FEIRA DE ARTESANATO DA BAHIA SERÁ REALIZADA EM JAGUARARI ENTRE OS DIAS 11 A 14 DE AGOSTO

A Feira Artesanato da Bahia chega a Jaguarari, na região Norte do estado, de 11 a 14 de agosto, na Praça Alfredo Viana, s/n, Centro. O evento deverá reunir cerca de 30 artesãs e artesãos dos municípios que formam o Polo 06 do Território de Identidade Piemonte Norte do Itapicuru. Os visitantes poderão adquirir os produtos artesanais apresentados diretamente pelas expositoras e expositores, dialogar e interagir sobre a riqueza dos processos produtivos.

Nesta edição, também serão realizadas outras ações voltadas para os criadoras e criadores da região. No dia 11, das 14h às 20h, na comunidade de Flamengo recebe a De Antemão a Mão - Oficina de Confecção de Carrancas, voltada para qualificação, formação e aperfeiçoamento da técnica da produção artesanal de carrancas, com uso da madeira. Já no dia 12, o Encontro Regional de Artesãs e Artesãos vai discutir várias questões sobre o setor com as criadoras(es) e associações, das 14h às 17h, na Associação Comercial ACIAJ.

Durante a feira, o reconhecimento da profissão poderá ser feito através do cadastramento de Carteira Nacional de Artesãs e Artesãos. Este registro, junto com o cadastramento no Sicab, habilita o profissional a participar de todas as edições das feiras e ter seus produtos comercializados pelo Centro de Comercialização do Artesanato da Bahia.

A diversidade cultural da região se traduz na rica produção artesanal decorativa e utilitária, utilizando técnicas e matérias-primas diversas. Destaque para as carrancas, produzidas com entalhe de madeira na comunidade de Flamengo. Das fibras naturais, como palhas e de bananeira surgem os trançados, destacando os de ariri produzido pelo povoado de Jacunã, onde é muito comum essa espécie de palmeira. Os trançados resultam em produção de chapéus, bolsas, esteiras e outros produtos.

"A Feira Regional Artesanato da Bahia chega ao território do Piemonte Norte do Itapicuru, no município de Jaguarari com uma série de ações que fortalecem o Artesanato local e grande expectativa de visibilidade e ampliação da comercialização para os dois dias de Feira. A Caravana do Cadastramento está percorrendo os municípios vizinhos emitindo novas e atualizando as Carteiras Nacionais de Artesã/ão, teremos a Oficina de Qualificação e um importante encontro regional de artesãos onde o conjunto das políticas públicas para o setor será apresentado. É a garantia de mais uma programação de sucesso", afirma Ângela Guimarães - Coordenadora de Fomento ao Artesanato – Setre. 

A feira e todas as ações são realizadas pela Coordenação de Fomento ao Artesanato da Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte do Governo do Estado da Bahia, através da Associação Fábrica Cultural e com a parceria da Prefeitura Municipal de Jaguarari e o apoio da Rede Bahia

SERVIÇO

- De Antemão a Mão - Oficina de confecção de Carrancas 

Data:  11/08/2022 | 14h às 20h - Escola Municipal de Produção de Flamengo.

- Encontro Regional de Artesãs e Artesãos

Data: 12/08/2022 | 14h às 17h - Associação Comercial ACIAJ - Praça Alfredo Viana s/n, Centro, Jaguarari

- Feira Regional Artesanato da Bahia

Data: 13/08/2022 | 10h às 18h

14/08/2022 | 10h às 16h - Praça Alfredo Viana, s/n, Centro.

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NESTA QUARTA-FEIRA (10), A TVE EXIBE PROGRAMA ESPECIAL 100 ANOS DO CANTOR E COMPOSITOR GORDURINHA

Nesta quarta-feira (10), às 20h30, a TVE exibe o programa especial "É na pisada", em comemoração aos 100 anos do cantor, compositor e humorista baiano, Waldeck Artur de Macedo, o Gordurinha. Nascido em Salvador, do bairro da Saúde, o artista é autor e coautor de vários clássicos do cancioneiro brasileiro.

O programa traz depoimentos e retrata a vida e obra de Gordurinha, que tem a sua história revisitada por família, amigos e parceiros, e é intercalado com uma linha musical, onde são apresentadas cinco releituras de canções do artista. Na música, Gordurinha criou e interpretou sambas, baiões, toadas e mambos. É de autoria dele o samba 'Chicletes com Banana', o coco 'Vendedor de Caranguejo', e a toada 'Súplica Cearense', uma das principais interpretações de Luiz Gonzaga, considerada uma das músicas mais pungentes em solidariedade a população que sofre com a seca da seca nordestina.

A apresentação é uma produção do Núcleo de Televisão e Rádios Universitárias da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), com roteiro e direção de Helder Vieira e Leonardo Klück. A atração é exibida com janela de acessibilidade, com interpretação em libras.

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Serviço: Especial 100 anos de Gordurinha

Quando: Quarta, 10 de agosto, às 20h30

Onde: TVE e www.tve.ba.gov.br/tveonline

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CAETANO VELOSO COMPLETA 80 ANOS COM A ARTE DE VIVER DO QUE SE GOSTA

Caetano Veloso completa 80 anos neste domingo (7). A festa será um show em família com transmissão ao vivo. Outro presente para o público é uma entrevista exclusiva que você vê no vídeo acima.

Os cabelos já foram encaracolados, longos, curtos, pretos, rebeldes. O jovem senhor Caetano Emanuel Viana Teles Veloso chega aos 80 grisalho e, quase uma unanimidade, mais charmoso.

"Eu não concordo. Vejo minhas fotografias jovem me acho muito mais bonito. Mas se as pessoas acham mais bonito, fico contente", diz Caetano.

O tempo que muda a moldura é o mesmo que segue trazendo calma a cabeça do pensador inquieto.

"Eu me sinto, internamente, muito coerente. E, no entanto, eu já disse coisas que entram em conflito com outras que eu já tinha dito antes. Mas, é porque a vida é difícil, e a realidade é um negócio complexo", afirma o cantor.

O Caetano do mundo partiu de Santo Amaro da Purificação. A cidade nem imaginava que o filho de Dona Canô e do seu José chegaria tão longe.

"Quando eu tinha, sei lá, 9 ou 10 anos, não sei, uma prima minha me levou a uma senhora em Santo Amaro, que era muito famosa por prever o futuro. E essa senhora, dona Dazu, ela disse que eu viveria até os 65 anos. E eu fiquei feliz, porque era uma coisa tão longe", diz.

Quem entendia de futuro mesmo era dona Canô. A mãe de Caetano tinha um olhar atento para a poesia que habitava nas atitudes do filho.

"Caetano era uma criança, ele tinha uma flor chamada Lágrima de Vênus. Ele sentava junto da planta, eu reclamava: 'meu filho, você não vai para porta com os meninos?'. Ele dizia: 'Não, minha mãe, estou vendo a lágrima cair'", diz dona Canô, em 1992.

O menino de sensibilidade apurada cresceu observando o entorno e se lançou pelo vozeirão da irmã mais nova, Maria Bethânia, no Show Opinião, em 1965.

"Ele ter me ensinado a andar, a dar os primeiros passos, e ter me ensinado a música e a escolha, a possibilidade de escolha. Caetano é um príncipe, assim, um príncipe em todas as circunstâncias e situações, para mim", conta Bethânia.

O amigo e produtor musical Nelson Motta estava lá.

"Eu conheci o Caetano no primeiro show da Maria Bethânia como acompanhante da irmã no Teatro Opinião. Ali que fui apresentado a ele, mas, sobretudo, fui apresentado a música dele. O teatro inteiro saiu cantando: 'e foi por ela que o galo cocorocô'. Que lindo, o galo cocorocô. Era diferente da Bossa Nova que se gostava na época, já era outra coisa", diz Nelson Motta.

A Bahia deixou Caetano voar. E ele bateu asas pela vida, fazendo barulho.

Pelo retrovisor do tempo, o tropicalismo. Em décadas de memória, dores nunca esquecidas.

"A prisão, ser preso e ficar preso. Ser preso sem explicação, ser jogado numa solitária e ficar um mês sem que ninguém me dissesse nem por que eu tinha sido preso. Foi o negócio mais desestabilizador. Saí dali para mais 4 meses de confinamento em Salvador e, de lá, para mais dois anos e meio de exílio. Então, eu fiquei diferente, foi difícil", relata Caetano. .

A prisão e o exílio também renderam obras-primas. Na volta ao Brasil, celebração no Teatro Municipal do Rio, ao lado do parceiro da vida, Gilberto Gil.

"Ele tem sido um grande mestre na formação do meu caráter, do meu pensamento, do meu estilo. Compartilhar com ele o tempo-espaço da existência tem sido um privilégio. Meu afeto fortalecido de amigo-irmão é tudo que posso lhe dar de presente no seu aniversário de 80 anos", exalta Gilberto Gil.

O ofício de criar foi deixando a estrada repleta de tesouros, na literatura, no cinema.

A arte de viver do que se gosta. O verbo 'caetanear' foi conjugado em frases lindas, em letras fortes, em refrões atuais e em amores embalados com ternura.

Parece impossível, mas com tantos shows ao redor do planeta, Caetano sabe, exatamente, qual foi o que marcou seu coração.

"Foi um show ao ar livre em Realengo. Eu gostava do show. Nesse dia, ele saiu especialmente lindo e a plateia, vou lhe dizer, foi a mais linda que eu já vi na minha vida", conta.

As conquistas de oito décadas de vida, a maior parte sob os holofotes, vão muito além do que o público e os fãs enxergam. A mais celebrada delas tem nome e sobrenome: Família Veloso. Estar cercado de afeto familiar é o que mantém o coração do nosso aniversariante batendo na frequência do amor e da criatividade.

"O acontecimento mais importante da minha vida adulta foi o nascimento de Moreno. Meu primeiro filho, e fiquei com vontade de ter 10, de tão maravilhoso que isso foi para mim", afirma.

A festa dos 80 anos vai ser com os filhos Moreno, Zeca e Tom e a irmã, Maria Bethânia. Caetano pede um presente especial.

"Eu peço como presente para mim uma contribuição para TV Pelourinho, que é uma organização que há em Salvador de formação de jovens garotos para fazer o que eles estão fazendo aqui, dominar a tecnologia da televisão", explica.

O especial 'Caetano Veloso 80 anos' acontece neste domingo (7), no Rio. Será transmitido ao vivo, simultaneamente pelo Globoplay e pelo Multishow, e uma parte no Fantástico.

"Você vê que é honesto, é simples, é direto, cheio de sucessos, mas, também, essa coisa da família. Então, acho que isso é aquele lugar gostoso de estar, isso que vai ser transmitido para quem estiver assistindo", conta Raoni Carneiro, diretor de gênero de variedades.

O homem que fez a trilha sonora da nossa vida, tem um conselho ao pequeno Caetano, aquele que só queria viver na Bahia.

"Eu acho que encorajaria esse menino: 'pode ficar despreocupado, não se grile demais, porque vai dar para muita coisa mais bonita do que você pensa", completa. (Fonte: Jornal Nacional)

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CAETANO VELOSO REVELA A HISTÓRIA DA COMPOSIÇÃO DA MÚSICA CAJUINA

Caetano Veloso completa 80 anos neste domingo (7).

"Existirmos: a que será que se destina? Pois quando tu me deste a rosa pequenina/ Vi que és um homem lindo e que se acaso a sina do menino infeliz não se nos ilumina/ Tampouco turva-se a lágrima nordestina/Apenas a matéria vida era tão fina e éramos olharmo-nos intacta retina/ A cajuína cristalina em Teresina.

“O rapaz chorou muito aquele dia.” O rapaz era Caetano Veloso e a frase é a atribuída a "Doutor Heli", pai de Torquato Neto. Naquele dia, em Teresina, algum tempo depois da morte trágica do poeta piauiense, um encontro entre Caetano e Heli resultou em uma das canções mais conhecidas do repertório da música brasileira: Cajuína. Aos que escutam a música sem conhecer a história por trás dela, é quase impossível saber do que se trata. Mas Caetano tratou de explicar a passagem.

"Existirmos, a que será que se destina?", questiona Caetano Veloso no primeiro verso de Cajuína, clássico de sua carreira que apareceu no disco Cinema Transcendental, de 1979 e que ele mesmo admitiu, em uma entrevista no começo dos anos 2000, que é uma de suas preferidas. A resposta não vem na sequência da canção, justamente porque parece ser uma provocação que cabe ao ouvinte (ou leitor) responder.

Caetano provavelmente se fez essa pergunta também na cena que o inspirou a escrever a música, durante uma visita à casa do pai do poeta Torquato Neto, que havia se suicidado em 1972 em Teresina, no Piauí, sua terra natal.

Em Verdade Tropical, o cantor dá a sua versão mais acabada para o episódio, contando que fora um grande amigo de Torquato nos anos 1960 e que, na época de sua morte, eles estavam um tanto afastados um do outro, o poeta tinha se tornado mais próximo do cantor e compositor Chico Buarque, que estava ao lado de Caetano quando ambos receberam a notícia de sua morte.

O poeta e escritor piauiense Paulo José Cunha escreveu há alguns anos que a ocasião da visita de Caetano ao pai de Torquato, Heli Nunes, aconteceu durante uma turnê em que o cantor desembarcou na capital do estado para um show. "Ele retornava pela primeira vez à cidade onde havia nascido um de seus principais parceiros na Tropicália e seu grande amigo", disse.

O próprio Caetano afirmou o seguinte durante o programa Altas Horas, da Rede Globo, em 2014: "Torquato era um parceiro, letrista do Tropicalismo, e ficamos muito abalados com sua morte, mas eu não chorei quando soube. Mas quando eu fui a Teresina, anos depois, e encontrei o pai do Torquato no hotel -- ele foi me procurar. Quando eu o vi, chorei muito. No final, ele ficou me consolando e me levou à casa dele. Ele estava sozinho porque a esposa dele estava hospitalizada e Torquato era filho único", começou.

"A casa dele tinha muitas fotografias do Torquato e nós ali, sozinhos, ficamos em silêncio. Ele ficava passando a mão na minha cabeça e dizendo: 'Não chore tanto'. Aí ele foi na geladeira, pegou uma garrafa de cajuína, colocou dois copos e ficamos bebendo sem falar nada. Depois ele foi no jardim, colheu uma rosa-menina e me trouxe. Cada coisa que ele fazia eu chorava mais".

Doutor Heli, como se desejasse relembrar a beleza da vida, deu ao amigo de seu filho uma rosa-menina colhida diretamente do quintal; e também serviu cajuína, como se quisesse adocicar aquele instante. Caetano continuava a derramar lágrimas, mas não mais de tristeza ou amargura. “Era um sentimento terno e bom, amoroso, dirigido a Dr. Heli e a Torquato, à vida. Mas era intenso demais e eu chorei”, definiu Caetano.

Na cidade seguinte à turnê de Caetano pelo Nordeste, na primeira parada, ele diz ter composto a canção. Em Verdade Tropical, Caetano diz que assim que soube da morte de Torquato, sentiu uma "dureza de ânimo". "Me senti um tanto amargo e triste mas pouco sentimental", o que foi quebrado apenas quando ele foi à casa de Heli.

O poeta e letrista Torquato Neto surgiu no cenário nacional em 1967, ao lado dos compositores mais famosos do movimento que seria chamado de Tropicalismo. Com Caetano Veloso, Gilberto Gil, Edu Lobo e Jards Macalé compôs canções como Geleia Real, Louvação, Marginália 2, Mamãe Coragem e Deus vos Salve esta Casa Santa. Além disso, também trabalhava como jornalista -- tinha uma coluna chamada Música Popular no jornal O Sol e outra, batizada de Geleia Real, no Última Hora. O aumento da repressão durante a ditadura militar fez com que ele se afastasse dos amigos e do trabalho e se internasse em uma clínica diante de um quadro de instabilidade mental.

Conhecido como o Anjo Torto da Tropicália, Torquato se suicidou em novembro de 1972, um dia depois do seu aniversário de 28 anos. Os amigos tinham acabado de deixar sua casa, no Rio de Janeiro, quando ele entrou no banheiro e ligou todas as torneiras de gás, morrendo asfixiado. Os jornais da época relataram que as últimas anotações encontradas em seu caderno de espiral traziam frases como "Pra mim chega" e "O amor é imperdoável", esta última atribuída justamente a Caetano Veloso. (Fonte: Livro Verdade Tropical)

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ASSOCIAÇÃO CAATINGA É DESTAQUE COM PROGRAMA DE RESTAURAÇÃO FLORESTAL NO CEARÁ E NO PIAUÍ

A TV Globo através do Globo Repórter de ontem sexta-feira (5) mostrou o trabalho da Associação Caatinga na restauração florestal no Ceará e no Piauí

O Globo Repórter contou a história do agricultor Raimundo Soares, Crateús (CE) que realizou o sonho de ver seu terreno localizado no meio da Caatinga totalmente reflorestado com o apoio do projeto No Clima da Caatinga (NCC), iniciativa da Associação Caatinga com patrocínio da Petrobras, por meio do Programa Socioambiental.

Ainda em Crateús, a equipe do Globo Repórter esteve na Reserva Natural Serra das Almas (RNSA), unidade de conservação gerida pela Associação Caatinga desde 2000, para mostrar o trabalho de restauração do bioma, e acompanhou o plantio de cinco mil mudas nativas realizado por meio do projeto NCC.

A Reserva Natural Serra das Almas é a maior RPPN (Reserva Particular do Patrimônio Natural) do Ceará e está localizada entre os municípios de Crateús-CE e Buriti dos Montes-PI.  Ela resguarda quatro nascentes, sete trilhas ecológicas, exposições e réplicas de animais em tamanho real. O espaço também oferece alojamento com refeitório, dormitório e loja física para os visitantes. Além disso, o local é reconhecido pela Unesco como Posto Avançado da Reserva da Biosfera da Caatinga por abrigar uma representativa área de Caatinga preservada e pela interação com as comunidades rurais do entorno.

A Serra das Almas também contribui significativamente com a biodiversidade da Caatinga, pois evita o escoamento de 1,5 bilhão de litros de água e estoca quase 600 mil toneladas de carbono, além de sequestrar, anualmente, mais de 23 mil toneladas de carbono da atmosfera.

O Projeto No Clima da Caatinga tem patrocínio da Petrobras, por meio do Programa Petrobras Socioambiental, e atualmente está na quarta fase. Trata-se de um projeto inovador que alia ações de conservação e de desenvolvimento local sustentável, mobilizando a população local em defesa da Caatinga e gerando alternativas de geração de renda para a população do semiárido. O projeto, que surgiu em 2011, gera resultados e impactos importantes na melhoria da qualidade de vida do sertanejo, na conservação da Caatinga e na diminuição de efeitos potencializadores do aquecimento global.

A Associação Caatinga é uma organização da sociedade civil, sem fins lucrativos, cuja missão é promover a conservação das terras, florestas e águas da Caatinga para garantir a permanência de todas as suas formas de vida. Desde 1998, atua na proteção da Caatinga e no fomento ao desenvolvimento local sustentável, incrementando a resiliência de comunidades rurais à semiaridez e aos efeitos do aquecimento global.

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CAETANO VELOSO É VERSO, PROSA E EBULIÇÃO AOS 80 ANOS

Foi com Luiz Gonzaga e os sambas de roda baianos que o quinto dos sete filhos de José Telles Veloso e de dona Canô deixou escapulir a vertente artística, ainda na tenra idade dos cinco anos de vida na terra natal Santo Amaro da Purificação, no Recôncavo Baiano. 

Era 1947 e dali até os tempos atuais, exatos 75 anos se passaram, tempo hábil para culminar no octogenário Caetano Emanuel Vianna Telles Velloso, nome inconteste da Música Popular Brasileira, e que neste domingo, 7 de agosto, celebra 80 anos de vida – destes, pelo menos 60 deles dedicados a um fazer artístico peculiar e que segue necessário em verso, prosa e ebulição, que o coloca distante de um mero “mortal” para a cultura do País.

De Caetano, no acervo do Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (Ecad), constam pouco mais de 1,9 mil gravações registradas. Ao longo da carreira são mais de 600 canções, com “Sampa” – composta para o aniversário de São Paulo, em 1978 - no topo das mais tocadas na última década e “Você é Linda” (1983) e “Você não Entende Nada” (1970), respectivamente na segunda e terceira colocação entre as mais executadas em segmentos como rádios e shows. 

 Mas os dados fonográficos que o elegem como símbolo da música nacional é apenas o limiar da vastidão que orbita em torno de Caetano Veloso, como voz que marca também e, fundamentalmente, vieses sociais e políticos Brasil e mundo afora.

Que o digam a Tropicália e, frise-se, para além da estética musical que foi o movimento, com a “Alegria, Alegria” ao lado de Gil, Gal, Tom Zé e Os Mutantes, em um período “sem lenço e sem documento no sol de quase dezembro” dos anos de 1960, que aplainou concomitante junto aos tempos cruéis da Ditadura Militar, inclusive – quiçá principalmente – como o período mais obscuro para a arte como um todo. 

No exílio, em Londres, após ser preso, ao lado do também octogenário Gilberto Gil, Caetano seguiu em movimentos cruciais para projetar a catarse da cultura nacional.

Era início dos anos de 1970 e em tom melancólico e saudoso do Brasil que o havia expulsado, as sete faixas do álbum “Caetano Veloso” (Famous) – que em 2021 completou 50 anos - foi o contraponto para a asfixia que circundava artistas, intelectuais e jornalistas exilados, entre outras figuras “incômodas” à época.

Atemporal, luminoso, inquieto, popular (ou não), cronologicamente Caetano será celebrado neste domingo, às 20h30, em live ao vivo junto aos filhos Moreno, Tom e Zeca, e à irmã, Maria Bethânia - via aplicativo da Globoplay, aberto para não-assinantes e no canal fechado Multishow. 

Na literatura, pelo menos seis livros vão ser lançados para impulsionar a data, um deles “Caetano Veloso – Conversaciones com Carlos Galilea” ganhou lançamento em junho, na Espanha, cujo prólogo foi subscrito pelo ‘oitentão’ baiano. E sobre o mais recente trabalho “Meu Coco” (2021, Sony), tal qual fez nos idos anos iniciais de carreira, ele não silenciou e atento, como é de esperar de quilates da arte como ele, falou (cantou) sobre um dos verbetes em evidência nos tempos atuais: resistir.

“Apesar de você dizer que acabou, que o sonho não tem mais cor, eu grito e repito: Eu não. Vou” (“Não Vou Deixar”). Para os dias, meses e anos após 7 de agosto...

Caetano vai se prolongar resistente, oxalá, ao seu tempo de vida ‘pelas bandas de cá da terra’, embora, plácido (e desapegado), ele apoie-se em finitudes. “Somos o infinito aprisionado no finito. Sinto mais o impacto do mistério de existir, de ter consciência de que isso é finito, que eu vou acabar. Então o mundo todo vai acabar para mim, em mim, de mim” (Caetano Veloso, dezembro de 2021, Roda Viva/TV Cultura).

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A CARTA, A DEMOCRACIA E O MEIO AMBIENTE

 A carta, a democracia e o meio ambiente. Por Leandro Luiz Giatti, professor da Faculdade de Saúde Pública da USP, e Pedro Roberto Jacobi, professor do Instituto de Energia e Ambiente da USP

O momento histórico agudo de ameaças e de severos retrocessos motiva a dialogar entre as questões ambientais no Brasil de hoje e a notável iniciativa da Carta às brasileiras e aos brasileiros em defesa do Estado Democrático de Direito. Mais do que evidenciar quanto ao sentido dos temas ambientais diante do interesse comum e da democracia, cabe também parafrasear alguns conteúdos e sentidos do documento inspirador.

De início, vale reconhecer um aspecto inovador de participação social propiciado desde a promulgação da Lei Federal 6.938 de 1981, que institui a Política Nacional do Meio Ambiente. Criada em contexto de clamor por redemocratização, mas ainda dentro do período de governo militar, a norma antecipou o processo de participação social em políticas públicas na forma da criação do Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama), que posteriormente foi regulamentado e deu bases para análoga participação em conselhos estaduais e municipais de meio ambiente. Inequívoco notar que os temas ambientais são de interesse difuso, por isso, não devemos estranhar que sua regulamentação mais bem fundamentada demanda garantir a inclusão de distintos atores sociais, o diálogo e a diversidade de ideias, impulsionando o necessário processo de democratização.

O conjunto amplo em que podemos considerar uma agenda ambiental brasileira (normas, políticas, ações, ciência, conhecimento e engajamento de atores sociais) remete a um processo de décadas de luta legítima pelo interesse coletivo. De fato, isso se consagra em nossa Carta Magna onde consta que “todo o poder emana do povo” e que “todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado […], impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”.

Porém, desde 2019 assistimos a um contundente desmantelamento ambiental no âmbito do Governo Federal. Em oposição à tradição implementada, o início do novo governo foi marcado por diversas ações que contrapõem a democracia, como na redução das possibilidades de diálogo e de representatividade no Conama. Essa circunstância foi devidamente veiculada por ampla cobertura midiática, assim como outras situações estarrecedoras, como: progressivo aumento de desmatamento e de focos de incêndio em nossos biomas – como na Amazônia; redução de efetivos, de operações e de aplicação de multas por crimes ambientais; paralização do Fundo Amazônia que destinava bilhões de dólares à causa ambiental de nosso maior bioma tropical; e (acreditem!) diálogos e defesas a garimpeiros, grileiros de terra e madeireiros ilegais em detrimento de interações com instituições científicas e ambientalistas.

Nesse contexto, estamos passando por momento de imenso perigo para a normalidade de nossos ecossistemas, da salvaguarda da vida e da democracia. Em nível global, assistimos a evidente emergência climática, desprezando o fato de que os ecossistemas de nosso país são fator de proteção às consequências dos extremos climáticos. Sem ao menos vermos o fim da maior crise sanitária dos últimos 100 anos, e tendo a clara noção de que o vírus sars-cov-2 emergiu de ações antrópicas sobre ecossistemas e espécies naturais, vemos acelerar a destruição e o desequilíbrio de nossos preciosos biomas, que de tão diversos de vida também são diversos de potenciais agentes causadores de doenças aos humanos.

Vivenciamos elevação de tarifas de energia elétrica e passamos próximo da inexistência de água para milhões de habitantes em nossas cidades, ignorando que a floresta amazônica é a grande fonte dispersora de chuvas para a porção sul do continente. Vemos um processo de expansão predatória e de financeirização preocupante no setor agrícola exportador, que só é exitoso porque o País é uma potência hídrica, contudo, em conjuntura que praticamente despreza os serviços ecossistêmicos que proveem a produtividade. De fato, as crises sistêmicas associadas aos impactos ambientais afetam e afetarão a todos nós!

Além disso tudo, testemunhamos posturas orgulhosas e desvarios autoritários que desprezam o conhecimento científico. Negar a ciência e dar lugar ao obscurantismo significa denegar o conhecimento mais qualificado sobre a complexidade e pluralidade das questões socioambientais. Esse desserviço se presta a impor interesses escusos conduzidos pela truculência típica de nosso passado colonial e ditatorial, vangloriando um modelo de exportação de commodities agrícolas em um país que sequer está tendo êxito em alimentar sua própria população. Sim, o reducionismo da monocultura (de grãos ou de ideias) nos confunde quanto a propósitos elementares, como de utilizar nossos recursos naturais para preservar a vida e a saúde do povo brasileiro.

O Estado Democrático de Direito tão duramente conquistado pela sociedade brasileira também remete a revigorar nossa agenda ambiental, lutar pela preservação de nossos biomas, zelar pela qualidade e disponibilidade de nossos recursos hídricos, restabelecer nosso papel global exitoso no enfrentamento da crise climática, evitar o envenenamento de nossos ecossistemas, conservar a biodiversidade, demarcar, homologar e proteger as terras indígenas e fazer voltar ao pleno funcionamento as instituições de Estado imbuídas dessas questões. No Brasil (e no planeta) não há mais espaço para retrocessos autoritários de uma monocultura de conhecimento e de práticas que ignoram a ciência, a coletividade e a importância intrínseca dos problemas ambientais.

Temos que contrapor a ilegitimidade de governantes que atentam contra as causas ambientais. Torna-se preciso reverter a agenda de desmonte praticada pela atual gestão federal e criar as condições para um novo modelo de desenvolvimento sustentável, não apenas para a região amazônica, mas para todos os biomas do País. Isto se reflete nos inúmeros benefícios econômicos que podem advir da utilização e da valorização de produtos oriundos da vasta biodiversidade brasileira, promovendo e apoiando a produção local, a inclusão social e a agricultura em bases de pequena propriedade familiar, que tem sido um dos importantes meios de garantir alimentação saudável para muitas famílias no País.

Com isso, vamos também clamar às brasileiras e aos brasileiros a atentar que o meio ambiente deve estar no centro das questões democráticas de hoje e do futuro.

Por Leandro Luiz Giatti, professor da Faculdade de Saúde Pública da USP, e Pedro Roberto Jacobi, professor do Instituto de Energia e Ambiente da USP

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