ESPECIALISTAS RECOMENDAM REDOBRAR CUIDADOS NAS CRIAÇÕES DE CAPRINOS E OVINOS DURANTE A PANDEMIA

A pandemia de Covid-19 tem exigido mudanças de comportamento também nas propriedades criadoras de caprinos e ovinos. Porém, poucos criadores do Semiárido brasileiro têm se preocupado com as boas práticas, conforme notou um grupo de pesquisadores da Embrapa que está auxiliando e incentivando essa adoção no âmbito do Programa AgroNordeste.

Entre as recomendações preconizadas está a restrição de acesso ao rebanho de pessoas não relacionadas à criação; a proteção das instalações para evitar invasões de animais externos; a separação do rebanho por faixa etária; a limpeza das instalações com produtos adequados e várias outras. 

De acordo com os pesquisadores que têm visitado as propriedades, observa-se poucas mudanças em relação ao manejo dos animais e ao comportamento doméstico. “Não percebemos muitas alterações. Muitos manejadores não usam máscara e nem fazem a limpeza e higienização das mãos. Apenas procuram evitar aglomeração de pessoas nas instalações dos animais”, afirma Selmo Fernandes Alves, pesquisador da Embrapa Caprinos e Ovinos (CE).

Rizaldo Pinheiro, também pesquisador da Empresa, explica que até o momento não existem relatos na literatura sobre contaminação de pequenos ruminantes com o vírus SARS-CoV-2. “Entretanto, não é aconselhado que pessoas com o vírus ou apresentando sintomas da Covid-19 trabalhem com os animais”, ressalta. 

Ele afirma que algumas medidas sanitárias são necessárias não apenas para a proteção das pessoas em relação à Covid-19, mas também para a proteção dos animais e dos manejadores contra diversas enfermidades, chamadas zoonoses, que podem ser transmitidas dos animais para os humanos. Entre elas estão tuberculose, brucelose, raiva, febre aftosa, linfadenite caseosa, ectima contagioso, entre outras. As três primeiras podem representar risco à vida humana.

Os especialistas também perceberam que alguns criadores têm no dia a dia a preocupação com a sanidade. Cleuza Aparecida da Silva, do município de Zabelê (PB), afirma que existe um cuidado com os manejadores. “Tomamos todas as medidas de proteção, usando álcool em gel, máscaras, viseiras e sempre que termina o manejo, eles tomam banho e já colocam a roupa para lavar”, relata.

A presidenta do Sindicato dos Trabalhadores Rurais Agricultores(as) Familiares de Tauá (CE), Elisandra Gonçalves Lima, afirma que os criadores da região adotaram novas rotinas em função da pandemia, como limpar semanalmente os espaços físicos dos animais (apriscos, currais etc.), cuidados com vacinas rigorosamente em dia, higienização das mãos ao cuidar dos animais, tirar leite e vacinar, por exemplo. 

Os pesquisadores afirmam que essas medidas sanitárias devem ser adotadas para prevenir não apenas a Covid-19 entre os trabalhadores, mas também diversas outras enfermidades que podem afetar os animais e os manejadores.

“São medidas básicas, mas existem outros cuidados que devem ser observados nas propriedades”, ressalta Alves, referindo-se a uma lista de recomendações de especialistas (veja quadro). Ele acredita que nem todos os criadores estão totalmente preparados para lidar com a nova realidade e ressalta que é necessário um trabalho de capacitação continuada com técnicos e produtores. 

“É fundamental a adoção de boas práticas agropecuárias, ambientais e sociais, como orientação para prevenir ou mitigar o aparecimento de problemas sanitários nos animais e nos seres humanos”, defende.

Práticas sanitárias recomendadas pelos especialistas:

As instalações devem ser funcionais para facilitar os manejos e minimizar o contato entre os animais e as pessoas que não sejam da propriedade, proporcionando ambiente seguro, além de evitar o acesso de outras espécies de animais às instalações de caprinos e ovinos.

O criador deve fazer anotações zootécnicas e sanitárias, documentando qualquer incidente ou caso de doença, que deverá ser tratado adequadamente com a colaboração do médico veterinário.

 Deve-se fazer a limpeza das instalações, superfícies e equipamentos com o uso de água de qualidade e desinfetantes adequados.

 É importante ter áreas específicas para cada faixa etária dos animais ou um local de transição de entrada e saída destes.

As pessoas que trabalham no manejo devem ter um local próprio para deixar suas vestimentas e calçados, para fazer a higiene pessoal e um espaço adequado para o preparo de alimentos.

Atenção especial deve ser dada ao local de armazenamento dos alimentos e o descarte correto das sobras, que atraem roedores e insetos, potenciais vetores de doenças. Esse é um ambiente ao qual os animais não devem ter acesso.

Deve-se fazer o controle de visitas para evitar aglomerações, além de impedir a entrada e permanência de pessoas com alimentos e bebidas nas instalações.

É importante realizar a seleção consciente dos resíduos sólidos e líquidos (lixo) e removê-los para destino adequado, evitando assim contaminação das pessoas e do ambiente. Cuidado também quanto aos resíduos alimentares dos animais, que podem ser contaminantes. Um grande problema ainda recorrente nas propriedades é o acúmulo do lixo e o hábito de queimá-lo. 

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SIMPÓSIO DE CULTURA ESPÍRITA DE VALE DO SÃO FRANCISCO ACONTECE ENTRE OS DIAS 27 A 29 DE AGOSTO

Será realizado, de 27 a 29 de agosto, o 28º Simpósio de Cultura Espírita do Vale do São Francisco, que este ano terá como tema "O Espiritismo e a Evangelização do Ser". Gratuito e totalmente online, o evento, transmitido no Canal do Youtube do Conselho CR17, contará com a participação de Amine Fernandes Galhego (SP), André Luiz Peixinho (BA), Caucy Rorys (DF), Flaviah Lançoni (GO), Lucas Ramos(PE), Marcel Mariano (BA) e Roberto Ferreira (SP).

A grande novidade dessa edição é que o "Espaço de Educação, Cultura e Arte para Infância", será realizado pelo Google Meet e contará com a participação do designer gráfico, autor e responsável pelo setor multimídia da Federação Espírita Brasileira – FEB, Luis Hu Rivas (RJ). Na oportunidade, a partir das 15h30 do sábado (28/08), as crianças e os pais poderão conversar diretamente com o autor das principais obras infantis espíritas, tirando dúvidas sobre os personagens e aprendendo um pouco mais sobre a Doutrina. Os pais que desejam que seus filhos compartilhem dessa experiência devem entrar em contato com a Coordenação de Infância do CR17, Íris Martins (74) 98824-0526.

O Simpósio traz também em sua programação expositores como Marco Oliveira (BA), que vai discorrer sobre "O protagonismo do jovem espírita na evangelização do ser", no sábado (28/08), pela manhã e apresentação artística de Josué Sax (BA), Eliana e Erisvaldo (PE), Moacyr Camargo (SP) e Tiago Lacerda (BA).

O 28º Simpósio de Cultura Espírita do Vale do São Francisco é uma iniciativa do Conselho Regional Espírita (CR17) com apoio Federação Espírita do Estado da Bahia (FEEB). Para mais informações ligue (74) 98801-7339 (Wilson Alves) e (74) 98831-3724 (Josenildes Barbosa).
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DOCUMENTÁRIO MOSTRA AVANÇO DA MONOCULTURA DE EUCALIPTO NA BAHIA

“Esta é uma floresta morta, um fantasma”, conta Rodrigo Santana Mãdỹ, do povo Pataxó, ao caminhar por uma área de cultivo de eucalipto no extremo sul da Bahia. Cercados pela monocultura, indígenas e agricultores familiares enfrentam os impactos do eucalipto na região. O filme MATA acompanha a trajetória de Rodrigo e Etevaldo Pereira Nunes, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), na luta pela garantia de seus territórios.

O documentário foi selecionado para a 10a edição da  de cinema. A estreia do filme acontece no dia 24/08 às 15h. Acesse a página do filme com a programação completa da mostra.

Brasil é o maior exportador de celulose do mundo e um dos maiores produtores de eucalipto para a indústria de celulose destinada à produção de papel na Europa. Com apenas 4% da cobertura original da Mata Atlântica preservada na Bahia e a substituição da vegetação nativa por “florestas plantadas” de eucalipto, os Pataxó e agricultores vivem em um cenário de seca, rios contaminados, esgotamento do solo e insegurança fundiária.

“Se aqui fosse eucalipto não tinha mais água não. Ia estar tudo seco”, conta Etevaldo. Os indígenas aguardam a demarcação de seu território, a Terra Indígena Comexatiba (Cahy-Pequi), sobreposta aos Parques Nacionais do Descobrimento e Monte Pascoal, e rodeada por plantações de eucalipto. Etevaldo, por sua vez, aguarda o título de posse definitivo de seu lote. Por meio da mobilização do MST, 2,1 mil famílias foram assentadas no extremo sul da Bahia e outras 2,7 mil estão acampadas, lutando pelo direito de ter seu lote.

“Quando a invasão colonizadora veio para cá, ela arrancou as árvores, matou o verde, plantou o chão de eucalipto e está matando a terra. A terra não tem mais força, não tem mais poder, não tem um inseto, um besourinho, não tem uma isca, não tem nada vivo. A terra está morrendo onde plantam o eucalipto”, denuncia Rodrigo Mãdỹ, em uma plantação ao lado de seu território.

“Estamos trabalhando neste filme há exatamente cinco anos. Documentamos a paisagem ao longo do tempo, as mudanças e as consequências da seca. E, não menos importante, buscamos cenas visuais fortes e combinamos isso com uma paisagem sonora que busca fazer o público se mover junto com os eucaliptos dançantes”, diz Fadnes, uma das diretoras do filme.

MATA é o primeiro longa-metragem do fotógrafo e cineasta brasileiro Fábio Nascimento, que tem uma vasta experiência na temática ambiental e já realizou trabalhos para a National Geographic, Greenpeace, Médicos sem Fronteiras, New York Times, entre outros. É também o primeiro filme da jornalista norueguesa Ingrid Fadnes, com atuação de muitos anos na América Latina em trabalhos relacionados a causas ambientais e sociais.

Para a artista, cineasta e ativista finlandesa-sami Pauliina Feodoroff, ex-líder do Conselho Sami, o filme combina jornalismo com forte expressão artística. Segundo o Films From the South, é um “documentário hiper-atual sobre a perda da diversidade de espécies”. O filme, uma produção da Boituí, tem patrocínio do FSA/BRDE, coprodução da Flume e apoio do canal CineBrasilTV, LAG e Fundo para imagem e som da Noruega.

Site oficial: https://matafilme.com/ Programação mostra Ecofalante: https://ecofalante.org.br/filme/mata

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LIDERANÇAS DA IGREJA CATÓLICA ALERTAM PARA OS RISCOS DE USINA NUCLEAR PROPOSTA PELO GOVERNO BOLSONARO

Lideranças da Igreja Católica se reuniram com parlamentares pernambucanos, ontem sexta-feira (20), para debater o projeto de instalação de uma usina nuclear e seus impactos ambientais e socioeconômicos, em Itacuruba, no sertão. O encontro aconteceu de forma virtual, por meio da plataforma Google Meet, às 19h.

A iniciativa é do arcebispo de Olinda e Recife, dom Fernando Saburido, em conjunto com o seu bispo auxiliar, dom Limacêdo Antonio da Silva, e com o bispo da Diocese de Floresta (PE), dom Gabriel Marchesi. Os religiosos convocaram e estarão presentes deputados estaduais, federais e senadores.

A criação da fonte atômica de energia foi sinalizada no Plano Nacional de Energia 2050, elaborado pelo Ministério de Minas e Energia (MME), do Governo Bolsonaro. Além de Itacuruba, outras oito localidades no Nordeste e Sudeste do país estão sendo estudadas para abrigar usinas.

De acordo com informações da Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Energético do Ministério de Minas e Energia e divulgadas pela imprensa, a Eletronuclear já concluiu estudos que indicam Itacuruba como a área ideal para a construção do empreendimento com seis reatores às margens do Rio São Francisco e que custaria R$ 30 bilhões.

Pelo menos desde o ano passado, a Igreja com apoio dos movimentos sociais, pesquisadores e artistas vêm provocando o debate alertando toda sociedade acerca dos riscos ambientais como a morte do Rio São Francisco e os possíveis vazamentos de radiação, por exemplo. A preocupação também gira em torno do impacto social e econômico sobre as comunidades tradicionais que vivem na região.

Apesar da intenção do Governo Federal, a legislação estadual impede a instalação de uma usina atômica em Pernambuco. De acordo com o Artigo 216 da Constituição Estadual, está proibida a instalação de usinas nucleares no Estado enquanto não se esgotarem toda a capacidade de produzir energia hidrelétrica e de outras fontes.

Recentemente, a Controladoria Geral da União (CGU) ingressou no Supremo Tribunal Federal (STF) para questionar a constitucionalidade do artigo que garante a segurança do meio ambiente e de todos que habitam no Estado.

A expectativa é de que durante a reunião com as autoridades religiosas, os deputados e senadores conheçam melhor os riscos que o empreendimento pode trazer ao estado e, dessa forma, possam se posicionar contrários à destruição de tantas vidas no sertão.

A Diocese de Floresta (PE) deu início a uma série de lives para discutir os impactos que a instalação de uma usina nuclear no município de Itacuruba, no sertão pernambucano, podem causar à população local. As transmissões serão todas as quintas-feiras, a partir das 19h30, no canal da Pastoral da Comunicação diocesana, no YouTube.

A jornada de debates teve início no último dia 22 com a discussão sobre o tema “Usina Nuclear – Riscos e falsas promessas de geração de empregos”. A iniciativa do evento tem o apoio da TV Raízes da Cultura e do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), que retransmitem os debates em suas redes sociais.

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JOSÉ LAURENTINO

Embora soubesse do agravamento do estado de saúde do poeta Zé Laurentino, não deixei de sentir profundamente a notícia de sua morte, ocorrida no início da tarde de uma quinta-feira, 15 de setembro de 2016, em Campina Grande - Paraíba.

Nascido no Sítio Antas, em Puxinanã - PB, em 11 de abril de 1943, José Laurentino Silva, filho dos agricultores Antônio Laurentino de Melo e Maria José de Melo, recebeu dos repentistas a sua influência poética.

Essa influência seminal é relatada pelo próprio poeta ao contar a sua história em versos (“Minha História”) nas páginas 268 e 269 do livro “Coletânea Poética de Zé Laurentino”, lançado em 2010, pela Editora Bagaço:

Comecei a fazer versos

Aos doze anos de idade

Morando no sítio Antas

Puxinanã a cidade

Onde papai possuía

Pequena propriedade.

A casinha de papai

Era feita de alegria

Abrigo dos cantadores

Vendedores de poesia

Se uma dupla chegava

O povo se aglomerava

Tava feita a cantoria.

E eu, moleque peralta

Caçula, muito pachola

Me criei acalentado

Por acordes de viola.

Nas noites de cantoria

Eu ficava prezenteiro

Enquanto os outros meninos

Iam brincar no terreiro

Indiferentes aos versos

Beira-mar, quadrão mineiro

Eu ficava ali sentado

Boquiaberto, extasiado

Pra ouvir o violeiro. 

Apesar de dotado de grande talento para compor versos, Zé Laurentino não se tornou um cantador de viola, um improvisador. Segundo ele, isto não ocorreu porque não conseguia coordenar o canto com o tocar da viola. Tornou-se, então, um grande declamador, um dos melhores do estado da Paraíba e, talvez, do Brasil.

Iniciando a vida profissional como agricultor, Zé Laurentino estudou no Colégio Plínio Lemos, na sua cidade natal, onde durante quatro anos presidiu o Grêmio Estudantil daquele educandário. Posteriormente, foi eleito vereador e Presidente da Câmara Municipal de Puxinanã.  Ele foi, também, um dos fundadores da Associação de Repentistas e Poetas Nordestinos, tendo presidido essa entidade por dois mandatos.

Em Campina Grande, atuou como radialista na Rádio Borborema e como funcionário público concursado no Ministério da Saúde, mantendo paralelamente a sua produção poética, na qual podem ser contabilizados cordéis, livros, discos, individuais ou em parceria, além de inúmeras participações em Festivais de Repentes em todo Brasil e Santiago de Compostela, na Espanha.

De sua autoria guardo autografados e com dedicatória três CD, um deles gravado em parceria com o poeta Chico Pedrosa, e três livros: “Carta de matuto”, “Meus poemas que não foram lidos” e “Coletânea Poética de Zé Laurentino”.

Lamentavelmente, Zé Laurentino, foi mais uma vítima do alcoolismo. Assim, ele viveu seus últimos anos submetido a grandes sofrimentos originados dessa doença terrível da qual ele tinha consciência dos efeitos devastadores, conforme se pode depreender a partir do soneto de sua autoria, intitulado “Etilismo”, presente na página 63 do livro de sua autoria “Meus poemas que não foram lidos”:

“Na conversa fiada ao balcão, numa dose de Rum ou de cachaça,

vivo eu escondendo uma desgraça, uma mágoa, uma dor, uma paixão.

A tristeza ou a dor do meu irmão, que minh’alma sensível logo abraça;

ando eu escondido atrás da taça, procurando, no copo, solução.

O dia é pouco, adentro a noite mansa. O etilismo intermitente avança e quando o Sol nasce belo e reluzente, se eu parar vem a depressão alcoólica e me parece que uma coisa diabólica me convida e eu bebo novamente.”

Sensível, carismático, generoso e amigo dos amigos, Zé Laurentino era um artista que se destacava pela simplicidade no trato com as pessoas. Como poeta, ele trazia para o âmago dos seus poemas a crônica do cotidiano, as dores do mundo, as preocupações sociais, ecológicas e causos engraçados, baseados em fatos pitorescos por ele vivenciados ou colhidos em conversas de mesa de bar.

Poemas como “Matuto no futebol”, “Eu, a cama e Nobelina”, “Conversa de passageiro”, “Carona de candidato”, “Esmola pra São José” e “Carta do matuto” ficarão marcados na memória dos apologistas, assim como toda a obra do poeta que certamente continuará sendo tema de estudos acadêmicos, pois Zé Laurentino foi, sem dúvida, um dos maiores poetas populares do Brasil.

*Benedito Antonio Luciano*O autor é professor do Departamento de Engenharia Elétrica da UFCG.

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FÓRUM BAIANO DE COMBATE AOS IMPACTOS DOS AGROTÓXICOS PROMOVE SEMINÁRIO SOBRE MORTANDADE DE ABELHAS

O Fórum Baiano de Combate aos Impactos dos Agrotóxicos, Transgênicos e Pela Agroecologia (FBCA) realizou, essa semana, o Seminário Agrotóxicos e Mortandade de Abelhas: Consequências para a Vida. O evento foi aberto ao público e transmitido simultaneamente pelo Zoom e pelo Youtube.

Moderado pela promotora do Ministério Público do estado Luciana Khoury, também coordenadora do FBCA, o evento virtual contou com a presença de professores especialistas na cultura de abelhas, meliponicultores, e advogados que orientaram sobre a legislação que envolve a produção. O seminário trouxe dados estatísticos, informações técnicas e relatos de profissionais que lidam diretamente com a espécie e sofrem com os efeitos da mortandade de abelhas, mobilizando abordagens aprofundadas sobre a temática.

A programação foi dividida em dois turnos para contemplar todos os palestrantes e abrir espaço para debate popular. Em abertura, Luciana Khoury e convidados destacaram a relevância de discutir o tema para a preservação da vida. “Nós sabemos da importância das abelhas para a vida no planeta e elas estão sendo grandes vítimas, assim como a população também. Nós, do Fórum, acreditamos que é importante ter um dia voltado a essa temática para pensarmos juntos como enfrentar esses desafios”, afirmou a promotora e coordenadora do FBCA.

O subprocurador-geral do Ministério Público do Trabalho e coordenador do Fórum Nacional de Combate aos Impactos dos Agrotóxicos e Transgênicos (FNCIAT), Pedro Serafim, ressaltou o caráter vanguardista do Fórum, protagonista na Bahia e no cenário nacional, na infantaria do movimento. 

O deputado estadual Marcelino Galo, presidente da Frente Parlamentar Ambientalista alertou para os perigos do aquecimento global e o uso desenfreado de agrotóxicos em plantações. “As abelhas estão sendo alvo, estão morrendo. Dizimando as abelhas, vamos dizimar a produção de alimentos e vamos dizimar a vida”, disse o deputado.

O primeiro bloco de apresentações se iniciou com o relançamento do livro Meliponicultura Básica para Iniciantes, da professora Genna Sousa. A obra surgiu da necessidade de informação básica aos criadores de abelhas nativas, tendo em vista o crescimento do número desses profissionais nos últimos anos. Trata-se do primeiro de uma série de três volumes com informações técnicas sobre a meliponicultura, bem como todo aparato legal para essa atividade. O segundo volume deve ser lançado ainda em 2021 e vai tratar das técnicas avançadas no ofício.

O professor Lionel Gonçalves, titular aposentado da USP, concedeu a primeira palestra do evento e se emocionou ao falar sobre a mortandade de abelhas em decorrência dos agrotóxicos. Segundo o professor, o Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo e os limites para o uso no país chegam a ser cinco vezes mais altos que os limites europeus.

Lionel alerta que o glifosato, até o momento, é permitido em uma concentração de apenas 0,1 miligramas por litro na água pelas leis europeias e será proibido no continente a partir de 2022. Enquanto isso, no Brasil, o limite é de 500 mg por litro. 

O professor explica, também, como os neonicotinóides, uma classe de alguns inseticidas derivados da nicotina, afetam as abelhas: “Ao chegar nas culturas onde existe a presença de pólen ou néctar, as abelhas entram em contato com esses agentes químicos e eles atuam no cérebro de tal forma que causam uma deterioração que ela passa a ter dificuldades fisiológicas e memoriais. A abelha acaba esquecendo de onde veio, como voltar, e, com isso, morre no campo”.


Em seguida, o advogado e mestre em direito da sustentabilidade e sociobiodiversidade, Leonardo Ferreira Pillon discorreu sobre os recursos da legislação que podem contemplar a mortandade de abelhas, como o art. 54 da Lei de Crimes Ambientais, que prevê sanções para quem “causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou possam resultar em danos à saúde humana, ou que provoquem a mortandade de animais ou a destruição significativa da flora”.


“Não falta legislação para se fazer uma responsabilização desses casos e uma apuração. O que falta, na verdade, são protocolos de investigação que atendam a complexidade desses fenômenos. Há poucos profissionais que conhecem as implicações dos agrotóxicos e existe também uma narrativa difundida muito perigosa de que os agrotóxicos são seguros e não causam danos. Além de falsa, ela induz comportamentos de risco e uma normalização do cenário que a gente vive hoje”, explica o advogado.


No turno da tarde, as apresentações retornaram com a participação do meliponicultor Márcio Pires. No ramo há mais de 30 anos, Márcio compartilhou o relato trágico de uma perda que acometeu sua produção. Depois da aplicação de “fumacê” em uma região próxima a uma de suas culturas, o produtor chegou a perder 50% das abelhas, que morreram envenenadas. “Foi uma perda genética enorme, porque eram minhas matrizes genéticas selecionadas, melhoradas para a produção, que já estavam a ponto de dividir. De 40 colônias, perdi 20.”


A professora Genna Souza também participou do evento como palestrante. Em sua apresentação, a bióloga, pesquisadora e coordenadora do Setor de Meliponicultura da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), abordou as dimensões dos impactos de agrotóxicos na meliponicultura no estado. Além disso, Genna trouxe orientações para identificar a intoxicação da espécie, como: presença de abelhas mortas ou agonizando no entorno das caixas, redução no número de postura, diminuição da atividade de forrageamento de pastagem, defensividade em excesso e incapacidade de substituição das larvas.


Em seguida, a fiscal da Agência Estadual de Defesa Agropecuária da Bahia (ADAB) e coordenadora do Programa Estadual de Sanidade das Abelhas, Rejane Peixoto Noronha, tratou da importância dos registros do apiários, de apicultores e meliponicultores como medida de enfrentamento à mortandade. Ela apresentou a interface do sistema e ensinou como efetuar o cadastramento, que saltou de 57 apicultores cadastrados, em 2017, para 2.376 em 2021. Rejane adverte que, quando houver suspeita de doença ou intoxicação das abelhas, é fundamental fazer a notificação para que haja a devida investigação.


Por último, Cléber Folgado, membro do Fórum Nacional de Combate aos Impactos dos Agrotóxicos e Transgênicos (FNCIAT) e assessor técnico jurídico da Promotoria Regional Ambiental no MPBA, também trouxe instruções para os produtores. Cléber apresentou o site do FBCA, o formulário para denúncias de mortandade de abelhas da página, e indicou orientações jurídicas que podem ser aplicadas antes e depois de uma ocorrência de mortandade.


Para resguardar o produtor, antes de tudo, Cléber sugere que ele efetue o cadastro na ADAB, procure detalhar ao máximo, se possível com GPS, a identificação e a localização das colônias e informá-la aos órgãos oficiais e confrontantes (com prova de recebimento). Além disso, o assessor instrui construir uma autorização ou instrumento de consentimento prévio, de forma que se possa comprovar que os agricultores da região têm conhecimento das colônias.


Caso ocorra um episódio de mortandade, Cléber Folgado orienta comunicar imediatamente os órgãos (ADAB, MPBA, prefeituras, entre outros), coletar o máximo de provas, como fotos, vídeos e identificação de suspeitos, registrar o boletim de ocorrência em delegacia policial e produzir um laudo fitotoxicológico, se possível. Se necessário, o produtor pode recorrer à judicialização para a reparação dos danos.


O seminário encerrou com a abertura para perguntas do público e debates sobre o tema. Transmitido ao vivo pelo Youtube, os dois vídeos das apresentações, da manhã e da tarde, já somam mais de 600 visualizações e podem ser vistos no canal da ONG Agendha. Para mais informações sobre o evento e sobre o Fórum, interessados podem acessar o site do FBCA.

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PESQUISADORES EM JUAZEIRO E PETROLINA MANTÉM VIVA A MEMÓRIA DE RAUL SEIXAS

A biografia de Raul Seixas é pra lá de interessante, permeada por muita genialidade, inovação e inconformismo com um sistema no qual não se encaixava, e sua figura ainda fascina o público, mesmo 32 anos após a sua morte.

Em 21 de agosto de 1989, Dalva Borges, secretária particular, entrou no quarto do músico para abrir a janela, como fazia todos os dias. Reparou que o lençol o cobria até a altura do peito, mas não notou nada de estranho.

Somente após iniciar suas tarefas é que a funcionária estranhou o silêncio: ora, Raul tinha o costume de acordar ao menor ruído!

Assim, Dalva retornou ao quarto para checá-lo e percebeu que ele permanecia do mesmo jeito. Pressentia que teria morrido.

Após telefonar para Marcelo Nova e Jerry Adriani, amigos do cantor, e não conseguir falar com eles, Dalva ligou para José Roberto Romeira Abrahão, que pediu para que ela colocasse um espelho diante do nariz de Raul, para verificar se ele ainda respirava.

Com a resposta negativa, Abrahão localizou Marcelo Nova e convocou o médico Luciano Stancka, que confirmou a morte. 

O alcoolismo e a diabetes, agravados pelo fato de não ter tomado a insulina na noite anterior, foram a causa da pancreatite aguda fulminante que acometeu o cantor.

Trinta e dois anos depois de sua partida, 21 de agosto de 1989, Raul Seixas segue firme nas paradas de sucesso. Para relembrar o artista, o Ecad traz um levantamento das mais tocadas do “Maluco Beleza”. Nascido em 28 de junho de 1945 em Salvador, Raul Seixas foi um artista expressivo e nada convencional. Misturou rock com ritmos nordestinos e tem até hoje uma legião de fãs. No banco de dados do Ecad, o cantor e compositor tem 316 músicas e 361 gravações cadastradas.

Um dos fãs de RauL Seixas mora em Petrolina: Iranildo Moura teve a infância e adolescência vivida na beira do Rio São Francisco e teve a "satisfação de ser fotografado com o Maluco Beleza e de nos anos 70 e 80 curtir um dos mais talentosos cantores da música brasileira"

IraniLdo quando criança viveu em Casa Nova, Bahia. Ali entre os 8 anos e 12 anos conta que vivia olhando os barcos, os vapores que navegavam no rio São Francisco. "Entao comecei a pintar e fazer quadros. Expressar a natureza e a vida através da pintura.. Outra mania é colecionar discos de vinil, cds", conta Iranildo.

Iranildo é Apaixonado por cinema possui quase 3 mil filmes destaque para a história do Cangaço.

Para homenagear Raul Seixas a Ecad fez um levantamento das músicas mais tocadas e “Tente outra vez”, parceria com Paulo Coelho e Marcelo Motta, ficou à frente no ranking das mais tocadas entre 2015 e 2019. Na sequência ‘Metamorfose ambulante”, “Cowboy Fora da Lei”, “Maluco beleza” e “Gita” completam a lista das cinco primeiras colocadas.

Raul Seixas foi um artista expressivo e nada convencional. Misturou rock com ritmos nordestinos e se mantém até os dias atuais com uma legião de fãs. No banco de dados do Ecad, o cantor e compositor tem 316 músicas e 361 gravações cadastradas. 

Nos últimos cinco anos ele teve a maior parte de seus rendimentos em direitos autorais pela execução pública de suas músicas proveniente dos segmentos de rádios, TVs, shows e música ao vivo, que correspondem a quase de 85% do que foi destinado a ele.


Em Juazeiro Bahia, Jonivaldo Fernandes de Souza, 63 anos,  conhecido por professor Vado, graduado em Geografia e Filosofia, é um pesquisador que mantém a vida e obra, memória e história musical de Raul Seixas vivas.

Atualmente ministrando aulas na Escola Estadual Chico Mendes no Assentamento Vale da Conquista (CETEP), localizado em Sobradinho, Bahia o professor Vado, é um colecionador e aponta que "são 10.076 anos do nascimento do Maluco Beleza".

"Sobre a obra de Raul Seixas desde os  15 anos de idade que acompanho a trajetória musical dele. Só que tem um porém há 35 anos que faço pesquisas e estudo a referida obra, mas no dia 21 de agosto de 1989, dia em que Raul Seixas pegou o seu disco voador e foi para o outro planeta, nós os simpatizantes do Raulzito criamos o Movimento RaulSeixista  de Juazeiro da Bahia", diz Vado, acrescentando que a idade de nascimento do ídolo Raul Seixas, coincide com a data de nascimento da filha dele, a caçula Ivis Lourenço.

Recentemente, os fãs compartilharam o hit O Dia Em Que A Terra Parou, destacando que a letra de 1977 tem tudo a ver com o atual momento de isolamento social provocado pela crise sanitária da pandemia da Covid 19. 



 



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