie de museu particular que conta sua história de sucesso na música e as amizades que fez pelo caminho.

Quase sete décadas depois de ser inspiração para Onildo, a Feira de Caruaru segue sendo uma grande atração na cidade. Hoje, ostenta o registro de Patrimônio Imaterial Brasileiro concedido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). 

Embora por lá ainda se encontrem os mais variados tipos de frutas regionais, arreios para cavalos e os bonecos de barro dos discípulos do Mestre Vitalino, o espaço não ficou imune à invasão de produtos chineses, como acontece em outros comércios locais no Brasil. Ainda assim, para Onildo, não há lugar igual: 

"Eu costumo dizer que toda cidade tem feira e toda feira é igual. Mas, na verdade, não é. A de Caruaru, quando você procura uma coisa no comércio que não encontra, vai para a feira. É uma feira que tem tudo”. (Agencia Brasil)

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