AREIA (PARAÍBA): HISTORIADORA LUCIANA BALBINO É DESTAQUE ENTRE AS 100 MULHERES EMPREENDEDORAS

Luciana Balbino é historiadora e consultora de turismo de base comunitária. Seu trabalho como educadora de adultos e jovens do campo vem mudando a realidade de comunidades de seu estado, a Paraíba. Um dos projetos foi a criação do Restaurante Rural Vó Maria, em Areia, que serve pratos de produtos cultivados na própria comunidade e que impacta cerca de 200 famílias. Na linha do turismo criativo também foram criados roteiros, trilhas e atrações, como piqueniques na mata e sessões de relaxamento.

O nome de Luciana é destaque entre as mulheres que têm ocupado espaços importantes na sociedade. No último dia (15), Dia Internacional da Mulher Rural, instituído pela ONU (Organização das Nações Unidas) em 1995 com o intuito de elevar a consciência mundial sobre a importância dessa figura feminina como protagonista nas mudanças econômicas, sociais, ambientais e políticas, a Forbes divulgou a sua primeira lista “100 Mulheres Poderosas do Agro”, com nomes que estão transformando diferentes segmentos do setor.

Na lista, a Forbes procurou selecionar representantes do movimento de mudança no campo. Por meio delas, o objetivo é homenagear as demais mulheres que atuam no agronegócio – mesmo que o trabalho seja realizado a partir das cidades.

Para chegar aos 100 nomes, a Forbes pesquisou, perguntou, buscou orientação de lideranças e também resgatou informações de reportagens especiais. 

São mulheres que se destacam em diferentes setores do agronegócio: elas estão presentes na produção de alimentos de origem vegetal e animal, na academia, na pesquisa, nas empresas, em foodtechs, em consultorias, em instituições financeiras, na política, nas entidades e nos grupos de classe e, mais do que nunca, nas redes sociais.

HISTÓRIA: O êxodo rural é um processo intensificado na região do Nordeste, sobretudo, devido à estrutura latifundiária, do sistema de crédito agrícola, comercialização insuficiente, deficiente sistema educacional e da ineficiência das políticas públicas existente nesta localidade. Visando uma melhora social, econômica e ambiental na comunidade rural Chã de Jardim, no município de Areia/PB, a historiadora Luciana Balbino, juntamente, com a ADESCO (Associação para o Desenvolvimento Sustentável da Comunidade da Chã de Jardim) no qual a preside, cria o Restaurante Rural Vó Maria, mesmo sem terem as devidas condições financeiras na época, a fim de evitar os processos migratórios dos moradoresda comunidade em questão. 

O empreendimento foi inaugurado em 25 maio de 2013. Inicialmente existiam cerca de 80 lugares, passando para 200 vagas, mais anexo com 70 lugares. Sendo fonte de renda direta para 62 pessoas e indiretamente para 200.

Além de receber inúmeras premiações como Melhores Turismos da Paraíba, BRAZTOA de sustentabilidade, Selo Referência & Qualidade Empresarial da Agência Nacional de Cultura, Empreendedorismo e Comunicação (ANCEC) prêmio referência nacional de gastronomia. Contudo, o Restaurante Vó Maria aquece de forma considerável a economia local, gerando emprego e renda para dezenas de habitantes da região. Colocando o município de Areia na roda gastronômica nacional, levando em conta as inúmeras premiações que o empreendimento conquistou ao logo de 6 anos de funcionamento.

Tudo começou quando um grupo de jovens decidiu reabrir a fábrica de polpas de frutas produzidas sem agrotóxicos, que estava fechada há 10 anos, e hoje, é sucesso de vendas. As frutas são fornecidas pelos agricultores locais que ganharam uma nova fonte de renda.

Vendo o quão bom era para a comunidade essa nova fonte de renda, surgiu à ideia de associar a fábrica de polpa de frutas, o artesanato local feito com a palha da bananeira, oficinas de artesanato, as trilhas ecológicas realizadas no Parque Estadual Mata do Pau Ferro, o piquenique na mata e o Restaurante Rural Vó Maria.

O Restaurante recebe este nome em homenagem a comida caseira da vó e em especial a vó da idealizadora, Luciana Balbino, que tem o nome Maria. 

Luciana, que também comanda o restaurante Vó Maria, conta que tudo começou com sua vontade de transformar a realidade de Chã de Jardim e continuar morando na comunidade. “Chegou o momento em que os jovens da comunidade tinham que decidir se iriam para São Paulo ou Rio de Janeiro ou se continuavam vivendo em Chã do Jardim. Foi aí que percebi que poderia contribuir com uma mudança positiva e que poderíamos utilizar o turismo como ferramenta de desenvolvimento”, declara a líder comunitária.

A empresária e historiadora ressaltou que tudo começou com a união dos membros da comunidade. “Fizemos tudo com coragem e determinação. Fomos aproveitando todas as possibilidades e talentos da região para criar um trabalho voltado para fomentar o turismo”, comenta.

A comunidade criou uma associação e decidiu investir na cultura, história, culinária e beleza de Chã do Jardim para gerar renda para a região. “Nosso objetivo era desenvolver a comunidade e fazer com quem nos visitasse deixasse dinheiro. Vimos a oportunidade de mostrar como somos capazes de transformar nossa realidade e fizemos isso através do turismo. Unimos forças e talentos com artesãos, cozinheiros e todos os jovens para que cada um desenvolvesse em conjunto suas atividades”, declarou Luciana.

A primeira ideia que Luciana e a comunidade tiveram foi criar um roteiro de trilhas nos cenários serranos e brejeiro de Chã de Jardim. A partir dessas trilhas, novas ideias surgiram e daí foi elaborado o piquenique no meio da mata, sessões de relaxamentos, oficinas de artesanato e vendas de bolos, beijus e frutas típicas da região paraibana.

Na comunidade diversos jovens trabalham ainda em uma fábrica de polpa de frutas. Algumas artesãs usam a folha de bananeira para fazer bolsas e carteiras.

Atualmente a empreendedora conta sua história em cursos e eventos e inspira muitas pessoas a empreenderem e seguir seus objetivos com garra e planejamento.

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PESQUISADORES CONTRIBUEM COM LEVANTAMENTO SOBRE FAUNA E FLORA EM RESERVA ECOLÓGICA DA CAATINGA

Conhecida como a “Capital Mundial da Carne de Sol”, a cidade de Picuí, localizada a cerca de 230km de João Pessoa, capital paraibana, apresenta em seu território uma grande diversidade de fauna e flora que ainda é pouco conhecida, mesmo representada no bioma da Caatinga. 

Apesar da riqueza natural da região, ainda há poucos registros sobre as espécies nativas, tanto vegetais quanto animais. Entretanto, já existem lugares que buscam preservar toda essa diversidade, como é o caso da Reserva Ecológica “Olho D’água das Onças”, localizada na Zona Rural do município.

Para contribuir com o levantamento de dados sobre a Caatinga presente nesta Reserva Ecológica, desde julho de 2021 um grupo de pesquisadores coordenados por Maria Queiroz, mestra em Ciências Agrárias pela UEPB, está desenvolvendo pesquisas afim de contribuir de forma efetiva para um plano de manejo dessa unidade de conservação. 

Segundo ela, a reserva é uma Organização Não Governamental identificada como uma Unidade de Conservação que tem como principal missão proteger e conservar a Caatinga e sua biodiversidade, e foi escolhida por conta do interesse em desenvolver pesquisas em áreas onde predominam a vegetação. A reserva está localizada a 11 km de Picuí e possui uma área de mais de 20 hectares destinada à preservação e conservação ambiental.

“Em julho deste ano comecei a acompanhar algumas expedições científicas como a do Programa de Apoio aos Núcleos de Excelência (PRONEX), Programa de Apoio aos Núcleo de Excelência financiado pela Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado da Paraíba (FAPESQ), na qual vieram pesquisadores de algumas universidades realizar um levantamento da herpetofauna existente”, explicou a pesquisadora.

Como resultados da pesquisa, até o momento já foram identificadas mais de 30 espécies vegetais, dentre as quais estão algumas árvores matrizes, nativas e exóticas. De acordo com a coordenadora da iniciativa, espera-se que ao final da pesquisa possam ser obtidos dados suficientes para realizar uma caracterização da área, com dados sobre a fauna, a flora e o solo.

Apontado por pesquisadores como um bioma rico em biodiversidade, exclusivo do território brasileiro em que maior parte está localizado no nordeste, a Caatinga encontra-se ameaçada pelas mudanças climáticas e o manejo inadequado do solo, que potencializam o processo de desertificação.

A iniciativa conta também com a parceria e colaboração de diversos pesquisadores da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), a exemplo do professor do Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Conservação, Ethan Barbosa, que junto a uma equipe multidisciplinar ajudou a identificar a área e a traçar um plano de manejo para o local. Para o professor, projetos como a Reserva Ecológica “Olho D’Água das Onças” e pesquisas como a que está sendo desenvolvida atualmente na unidade, são fundamentais para o conhecimento e preservação do bioma Caatinga.

“Ações como essas são muito bem vindas, pois enriquecem não só a região, mas valoram a nossa Caatinga, nos seus aspectos mais ricos e heterogêneos, indo desde o endemismo de plantas e animais, únicos nessa região, como também a bioprospecção de serviços e de produtos nas áreas de fármacos, de cosméticos, alimentícias e dos serviços ecossistemas que áreas desse tipo fornecem para o microclima regional, a conservação dos solos, bem como para a valorização cultural da região”, destacou.

Para preservar o bioma é preciso conhecer suas principais características e peculiaridades, afim de desenvolver ações que efetivamente conservem esse ecossistema e sua diversidade. Alinhada com a agenda 2030 e os 17 objetivos do desenvolvimento sustentável, a UEPB tem atuado buscando apoiar e incentivar iniciativas como essas através de parcerias, que unem desenvolvimento científico e preservação ambiental. (Fonte: UEPB)

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DIA DA ALIMENTAÇÃO ALERTA PARA RELAÇÃO ENTRE FOME E MUDANÇA CLIMÁTICA

Neste sábado (16) é comemorado o Dia Mundial da Alimentação. Organismos internacionais, governos e entidades da sociedade civil realizam atividades com o objetivo de chamar a atenção para o desafio de combater a fome e a insegurança alimentar no mundo e em cada país, como o Brasil.

Neste ano, a mobilização teve como tema Melhor Produção, Melhor Nutrição, Melhor Meio Ambiente e Melhor Qualidade de Vida. Esta edição da iniciativa levanta a questão da relação entre as mudanças climática e a produção de alimentos no mundo.

A Organização das Nações Unidas, por meio de seu braço para agricultura e alimentação (FAO), divulgou mensagens lembrando que ainda há mais de dois bilhões de pessoas no mundo que não conseguem ter acesso a uma alimentação saudável.

O Dia Mundial da Alimentação serve para conscientizar as pessoas sobre a importância de garantir que todos tenham acesso a alimentos suficientes, seguros, diversificados e nutritivos.

As mudanças climáticas se manifestam de diversas formas, pelo aumento da temperatura da Terra, escassez de água e eventos extremos como enchentes e tempestades de areia, como recentemente registradas em São Paulo e Mato Grosso do Sul.

Artigo publicado nesta semana na revista Nature por pesquisadores da Alemanha, Estados Unidos e Suíça apontou que as mudanças climáticas induzidas por seres humanos já impactaram 80% da área e 85% da população da Terra.  

Em setembro, a entidade de pesquisa britânica Chatham House divulgou relatório alertando que as mudanças climáticas podem ser irreversíveis entre 2040 e 2050 se não houver redução das emissões de carbono.

O tema será um dos assuntos centrais da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2021 (COP26), que ocorrerá entre 31 de outubro e 12 de novembro na cidade de Glasgow, na Escócia.

Segundo o Programa Mundial de Alimentos das Nações Unidas (WFP, na sigla em inglês), a crise climática ocasionará um aumento exponencial da fome se não houver ações para proteger as comunidades dos choques climáticos.

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FILME FREI DAMIÃO-O SANTO DO NORDESTE SERÁ EXIBIDO EM PETROLINA

Elo Company divulgou, nesta sexta-feira (15), o cartaz e trailers oficiais do filme Frei Damião – O Santo do Nordeste – https://www.youtube.com/watch?v=XI0guRwalWA.

 O aguardado filme, com première como Hors concours no Cine PE, em 2019, teve também a data de estreia nos cinemas confirmada para 4 de novembro de 2021 – um dia antes do aniversário de Frei Damião. O longa foi produzido pela Fábrica Estúdios, com roteiro de Nadezhda Bezerra e direção da cineasta pernambucana Deby Brennand.

O trailer do filme traz imagens de VHS da época de vida de Frei Damião, trechos em depoimentos de personagens que têm história de vida ligada com o capuchinho, personalidades e religiosos, além de um momento da parte do filme que reencena a realidade.  Entre o elenco do longa, está o ator Andrade Junior (in memoriam), brasiliense que interpretou o Frei Damião já idoso, e, infelizmente veio a falecer em maio de 2019. Outro destaque é a atriz pernambucana Nínive Caldas, que vive uma mulher grávida, precisando de ajuda para o parto, quando é surpreendida pela ajuda e presença de Frei Damião.

A arte do cartaz do longa Frei Damião – O Santo do Nordeste, intitulado Hors Concours, foi realizada pelo designer e artista plástico pernambucano Adriano Marcusso. Com referências ao sagrado, a gravação em linóleo buscou representar o imaginário folclórico em torno do frei capuchinho. Um detalhe curioso da obra é que o Frei Damião parece levitar. O fato de ele “andar sem pisar no chão” era um dos dons relatados por diversas pessoas que conviveram com o missionário. Trabalhada em madeira, a obra tem como elemento principal o próprio frei, mas traz também elementos como o sol, o chão seco do sertão, a chuva e as vilas.

As expectativas para a nova fase do filme são excelentes. “Estou muito contente, nosso filme vai finalmente chegar aos cinemas! E estamos chegando numa data super emblemática, que é a semana de aniversário do Frei Damião”, comentou Gerardo Lopes, produtor do filme.  O documentário teve patrocínio do Café Santa Clara, da Petrovia, da CHESF, do BNB, da Kicaldo, da Atiaia Energia e da Loja do Condomínio. 

A Elo Company assina a distribuição, que será em capitais e cidades do interior do Nordeste: Recife (PE), Caruaru (PE), Petrolina (PE), Salvador (BA), Fortaleza (CE), Juazeiro do Norte (CE), João Pessoa (PB), Campina Grande (PB), Guarabira (PB) Natal (RN), Mossoró (RN), Arapiraca (AL) e Maceió (AL). A expectativa é que, em 2022, o filme chegue nas salas de cinema também do Rio de Janeiro e São Paulo.

O objetivo do longa, através das imagens inéditas, entrevistas, depoimentos, testemunhos de milagres e reinterpretação de acontecimentos, é mostrar um ser humano que está acima da religião. Frei Damião ia além. O documentário não foca apenas nos seus adoradores, mas se preocupa em mostrar o legado do capuchinho também para aqueles que não o conhecem e desejam entender o significado dele para uma legião de fiéis.

Festivais: Além de ter sido exibido como Hors Concours no Cine PE, o filme Frei Damião – O Santo do Nordeste vem colecionando prêmios, menções e indicações. Foi super premiado no 14º Comunicurtas, festival de cinema promovido pela Universidade Estadual da Paraíba, em Campina Grande. O documentário levou os prêmios de Melhor Fotografia (Breno Cesar), Melhor Som (Pablo Lopes, Paulo Umbelino, Pedrinho Moreira e Moabe Filho) e Melhor Roteiro (Nadezhda Bezerra), dentro da Mostra de Longas-Metragens. 

O documentário foi ainda selecionado para a mostra competitiva do 14ª Fest Aruanda do Audiovisual Brasileiro, também da Paraíba. O longa também foi finalista na categoria melhor filme no festival Mirabile Dictu 2020 (Roma), um dos mais prestigiados festivais de cinema católico do mundo.

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AFONSO CONSELHEIRO SERÁ HOMENAGEADO NA 34º ROMARIA DE CANUDOS

 

A histórica Romaria de Canudos representa uma das mais importantes expressões religiosas populares, caracterizada pela força de resistência social, que a cada ano busca unir as experiências de fé e vida, à luz da espiritualidade do beato dos sertões, Antonio Conselheiro.

Com o tema: O grito do Belo Monte em Defesa da Vida, e o lema: “Eis que vou fazer uma obra nova, a qual já surge: não a vedes?” (Is 43,19), devido às restrições ainda impostas pela Pandemia, a 34ª Romaria de Canudos ocorrerá de forma remota, entre os dias 22, 23 e 24 de outubro deste ano de 2021.

A realização da Romaria de Canudos é fruto de um longo e significativo caminho de discursões entre as inúmeras instituições que compõem a Comissão da Romaria, juntamente com o IPMC (Instituto Popular Memorial de Canudos) e a Paróquia Santo Antônio de Canudos. A realização desta 34ª Romaria deseja refletir as realidades opressoras que geram a morte do povo, valorizando a força popular, representada no “grito do Belo Monte”, sinal de resistência, em defesa da vida dos nossos povos e da ecologia integral.    

A programação da 34ª Romaria de Canudos poderá ser acompanhada nas plataformas digitais da Paróquia de Santo Antônio de Canudos (https://www.facebook.com/pascomcanudos/) e do Instituto Popular Memorial de Canudos – IPMC (https://youtube.com/channel/UCUaFefxMHTs1Igp2DkGy79A).

A Comissão realizadora estende o convite a tantos que desejam conhecer e viver a experiência de ser romeiro e romeira do Belo Monte, sob os passos do Conselheiro, com a bandeira da fé e da luta.

Informações para contatos:

Padre Jeferson/ Paróquia de Canudos: (75) 99988-1996

Vanderlei Leite/ IPMC: (75) 99950-9604

Confira a programação:

SEXTA-FEIRA :

19h – Abertura da 34ª Romaria de Canudos

Boas vindas da Paróquia e IPMC

Homenagem à AFONSO CONSELHEIRO- Memória do Tríduo

19:30 – Ato Inter-religioso, um momento de celebração da diversidade religiosa.

SÁBADO :

09h- Exibição de produções audiovisuais sobre Canudos, uma iniciativa de alunos/as das Escolas Públicas de Canudos.

14h – Videoconferência: “Gritos das Juventudes, desafios e esperançar em defesa da vida”. Organização: CPT, CPP, Cáritas e IPMC.

19h – Mesa Redonda: reflexões sobre o tema e lema da Romaria.

Mediação: Floriza Sena – IPMC /Opará UNEB.

Participantes: Marcio L. d’Oliveira –  Faculdade Católica de Feira de Santana; Cebi (Centro Ecumênico de Estudo Bíblicos); Denise Cardoso – COOPERCUC, Luiz Carlos – Articulação Regional das comunidades tradicionais de Fundo de pasto, Antonio Marcos – MST, Patricia Krin Sí Atikum – Movimento Indígena, Projetos Sociais – Diocese de Paulo de Afonso. Cícero Félix – Articulação do Semiárido – ASA. Moacir Santos (IRPAA)

20:30 – Cantoria Popular

DOMINGO:

9h – Celebração Eucarística – 50 anos do Jubileu da Diocese de Paulo Afonso, presidida pelo Bispo Dom Guido Zenbron.

10h:15min Caminhada virtual e Benção final.

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EXU, PERNAMBUCO: SERRA DOS PAUS DÓIAS, O EXEMPLO DE AGROFLORESTA

A Agência Eco Nordeste lançou (ano 2019, 28 de abril) uma campanha pela valorização do bioma. Experiências com características de Empreendedorismo, Inovação e Sustentabilidade; em ações individuais, coletivas; públicas e privadas têm destaque na campanha Ecos do Bioma Caatinga. 

Esta reportagem destaca o exemplar trabalho do agricultor familiar Vilmar Luiz Lermen, no município de Exu, Sertão do Araripe (Pernambuco), onde cultiva uma Agrofloresta exemplar. Exu é a cidade onde nasceu Luiz Gonzaga.

Paranaense, filho de agricultores, há 22 anos residente no Estado de Pernambuco, sendo 15 anos no município de Exu, no Sertão do Araripe, onde cultiva uma agrofloresta exemplar. Trabalho apoiado por Paulo Pedro de Carvalho, 45, agrônomo e coordenador geral do Centro de Assessoria e Apoio aos Trabalhadores e às Instituições Não-Governamentais Alternativas (Caatinga). Ele vive em Ouricuri, mas atua em todo o Sertão do Araripe. Agrofloresta é a praia de ambos e um exercício de transformação na relação com a terra que ainda não está muito disseminado pelo Semiárido, mas que faz diferença onde passa.

Vilmar conta que tanto seu pai quanto sua mãe vieram de famílias agricultoras. Mas, depois de tentar a sorte com uma serraria, o pai faliu. Foi quando conheceu o Movimento Sem Terra (MST) e veio para o Nordeste participar de um encontro, se apaixonou, casou com Maria Silvanete não retornou. Militou no MST, trabalhou no Centro de Desenvolvimento Agroecológico Sabiá, cursou Pedagogia, se especializou em Geografia e, finalmente, comprou uma terra em Exu e vem cultivando sua própria agrofloresta ao lado da esposa, na Serra dos Paus Dóias, em cima da Chapada do Araripe.

Ele faz parte de Associação dos Agricultores (as) Familiares da Serra dos Paus Dóias (Agrodóia), que trabalha com Sistemas Agroflorestais; Sementes Crioulas; beneficiamento de frutas nativas (extrativismo) e cultivadas; e abelhas nativas e africanizadas, com uma inserção social no território do Araripe. Participa também do Conselho da Área de Proteção Ambiental (APA), Conselho de Turismo e Conselho de Desenvolvimento Rural Sustentável do Município. É sócio do Centro Sabiá e diretor do Caatinga e do Sindicato dos Trabalhadores Rurais do Exu.

Na propriedade, tem duas cisternas de 76 mil litros e fogão geoagroecológico. Na Associação, tem cisterna de 76 mil litros, jardim filtrante adaptado, fossa séptica, biodigestor, biofertilizante e agroindústria, onde são fabricados doces, geleias, licores, óleos essenciais e mel. Tudo isso fez com que a propriedade se tornasse um modelo a ser mostrados aos inúmeros visitantes que o casal recebe.

Para Vilmar, as vantagens do Sistema Agroflorestal Agroecológico começam pela conservação do solo e ambiente como um todo. Ele conta que, nas primeiras semanas, se investe em culturas de ciclo curto, que podem ser plantados simultaneamente com milho, árvores e raízes, além de forrageiras adubadoras de solo.

“Quase todas essas plantas produzem alguma flor e pólen para as abelhas, o que garante alimento, renda, e, no tempo e no espaço, o agricultor vai fazendo a sucessão vegetal. As árvores vão crescendo junto com esse sistema. Uma floresta nativa tem mais ou menos 300 anos. No Sistema Agroflorestal você faz isso em mais ou menos 30 anos, inclusive na própria Caatinga”, garante.

Vilmar lembra que, ao longo dos últimos 35 / 40 anos, o agricultor e pesquisador suíço Ernst Götsch radicado na Bahia, sistematizou, pesquisou, experimentou muitos destes sistemas, em diversos lugares do mundo, e foi passando em vivências, intercâmbios e cursos.

“Hoje tem muita bibliografia já testada pela academia que faz com que a família agricultora tenha alimento no período de chuva e de seca, tenha trabalho o ano inteiro, embora seja um pouco mais intenso na chuva porque é quando se planta a maioria dos cultivos. Mas na estiagem ainda tem trabalho, que ocupa a família, tem harmonia entre o sistema de acumulação e abundância numa estratégia que pode ser alimentar e de renda. Geralmente a família agricultora prioriza a alimentação e o excedente vai para as feiras agroecológicas e programas como PAA e Pnae“, explica.

A Academia, segundo o agricultor agroflorestal, vem ajudando a sistematizar a fornecer elementos técnicos e, com organizações, fazem assessoria e abrem caminhos junto às agências de financiamento / bancos oficiais para quem tem interesse em investir, baseado na experiência acumulada.

“Também tem sido feito um trabalho coletivo com o IBGE, a Conab, a Embrapa, para o zoneamento agrícola, para entrar no Censo Agropecuário, na lista dos preços mínimos da Conab, já que até então esses produtos eram considerados incipientes para a economia, porém, em alguns lugares do Semiárido são essenciais num extrativismo que depois passa para um cultivo dentro do Sistema Agroflorestal, com o solo protegido, presença da água. Isso dá uma segurança alimentar e hídrica para a família, fornece produtos para o ecossistema e para animais domésticos e silvestres. Quando a madeira estiver madura, não vai destruir, vai fazer uma colheita, pela poda ou queda natural”, relata.

Vilmar defende que o O Sistema Agroflorestal Agroecológico é o mais completo do ponto de vista de ciclagem dos nutrientes, manutenção de temperatura mais estável ao longo do ano. Trabalha com sementes crioulas, normalmente de base familiar e comunitária, dentro de redes de distribuição e comercialização”, destaca.

DESAFIOS: Um dos desafios apontados ele, na Caatinga, é o da sistematização, porque trata-se de um grande bioma de clima Semiárido, de mais de 1 milhão de quilômetros quadrados, em 11 estados, mas dentro dele há mais de mil outros micro ecossistemas.

“Para cada um tem que se pensar, estudar, avaliar o que melhor se adapta, o que é da vontade do agricultor e da família, qual a habilidade, como os sabores e saberes se casam e que estejam dentro da legislação ambiental, sanitária. O beneficiamento é necessário para aproveitar, agregar valor e compartilhar até com outras regiões”, ressalta.

“Nós seres humanos, somos altamente dependentes dos sistemas naturais. Lá na frente, quando a pessoa quiser se aposentar, tem uma poupança na madeira, óleos essenciais, meliponicultura, colheita de frutos, que não têm a necessidade de um manejo tão intensivo. Temos sucessão na mão de obra também”, ressalta Vilmar.

Ao olhar para trás, 30 anos depois de formado em Agronomia, Paulo Pedro lembra que, quando começou, o termo usado era Agricultura Alternativa, que foi se desenvolvendo com a participação de diversos atores, reunidos hoje pela Articulação Nacional de Agroecologia (ANA).

Paralelamente, as organizações ligadas à Articulação Semiárido Brasileiro (ASA) vêm fazendo um trabalho de Assistência Técnica Rural (Ater) no Semiárido em Agroecologia. Daí foi formada a Rede de Agricultores(as) Experimentadores(as) do Araripe (Rede Araripe), que trouxe outra perspectiva, ao trabalhar diretamente com 11 municípios do Araripe e mais um do Sertão Central (Parnamirim), em Pernambuco. São, em média, 2 mil famílias envolvidas.

“Houve uma melhoria na parte social e econômica, desenvolvimento de Políticas Públicas de Convivência com o Semiárido, a construção de um milhão e 200 mil cisternas, sendo 800 mil só pela Articulação Semiárido Brasileiro (ASA), formação e mobilização. Comparando com dez anos atrás, avançamos. Muitos ainda estão em transição, outros querendo conhecer”, destaca.

Paulo Pedro ressalta, ainda, a incorporação da temática das agroflorestas pelas instituições como a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e os Institutos Federais de Tecnologia (IFs). Mas faz a ressalva de que ainda não ganhou uma dimensão significativa.

“Se voltarmos uns dez anos, percebemos um grande avanço com experiências concretas de famílias que estão em processo de Conversão Agroecológica, muitas delas em Sistemas Agroflorestais. Viram que a experiência é boa e querem isso para as suas propriedades. Algumas estão bem avançadas, como a da família de Vilmar e Silvanete, lá em cima da serra, em Exu, que recebe visitas durante o ano inteiro”, avalia.

Para Paulo Pedro, a Agroecologia, por meio dos Sistemas Agroflorestais, está ganhando espaço. Mas ainda não é uma quantidade significativa na Agricultura Familiar. “É importante destacar que a Agroecologia e a Agrofloresta estão ganhando espaço na agenda política e dentro dos órgãos de pesquisa. Mas não podemos dizer que é institucional, que todos aderiram a esse processo. Mas grupos dentro dessas instituições trabalham junto com agricultores, comunidades, organizações da sociedade civil que fazem parte da ASA, da ANA, de várias redes que promovem a Agroecologia no Semiárido Brasileiro”, pondera.

“Hoje é bem real e visível a lógica da convivência se sobrepondo à antiga e equivocada do combate à seca. Os agricultores do Semiárido são experimentadores que buscam a todo momento saídas. Até a FAO e a ONU reconhecem a Agroecologia e a Agrofloresta como forma de dobrar a produção de alimentos saudáveis no mundo em dez anos e cuidando do meio ambiente e das relações entre as pessoas”, anima-se.

Por fim, o agrônomo destaca a existência de diversas redes, locais, regionais, nacionais e até internacionais, de troca de experiências, um fator muito importante na promoção da Agroecologia, para possibilitar as trocas de agricultor para agricultor, com experiências permanentemente desenvolvidas e “Quando o agricultor ensina algo que aprendeu, ele também está se abrindo para escutar outras famílias e as organizações que prestam assessoria a esses agricultores e essas redes estão ali para fomentar esse processo de construção participativa dos conhecimentos”.(Maristela Crispim-Editora Agencia Nordeste)

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FUTURO DA ENERGIA: PROJETOS DE REFLORESTAMENTO AJUDAM AUMENTAR VOLUME DOS RIOS

No meio de uma região quente e seca em pleno sertão nordestino, surge uma espécie de oásis. A água cristalina que está brotando na Caatinga não é uma miragem, mas sim o resultado do reflorestamento realizado em uma das nascentes do Rio São Francisco na comunidade rural de Brejo da Brásida, no município baiano de Sento Sé.

Uma equipe formada por moradores da região cuidam de 26 nascentes. Tudo começa com a retirada das pedras, da areia e da terra que fizeram a nascente secar. Depois, mudas de árvores da Caatinga são plantadas e o local é cercado para evitar que animais comam a vegetação. Com o terreno preparado a água que está no subsolo começa a brotar na superfície. 

Erick Almeida, que é coordenador científico do projeto na comunidade de Brejo da Brásida, diz que sem as nascentes recuperadas nenhum tipo de atividade econômica é viável na região. “Uma coisa que a gente sempre gosta de deixar bem claro é que isso não é uma boa ação. É um imperativo: nós temos que recuperar as nascentes”.

O reflorestamento no Brejo da Brásida faz parte do projeto Águas Brasileiras, que é realizado por meio de uma parceria de cinco ministérios. 

“O programa é realizado com as parcerias firmadas entre o Governo Federal, a iniciativa privada e as associações de moradores. A ideia é unir forças para recuperar as nascentes e ajudar a aumentar o volume de água dos rios”, explica a secretária de Fomento e Parcerias com o Setor Privado do Ministério de Desenvolvimento Regional, Verônica Sanchez .

A coordenadora da associação de moradores de Brejo da Brásida, Mariluze Amaral, diz que o investimento nas nascentes é fundamental para evitar um colapso no sistema hídrico do país. “O programa Águas Brasileiras vem abrir esse portal fechado, escondido, porque de agora em diante as pessoas vão saber que é possível recuperar nascentes e que o governo brasileiro tá pensando nisso. E isso é muito bom”. 

A preservação das nascentes melhora a qualidade de vida de quem mora em regiões secas e também ajuda a aumentar o volume de água dos rios. Um trabalho essencial principalmente numa época de pouca chuva. No caso do São Francisco, a água que fica armazenada na barragem de Sobradinho, no extremo norte da Bahia, que é o maior reservatório do país. Ele é utilizado para abastecer seis hidrelétricas que geram energia para todo o país. Sem o cuidado com as nascentes, o reservatório, que atualmente que está abaixo da metade, ficaria com um nível de água ainda menor.

A preocupação com qualidade das nascentes também está presente no Sul do país. Os técnicos da usina de Itaipu sabem que para gerar energia é preciso cuidar da matéria-prima fundamental, que é a água por isso diversos projetos são desenvolvidos para preservar os recursos hídricos da bacia do Paraná, que abastece o reservatório da usina. 

O superintendente de Gestão Ambiental, Ariel Scheffer, diz que o objetivo é garantir a qualidade de água e evitar a erosão nas margens que provoca “a queda de terra e de outros detritos que causam o assoreamento do reservatório e diminuem o volume de água”.

Um cinturão verde com 24 milhões de árvores foi plantado ao redor do reservatório que tem margens em 15 municípios do Paraná e um do Mato Grosso do Sul. Este trabalho só foi possível com a parceria dos fazendeiros que cederam parte das propriedades. 

O agricultor Milton Dillmann inicialmente não queria reflorestar uma área de lavoura, mas depois chegou a conclusão de que contribuir para a preservação da água era fundamental. “Eu entendi que preservando as nascentes todos nós ganhamos e ainda ajudamos a aumentar o volume de água do reservatório de Itaipu”.

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