AS RAZÕES DO AMOR, CRÔNICA DE RUBEM ALVES

Os místicos e apaixonados concordam em que o amor não tem razões. Angelus Silésius, místico medieval, disse que ele é como a rosa: “A rosa não tem ‘porquês’. Ela floresce porque floresce.”

Drummond repetiu a mesma coisa no seu poema “as sem-razões do amor”. É possível que ele tenha se inspirado nestes versos mesmo sem nunca os ter lido, pois as coisas do amor circulam com o vento. “Eu te amo porque te amo…” – sem razões… “Não precisas ser amante, e nem sempre saber sê-lo”.

Meu amor independe do que me fazes. Não cresce do que me dás. Se fossem assim ele flutuaria ao sabor dos teus gestos. Teria razões e explicações. Se um dia teus gestos de amante me faltassem, ele morreria como a flor arrancada da terra.

“Amor é estado de graça e com amor não se paga.” Nada mais falso do que o ditado popular que afirma que “amor com amor se paga”. O amor não é regido pela lógica das trocas comerciais. Nada te devo. Nada me deves. Como a rosa floresce, eu te amo porque te amo.

“Amor é dado de graça, é semeado no vento, na cachoeira, no eclipse. Amor foge a dicionários e a regulamentos vários… Amor não se troca… Porque amor é amor a nada, feliz e forte em si mesmo…”

Drummond tinha de estar apaixonado ao escrever estes versos. Só os apaixonados acreditam que o amor seja assim, tão sem razões. Mas eu, talvez por não estar apaixonado (o que é uma pena…), suspeito que o coração tenha regulamentos e dicionários, e Pascal me apoiaria, pois foi ele quem disse que “o coração tem razões que a própria razão desconhece”. Não é que faltem razões ao coração, mas que suas razões estão escritas numa língua que desconhecemos.

 Destas razões escritas em língua estranha o próprio Drummond tinha conhecimento e se perguntava: “Como decifrar pictogramas de há 10 mil anos se nem sei decifrar minha escrita interior? A verdade essencial é o desconhecido que me habita e a cada amanhecer me dá um soco.” O amor será isto: um soco que o desconhecido me dá?

Ao apaixonado a decifração desta língua está proibida, pois se ele a entender, o amor se irá. Como na história de Barba Azul: se a porta proibida for aberta, a felicidade estará perdida. Foi assim que o paraíso se perdeu: quando o amor – frágil bolha de sabão -, não contente com sua felicidade inconsciente, se deixou morder pelo desejo de saber. O amor não sabia que sua felicidade só pode existir na ignorância das suas razões. Kierkergaard comentava o absurdo de se pedir dos amantes explicações para o seu amor. A esta pergunta eles só possuem uma resposta: o silêncio. Mas que se lhes peça simplesmente falar sobre o seu amor – sem explicar. E eles falarão por dias, sem parar…

Mas – eu já disse – não estou apaixonado. Olho o amor com olhos de suspeita, curiosos. Quero decifrar sua língua desconhecida. Procuro, ao contrário de Drummond, as cem razões do amor…

Vou a Santo Agostinho, em busca de sua sabedoria. Releio as Confissões, texto de um velho que meditava sobre o amor sem estar apaixonado. Possivelmente aí se encontre a análise mais penetrante das razões do amor jamais escritas. E me defronto com a pergunta que nenhum apaixonado poderia jamais fazer: “Que é que eu amo quando amo o meu Deus?” Imaginem que um apaixonado fizesse essa pergunta à sua amada: “Que é que eu amo quando te amo?” Seria, talvez, o fim de uma estória de amor. Pois esta pergunta revela um segredo que nenhum amante pode suportar: que ao amar a amada o amante está amando uma outra coisa que não é ela. Nas palavras de Hermann Hesse, “o que amamos é sempre um símbolo”. Daí, conclui ele, a impossibilidade de fixar o seu amor em qualquer coisa sobre a terra.

Variações sobre a impossível pergunta: Te amo, sim, mas não é bem a ti que eu amo. Amo uma outra coisa misteriosa, que não conheço, mas que me parece ver aflorar no teu rosto. Eu te amo porque no teu corpo um outro objeto se revela. Teu corpo é lagoa encantada onde reflexos nadam como peixes fugidios…Como Narciso, fico diante dele… “No fundo de tua luz marinha nadam meus olhos, à procura…” (Cecília Meireles). Por isto te amo, pelos peixes encantados…

Mas eles são escorregadios, os peixes. Fogem. Escapam. Escondem-se. Zombam de mim. Deslizam entre meus dedos. Eu te abraço para abraçar o que me foge. Ao te possuir alegro-me na ilusão de os possuir. Tu és o lugar onde me encontro com esta outra coisa que, por pura graça, sem razões, desceu sobre ti, como o Vento desceu sobre a Virgem Bendita. Mas, por ser graça, sem razões, da mesma forma como desceu poderá de novo partir. Se isto acontecer deixarei de te amar. E minha busca recomeçará de novo…

Esta é a dor que nenhum apaixonado suporta. A paixão se recusa a saber que o rosto da pessoa amada (presente) apenas sugere o obscuro objeto do desejo (ausente). A pessoa amada é metáfora de uma outra coisa. “O amor começa por uma metáfora”, diz Milan Kundera. “Ou melhor: o amor começa no momento em que uma mulher se inscreve com uma palavra em nossa memória poética.”

Temos agora a chave para compreender as razões do amor: o amor nasce, vive e morre pelo poder – delicado – da imagem poética que o amante pensou ver no rosto da amada…

(Fonte-Rubem Alves, no livro “O retorno e Terno” (Crônicas). 27ª ed., Campinas|SP: Editora Papirus, 2008)

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RIO SÃO FRANCISCO VOLUME ÚTIL DA BARRAGEM DE SOBRADINHO INICIA SETEMBRO COM 47,99%

 A Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf) vai aumentar a vazão diária do Lago de Sobradinho de 1.000 m3/s para 1.300 m3/s a partir da próxima segunda-feira (30). Esse quantitativo deve permanecer até nova reavaliação.

Segundo a Chesf, o aumento atende às diretrizes do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e se deve à otimização da operação do Sistema Interligado Nacional (SIN), e à necessidade de manutenção do armazenamento do Reservatório de Itaparica, em, no mínimo, 30% do volume útil.

Diante disso, destaca a importância de a população não ocupar as áreas ribeirinhas situadas na calha principal do rio, entre o trecho de Sobradinho até a foz, com o objetivo de garantir a segurança de todos.

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PADRE ANTÔNIO MORENO COMPLETA NESTA SEXTA-FEIRA(27), 39 ANOS DE VIDA SACERDOTAL

Padre Antônio de Jesus Moreno completa nesta sexta-feira (27)  39 anos de sacerdócio. As comemorações estão sendo realizadas realizadas de forma virtual. Todos os anos a data é lembrada pelas paróquias, movimentos sociais e sindicatos. Amigos, fiéis e admiradores enviam as várias formas de gratidão pelos serviços prestados durantes estas décadas de trabalho nas comunidades.

A ordenação aconteceu no dia 27 de agosto de 1982. Natural de Arari, Maranhão Antonio Moreno exerceu ministério nas paróquias Nossa Senhora das Dores em Petrolina, Paróquia São José, (Dormentes, PE) e São João Batista (Afrânio, PE), Paróquia São João Batista, João de Deus, Petrolina,  Paróquia Santa Teresinha (Cohab VI, Petrolina, PE);e Igreja do Bairro José e Maria.

Padre Antonio é doutor em Ciências da Educação pela Universidade Pontifícia Salesiana de Roma, Itália, tendo defendido tese sobre “Educação Profissional e Tecnológica em uma Estratégia de Desenvolvimento Local”. Mestre em Ciências da Educação pela Universidade Pontifícia Salesiana de Roma, Itália;  Mestre em Teologia pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma, Itália; Especialista em Gestão do Desenvolvimento Local pelo Centro Internacional de Formação, OIT (Organização Internacional do Trabalho), Torino, Itália.

Em abril de 1991 ingressou através de concurso no Instituto Federal do Sertão, quando ainda era Escola Agrotécnica Federal Dom Avelar Brandão Vilela. Aposentou-se em julho de 2015.

Militante político de fortes convicções democráticas e populares, exerceu o mandato de vereador pelo Partido dos Trabalhadores no período de 2001 a 2004, destacando-se na luta pela implementação do Estatuto das Cidades e Reforma Urbana em Petrolina.

Confira homenagem do professor Francisco José de Lima.

“Não, não pares. É graça Divina começar bem. Graça maior é persistir na caminhada certa, manter o ritmo... Mas a graça das graças é não desistir. Prosseguir firme. Podendo ou não podendo. Caindo embora aos pedaços... Chegar até o fim". (Dom Helder Câmara) 

Caro irmão no sacerdócio e no seguimento de Jesus Cristo, quero neste dia, render graças a Deus pelo dom do seu sacerdócio. Hoje é um dia de ação de graças a Deus porque um homem que tinha seus projetos e sonhos foi há 39 anos misteriosamente alcançado pelo amor e a misericórdia de Deus. Como aconteceu ao profeta Jeremias: “o Senhor se enamorou de ti”. O Senhor te seduziu e tu te deixaste seduzir por Ele e seu projeto de amor. Verdadeiramente o Senhor te olhou nos olhos. Que grande mistério de amor é a vocação!

Deus em seu amor e gratuidade chama a quem Ele quer e pelos caminhos que somente Ele conhece. Tenho certeza de que o senhor se pergunta no íntimo da sua alma: “Porque eu Senhor e não outros”? Essa pergunta esbarra no grande mistério que é o chamado de Deus. A vocação é proposta de amor e somente o amor constitui a única resposta adequada. De fato, somente o amor é a medida que está à altura da dignidade do homem. Este não pode viver sem amor. Ele permanece para si próprio um ser incompreensível e a sua vida é destituída de sentido, se não lhe for revelado o amor, se ele não se encontra com o amor, se não o experimenta e se não o torna algo seu próprio, se dele não participa vivamente.

A celebração dos seus 39 anos de anos de sacerdócio é a expressão do quanto o senhor, entre alegrias e tristezas, fracassos e esperanças correspondeu ao chamado de Deus. Se ao fazer a memória destes 39 anos vier ao seu coração o sentimento de indignidade e insuficiências humanas, que venha em seu auxilio o socorro da graça de Deus. Se a sublimidade e grandeza desta vocação assustam a sua humana fraqueza, que o auxílio divino venha ao seu encontro. Somente Deus é Santo! Diante de Deus somos todos indignos servos. O único e supremo sacerdote é Cristo. O sacerdote por graça e bondade de Deus participa do único Sacerdócio que é o de Jesus Cristo.

A prova de que a Igreja é divina é que Deus sabe trabalhar com instrumentos frágeis e deficientes. Deus sustenta a sua Igreja contando com a colaboração dos homens, mesmo estes tendo suas fraquezas. Quanto estrelismo e sensacionalismo no nosso tempo! Tentações que arrastam a muitos cristãos leigos e sacerdotes. O senhor, ao longo do exercício do seu ministério, sempre fugiu destas loucuras da nossa época. Com suas homilias, formações, palestras e sobretudo com a própria vida, o senhor é um testemunho vivo de que a razão de ser do sacerdócio consiste em viver para Deus a serviço dos irmãos. É uma aberração um padre narcisista que se considera o centro do mundo e da vida, esquecendo que é um servidor de Cristo e dispensador dos mistérios de Deus. 

Durante estes 39 anos o senhor fomentou e promoveu, com zelo e amor, o protagonismo dos leigos nas paróquias por onde passou. Sempre exortou sobre o perigo de infantilizar e clericalizar os leigos. Estes não são o braço direito da hierarquia eclesiástica ou empregados que somente servem para atender caprichos dos padres ou se confinarem a sacristia. Não! A missão dos leigos se fundamenta no Batismo. Evangelizar é uma missão recebida diretamente de Cristo. Os leigos devem servir a Cristo nos mais variados campos da sociedade civil. Devem ser sal da terra e luz do mundo.

É digno de nota que, numa época onde a Igreja particular de Petrolina contava com pouquíssimos padres e escassos recursos econômicos, o senhor organizou e ajudou a formar diversas paróquias, tanto no aspecto administrativo e econômico, como pastoral. A prova viva disso é que as lideranças leigas que encontramos até hoje nas paróquias são fruto do sério e eficaz trabalho pastoral de todos esses anos anteriores. Longe de qualquer saudosismo: é justo e necessário reconhecer que foi um dos momentos mais dinâmicos e frutuosos da história da nossa querida diocese de Petrolina.

O senhor é um dom de Deus para nossa Igreja particular de Petrolina como homem e como sacerdote. Digo como um homem porque é impossível ser um bom sacerdote, se faltam qualidades humanas essenciais. Uma certa vez perguntaram a um cardeal qual seria o critério essencial para ordenar um sacerdote no mundo atual. Ao que este respondeu: ‘Que seja um ser humano”. Se a dimensão humana de uma pessoa se encontra desfigurada ou atrofiada, a graça não poderá fazer muitas coisas, porque como nos ensina o grande Doutor da Igreja, Tomás de Aquino: “a graça supõe a natureza”.

Dito isso, quero elencar algumas qualidades humanas que o senhor possui e que estão por sua vez ligadas ao ser e ao exercício do ministério sacerdotal.

Em primeiro lugar, o senhor é uma pessoa empática e sensível ao sofrimento das pessoas. A sua casa é uma porta aberta para todas as pessoas, inclusive, para os padres da nossa Diocese a quem o senhor teve sempre uma atitude de respeito e cuidado. Independente de gostos e opiniões pessoais o senhor sempre soube ter atitudes de acolhida e de compreensão para com todos.

Em um mundo carente de valores como a honestidade, o senhor é um testemunho vivo que é possível viver com ética e cidadania. De fato, são 39 anos de trabalho na Igreja e no campo da educação. Somente uma pessoa maldosa ou que desconhece a sua história poderia dizer o contrário. Sim! O senhor é um homem honesto e transparente. O sacerdote pessoalmente inserido na vida da comunidade é responsável por ela e deve oferecer, também, o testemunho de uma total transparência na administração dos bens da comunidade, que ele nunca deve tratar como se fossem patrimônio próprio, senão como algo que deve prestar contas a Deus e a comunidade de fé. Deus seja louvado pelo seu testemunho no tocante a este excelso valor humano e cristão que é a honestidade e a transparência. 

Enquanto no mundo predomina a hipocrisia e a falsidade, o senhor é um exemplo de sinceridade. É curioso que a palavra sinceridade etimologicamente falando se refere a um mel puro. Ou seja, sem cera. O senhor não aprendeu graças a Deus a usar máscaras. Fazer teatro, exibicionismo, hipocrisia, oportunismo e tramar o mal contra as pessoas não faz parte da sua história. 

Nunca esquecerei de uma missa onde o senhor resumiu a sua vida nesta frase: “Deus infinitamente Bom e eu muito pecador”. O senhor apesar das perseguições, calunias e difamações é incapaz de guardar ódio contra quem quer que seja. Deus lhe concedeu mais esta graça! Realmente não cabe ódio no coração de um cristão. Que uma pessoa seja incapaz de sentir ódio e de maquinar o mal contra o próximo é uma dádiva divina. Por trás de toda pessoa maldosa existe uma vida muito infeliz. Somente quem é capaz de amar e perdoar pode ser realmente feliz.

Neste dia, damos graças a Deus pelo dom do seu sacerdócio vivido com fé e fidelidade a Cristo. Deus seja louvado pelo senhor ser um homem fiel à sua consciência, a Deus e a Igreja. Hoje se fala muito no interior da Igreja da obediência, mas, na realidade, a imensa maioria dos cristãos leigos e dos sacerdotes não compreendem o seu verdadeiro sentido humano, teológico e espiritual. Eu estou convencido de que existe uma obediência que concerne a todos: superiores, sacerdotes, bispos e leigos, que é a mais importante de todas, que sustenta e fundamenta todas as demais. E esta obediência, não é a obediência do homem a outro homem, senão a obediência do homem a Deus. É necessário obedecer antes a Deus que aos homens. 

Obedecer cegamente aos homens que detém o poder foi e continua sendo, na história, causa de muitas arbitrariedades e injustiças. Dom Helder dizia acertadamente que obediência cega nem a Deus. Que triste e que irracional quando um sacerdote afirma que” a vontade do superior é a vontade de Deus”. Ou” quem obedece nunca erra”. A obediência aos superiores é legitima somente quando o que estes ordenam está de acordo com a consciência e o Evangelho de Cristo. Fora deste critério fundamental obedecer é um ato imoral e vergonhoso. Nenhuma autoridade está acima de Deus e da consciência do homem.

Por esta razão a verdadeira obediência a Deus implica sofrimento. Cristo, nosso Mestre e Senhor, foi caluniado, difamado e morto porque preferiu obedecer antes a Deus que aos homens. Verdadeiramente, obedecer é morrer. Se trata de confrontar e conformar nossas vontades com a vontade de Deus e deixar que esta última prevaleça. São Basílio dizia que se pode obedecer de três maneiras: a primeira, por medo ao castigo, esta é a atitude dos escravos; a segunda, por desejo de privilégios e prêmios, esta é a disposição dos mercenários; a terceira, por amor, esta é a disposição dos filhos. Deus seja louvado por sua obediência a Cristo e a Igreja.

Hoje é um dia de ação de Graças porque Cristo, por meio do seu ministério, continua presente na vida das pessoas. Obrigado, Pe. Antônio, porque fugindo de toda publicidade e espetáculo o senhor tem dado aos homens e mulheres do nosso tempo o maior tesouro: Jesus Cristo. Cristo é o amigo de todas as horas, inclusive, quando somos incompreendidos, caluniados e difamados pelos próprios irmãos de fé. Assim foi com os profetas, até mesmo com o maior de todos: Cristo, o nosso Mestre e Salvador. Não tenha medo! Não existe solidão quando esta é povoada pela presença de Cristo. O mundo tem esperança porque sempre Deus fará surgir homens capazes de sofrer pela verdade.

A vida humana não se realiza por si só. A nossa vida é uma questão aberta, um projeto incompleto que ainda deve ser terminado e realizado. A pergunta fundamental de cada homem é:  como se realiza isto de tornar-se homem? Como se aprende a arte de viver? Qual é o caminho da felicidade? Cristo é a nossa felicidade.

A maior pobreza de um ser humano é a incapacidade de alegria, o tédio da vida considerada absurda e contraditória. A incapacidade de alegria supõe e causa a incapacidade de amar, inveja, avareza: todos estes são vícios que devastam a vida dos indivíduos e o mundo. A alegria é o antidoto contra a maldade humana. Os ditadores são incapazes de sorrir. Que o senhor continue irradiando alegria apesar das perseguições e calúnias. Como dizia o grande Dom Helder Câmara: “Há criaturas como a cana: mesmo postas no moenda, esmagadas de todo, reduzidas a bagaço, só sabem dar doçura“.

Que o Senhor te conceda neste dia muitas alegrias. Que te sirva de consolo as palavras de São Paulo:

“Alegrai-vos sempre no Senhor; eu repito, alegrai-vos. Que a vossa bondade seja conhecida de todos os homens! O Senhor está próximo! Não vos inquieteis com coisa alguma, mas apresentai as vossas necessidades a Deus, em orações e súplicas, acompanhadas de ação de graças”. (Filipenses 4,4-7) 

*Francisco José  de Lima é professor no Crato-Ceará Graduado em Filosofia pela Faculdade de Ciencia e Letras de Cajazeiras, Paraíba e bacharel em Teologia pela Faculdade Católica de Fortaleza, Ceará. Mestre em Ciências do Matrimônio e da Família (Espanha).

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CAATINGA EM CHAMAS: FÓRUM DE ENTIDADES POPULARES ALERTA PARA EXTREMA PREOCUPAÇÃO COM OS INCÊNDIOS NO NORTE DA BAHIA

O Fórum de Entidades Populares de Campo Alegre de Lourdes vem a público manifestar extrema preocupação com os incêndios que há mais de duas semanas atingem os municípios de Pilão Arcado e Campo Alegre de Lourdes, no norte do estado baiano. 

Vários focos de queimadas seguem destruindo a fauna e a flora nativas e colocando em risco a vida da população local, especialmente, de quem vive nas comunidades tradicionais de fundos de pasto da região, que estão mais próximas das chamas.

O primeiro foco do incêndio teve início no dia 9 de agosto atingindo as comunidades de Lagoa do Virgulino, Comandante e Baixão do Jacu e, depois, Caboclo dos Mangueiras, Baixão do Egídio, Bandeira de Cima e Anjo. Essas comunidades estão localizadas na divisa entre os dois municípios e ocupam uma área de aproximadamente 50 km. Este primeiro foco foi controlado pelos moradores locais, corpo de bombeiros, voluntários e duas aeronaves pulverizadoras de água.

Enquanto os esforços estavam concentrados nessa ação, outros dois novos focos surgiram com ainda mais intensidade nos últimos dias. Mesmo com mais duas aeronaves pulverizando água, as chamas não foram contidas e estão consumindo parte da Caatinga conservada pelas comunidades que habitam a localidade há muitas gerações. As comunidades mais atingidas pelo segundo foco de incêndio foram Boa Vista, Cabeça do Porco e Cacimba Velha. 

O fogo segue em direção à comunidade Aroeira e ao estado do Piauí. O terceiro foco das chamas atinge as comunidades de Fidalgo e Lagoa Funda, indo em direção ao Angico dos Dias, em Campo Alegre de Lourdes. No final do mês de julho, as comunidades de Vista Nova e Lagoa do Sal, em Campo Alegre, já haviam combatido um foco de incêndio na área.

A estimativa do Corpo de Bombeiros é que pelo menos dois mil hectares de vegetação já foram atingidos nessas localidades. Além da vegetação, muitos animais nativos acabaram mortos. Para as comunidades, o prejuízo é enorme e os dias têm sido de muito medo e preocupação, já que a primeira vez que presenciam um incêndio dessas proporções, com tantos focos espalhados pelo território.

Diante dessa situação, o Fórum de Entidades Populares reforça que esse incêndio precisa ser investigado pelos órgãos competentes, para que a população tome conhecimento das causas dessas queimadas. 

Ressaltamos que em diversos biomas brasileiros, o uso criminoso do fogo, que tem provocado imensa devastação ambiental, está ligado aos conflitos por terra. Na região afetada pelo fogo em Pilão Arcado e Campo Alegre de Lourdes, temos presenciado um aumento dos conflitos territoriais e resistências das comunidades para permanecer em seus territórios e preservar seus modos de vida. Por isso, as comunidades e as organizações locais exigem averiguação das causas desse incêndio.

Assinam essa nota:

Fórum de Entidades de Campo Alegre de Lourdes

Articulação das Associações de Fundo de Pasto de Campo Alegre de Lourdes

Articulação e Coordenação Paroquial da Juventude (ACPJ)

Associação Comunitária de Fundo de Pasto São Gonçalo

Associação Comunitária de Fundo de Lagoa do Sal

Associação Comunitária de Fundo de Lagoa do Gado

Associação Comunitária de Fundo de Pasto de Angico dos Dias e Açu

Associação de Técnicos em Agropecuária e Apoiadores da Agricultura Familiar no Estado da Bahia (ATAF)

Comissão Pastoral da Terra (CPT)

Cooperativa dos Pequenos Apicultores de Campo Alegre de Lourdes (Coapical)

Conselho Popular de Saúde e Meio Ambiente de Pilão Arcado

Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada (IRPAA)

Paróquia Nossa Senhora de Lourdes - Campo Alegre de Lourdes

Paróquia Santo Antônio - Pilão Arcado

Rede Mulher de Campo Alegre de Lourdes

Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Campo Alegre de Lourdes

 Serviço de Assessoria a Organizações Populares Rurais (SASOP)

Sociedade de Ações Educativas Sociais e Tecnológicas (SAET)

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EMBRAPA SEMIÁRIDO TEM NOVA GESTÃO A PARTIR DE SETEMBRO. ´PELA PRIMEIRA VEZ UMA MULHER ASSUME O CARGO

A pesquisadora Maria Auxiliadora Coêlho de Lima é a nova chefe-geral da Embrapa Semiárido, em Petrolina (PE). Ela assume efetivamente o cargo a partir de 1º de setembro e a solenidade de posse ocorre no dia 27 de outubro, às 15h, em cerimônia virtual transmitida pelo canal da Embrapa no YouTube. 

A gestora foi escolhida por meio de processo de recrutamento e seleção, ocorrido entre junho e agosto de 2021 e conduzido pela Diretoria Executiva da Embrapa. A seleção foi restrita aos empregados do quadro efetivo da Empresa que atendessem aos requisitos previstos em norma.

Maria Auxiliadora substitui o também pesquisador Pedro Carlos Gama da Silva, que ocupa o cargo desde 2014. Seu mandato terá um período de dois anos, prorrogável por até duas vezes em igual período, podendo chegar a 6 anos.

TRAJETÓRIA: Nascida na cidade sede da Embrapa Semiárido (Petrolina), a pernambucana Maria Auxiliadora completa em novembro 20 anos de trabalho na Empresa. Ela atua como pesquisadora na área de agronomia, com ênfase em Fisiologia e Tecnologia Pós-Colheita.

É graduada em Engenharia Agronômica pela Universidade do Estado da Bahia (1993), e tem mestrado e doutorado na mesma área, com especialização em Fitotecnia, ambos cursados na Universidade Federal do Ceará (1998 e 2002, respectivamente).

Além de ter toda a sua formação acadêmica no Nordeste brasileiro, Maria Auxiliadora é a primeira mulher a assumir o cargo mais alto da Embrapa Semiárido. Também havia sido pioneira como primeira chefe Adjunta de Pesquisa & Desenvolvimento (P&D) da Unidade, função que exerceu no período de dezembro de 2007 a abril de 2015.

Antes já havia atuado na gestão de Pesquisa e Desenvolvimento, como coordenadora da equipe de pesquisadores do Núcleo Temático de Agricultura Irrigada da Unidade, de abril de 2006 a dezembro de 2007. Coordenou as ações de P&D e Transferência de Tecnologia da rede de pesquisa em Vitivinicultura no Semiárido 2013 a 2018, e nos últimos dois anos foi coordenadora do Portfólio de Fruticultura Tropical da Embrapa.

Além da atuação na Empresa, Auxiliadora é docente permanente dos Programas de Pós-Graduação em Agronomia/Produção Vegetal, da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), em Agronomia/Agricultura Tropical, da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), e em Ciência e Tecnologia de Alimentos, da Universidade Federal de Sergipe (UFS).

A Embrapa Semiárido é uma unidade descentralizada da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Atua com foco na sustentabilidade dos sistemas de produção agrícola no Semiárido brasileiro, nas áreas de agropecuária dependente de chuva, agricultura irrigada e recursos naturais.

Foi criada no ano de 1975, quando o cenário vigente na região era de deficiência de conhecimentos tecnológicos e de infraestrutura, sendo este um dos principais entraves para o desenvolvimento da agropecuária. Ao longo de sua história, vem executando ações de pesquisa e desenvolvimento nessa região, mantendo um abrangente programa de geração de conhecimentos, de tecnologias e de inovação para as diferentes realidades e espaços do Nordeste.

As pesquisas realizadas pela Embrapa Semiárido contemplam uma grande diversidade de temas, com destaque para os cultivos dependentes de chuva, diversificação da fruticultura, mangicultura, vitivinicultura, olericultura, produção animal, conservação e manejo da biodiversidade da Caatinga, entre outros, além de ações de desenvolvimento territorial, Inovação e Transferência de Tecnologia.

A Unidade conta com quatro Campos Experimentais, sendo dois em Petrolina, no Estado de Pernambuco, um em Juazeiro, na Bahia, e um em Nossa Senhora da Glória, em Sergipe. Sua equipe é atualmente composta por 283 empregados, sendo 75 pesquisadores, 34 analistas, 44 técnicos e 130 assistentes.


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CONGRESSO APROVA AUXÍLIO EMERGENCIAL À AGRICULTURA FAMILIAR. PROJETO DEPENDE DE SANÇÃO PRESIDENCIAL

O Projeto de Lei (PL) 823/2021, instrumento de apoio à agricultura familiar, conhecido como Lei Assis Carvalho II, foi aprovado pelo plenário do Senado Federal ontem quarta-feira (25), e segue para sanção presidencial. 
 
Camponeses, pescadores, empreendedores familiares, extrativistas, silvicultores e aquicultores podem ser beneficiados pelo PL, que prevê medidas a serem adotadas até 31 de dezembro de 2022. 
 
O texto do PL 823, de autoria do deputado federal Pedro Uczai (PT/SC), relatado pelo senador Paulo Rocha (PT/PA), prevê ações para diminuir os impactos socioeconômicos causados pela pandemia, que afetam diretamente agricultores familiares que se encontram em situação de pobreza e de extrema pobreza. 
 
Entre as iniciativas está o Fomento Emergencial de Inclusão Produtiva Rural, um auxílio emergencial criado para incentivar a produção de  trabalhadores rurais durante a crise sanitária. O fomento emergencial aprovado para as famílias beneficiadas é de R$ 2,5 mil, sendo de R$ 3 mil, no caso de núcleos liderados por mulheres. Estima-se o custo do programa em R$ 550 milhões.
 
Responsáveis por cerca de 70% da alimentação consumida nas casas brasileiras, famílias agricultoras de todo o país enfrentam dificuldades para produzir e vender alimentos, tendo ameaçada a continuidade de sua atividade e, por consequência, agravando a insegurança alimentar da população brasileira. 
 
“A falta de amparo e incentivo por parte do governo federal, associada a fatores climáticos, também está gerando inflação dos preços dos alimentos, dificultando a alimentação das famílias em situação de vulnerabilidade”, comenta Sarah Luiza Moreira, membro do Núcleo Executivo da Articulação Nacional de Agroecologia (ANA).

Entre as medidas emergenciais, o PL prevê apoio do Serviço de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater) para elaboração de projetos simplificados que visem a estruturação da produção rural. Para projetos que incluam captação de água voltada à produção de alimentos ou ao consumo humano, o valor pode chegar a R$ 3,5 mil. 
 
Além do auxílio, o PL 823/2021 também prevê a criação de linhas de crédito para famílias com renda familiar total de até três salários mínimos, com taxa de 0% ao ano, prazo de 10 anos para quitação de dívidas e carência de cinco anos para início do pagamento. 
 
É a segunda vez que um projeto de lei desse caráter chega a ser votado no Senado. Ano passado, uma proposta similar foi vetada, quase integralmente, pelo presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), incluindo aportes de recursos de fomento apresentados para subsidiar a produção de alimentos da agricultura familiar e trabalhadores do campo, das águas e das florestas, durante a pandemia.
 
Caso Bolsonaro vete novamente a proposta da Lei Assis de Carvalho, em sua segunda versão, os vetos poderão ser derrubados por parlamentares, até 30 dias corridos após o veto. Se não houver veto à  proposta do texto em até 15 dias úteis, o PL é automaticamente sancionado.
 
Entre as organizações que atuaram pela aprovação das medidas estão o Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST), a Articulação Nacional de Agroecologia (ANA), o Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), o Movimento de Mulheres Camponesas (MMC), a Articulação do Semiárido Brasileiro (ASA Brasil), a Confederação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras da Agricultura (Contag) e a Associação Brasileira de Reforma Agrária (Abra), além de outras entidades civis.
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CANTOR E POETA LUIZ DO HUMAYTÁ LANÇA MÚSICA AMOR DE DOER NAS PLATAFORMAS DIGITAIS

"Olá pessoal, finalmente uma música minha vai ser lançada oficialmente em todas as plataformas digitais. Quinta-feira, 26, a partir de zero hora o Amor vai Doer no spotfy, e vocês poderão ouvir e fazer download à vontade,  uhuuuu"! 

Com este texto acima, o cantor e compositor, poeta Luiz do Humaytá convidou os fãs e amigos para prestigiar as músicas do CD BOEMIA CULT, através da plataforma que no Brasil cresce a cada dia: spotfy. Para iniciar a música escolhida foi Amor de Doer.

O mais recente trabalho é uma homenagem a cultura da música brega romântica. O CD foi lançado no início deste mês em Porto Alegre, Rio Grande do Sul. No cd uma música autoral, Amor de Doer, integra a lista das músicas presentes no repertório.

Luiz do Humaytá já tem uma agenda de lançamento marcado para lançar o CD no Nordeste e está na expectativa das novas regras de flexibilização devido a pandemia. O poeta que mora em Curaçá, Bahia, na Fazenda Humaytá, decidiu lançar o CD Boemia Cult para declarar também o seu amor pela terra onde nasceu. Luiz Carlos Forbrig é o nome de batismo. O apelido Humaytá, ele herdou, da característica do nordestino que precisa de um adjetivo para os nomes, daí, Luiz do Humaytá. 

O cantor é natural de Jabuticaba Velha, interior do Rio Grande do Sul. Filho de Guilhermina e Anoly (já falecido). Com os pais desenvolveu a veia poética musical. A mãe puxadeira dos cantos religiosos da Igreja Católica. O pai tocador de gaita de boca. Luiz aprendeu a tocar violão nas terras gaúchas.

"Dona Guilhermina costuma visitar o sertão da Bahia, mas desta vez vai receber o nordestino sulino e vamos cantar ao som do violão e ouvir o CD BOEMIA CULT juntos com toda a família", disse Luiz ressaltando que fizeram um rotulo errado sobre a música romântica, algumas até perseguidas no tempo da ditadura militar e adjetivaram de brega.

 "Coisas da indústria cultural. Mas brega sempre foi cult e na verdade é música que Caetano Veloso canta, Reginaldo Rossi ainda hoje lembrado pelos grandes sucessos. Música Brega é romantismo puro cantado pela alma. É boemia cult", finaliza Luiz do Humaytá.

Discografia CDs: 

2012 - CD ACÚSTICO. 2014 – CD PÉ DE CHÃO

2015 – LUIZ DO HUMAYTÁ CANTA MÚSICAS GAÚCHAS

2015 –FORRÓ AVULSO e LUIZ DO HUMAYTÁ - 5 ANOS DE ESTRADA

2017 – LUIZ DO HUMAYTÁ AVULSO

2019 – DECANTO O SERTÃO

2020 -CD GRAVADO AO VIVO NO TEATRO EM CURAÇÁ.

2021 - CD BOEMIA CULT 

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