CÂNDIDA LIMA É DESTAQUE NA CORRIDA LONGÃO 25 KM DO POVOADO DO CAPIM

Durante muito tempo, a mulher foi proibida de correr longas distâncias por causa de um velho conhecido: o machismo. Os homens acreditavam que o corpo feminino não tinha força e resistência para participar de uma competição de corrida. No Brasil, até 1975, por exemplo, as mulheres não tinham o direito de participar da São Silvestre, prova mais tradicional do País, realizada desde 1925.

Esse cenário começou a mudar em 1976, quando Eleonora Mendonça, a primeira mulher brasileira a correr uma maratona olímpica, nos Jogos de Los Angeles (1984), veio a São Paulo para correr a São Silvestre (que já aceitava a participação de corredoras) e notou que era a única prova de rua aberta a todos. Hoje, Eleonora é o principal símbolo das mulheres no esporte e foi pioneira na organização das primeiras corridas de rua para todos, oferecendo oportunidade de participação independentemente de filiação, tempo ou performance.

Na região do norte da Bahia e Vale do São Francisco, a corrida de rua tem transformado a vida de muita gente, e foi através dela que a engenheira agrônoma do município de Pilão Arcado, professora doutora Cândida Lima, enxergou as possibilidades de vencer os seus próprios limites. 

Foram dois meses intensos, muito treino, disciplina, vontade e acima de tudo, muito incentivo. "Dividir a rotina do trabalho, com os treinos de corrida, fortalecimento, uma boa alimentação e 10 finais de semana acordando às 4hs da manhã para fazer os longões, não foi nada fácil, mas, foi possível e leve, porque por trás de tudo isso, havia uma equipe", diz Cândida ressaltando que com o incentivo dos tios Manoel Dionísio, Francisca e Cláudio, do irmão Lúcio e da atleta profissional Simone Daiane, que o encorajamento veio para realizar os 25km da São Capim.

O evento foi a 7⁶ edição do Longão São Capim, uma corrida de 25km com largada na nova rotatória da Avenida Monsenhor Ângelo Sampaio e chegada no povoado do Capim. "Foi Muita garra, muito suor, muita dor e muita perseverança até o fim", revela Cândida.

O evento teve participação de atletas com experiência nacional e internacional, exemplo maratonas como Boston, Chicago, Chile, Argentina, Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre e tantas outras.

Segundo Cândida Lima, a orientação do professor Marciano Barros, treinador de corrida, foi fundamental e necessária para a realização dessa prova. "Foi através do profissionalismo do professor que eu pude enxergar que era possível ir além". O professor Marciano, que também é treinador da APA - Petrolina-PE. 

"Marciano tem um poder. Ele nos permite enxergar que somos capazes, ele é um treinador indizível!", avalia Cândida.

Para realizar o longão de 25km, foram cerca de 3 planilhas cada uma com uma média de 10 a 15 treinos, incluindo tiros, fartleke e longões. 

"Eu esperava fazer o percurso em 2hs30 minutos acima, mas foram 25km640metros em 2hs25min09seg, com direito a pódio, 2° lugar na categoria de 30-39. Mas, não era o pódio que eu buscava, era a superação, e ela veio, porque fazer 25km não é para qualquer um, é para quem treina, quem abdica de muita coisa e  se dedica, e os 25km da São Capim é para quem tem acima de tudo, coragem"!

Durante todo o percurso a atleta amadora contou com o apoio incondicional da atleta profissional, Simone Daiane que é atleta da APA - Petrolina, também treinada por Marciano Barros. O Longão da São Capim já concluiu sua 7a edição e tem perspectiva de tornar-se corrida oficial.

"Se Deus permitir para o ano estarei novamente completando os 25km da São Capim", finaliza Cândida Lima.

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FLÁVIO BAIÃO E DIJESUS SANFONEIRO FAZEM SHOW NAS FESTIVIDADES DOS 109 ANOS DE LUIZ GONZAGA EM EXU

O cantor compositor e sanfoneiro Flávio Baião é uma das atrações das festividades dos 109 anos do Rei do Baião, Luiz Gonzaga, que será realizada em Exu, entre os dias 10 a 13 de dezembro, no Parque Aza Branca.

Flávio Baião nasceu em Juazeiro, Bahia no ano de 1968, Flávio Marcelo Mendes da Silva, o Flávio Baião é a síntese de um seguidor do forró feito por Luiz Gonzaga, Trio Nordestino e Dominguinhos. Ele é fiel ao valorizar o nome artístico que ganhou: Flávio Baião. 

Inspirado no tradicional chapéu de couro e sua simplicidade de ribeirinho nascido nas margens do Rio São Francisco Flávio é baião já gravou cinco Cds e 1 DVD. 

No chiado da sanfona, na batida da zabumba e no zunido do triângulo, esse músico segue difundido os autênticos ritmos nordestinos. Coco, baião, xote xaxado e arrasta- pé são as palavras de ordem desse grande cantor. Da sua voz ecoa melodias que revelam o jeito de ser e de viver do seu povo, suas músicas são marcadas pelo calor festivo presente no sertanejo; sendo o sol o maior dos holofotes a iluminar esse artista que, de tão apaixonado pela sanfona, adotou por sobrenome Baião.

Flávio conta que desde criança foi embalado pelas canções de Luiz Gonzaga, no vai e vem das quadrilhas juninas. "Minha mãe, dona Belinha é a responsável por tudo que faço em nome da cultura". 

Em 2015, o sanfoneiro, cantor e compositor Flávio Baião recebeu da Câmara de Vereadores de Juazeiro, a Comenda Doutor Pedro Borges Viana. A Comenda é uma forma de agradecer e homenagear pessoas que prestam relevantes serviços a comunidade. Flávio Baião atualmente além de inúmeros shows beneficentes é responsável por uma Escola de Música, que atende crianças e adolescentes no aprendizado da sanfona e outros instrumentos. Flávio Baião no ano de 2013 gravou o seu primeiro DVD-Feiras do Nordeste. 

"É sempre uma emoção fazer a apresentação na festa de aniversário de Luiz Gonzaga. Vivas a Luiz Gonzaga sempre", finalizou Flávio Baião.

DIJESUS SANFONEIRO é atração já tradicional nas festividades de aniversáriod e Luiz Gonzaga. O caminho que liga Exu, Terra de Luiz Gonzaga ao Crato, lugar onde nasceu Padre Cícero é a via das escolhas, das encruzilhadas, da fé, misticismo, trabalho e dons. As paisagens agem e ardem em eco. 

Quais mãos trabalharam na confecção desse origami? Nesta planície sem fim de cores e sons nasceu, exatamente na divisa do Exu/Crato, na Serra do Araripe,  no dia 5 de junho de de 1942, Dijesus Evaristo de Oliveira.

A história conta que para conseguir o primeiro instrumento, uma sanfona teve que trabalhar muito no roçado. A idade entre 8 e 16 anos. A inspiração veio da tradição familiar (Mauro Sanfoneiro, toca zabumba, contrabaixo, bateria, guitarra), José Evaristo-cantor, percussionista e toca violão e está aprendendo tocar sanfona; Antonio, Everaldo e as irmãs,  todos apaixonados por sanfona, roda de coco e quase vidência mística dos benzedores que vivem escutando em cada galho de flor uma música se bulindo/movimentando.

O mundo musical e o respeito pelo ritmo sertanejo que não pode negar a raiz de Luiz Gonzaga e a rebeldia revolucionária de Barbara de Alencar,  o chamam Dijesus Sanfoneiro. Filho de Evaristo Antônio de Oliveira e Maria Clara de Jesus. São 79 anos de muito trabalho e respeito pelo som, ritmo, harmonia e melodia. Compositor, cantor e poeta Dijesus Sanfoneiro já gravou 6 CdS.

A grandeza humana de Dijesus para os amigos é recíproca a sua humildade. Simplicidade que garante a admiração de amigos e pesquisadores da música brasileira. Dijesus é um dos poucos que desfrutou dos bons dias, boa tarde e boas noites do rei do baião, Luiz Gonzaga.

Apertar a mão do Rei Luiz Lua Gonzaga foi um presente para Dijesus que começou tocando forró nos terreiros de chão de barro batido e também nas poeiras sertanejas, qual diz a canção, no sol e chuva, vida de viajante sanfoneiro tocador de forró e baião.

Dijesus todos os anos é presença certa nos festejos de nascimento de Luiz Gonzaga, no Parque Aza Branca, dia 13 dezembro e na festa da saudade, realizada no mês de agosto, data 2 de agosto dia da morte do Rei do Baião.

Dijesus está entre aqueles que traduzem o sentimento maior da sanfona, a capacidade de fazer amigos. Afinal, a sanfona Fascina pela sua sonoridade, pela diversidade de modelos e gêneros, mas seu encanto transcende o poder da música, porque desperta um afeto misterioso. Talvez pelo fato de ficar junto ao coração do sanfoneiro, ou, quem sabe, por ser um instrumento que é abraçado ao se tocar. Ou ainda, por ser um instrumento que respira. O fato é que a sanfona une as pessoas e é amada por todos os povos.

Na referência de Dijesus, imagina um sanfoneiro que possui no registo, o nome da mãe: Maria Clara de Jesus. O caminho do cidadão Dijesus  é iluminado qual o Sete Estrelo numa noite de lua cheia. O Sete-estrelo é um conjunto de sete estrelas que viajam no espaço numa mesma direção e numa mesma velocidade. Na bíblia consta: "procurai o que faz o Sete-estrelo e o Órion...é poderoso para fazer brotar das trevas o raiar do dia, e transformar o dia claro em noite escura; que chama as águas do mar e as espalha como deseja sobre a face da terra...Senhor é o seu nome".

Várias de suas músicas, sucessos foram gravados na voz de Flávio José, Joãozinho de Exu, Zezinho Barros, Jaiminho de Exu e Joquinha Gonzaga, neto de Januário e Sobrinho de Luiz Gonzaga.

Sonho e Saudade é uma das mais tocadas nos festejos juninos. Confira letra:

Sonhei com Gonzaga tocando

 sanfona sentado no trono do céu

Quando seu Januário e Santana chegavam

 Gonzaga parava e tirava o chapéu

 e  dizia meu Deus que beleza

 meu pai que surpresa, não vou suportar

Disse o velho:meu filho,você me ajudava

Mas hoje aqui é que eu vou lhe ajudar

Januário aquele véi macho

Pegou os 8 baixos mandou o forró

E são joão e são pedro,e são gabriel

Disseram: o céu tá ficando melhor

Severino que nunca foi mole

Arrastou o fole banhado de ouro

Foi aí que Santana e seu Januário

Os dois se abraçaram e caíram no choro

Gonzaguinha chegava animado

Num carro importado, bonito que só

Querendo levar a família pra casa

Pensando que estava no fim do forró

Foi o sonho melhor que já tive

Na vida sofrida que sempre levei

Mas quando pensei que era pura verdade

Meu deus que saudade, eu acordei.

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DESAFIO DA PANDEMIA É UMA CHANCE DE ASCENSÃO ESPIRITUAL

“O apóstolo Paulo diz em suas cartas aos Coríntios, 4:16, que “ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o interior, contudo, se renova dia a dia”.

Cada experiência nos deixa o valor que nos corresponde e tudo que nos acontece tem uma razão de ser”, fala Juselma Coelho, presidente da Sociedade Espírita Maria Nunes (Seman) e da Sociedade Espírita Joanna de Angelis (SejaBH) e do conselho de administração do Instituto Assistencial Espírita André Luiz (Heal).

De repente, a constatação da fragilidade física, em que a vida de todos se vê ameaçada por um vírus que prenuncia com a interrupção da jornada física, faz pensar, conforme Juselma Coelho, em questões como o que tenho feito da minha vida? Que possibilidade tenho de recuperar o tempo mal utilizado? Como tenho distribuído meu carinho e atenção aos que me cercam? Quais os valores que tenho e podem ser melhor utilizados?

“De repente, temos a certeza de que somos peças importantes na vida do universo e sentimos vibrar em nós a vontade de recuperar o tempo perdido. Gravitar para a unidade divina é o grande objetivo da humanidade. E para alcançá-lo, precisamos vivenciar a justiça, o amor e a ciência. E diante dos cataclismas físicos ou morais somos abalados pelo convite à vida, pela vontade de nos elevarmos, pela atenção e solidariedade de nossos semelhantes. Assim, nos tornamos mais suaves, mais ternos, tolerantes e amigos. Estaremos então nos primeiros degraus da ascensão espiritual.”

“A Terra está sofrendo uma crise e crescimento para se tornar um mundo maduro e, portanto, melhor. As desordens atuais, que tanto nos assustam, são os prenúncios de uma nova ordem que fará a Terra elevar-se na escala dos mundos”. Para ela, na verdade, a humanidade está aceleradamente distraída, e víamos a vigência do orgulho e do egoísmo em todos os níveis, do individual, do coletivo.

Estávamos assistindo ao desdobrar de males altamente virulentos que corroíam as sociedades. Manifestações cruéis de preconceitos, atitudes de agressividade e desrespeito inenarráveis, posturas de desamor, competições mesquinhas. Desprezo aos princípios de boa convivência, mentiras, tudo isso refletindo na macroestrutura social. 

“Com a chegada inesperada da pandemia nos assustando, paramos e refletimos. E forçadamente limitados pelas paredes do lar, nos voltamos agora uns para os outros. Nem castigo, nem aviso ou ameaça. Consequência natural da aplicação da lei de causa e efeito, da lei do progresso e outras leis afins.”

Para quem tem fé ou quem afirma não ter, Juselma Coelho enfatiza que a vida não teria sentido se não houvesse a conexão com um ser superior. “Qual a vantagem ou importância teria vivermos uma vida de 30, 60, 70, 90 ou mais anos,  lutar por conquistar recursos intelectuais, financeiros, sociais, para depois morrermos e acabar tudo?

Quem teria feito e com qual objetivo, as belezas naturais existentes no universo? E nessa reflexão vamos nos deparar com Jesus, divino jardineiro de nossas almas: 'Vinde a mim todos os que estais cansados, oprimidos e sobrecarregados, que eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para vossa alma. Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve. (Mateus, 11:28-30).'”

Pela lógica da razão, destaca Juselma Coelho, muitos chegam à conclusão de que quem fez tantas coisas belas, úteis, profundas, de inigualável valor, por que deixaria, por simples capricho, um vírus destruir tudo? “A fé de que falamos não é aquela que simplesmente me diz que vou ser salvo, mas aquela que me mostra que, se tudo tem uma razão de ser, se eu tiver que ser útil à vida, aos que dependem de mim, por ora serei poupada.”

Juselma Coelho alerta que a gigantesca tarefa que cabe a cada um neste momento é se reconduzir a Deus, cultivando a fé superior e racional, confiando que as autoridades e os governantes não estão sós, entregues a eles próprios. Eles são assistidos e conduzidos por luminosas forças superiores, que os levarão as soluções da interrupção da pandemia da COVID-19.

SUPERMERCADO DA FÉ: Para Padre Marcelo Carlos da Silva, do Santuário Arquidiocesano de Adoração Perpétua Nossa Senhora da Boa Viagem, a fé e a espiritualidade estão na base das respostas, modos de ver, sentir, pensar e agir de cada um diante dos desafios, angústias, medos e ansiedades que o mundo passa. “A espiritualidade é o combustível que nos faz mover dentro desta crise de saúde – que por consequência torna-se social, econômica, ecológica e até espiritual.

É a espiritualidade de cada um nesta hora e a sua forma de se relacionar com Deus, de crer nele, que podem ajudar ou atrapalhar os aspectos humanos da enfermidade pandêmica.”

Padre Marcelo alerta que muitos discursos e igrejas da contemporaneidade, antes da grande peste do COVID-19, apostavam numa vida religiosa e, portanto numa espiritualidade, centrada no discurso da prosperidade de bens e riquezas econômicas deste mundo: “Mundanizaram”, isto é, reduziram os seus valores às promessas essencialmente deste plano de vida. 

“E a vida eterna, pós-morte, a transcendência, que sustenta a maior parte das religiões e igrejas perdeu o sentido, preocupados demais em olhar para o sucesso material. A espiritualidade e a fé ganharam status de 'produtos engarrafados' (às vezes literalmente), uma espécie de 'supermercado da fé”, afirma.

Assim, neste tempo da via-dolorosa da humanidade exposta como Cristo ferido de morte na vida das pessoas, “aos que desenvolveram uma espiritualidade e uma crença religiosa (fé) na prosperidade, nos ganhos deste mundo, agora se veem em crise de sentido, pois a espiritualidade e a fé vistas como uma via de prosperidade não podem dar segurança pela via dos bens que cada um tem. Ao contrário, aqueles que têm uma espiritualidade e uma fé, sejam de que religião forem, transcendente, imaterial, centrada na graça de Deus e não na prosperidade, devem conseguir experimentar uma vida espiritual mais fundamentada no consolo, na fortaleza, na esperança e na paz.

Na certeza da presença de um Deus que se revela frágil para nos acompanhar em nossas fragilidades; ferido para mostrar-se solidário conosco”.

ILUSÃO E DESAPEGO: Mokugen Roshi, abade que dirige o Templo Zen das Alterosas, diz que os monges enxergam o isolamento como natural – afinal eles vivem contexto bem mais severo do que o que todos estão enfrentando com a pandemia agora – e explica que o momento obriga o olhar para dentro de si, quando surge no interior de nós o que é mais premente, o nosso estado de espírito, de maneira forte e com questões absolutas. O que não é ruim, porque é a oportunidade de trabalhar o que precisamos.

“Na visão budista, não devemos nos assustar, já que o que aflora dentro da consciência é o que cada um tem a evoluir, sabendo que tudo é ilusão, que não devemos nos apegar. A espiritualidade do budismo está na prática da meditação em que expressamos a nossa natureza original desapegando. É a meditação que nos ensina olhar para dentro, esvaziar a mente e nos emergir sabendo que tudo é impermanente, tudo muda.”

Conforme Mokugen Roshi, a prática do zazen (meditação profunda) é viver o aqui e agora, o que surge a cada instante num eterno presente e que se esvai a cada momento: “O estado zazen é a concentração do nosso espírito”, quando se dá a consciência visceral, o sentir e vivenciar.

“Concentrar em nós mesmos é um remédio que será digerido e transmutado com grande efeito. Tudo pode ser transcendido e superado porque todas as coisas são ilusórias. O budismo diz que o mundo fenomenal tem aparência de ilusão, tudo passa e muda constantemente. Assim, as ilusões devem ser transcendidas para encontrar o vazio. O saber abrir mão é o treinamento zen”. (Fonte: Correio Braziliense)

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EXU, TERRA DE LUIZ GONZAGA: PROJETO ASA BRANCA QUE ATENDE CRIANÇAS E ADOLESCENTES GANHA 19 NOVAS SANFONAS

Este ano Exu Pernambuco comemora os 109 anos de nascimento de Luiz Gonzaga, mestre da Sanfona, Rei do Baião. Luiz Gonzaga nasceu no dia 13 dezembro de 1912 e é o Pernambucano do Século XXI, um  dos mais talentosos artistas da música brasileira.

Entre os eventos que acontecem na cidade, um é encantador a Fundação Gonzagão-Projeto Asa Branca, em Exu recebe 19 sanfonas. O projeto garante as crianças e adolescentes aprendam a tocar Sanfona, zabumba e triângulo, a santíssima trindade do forró ungida por Luiz Gonzaga em suas andanças por este País.

A solenidade da entrega das sanfonas acontece no dia 10 de dezembro, às 10hs, no auditório do Colégio Municipal Barbara de Alencar, com a presença do Prefeito Raimundo Saraiva e da Secretaria de Cultura, Turismo e Desportos Isejda Araújo e convidados.

"Cada criança traz consigo esperança e sendo de Exu no balaio tem ainda mais uma grande inspiração da herança cultural do Rei do Baião. Por meio de Emenda Parlamentar do Deputado Federal Tadeu Alencar, garantimos 19 novas sanfonas para o Projeto Asa Branca, mantendo esta cultura a cada dia mais fortalecida, a exemplo de Gonzagão oportunizando novos talentos", afirmou Raimundo Saraiva.

O projeto Asa Branca ensina as crianças a tocar sanfona e é mantido pela Fundação Gonzagão, entidade criada em 2 de março de 2000 pelo então promotor de Justiça de Exu, Francisco Dirceu Barros, entre outros cidadãos.

“O doutor Francisco é um apaixonado pela cultura gonzagueana, e foi dele a ideia da Fundação. O objetivo é prestar atendimento a crianças e adolescentes, especialmente as carentes, utilizando a arte e a poesia de Luiz Gonzaga para sua promoção social”, explica a professora e vice diretora do Projeto Asa Branca, Aline Justino.

Do ano 2000 até agora, mais de 800 crianças passaram pelo projeto, que inicialmente, além de música, oferecia oficinas de artesanato, dança e poesia. Algumas delas se destacam atualmente tocando sanfona e se apresentando em grupos regionais.

A vice presidente do Projeto Asa Branca acrescenta que "é necessário doações e novos projetos, parceiros que possam também garantir a  possibilidade do Projetor ganhar novos instrumentos para facilitar o aprendizado das alunas e alunos". 

"O certo é que este ano de 2021 já estamos com olhar para 2022 já proporcionamos esperanças maiores para essas crianças e adolescentes com as novas sanfonas e a certeza da transformadora educação que está presente nesta nova geração exuense e oportunidades que terão de abrilhantar o seu futuro, disse Aline Justino".

No sopé da Fazenda Caiçara, serra do Araripe, no dia 13 de dezembro de 1912 nasceu o cantador e sanfoneiro Luiz Gonzaga.

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PROGRAMA DA RÁDIO BITURY "NA CABANA DO REI" REALIZA EDIÇÃO ESPECIAL PARA HOMENAGEAR 109 ANOS DE LUIZ GONZAGA

Programa da Rádio Bitury “Na Cabana do Rei” realiza edição especial em comemoração ao aniversário de Luiz Gonzaga, em Exu, no sertão do Araripe. Apaixonados pelo Rei do Baião, artistas locais e forrozeiros de todo nordeste se reúnem para participar do festival Viva Gonzagão.

O programa “Na Cabana do Rei”, transmitido há mais de 30 anos pela Rádio Bitury FM, de Belo Jardim, no Agreste, marca presença como atração no Festival Viva Gonzagão, realizado em Exu, terra natal de Luiz Gonzaga, para celebrar a passagem do aniversário do Rei do Baião. Se estivesse vivo, seu Lula, completaria 109 anos no próximo dia 13 de dezembro. O programa será transmitido no sábado, 11 de dezembro, das 10h às 12h, no Parque Aza Branca.

Com a apresentação do radialista Laetson Silva e a participação do radialista Josa Leite, o programa conta com apresentações musicais de forrozeiros de todo nordeste. Vários artistas como Mestre Genário, Chambinho do Acordeón, Flávio Leandro, Joquinha Gonzaga, Targino Gondim e a banda Fulô de Mandacaru, já participaram do programa “Na Cabana do Rei”.

“Ir a Exu todos os anos, no período do Viva Gonzagão, é a emoção de ver um filho nascer. É como recarregar as baterias para o novo ano, espiritualmente e culturalmente. Por mais um ano ‘A Cabana do Rei’ vai ser um sucesso de transmissão. Agradecemos a participação de todos os gonzagueanos e artistas envolvidos no projeto”, congratulou Laetson, que em 2018, recebeu o título de cidadão Exuense pelos serviços prestados na projeção da cultura ‘gonzagueana’ e da cidade, através do programa “Na Cabana do Rei”.

O programa “Na Cabana do Rei” já teve edições itinerantes e esse ano, retorna ao Parque Aza Branca – a fazenda Itamaragi, que pertenceu a Luiz Gonzaga. O lugar histórico conta com a casa que Luiz Gonzaga morou, o hotel que ele construiu, o museu do Gonzagão e o mausoléu, onde estão os restos mortais de Luiz Gonzaga, dona Helena – sua esposa, Januário e dona Santana, pais de Luiz Gonzaga.

A edição desse ano promete inovar. Além das transmissões via rádio, pelas emissoras Bitury FM e Acauã, da cidade de Exu, o encontro será transmitido pela internet, através do canal no YouTube: Na Cabana do Rei e pelo Facebook através da página oficial da Rádio Bitury e da página do Blog Jardim do Agreste e em dezenas de páginas parceiras. 

Esse ano os artistas Joquinha Gonzaga, Maria Lafayette, sobrinho e prima de Luiz Gonzaga, respectivamente, Targino Gondim, Santanna o Cantador, entre outros, se apresentarão no programa, cantando sucessos de Luiz Gonzaga. O forrozeiro Santanna, Chambinho do Acordeon e vários outros artistas gravaram vídeo para divulgar o programa Na Cabana do Rei.(Fonte: Blog Jardim do  Agreste-Genecy Mergulhão)

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POETA JOSÉ INÁCIO VIEIRA DE MELO LANÇA LIVRO GARATUJAS SELVAGENS NO VALE DO SÃO FRANCISCO

Garatujas Selvagens, novo livro do poeta José Inácio Vieira de Melo, terá a primeira noite de autógrafos  no dia 16 de dezembro, a partir das 19h, no bar e restaurante O Casarão, em pleno coração da Petrolina Antiga.

 No evento, o poeta e jornalista Carlos Laerte abre os trabalhos fazendo uma breve apresentação da obra e do autor. Na sequência, o público confere a musicalidade do cantor e compositor Roberto Possidio e um recital com poetas petrolinenses declamando versos do livro.

Já no dia seguinte, em Juazeiro, quem dará as boas-vindas será o poeta e editor João Gilberto Guimarães. O lançamento em solo baiano começa também às 19h, no bar Acabou Chorare (em frente a antiga quadra da Franvale), com apresentação musical da Banda Erva Doce e saudação dos poetas da terra que vão também recitar poemas de José Inácio. Durante as noites de autógrafos, o poeta visitante vai apresentar o recital “Rabiscos rupestres, a rota do ser”.

Depois de quatro anos da publicação de “Entre a estrada e a estrela” (2017) vem à tona o Garatujas Selvagens, que está composto de 97 poemas divididos em dez seções, espalhados em 172 páginas. Publicada pela Arribaçã Editora (Cajazeiras-PB, 2021), a obra tem uma ligação fundamental com a pintura e a fotografia.

Segundo o autor, “Garatujas Selvagens" é uma celebração da existência, faz uma peregrinação às origens ao mesmo tempo que pensa e funda essas origens na linguagem. "Garatujas Selvagens é um livro de um poeta que tem como maior trunfo a consciência de que ignora quase tudo por ser um quase nada diante da imensidão do Cosmo. É também um livro de chegadas e de partidas, de presenças e de encantamentos, de celebração do outro e de si próprio, enquanto individualidade", define o poeta.

A capa e dez ilustrações internas são do artista plástico Ramiro Bernabó, argentino radicado em Salvador. As fotografias internas são de Ricardo Prado, fotógrafo que registra José Inácio e sua obra desde 2005. 

O livro conta com apresentações das escritoras Ana Miranda e Denise Emmer e da poeta mexicana María Vázquez Valdez, que afirma: “La palabra poética de José Inácio Vieira de Melo tiene la potencia de los elementos naturales. En su voz, la poesía es una crisálida que en el viento se va volviendo mariposa: quienes hemos tenido la fortuna de escucharle, lo sabemos bien. Y esta cualidad se conserva en la palabra escrita, en la poesía contenida em sus libros, que es tallada com la vida misma del poeta.”

O AUTOR: José Inácio Vieira de Melo, alagoano radicado na Bahia, é poeta, jornalista e produtor cultural. Publicou nove livros de poemas, dentre eles "Pedra Só" (2012), "Sete" (2015) e “Entre a estrada e a estrela” (2017). Publicou também as antologias “50 poemas escolhidos pelo autor” (2011) e “O galope de Ulisses” (2014). Participa de várias antologias no Brasil e no exterior.

Coordenador e curador de vários eventos literários, como a Praça de Poesia e Cordel, na 9ª, 10ª e 11ª Bienal do Livro da Bahia (2009, 2011, 2013), em Salvador, o Cabaré Literário, na I Feira Literária Ler Amado, em Ilhéus (2012) e a Flipelô – Festa Literária Internacional do Pelourinho (2017 a 2021), em Salvador, assim como os projetos Poesia na Boca da Noite (2004 a 2007), em Salvador, Travessia das Palavras (2009 e 2010), em Jequié, e Uma Prosa Sobre Versos (2007 a 2017), na cidade de Maracás, no Vale do Jiquiriçá. Dentre os prêmios conquistados, destacam-se o Prêmios O Capital 2005, com o livro “A terceira romaria”, e o Prêmios QUEM 2015, da Revista Quem, da editora Globo, na categoria Literatura – Melhor Autor, com o livro “Sete”. (Folha Pernambuco)

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PROGRAMA DE ARMAZENAMENTO DE ÁGUA NO NORDESTE SOFRE CORTES DO GOVERNO FEDERAL E ATINGE O SEU PIOR RESULTADO

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O governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) desmontou quase na totalidade o programa de distribuição de cisternas para combater os efeitos da seca iniciado em 2003, no governo Lula (PT), e premiado pela ONU em 2017.

 No atual momento, o pouco que sobrou do programa é usado como moeda de troca política no esquema de orçamento secreto montado pelo atual governo. A informação é do jornal Folha de S. Paulo.

O agricultor Joel Santos, de 26 anos, é nascido e criado na comunidade quilombola de Cajá dos Negros, em Batalha, uma das cidades mais castigadas pela desertificação em Alagoas.

Nas últimas décadas, ele viu seus vizinhos serem contemplados por construção de cisternas, através de um programa federal criado em 2003, que já entregou 1,3 milhão de cisternas, uma das maiores necessidades do povo sertanejo por facilitar o armazenamento da água e o enfrentamento dos períodos de seca, no semiárido brasileiro. 

Mas, há quatro anos, Santos diz que as obras cessaram na sua vila, e, por isso, ele precisa sair de casa diariamente com dois baldes atrás de água emprestada dos vizinhos. Em 2021, o governo federal estima entregar 3 mil cisternas, o menor número da história, superando o recorde negativo que já havia sido marcado em 2020.

— E agora está ainda mais difícil, porque as barragens (represas) estão secando. Esse ano está ruim de chuva. A gente só planta no inverno, que é quando chove aqui, mas esse ano choveu muito pouco — explica Joel Santos, que vive da plantação de verduras e cita que só as 10 casas mais recentes da comunidade, que tem cerca de 600 habitantes, ficaram sem as cisternas.

— A última vez que vieram aqui tem quatro anos. Estamos todo esse tempo esperando. A cada dois, três meses vem um carro pipa, que ajuda, e já furaram uns quatro poços, mas só deu água salgada por enquanto.

Em 2003, o Programa Cisternas foi lançado, com 6.603 obras no seu primeiro ano, num patamar que rapidamente se elevou, para 36 mil cisternas construídas em 2004, 71 mil em 2006, até chegar a 149 mil em 2014, o recorde na série.

Desde então, porém, os números vêm caindo, e, no ano passado, pela primeira vez após 2003, a quantidade não ultrapassou os 10 mil. Mas, em 2021, o número sofreu redução ainda mais drástica.

Segundo o Ministério da Cidadania, de janeiro a outubro de 2021, foram entregues 2,7 mil reservatórios, e a expectativa é concluir três mil unidades até o fim do ano, o que significa 64% a menos que os 8.310 de 2021, e 98% a menos que 2014.

Isso se explica pela redução orçamentária que o programa, que faz parte da "subfunção 306: Alimentação e Nutrição" do ministério, vem sofrendo. Até aqui, no ano, só houve R$ 728.739 em pagamentos para esse setor, valor 97% menor que os R$ 30 milhões pagos ano passado, que já havia sido o pior resultado da série histórica, e 99,9% menor que em 2011, quando houve o recorde de R$642 milhões pagos.

— É a desconstrução quase que completa dos investimentos e das estruturas de gestão de política pública para o setor — resume Alexandre Pires, coordenador executivo da Articulação do Semi Árido (ASA), entidade que representa mais de 3.000 associações e movimentos rurais do semi árido e pioneira na luta pelas cisternas.

— O direito à água está dentro da agenda da segurança alimentar e as obras das cisternas reduziram a mortalidade infantil e permitiram dignidade à população, mas, lamentavelmente, o governo Bolsonaro enxerga que o programa é uma política do PT.

Na verdade, é uma política do estado brasileiro, foi uma proposta da sociedade civil que o governo da época acatou. Quando Bolsonaro tenta acabar com o programa para atacar o PT, ele está impedindo que 350 mil famílias, que ainda aguardam por uma cisterna, tenham acesso a essa tecnologia.

Em 2009, o Programa Cisternas recebeu o Prêmio Sementes, da ONU, e, em 2017, o "Future Policy Award" (Política para o Futuro), da World Future Council, em cooperação com a Convenção das Nações Unidas para o Combate à Desertificação. 

As obras são divididas entre cisternas para consumo das famílias, que têm em média capacidade para 16 mil litros, e as unidades para produção agrícola, maiores, de 52 mil litros. Desde 2003, foram erguidas 1.092 milhão da cisterna menor e 202 mil do segundo tipo.

Segundo a ASA, a demanda atual no semiárido é de 343 mil cisternas para consumo humano, o que significa necessidade de investimentos de aproximadamente R$1,2 bilhão; e de 797 mil cisternas para produção, o que custaria cerca de R$12,35 bi.

O Ministério da Cidadania alega que a pandemia e a consequente crise econômica exigiram readequação do orçamento público. Mas os dados mostram que antes mesmo do advindo da Covid-19 os empenhos para as ações no semiárido já haviam sido reduzidos.

O orçamento de 2020, que foi elaborado no fim de 2019, previa gastos de R$71,8 milhões para o Programa de Cisternas, número 92,2% menor que 2012, e 58% menor que em 2018, último ano do governo Temer, que já havia realizado cortes.

Já os pagamentos do ano passado somaram apenas R$22,5 milhões, o menor da série histórica, ou seja, menos de um terço do orçamento previsto foi utilizado.

Pires explica que as entidades tentaram, desde o início do atual governo, o diálogo para melhoria do orçamento. Mas ele lembra que no dia de sua posse, Jair Bolsonaro baixou decreto extinguindo centenas de conselhos, dentre eles, o Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), órgão com integrantes da sociedade civil que participava da elaboração e proposição de políticas de segurança alimentar, o que ajudava na definição do orçamento para esses tipos de programa.

— Os espaços de contestação de interlocução foram extintos. A ASA tentou dialogar com o governo nos primeiros anos, solicitou audiências com ministros, secretários, mas não tivemos retorno. Então nossa compreensão é de que o Programa de Cisternas foi destruído pelo governo por falta de interesse. Chegamos a ouvir um integrante do governo dizer para que nós fôssemos atrás de emendas com a bancada parlamentar do Nordeste, o que demonstrava que o governo não ia priorizar o programa — afirma Pires, que disse que a ASA não buscou emendas parlamentares por acreditar que o programa é uma obrigação do orçamento público.

Uma das agricultoras que pode dizer que viu a vida melhorar após a obra das duas cisternas na sua casa, uma para consumo, em 2005, e outra para plantação, em 2018, é Analice Andrade, de 40 anos, moradora do sítio Campo Formoso, em Esperança (PB).

— Quando casei a gente não tinha cisterna, e água de beber se pegava em sítios próximos, ou no tanque de pedra (espécie de cisterna comunitária). O dia a dia era muito difícil, mas fui contemplada e há três anos recebemos a cisterna para plantação, o que melhorou a qualidade da nossa alimentação e também minha renda.

Quando chove, dá para guardar água para o ano todo — explica Andrade, que diz que, nesse ano, precisou reduzir as plantações, por causa da falta de chuvas.

— Aqui ainda tem muita gente sem cisterna. Para a gente do semi árido essa é a maior dificuldade. Tem gente que pega de vizinhos ou andam três, quatro quilômetros até os açude e barragens. Mas o mais perto daqui está bem seco.

A seca dos últimos anos no semi árido vêm preocupando especialistas e autoridades. No último dia 19, por exemplo, a Câmara da Agricultura Familiar do Nordeste, que reúne secretários e secretárias estaduais, realizou uma reunião para tratar de medidas emergenciais.


Em uma carta direcionada ao governo federal, a entidade expressou sua "preocupação com o quadro de estiagem que assola grande parte da região, especialmente em razão das perdas econômicas e sociais já observadas", e que registra "com perplexidade a ausência de iniciativas e a indiferença do Governo Federal em relação à ocorrência da atual estiagem e seus efeitos danosos".

A Câmara destacou que, segundo o Monitor de Secas da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico, há mais de 600 municípios em situação de calamidade, seca extrema ou moderada, com perda de safra acima de 50% e com demanda generalizada por abastecimento de água na região.

Em setembro, a situação se agravou no Piauí, Rio Grande do Norte, Pernambuco e Bahia. E "a situação ganha contornos mais graves em função de um expressivo desinvestimento nas principais ações do governo federal", escreveram, na carta, além de lembrarem que os períodos de seca devem se prolongar, nos próximos anos, segundo projeção do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima.

Entre os pleitos emergenciais dos governos estaduais, foram listados:  ampliação de recursos para perfuração de poços; criação de linha de crédito emergencial; aumento da oferta de milho; ampliação da Operação Pipa, que atualmente leva água, através do Exército, para 573 municípios, antecipação do pagamento da Garantia; e retomada dos programas de acesso à água, como o Programa Cisternas, e o Água Doce.


Gerente da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), Meiry Sakamoto explica que, neste ano, a ocorrência da La Niña faça com que agricultores tenham expectativa de um próximo período chuvoso, no início do ano que vem, menos seco. O grande problema, diz, é que os reservatórios do semi árido até hoje não se recuperaram da intensa seca vivida entre 2012 e 2016.

Segundo o Portal Hidrológico do Ceará, 71 dos 155 açudes e represas do estado estão com volume inferior a 30%, como por exemplo  Castanhão, o maior do estado, e que está com menos de 10% de sua capacidade de água. No total, o Ceará vive hoje com a capacidade de 22,5% de seus reservatórios.

— Entre 2017 e 2020, o volume de chuvas não foi tão ruim, mas não houve recuperação dos grandes reservatórios. E em 2021 as chuvas ficaram um pouco abaixo da média — afirma Sakamoto, que confirma a tendência de piora no futuro, com as mudanças climáticas, por causa da vulnerabilidade do semi árido. — Temos indicativo de aumento de temperatura, então a região semi árida tende a ficar mais árida. É uma região com muita perda de água por evaporação. Se ficar mais quente, isso vai se agravar.

Procurado, o Ministério da Cidadania disse que a construção civil foi impactada pela retração econômica consequente da pandemia, o que gerou escssez de material e aumento dos preços para obras como as de cisternas. Por isso, o Programa Cisternas  "está atualizando o custo unitário de referência de suas tecnologias sociais e buscando recursos externos para financiar a contratação de mais reservatórios", disse a pasta, que também respondeu não ter recebido qualquer solicitação direta da Câmara Regional de Agricultura Familiar. (O Globo-Lucas Altino) e Folha de S.Paulo

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