COMPOSITOR FERNANDO FILIZOLA MORRE AOS 76 ANOS. MÚSICO ERA UM DOS FUNDADORES DO QUINTETO VIOLADO

O músico e compositor Fernando Filizola, de 76 anos, morreu, na noite de domingo (19), em um hospital de Natal. Ele foi um dos fundadores do Quinteto Violado, grupo pernambucano formado em 1970 que apresentava temas do folclore nordestino.

Segundo companheiros do Quinteto Violado, Fernando Filizola estava internado dede a semana passada para se submeter a uma cirurgia no pulmão. Durante o procedimento, teve uma parada cardiorrespiratória e não resistiu.

O velório e enterro do compositor estão marcados para esta segunda (20), no Cemitério Morada da Paz, na cidade de Parnamirim (RN).

Nascido em Limoeiro, no Agreste de Pernambuco, Filzola foi o compositor de “Palavra acesa”, música que fez parte da trilha sonora da novela “Renascer”, da TV Globo (veja vídeo abaixo).

O músico deixou dois filhos e três netos. Nas redes sociais, Dudu Alves, integrante do Quinteto Violado, falou sobre a morte do companheiro de banda.

“Partiu o gênio da música e fica a sua obra. Obrigado pela sua contribuição na música e como pessoa. Meus sentimentos para a família”, escreveu.

Fernando Filizola participou do início do Quinteto Violado, banda com mais de 50 anos de história. Ele permaneceu no grupo de 1971 até 1984. "Foi um grande músico, que deu uma contribuição muito grande ao Quinteto", diz Marcelo Melo, outro membro-fundador.

Além deles, integravam o grupo Generino Luna (flauta), Luciano Pimentel (bateria), e Toinho Alves (contrabaixo). Fernando ficou conhecido como guitarrista do grupo da jovem guarda The Silver Jets, também formado por Reginaldo Rossi.

"Ele tinha uma técnica muito grande com guitarra, era muito musical. Também tinha uma ligação muito forte com a obra de Gonzaga. Começou a desafiar o trabalho com a viola, de fraseados, bem típicos da região Nordeste. Além disso, era bom em cena, aboiava".

Após a saída do Quinteto, Fernando foi morar no Rio de Grande do Norte, onde tentou uma carreira solo. Também mantinha outras atividades artísticas, como pintura e desenho. Ele também é compositor de músicas como "Palavra Acesa", que foi tema da novela Renascer (1993), "Mundão" e "Uma Noite de Festa Comigo."

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EXPOSIÇÃO ELAS EM FOCO PRESTA HOMENAGEM A PROFESSORA E ENGENHEIRA AGRONÔMA JANINE CRUZ

As profissionais da Engenharia, Agronomia e Geociências que estão conquistando seus espaços no mercado de trabalho, foram as grandes homenageadas do Comitê Mulher Pernambuco do Crea-PE, na segunda edição da exposição fotográfica “Elas em Foco”. 

A iniciativa, que retrata 20 mulheres, é mais uma ação do Crea-PE para celebrar o Dia Internacional da Mulher. A exposição foi inaugurada no hall do Conselho, onde permanece até o dia 31 de março.

Janine Souza da Cruz é professora do Cetep-SSF-Centro Territorial de Educação Profissional do Sertão do São Francisco. Engenheira Agronoma graduada na Universidade do Estado da Bahia, Campus III Juazeiro. É engenheira do trabalho e segurança e cursa especialização em Gestão do Agronegócio.

O presidente do Crea-PE, Adriano Lucena, abriu a exposição lembrando da importância da participação da mulher em todos os espaços. “A mulher tem que estar onde ela quiser”, afirmou Lucena, que também preside o Comitê Mulher Pernambuco. A coordenadora adjunta do Comitê, Giane Camara, ressaltou a importância de evidenciar as mulheres, em espaços como o Crea-PE.

As homenageadas destacaram a importância da iniciativa do Crea-PE e o orgulho de serem indicadas para participar da exposição. As profissionais representaram entidades de classe ligadas ao Sistema Confea/Crea, instituições de ensino e colaboradoras do Conselho. “É um momento para celebrar nossas vitórias, em uma das profissões consideradas mais masculinas”, afirmou a engenheira agrônoma Ceres Duarte Guedes Cabral de Almeida, representante da UFRPE.

Para marcar a homenagem do Crea-PE às profissionais retratadas na exposição fotográfica “Elas em Foco”, as participantes receberam certificados e brindes alusivos ao Dia Internacional da Mulher. O evento, que está na segunda edição, retratou 20 mulheres, seis a mais que na primeira mostra, que aconteceu em 2022. 

A primeira a receber o certificado foi a engenheira agrônoma Liliana de Almeida Ramos, profissional do Sistema Crea/Confea que representou as servidoras do Crea-PE.

 “Eu me sinto muito honrada em representar o grupo de funcionárias da casa, que se dedica aos normativos do Crea-PE”, afirmou. A engenheira de Pesca Magda Simone Leite Pereira agradeceu pelo espaço aberto pelo Crea-PE com a exposição e ressaltou que as mulheres devem ocupar todos os espaços também por merecimento.

Para a engenheira ambiental Carmem Carneiro, representante da AEAMBS, a homenagem do Conselho às profissionais da Engenharia, Agronomia e Geociências está em sintonia com a ODS 5 da Organização das Nações Unidas (ONU), que trata da importância da igualdade de gênero. 

As mulheres retratadas na exposição foram indicadas por entidades que têm representação no Conselho, instituições de ensino e pelo Crea-PE. A exposição fotográfica “Elas em Foco” ficará no hall do Conselho até o dia 31 de março.

Confira a lista das homenageadas:

Márcia Cristina de Souza Matos Carneiro (ABECA), Sheila Cavalcanti Pereira (ABENC), Carmem Carneiro Lima (AEAMBS), Magda Simone Leite Pereira Cruz (AEP-PE), Giane Maria de Lira (AESGA), Andrea Florêncio da Silva (AESPE), Lucila Ester Prado Borges (AGP), Olímpia Cássia de Sá Araújo (ANBEM), Janaína Teixeira da Silva (APEEF) Janine Souza da Cruz (ASSEA), Danusa Correia de Araújo (TESLA), Liliana de Almeida Ramos (CREA-PE), Isabelle M. J. Meunier (CTP), Priscilla Ferreira Martinelli (IBAPE), Cláudia Fernanda da Fonsêca Oliveira (MÚTUA-PE), Silvania Maria da Silva (SENGE), Macirleide Duarte dos Santos Moura (UFPE), Ceres Duarte Guedes Cabral de Almeida (UFRPE), Micaella Raíssa Falcão de Moura (UNICAP) e Maria da Conceição Justino de Andrade (UPE).

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A POLUIÇÃO LUMINOSA DAS GRANDES CIDADES AFETA, E MUITO, A OBSERVAÇÃO ASTRONÔMICA

A observação astronômica é uma tradição humana muito antiga, que remonta a cerca de 3 mil anos. Civilizações antigas, como os babilônios, assírios e egípcios,  já tinham um vasto conhecimento astronômico por conta dessa observação. Não apenas a possibilidade de maior conhecimento sobre o cosmos foi possível por meio dessa prática, como os calendários, mapas e relógios eram pautados pelos astros. Também é graças à orientação das estrelas, da Lua e do Sol que a navegação surgiu e que a época da melhor colheita e plantio era conhecida.

Ocorre, contudo, que a observação astronômica vem sendo prejudicada nas últimas décadas. Por conta da iluminação das ruas, prédios, casas, entre outros, as cidades sofrem hoje não apenas com a poluição atmosférica, como também com a luminosa. Estudos revelam que, de 2011 a 2021, a poluição luminosa aumentou 9,6% ao ano. Isso muda completamente a aparência do céu noturno. 

“A poluição luminosa é a incapacidade de ver o céu noturno como ele é naturalmente por causa da iluminação artificial das cidades, das casas e das ruas. Isso é bem comum na vida moderna, mas é algo que, se a gente for pensar na história da humanidade, é muito recente. Não tem mais do que um século, talvez menos que isso, na maioria dos lugares”, explica Roberto Dell’Aglio Dias da Costa, professor do Departamento de Astronomia do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da USP. 

A pior forma de poluição luminosa é o skyglow, que são fótons emitidos, principalmente, por luzes da rua, entre outras fontes humanas de luz. É marcado pelo aumento da luz aparente no céu escuro e pode ser visto como um domo luminoso sobre as cidades, quando observado de longe. O que acontece é que esses fótons acabam se dispersando para a atmosfera. Os satélites e o lixo espacial em órbita também contribuem para a poluição luminosa, dificultando a observação astronômica das estrelas. 

As emissões de luz detectadas pelos satélites aumentaram de 1992 a 2017 em pelo menos 49%. Porém, esse número pode estar errado. Isso porque a medição da poluição atmosférica é feita a partir de um satélite chamado Visible Infrared Imaging Radiometer Suite (VIIRS), que não capta as frequências de luz azul, emitidas pelas luzes LED.

Para se ter uma ideia, o mercado global de LED cresceu de 1% em 2011 para 47% em 2019. Isso significa que a maioria das lâmpadas hoje são de LED, especialmente aquelas de rua. Assim, grande parte da poluição luminosa está sendo “subnotificada”.

O skyglow pode ser afetado pelo aparecimento de novas fontes de luz em um país, mais do que a troca de uma lâmpada por outra. O que mais impacta é o tanto de luz que acaba dispersando dos postes, ou da iluminação das casas e estabelecimentos que, ao invés de ser bem direcionada ao solo, por exemplo, acaba indo diretamente para o céu. 

Diferentemente de como acontecia em um passado remoto, hoje a observação astronômica não se refere exatamente à observação a olho nu, ou muito menos a alguém observando por um telescópio por horas a fio. Nos observatórios, imagens são capturadas a partir de intervalos de tempo de exposição às luzes dos astros. “O nosso olho não tem uma regulagem de tempo de exposição, então ele não serve para observações astronômicas profissionais modernas. Já serviu imensamente até meados do século 19; até a invenção da fotografia, em torno de 1840, todas as observações astronômicas eram feitas a olho nu. Porém, isso é passado, isso é história. Agora, os observatórios profissionais precisam de registradores de imagem, porque a maior parte da informação que vem de um alvo astronômico não vem na forma de uma imagem, você tem que decompor a luz nos seus componentes e observar o que se chama de espectro da luz”, explica Dell’Aglio.

Por isso, a observação astronômica fica comprometida: qualquer interferência de luz que não seja das estrelas e astros interfere na qualidade do espectro de luz a ser observado e estudado pelos astrônomos. Até mesmo a luz refletida em partículas de poeira das cidades pode interferir nessa observação. Esse é o motivo pelo qual os observatórios são construídos afastados das cidades. 

“A astronomia óptica depende, sim, de ter céus muito escuros, o mais escuro possível. Por isso, os observatórios astronômicos profissionais são sempre instalados em locais afastados da atividade humana, normalmente montanhas ou desertos, lugares mais retirados. Cada vez mais a poluição ótica [luminosa] começa a ser problema mesmo nos grandes observatórios astronômicos profissionais”, diz o professor. 

Além de prejudicar a astronomia, a poluição luminosa tem efeitos negativos sobre a vida humana e animal. Ela confunde o tempo circadiano, afeta a produção de melatonina, os padrões de migração – tartarugas, pássaros e insetos são atraídos pela luz, o que faz com que migrem fora do tempo certo ou se arrisquem em áreas iluminadas não naturalmente, mas artificialmente, podendo levá-los à morte. Também, os ecossistemas marinhos estão sendo alterados pela poluição.

Atualmente, mais de 80% da população é afetada pela poluição luminosa. Porém, algumas iniciativas estão tomando fôlego para melhorar isso. Em alguns lugares, como no Chile, Estados Unidos Continental e Havaí, já existem iniciativas para diminuir a iluminação perto dos observatórios. Reservas de céu escuro, assim como cidades que são adaptadas para isso – com o uso de iluminação pública adequada – também existem.

Uma das soluções, lembrada pelo professor, é a instalação de postes de luz que iluminem apenas a rua, não dispersando para o céu, e com pouca sobreposição de feixes de luz. Utilizar menos iluminação à noite também seria bom para diminuir a poluição luminosa. “Ter céu escuro não é só uma questão de fazer pesquisas de astronomia. Ter o céu escuro é poder acompanhar os ciclos naturais, o que faz parte da cultura, faz parte da educação, faz parte dessa nossa civilidade”, diz Dell’Aglio. 

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TRIO AS SEVERINAS LANÇA SINGLE COM COMPOSIÇÃO DO POETA ZÉ MARCOLINO

O trio feminino "As Severinas" vai lançar um novo trabalho no dia 4 de novembro, em todas as plataformas de streaming digitais. O grupo apresenta agora o single “Minha Crença”, de composição de Zé Marcolino. A canção fará parte do álbum “Zé Marcolino - Cantigas do Poeta”, uma homenagem ao compositor, com dez faixas de sua autoria.

De acordo com Monique D’Angelo, ela disse logo às companheiras do grupo que “Minha Crença” deveria ser uma das músicas escolhidas para o álbum e que, provavelmente, seria uma das mais importantes. “Ver o processo da música se montando foi algo peculiar para mim, a cada nova fase da criação, ela ficava muito mais bonita. Até que gravei a voz definitiva e recebi a faixa para ouvir depois, e chorei, essa música me emociona bastante. É a minha música preferida do álbum”, confessou a integrante.

AS SEVERINAS: Mesclando música e poesia, e lembrando das raízes culturais do Sertão do Pajeú, o trio As Severinas surgiu com o intuito de difundir, com musicalidade, a força feminina, mantendo a tradição do forró pé-de-serra, dando nova roupagem a cantigas, xotes e arrasta-pés. Formado por três jovens mulheres, o grupo traz Isabelly Moreira, no vocal, triângulo e declamações, Monique D’Ângelo, no vocal, sanfona e declamações, e Marília Correia, na zabumba.

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CANTOR E COMPOSITOR JURANDY DA FEIRA FAZ HOMENAGEM AO MESTRE SIVUCA NA QUINTA-FEIRA (16)

Jurandy da Feira homenageia o Mestre Sivuca. "Na Moldura do Tempo" este é o tema do show presencial e live do violonista, cantor e compositor Jurandy da Feira, fará na quinta-feira (16), às 21hs, no Bessa Grill, em João Pessoa, Paraíba.

Show Live será transmitido ao vivo pelo canal de Jurandy da Feira no YouTube.

No Bessa Grill Jurandy recebe Sandra Bele, Os Gonzagas, Chico Forrozada, Patricia Cunha e Ed Carlos. Em video Helena do Pandeiro, Mestrinho e Flávio Leandro.

Severino Dias de Oliveira, reconhecido no país e internacionalmente como Sivuca nasceu em Itabaiana, no dia 26 de maio de 1930.

Sivuca foi um multi-instrumentista, maestro, arranjador, compositor, orquestrador e cantor, cujas composições e trabalhos incluem, dentre outros ritmos, choros, frevos, forrós, jazz, baião, música clássica e blues.

Sivuca faleceu dia 14 de dezembro de 2006, aos 76 anos

JURANDY: Jurandy da Feira é um dos nomes mais valiosos da música brasileira, devido a versatilidade que vai do forró ao samba e a importante contribuição para o repertório gravado, exemplo, Luiz Gonzaga.

Jurandy também foi gravado por artistas como Vanja Orico, Rabelo Gonzaga, Terezinha de Jesus, Renato Braz, Genaro do Acordeon, Renato Braz e Trio Nordestino, entre outros grandes nomes da música brasileira.

Morador do Rio de Janeiro há mais de 40 anos, Jurandy mantém a sua essência e nunca deixa de estar bem perto do Nordeste, ao tomar em consideração suas escolhas estéticas e de repertório. 

Jurandy é o compositor entre outros sucessos das músicas Frutos da Terra, Nos Cafundó de Bodocó, Canto do Povo e Terra Vida Esperança. Para Jurandy da Feira, a resistência é seu alimento e é o que faz sentido para seguir no meio musical, pois somente o talento não basta. 

A história conta que Luiz Gonzaga costumava acolher em casa compositores, em quem descobrisse afinidades, e acreditasse, obviamente, no talento. Depois de avisar que seriam gravados por ele, vinha o convite para ir ao Rio de Janeiro. Jurandy teve o privilégio de ser um amigo de Luiz Gonzaga.

Jurandy Ferreira Gomes é conhecido como Jurandy da Feira. O batismo como Jurandy “da Feira” veio da imaginação fértil de Gonzagão. Com 18 anos, Jurandy tinha ido de Tucano morar em Feira de Santana, onde era Jurandyr da Viola. Mas no primeiro disco em que apareceu seu nome depois da ida para terras cariocas, Luiz Gonzaga colocou o “da Feira”, para lembrar o lado de cantador, de poeta de cordel em feiras livres do Interior.

“Ele chegou a me prestigiar num show num colégio de padres em Tucano, minha terra natal. Passou a me apelidar de “minha paz”, porque quando chegava sempre desejava a ele: “Uma paz, seu Luiz”, relembra Jurandy.

Ainda são recordações de Jurandy: “Quando Luiz Gonzaga gravou a primeira música minha, quando fui olhar no selo do disco. Estava lá Jurandy da Feira. Fui conversar com ele. Disse que aquilo não ia pegar bem na minha cidade, porque iam pensar que eu queria ser de Feira de Santana. Ele disse que não era de Feira de Santana, mas da feira, a feira do povo, do cantador. Acabei concordando, mas até hoje eu tenho que me explicar ao povo de lá”, conta Jurandy.

Jurandy revela que Luiz Gonzaga em vida, sorria e se divertia com esta história e explicava: "Eu botei assim, para lembrar o lado de cantador, de poeta de cordel em feiras livres do Interior". 

Em depoimento o rei do Baião apontava que o "talento de Jurandy é de uma riqueza muito grande, igual ao dia de feira nos sertões brasileiros."

Para o ano de 2023, Jurandy da Feira, está repleto de poesia e projetos. 

TRAJETÓRIA: O compositor tinha 24 anos quando conheceu o Rei do Baião. Foi levado a ele por José Malta, um jornalista, e produtor dos shows de Gonzagão. 

“Fomos para Exu, para a casa de Luiz Gonzaga. Passei uma semana lá. Mas era aquela coisa. Ninguém chegava a Gonzaga. Ele é que chegava às pessoas. Era fechado, meio cismado. Foi ele que se chegou pra mim, e perguntou sobre o violão que eu havia levado comigo. Se eu tinha um violão, por que não tocava? Quis saber se eu fazia músicas. Pediu para cantar para ele. Depois me disse que queria uma música que falasse de Bodocó”. 

Passou algum tempo e Jurandy mostrou a música Nos cafundó de Bodocó, conta o compositor. O cafundó, foi porque eu achei que a cidade ficava longe de tudo. Naquela época ainda estavam asfaltando as estradas, e fui da Bahia até lá de Karmann-Ghia (carro esportivo, de dois lugares, saído de linha em 1971), a maior poeira, foi um sofrimento a viagem até o sertão pernambucano”.

Luiz Gonzaga gostou da composição e gravou Nos cafundó de Bodocó. Veio o inevitável convite para ir ao Rio de Janeiro. A música foi aprovada pelos produtores de Gonzagão na época, coincidentemente dois pernambucanos, Rildo Hora e Luiz Bandeira. 

Nos cafundó de Bodocó entrou num dos melhores álbuns de Luiz Gonzaga nos anos 70, Capim novo (1976). Lula gravaria mais outras três composições de Jurandy, que sacramentariam uma amizade que durou até o final da vida de Lua.

O baiano Jurandy da Feira, portanto, testemunhou os bons e maus momentos de Luiz Gonzaga em suas duas últimas décadas de vida: “Ele passou uma época em baixa. Várias vezes assisti a apresentações suas numa churrascaria chamada Minuano, na estrada Rio/São Paulo. Era aquele barulho de churrascaria. Mas quando ele dava o boa noite., pra começar a cantar, menino ficava quieto. Os adultos se calavam. Ficava silêncio enquanto ele cantava”.

Foi Luiz Gonzaga que levou Jurandy para gravadora, e ajudou a suas músicas serem gravadas por nomes como Trio Nordestino, Terezinha de Jesus. Atualmente Jurandy da Feira é um dos artistas mais admirados no meio da cultura brasileira e gonzagueana.

“Ele, Luiz Gonzaga, chegou a me prestigiar num show num colégio de padres em Tucano, minha terra natal. Passou a me apelidar de “minha paz”, porque quando chegava sempre desejava a ele: “Uma paz, seu Luiz”, relembra emocionado Jurandy.

Jurandy traz a poesia do ritmo da cultura brasileira na alma. É fartura de dia de Feira. Luiz Gonzaga sabia reconhecer um fiel discípulo.

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MORRE MÉDICO HUMBERTO MACÁRIO QUE OPEROU O VOVO DO BAIÃO, PAI DE LUIZ GONZAGA

"Seu Januário, com bem noventa anos, tinha nos seus planos fazer uma operação. Sua família estava toda reunida eezando pela vida do vovô do baião....

Humberto Macário, Famoso cirurgião, Fez aquela operação, Que abalou o Cariri. O povo do Crato Ficou todo admirado Quando viu Seu Januário inteirinho sair"...

 Humberto Macário de Brito ficou imortalizado na voz de Luiz Gonzaga com a música Vovo do Baião. Na época uma homenagem pelo sucesso da operação de seu Januário que foi operado da próstata.

A Prefeitura Municipal do Crato lamenta, com profundo pesar, o falecimento do médico e ex-prefeito deste Município, Humberto Macário de Brito. Dr. Humberto faleceu na madrugada desta segunda-feira, 13 de março. A Prefeitura decreta luto oficial de três dias, a contar desta data, pelo falecimento do ex-prefeito e envia votos de pesar e solidariedade aos familiares e amigos.

Natural de Campos Sales, formou-se em 1958, pela Faculdade de Medicina da Bahia, obtendo o primeiro lugar. Após formado, retorna ao Crato onde iniciou suas atividades médicas, como clínico e cirurgião do Hospital São Francisco de Assis, voltando-se, principalmente, ao atendimento das camadas mais carentes da população. Por este trabalho aos mais necessitados, logo ganhou a fama de Médico Humanitário.

Foi professor da Faculdade de Filosofia do Crato, tendo contribuindo para a formação de centenas de jovens cratenses, participando e ministrando, inclusive, vários seminários e eventos educativos na área. Ainda como médico, em 1974, fundou o Hospital Regional Manuel, de Abreu, na cidade do Crato, atualmente Centro Cultural do Cariri.

Elegeu-se Prefeito Municipal do Crato, aos 36 anos de idade, exercendo seu mandato entre os anos de 1967 a 1970. Nas eleições de 1976, ao lado do Capitão Ariovaldo Carvalho, foi eleito vice-prefeito. Em 1978, foi convidado pelo Governador Virgílio Távora para ocupar a pasta de Secretário da Saúde do Estado do Ceará. Em 1983, assumiu a Superintendência do Desenvolvimento do Ceará -SUDEC. Em 1986, foi eleito Deputado Estadual, pelo PMDB, sendo o 6º mais votado no Ceará.

Casou-se com Noemi Arraes e Silva Macário de Brito, com quem teve três filhos: Ana Carolina, Humberto Filho e George Macário. Avô de Luana Siebra Macário, Jéssica Siebra Macário, Pedro Ernani S. Macário de Brito e de Artur Vieira Macário de Brito (Filhos de George). Em 1998, retornou de definitivamente ao Crato, voltando à sua atividade de médico humanitário, até deixar seu consultório em 2006.

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MARCHA PELA VIDA DAS MULHERES E PELA AGROECOLOGIA ACONTECE NO DIA 16 DE MARÇO

No próximo dia 16, agricultoras que atuam no Polo da Borborema e em outras regiões da Paraíba e do Nordeste, vão às ruas para protestar contra os danos da presença de parques eólicos e usinas solares nos territórios rurais em que vivem. A 14ª edição da Marcha pela Vida das Mulheres e pela Agroecologia, que será realizada no Dia Nacional da Conscientização das Mudanças Climáticas, denuncia a contradição na produção industrial da energia renovável, que apesar de ser tida como limpa, empobrece e adoece as famílias rurais e, ainda, as expulsa do campo.

Com capacidade de atrair milhares de agricultoras dos 13 municípios que o Polo atua, além de mulheres de outros territórios do Semiárido paraibano e estados vizinhos, a Marcha é um grande palco no qual se problematizam assuntos importantes para o bem-estar das famílias camponesas, especialmente, as mulheres. A expectativa da Coordenação de Mulheres do Polo da Borborema, organizadora da Marcha, é que o ato reúna cerca de cinco mil mulheres. Quase a população total do município que, segundo projeção do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para 2021, é de 5,8 mil pessoas. A marcha deste ano repete o lema de 2022: Borborema Agroecológica não é lugar de parques eólicos.

Um dos motivos que influenciou a manutenção do tema foi o aumento da presença, no território, das empresas que exploram os ventos e o sol; e, além da produção, as linhas de transmissão de energia que irão recortar o território. Há relatos de que os representantes passaram em Remígio, Esperança, Solânea, Algodão de Jandaíra, Arara, Casserengue, Montadas, Lagoa Seca, São Sebastião de Lagoa de Roça, entre outros municípios. Nos últimos meses, é bem comum ouvir relatos de que comunidades, famílias e sindicatos que foram visitados.

À primeira vista, a chegada dos parques eólicos e usinas solares na região trouxe às pessoas que vivem nesses territórios a ideia de progresso, tanto, que com a chegada desses empreendimentos, dona Erivanda (nome  fictício) sentiu vontade de arrendar um espaço de sua propriedade de 10ha para a instalação de alguma torre. Mas, mudou de ideia quando teve conhecimento dos problemas que esses gigantes aerogeradores causam para as famílias e comunidades rurais.

“Foi na Marcha que soube do ‘destruimento’ que causam. Deus me defenda que eu não quero isso. Essa energia dá muitos problemas”, enfatizou a agricultora de 54 anos que mora em Montadas, município que vai sediar a 14ª edição da Marcha pela Vida das Mulheres e pela Agroecologia, no dia 16 desse mês.

Maria Anunciada Flor, agricultora e liderança do município de Queimadas, que está na coordenação da Marcha, conta que a chegada dos parques de energia eólica no território tem sido um grande motivo de preocupação para as mulheres agricultoras da região, que podem ser impactadas com mudanças drásticas, já que em suas propriedades há as  histórias de vida a partir da criação dos filhos e ensinamentos para valorizar a terra e a agricultura.

“As mulheres produzem alimentos para sobrevivência da família, criam os animais, comercializam seus produtos, participam das ações nas comunidades e tudo isso deixa de existir a partir da assinatura de um contrato que a empresa traz,  junto com falsas promessas, sem mostrar a realidade negativa na vida das famílias. Um contrato que geralmente a agricultora não tem nem direito de saber o que tem escrito e que se renova automaticamente com o tempo. Além disso, quando a agricultora se torna uma arrendatária,  acaba por perder os direitos que tem como produtora rural, como o de se aposentar, de requerer salário maternidade, auxílio-doença ou acessar qualquer outra política pública como agricultora. E isso prejudica todos os demais membros da família”, resume.

O movimento conta com o protagonismo de jovens engajados na causa e que se preocupam com os recursos deixados para as próximas gerações | Foto: AS-PTA

A líder sindical também pontua os mais diversos danos à saúde dos moradores do território causados pela presença dos aerogeradores, desde problemas relacionados à depressão a danos auditivos ocasionados pelo barulho dos aerogeradores que funcionam dia e noite. Os animais criados nas propriedades também acabam estressados pelo mesmo motivo, e as paredes das casas e cisternas ficam rachadas por causa da vibração das torres eólicas.

“A marcha tem um papel de extrema importância que é de as famílias trazerem o conhecimento de tudo que é nocivo em relação a esses empreendimentos. Ocupamos todos os espaços de comunicação para mostrar a realidade com base em estudos reais. Desde 2018 colhemos depoimentos das famílias que foram prejudicadas e fizemos intercâmbios para ver de perto o problema. Nós queremos energia renovada sim, mas que seja uma energia descentralizada, onde todos possam ter acesso e  que não seja uma energia que venha prejudicar o meio ambiente e nem as pessoas”, ressalta.

PROTAGONISMO JUVENIL-A juventude dos territórios do Polo da Borborema também vem em um forte movimento pela causa. As articulações por parte dos jovens vem mobilizando as comunidades por meio de panfletos entregues porta a porta,  programas de rádios e diálogos com as pessoas. Além disso, audiências públicas com os jovens,  encontros municipais e regionais, visitas e intercâmbios entre os municípios estão sendo realizados para abrir mais espaço ao debate.

Aline Belarmino, da Comissão Executiva de Juventude do Polo da Borborema, que vive na Cidade Agroecológica de Remígio, explica que a ideia é conhecer lugares e desafios para expandir a discussão. “A gente não quer essa forma de energia chegando no nosso território. Daqui a alguns anos nós, enquanto jovens, não vamos ter direito ao nosso acesso à terra. Se assinarem esses contratos, como vamos no futuro ter o nosso nosso local de plantar, de colher, de criar e viver?”

Para a jovem liderança, que já participa da marcha desde as edições iniciais, quando ainda era criança,  o manifesto é um momento emocionante. Isso por que para ela, é um ato de liberdade e de expressar a luta por todas as mulheres agricultoras. “É um momento em que a gente se reconhecer uma na outra. Tanto aquelas que sofrem as violências quanto aquelas que já morreram lutando como nós. Um momento de expressão, de liberdade, de luta, de lágrimas de alegria, de tristeza, mas também uma lágrima de vitória por conseguir movimentar tantas mulheres para denunciar as formas de violência e opressão da sociedade”.

MARCHA-A 4ª edição da Marcha pela Vida das Mulheres e pela Agroecologia se realiza em uma data especial, na qual se celebra o Dia Nacional da Conscientização sobre as Mudanças Climáticas. Segundo Adriana Galvão, assessora técnica da AS-PTA – Agricultura Familiar e Agroecologia, a coincidência das datas foi proposital para explicitar uma grande contradição. Afinal de contas, a energia gerada a partir do vento e do sol é limpa mesmo?

“A solução que está sendo construída é meramente baseada numa relação de mercado. Se propõe a troca de uma matriz energética, com base nos combustíveis fósseis, por outra, baseada na energia renovável, sem entender o desequilíbrio socioambiental que afeta as populações dos lugares onde estão sendo instalados os parques eólicos e as usinas solares”, argumenta.

Roselita Vitor, liderança sindical e uma das coordenadoras políticas do Polo da Borborema – um fórum que reúne 13 sindicatos rurais – destaca o desafio que tem sido expor essa contradição.  “Um número muito pequeno de pessoas conhece os impactos negativos provocados pelo modelo industrial de produção de energia nos territórios. Aqui, na Borborema, há cerca de 19 mil famílias agricultoras. As cidades vivem a partir da renda rural. O que vai significar a chegada desses parques, inclusive, na economia dos municípios?”, questiona.

Além disso, a liderança sindical pontua que a forma como essas empresas chegam nos territórios de todo o Semiárido é estarrecedora. E no Polo da Borborema não é diferente. Os direitos das famílias vêm sendo violados e essa abordagem sendo feita em cada unidade familiar de forma individualizada e, sozinhas, elas não têm força social para resistir. Sem falar que não recebem as informações adequadas sobre os riscos. “O que significa falar com um agricultor de 60 anos, que não sabe ler, sobre uma renda fixa até o final da vida?.”

No entanto, toda essa mobilização para enfrentar as indústrias que querem se instalar nos territórios não significa que as mulheres agricultoras são contra a energia renovável. “Nós não queremos esse modelo privatizado, que fica nas mãos de grandes empresas, que concentram as riquezas geradas com a produção da energia. Nesse modelo, o agricultor, a mulher do campo e a juventude ficam apenas com os prejuízos. Queremos que cada família agricultora possa ter placas solares em suas casas para gerar a energia necessária para o seu uso”, sustenta Adailma Ezequiel, uma jovem liderança sindical do território.

Por que em Montadas dessa vez? Montadas fica numa região da Borborema Agroecológica que faz fronteira com municípios onde as empresas já têm licenças emitidas pelo Estado para instalar os parques industriais. Isso acontece em Pocinhos, por exemplo, endereço de oito parques eólicos do Complexo Serra da Borborema, da empresa EDP Renováveis, além de três usinas fotovoltaicas nos nomes das empresas Sices Brasil SA e Arigo Solar Energia SPE Ltda.

“Montadas é um município estratégico para reafirmarmos a nossa luta, uma vez que as terra dos agricultores e agricultoras estão sendo ameaçadas pela instalação dos parques eólicos e usinas solares”, comenta a presidenta do Sindicato dos Trabalhadores/as Rurais de Montadas, Jaílma Flávia Fernandes.

A Marcha se concentrará na Praça Josefa Tavares, no Centro de Montadas, às 8h, e depois fará um percurso de 1,5 quilômetro até voltar para o lugar de partida. A presença da cirandeira Lia de Itamaracá está confirmada para animar as participantes com voz  e a percussão que marca as batidas da ciranda.

POLO BORBOREMA: O Polo da Borborema é um coletivo de sindicatos rurais de 13 municípios do Território da Borborema. Ele defende e põe em prática um projeto político de fortalecimento da agricultura familiar por meio da convivência com o Semiárido e da agroecologia. A ação do Polo mobiliza mais de nove mil famílias e envolve desde o agricultor e a agricultoras até os filhos, dos jovens às crianças

Serviço

O que: Marcha pela Vida das Mulheres e pela Agroecologia

Onde: Montadas (PB)

Quando: 16 de março – Dia Nacional da Conscientização sobre as Mudanças Climáticas

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