ESTUDO APONTA ASSOCIAÇÃO ENTRE ALIMENTOS ULTRAPROCESSADOS E RISCO DE DOENÇAS

Celebrado este mês, o Dia Nacional de Prevenção e Controle do Colesterol acende alerta para o que é, atualmente, a principal causa de morte no Brasil e no mundo: as doenças cardiovasculares. Isso porque, quando em desequilíbrio no organismo, o colesterol se torna fator de risco vascular, aumentando a incidência de AVC, morte súbita e doença coronariana. 

Um estudo, desenvolvido a partir de um projeto de doutorado na Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz), revela um novo fator por trás do aumento dos níveis de colesterol no sangue e consequente risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares.

Inédita no Brasil e realizada em 2020 com amostra de mais de 5 mil participantes do Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (ELSA-Brasil), a pesquisa mostra que o consumo de alimentos ultraprocessados está relacionado ao aumento do risco de hipertensão arterial (pressão alta) e de dislipidemias (alterações nas estruturas que carreiam colesterol através do sangue) em adultos. Os resultados apontam que o consumo de altas quantidades de produtos como nuggets, macarrão instantâneo, cereais matinais, barras de cereais e refrigerantes pode aumentar o risco de desenvolver hipertensão em 23%.

No que diz respeito às dislipidemias, cuja incidência é um dos principais fatores de risco para a ocorrência de doenças cardiovasculares, o risco aumentado ocorre mesmo em quantidades moderadas de consumo de alimentos ultraprocessados. Quanto maior a ingestão, mais alto é o risco, que pode chegar a até 29% para hipercolesterolemia isolada, 30% para hipertrigliceridemia isolada, 41% para hiperlipidemia mista e 24% para baixo-HDL, exemplos de dislipidemias. 

A pesquisa mostra também que 25% da energia diária consumida pelos participantes é proveniente de alimentos ultraprocessados. Considerando o peso em gramas, tais produtos contribuem com 17,6% do peso total em gramas da dieta. Os resultados evidenciam ainda um elevado consumo de sódio (4,6 g/dia), valor maior do que o dobro do recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), e maior ingestão de gorduras nocivas (como gordura saturada e trans) nos indivíduos com consumo mais elevado de ultraprocessados.

 “Esses alimentos contribuem com cerca de 80% de sódio dietético em países de alta renda e estão se tornando também proeminentes em países de baixa e média renda”, explica a autora do estudo, Patricia Scaranni.

Os dados também apontam a obesidade como importante condição relacionada ao consumo de alimentos ultraprocessados, à hipertensão arterial e às dislipidemias. Foram observadas ainda questões relacionadas diretamente ao processamento industrial, como o uso de aditivos artificiais (como corantes e adoçantes) e materiais plásticos utilizados em embalagens, também responsáveis por problemas na saúde. 

“Compostos neoformados, como acroleína e acrilamida, e uma infinidade de aditivos como conservantes, acidulantes, emulsificantes e plastificantes, como bisfenol A e ftalatos, têm sido reconhecidos como também vilões do ultraprocessamento industrial, que visa seduzir consumidores por meio de sua praticidade, conveniência, palatabilidade e tempo de prateleira”, esclarece Patrícia.

Segundo a pesquisadora, o estudo é de suma importância para a prevenção de doenças cardiovasculares, já que o consumo de alimentos ultraprocessados tem sido crescente, a ponto de substituir alimentos in natura (produtos frescos que não passam por alterações industriais) essenciais para a saúde. Patrícia lembra que os resultados são mais uma evidência sobre as consequências negativas na saúde associadas ao consumo de alimentos ultraprocessados. 

Segundo ela, a pesquisa também “traz à tona o impacto das grandes corporações, líderes do sistema alimentar global, sobre a sociedade, em busca da maximização do lucro a qualquer preço, muitas vezes financiando cientistas que realizam pesquisas acadêmicas em favor de seus produtos”. 

Patrícia acredita que os resultados podem servir como suporte para a elaboração de novas políticas de Saúde Pública que visem desencorajar o consumo desses produtos e melhorar a saúde da população.

“Ao evidenciar a associação entre o consumo de alimentos ultraprocessados e a incidência de dislipidemias e de hipertensão, incentivamos novas políticas, voltadas para a educação do consumidor, que forneçam condições para que os indivíduos realizem escolhas alimentares adequadas, já que ‘o dever do Estado não exclui o das pessoas na garantia da saúde’ (Lei 8080), sobretudo por meio do fortalecimento da rotulagem nutricional”, conclui. (fonte: FIOCRUZ)

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MUDANÇA DE CLIMA ACELERA CRIAÇÃO DE DESERTO NO NORDESTE. UM DOS NÚCLEOS DE DESERTIFICAÇÃO É CABROBÓ, PERNAMBUCO

O último relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), divulgado em 9/8, reforça que o Brasil abriga uma das áreas do mundo onde a mudança do clima tem provocado efeitos mais drásticos: o Semiárido.

O relatório aponta que, por causa da mudança do clima, a região — que engloba boa parte do Nordeste e o norte de Minas Gerais — já tem enfrentado secas mais intensas e temperaturas mais altas que as habituais.

Essas condições, aliadas ao avanço do desmatamento na região, tendem a agravar a desertificação, que já engloba uma área equivalente à da Inglaterra.

Criado na ONU e integrado por 195 países, entre os quais o Brasil, o IPCC é o principal órgão global responsável por organizar o conhecimento científico sobre as mudanças do clima.

O documento apresentado nesta segunda (AR6) é o sexto relatório de avaliação produzido desde a fundação do órgão, em 1988. "O Nordeste brasileiro é a área seca mais densamente povoada do mundo e é recorrentemente afetado por extremos climáticos", diz o relatório.

O IPCC afirma que essas condições devem se agravar: se na década de 2030 o mundo deve atingir um aumento de 1,5°C em sua temperatura média, em boa parte do Brasil os dias mais quentes do ano terão um aumento da temperatura até duas vezes maior.

Em várias partes do Semiárido, isso significa verões com temperaturas frequentemente ultrapassando os 40°C.

Hoje, segundo o IPCC, o mundo já teve um aumento de 1,1°C na temperatura média em relação aos padrões pré-industriais.

Para limitar o grau do aquecimento, é preciso que os países reduzam drasticamente as emissões de gases causadores do efeito estufa — como o gás carbônico, produzido pelo desmatamento e pela queima de combustíveis fósseis, e o metano, emitido pelo sistema digestivo de bovinos.

MORTE E VIDA NO SOLO: Para o meteorologista e cientista do solo Humberto Barbosa, professor da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), temperaturas extremas põem em xeque a sobrevivência no Semiárido de micro-organismos que vivem no solo e são cruciais para a existência das plantas.

Há dois anos, Barbosa diz ter encontrado temperaturas de até 48°C em solos degradados no interior de Alagoas.

"A vegetação não crescia mais ali, independentemente se chovesse 500 mm, 700 mm ou 800 mm. Não fazia mais diferença, pois toda a atividade biológica do solo não respondia mais", afirma.

Sem vida no solo, aquela região se tornou desértica, como tem ocorrido em várias outras partes do Semiárido.

Na Ufal, Barbosa coordena o Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis), que desde 2012 monitora a desertificação no Semiárido.

Em 2019, o laboratório revelou que 13% de toda a região estava em estágio avançado de desertificação. Essa área engloba cerca de 127 mil quilômetros quadrados.

"Na nossa região, naturalmente não haveria um deserto, só que a gente tem hoje um deserto", ele diz. Barbosa explica: segundo a ciência, climas desérticos (ou áridos) são aqueles onde o índice de chuvas é inferior a 250 mm por ano. Nessas condições, a sobrevivência de plantas e animais é bastante difícil — daí o aspecto vazio de boa parte das paisagens desérticas.

Mas essas condições climáticas não se aplicam a nenhuma região do Brasil, nem mesmo o Semiárido, que continua a receber entre 300 mm e 800 mm de chuvas ao ano.

Ainda assim, a mudança do clima e o desmatamento criaram paisagens desérticas na região.

"O solo dessas regiões foi perdendo a atividade biológica, embora as chuvas continuem acima do que se espera para uma região desértica. Esse é o paradoxo", diz Barbosa.

Ele afirma que, nesse estágio, é praticamente impossível reverter o fenômeno. "O custo da recuperação de áreas desertificadas é alto, e no Brasil não temos capacidade econômica para fazer esse tipo de investimento."

MAIOR SECA NA HISTÓRIA: Entre 2012 e 2017, o Semiárido enfrentou a maior seca desde que os níveis de chuva começaram a ser registrados, em 1850. Essa seca, que é atribuída às mudanças climáticas, ajudou a expandir as áreas desertificadas.

Barbosa diz que a pandemia dificultou a realização de viagens para medir o progresso da desertificação após 2019, mas tudo indica que o fenômeno segue avançando.

A área já desertificada equivale ao tamanho da Inglaterra, cerca de três vezes o tamanho do Estado do Rio de Janeiro, ou a 23 vezes a área do Distrito Federal. Essas terras não são todas contíguas e ocupam diferentes partes do Semiárido. Enfrentam, ainda, diferentes graus de desertificação, embora em todas o fenômeno seja considerado praticamente irreversível.

Alguns dos principais núcleos de desertificação ficam em Gilbués (PI), Irauçuba (CE), Cabrobó (PE) e no Seridó (RN).

Imagens de satélite mostram como os núcleos têm crescido nas últimas décadas, enquanto as áreas verdes que os circundam vão rareando.

No núcleo de Cabrobó, que ocupa uma vasta área nas duas margens do Rio  São Francisco, as poucas manchas verdes na paisagem se devem a lavouras irrigadas com a água do rio.

Os Estados mais impactados pela desertificação são Alagoas (com 32,8% de sua área total afetada pelo fenômeno), Paraíba (27,7%), Rio Grande do Norte (27,6%), Pernambuco (20,8%), Bahia (16,3%), Sergipe (14,8%), Ceará (5,3%), Minas Gerais (2%) e Piauí (1,8%).

A desertificação no Semiárido brasileiro foi citada pelo IPCC em seu relatório anterior, de 2019, que teve o pesquisador Humberto Barbosa como coordenador de um capítulo sobre degradação ambiental.

O relatório apontou que 94% da região semiárida brasileira está sujeita à desertificação.

"A região semiárida é a mais impactada (pela mudança do clima) no Brasil, e é a região onde você tem os índices de desenvolvimento humano mais baixos do país", afirma Barbosa.

Com o agravamento das condições climáticas, diz ele, tende a se acelerar o êxodo de moradores rumo a outras partes do país.

DESMATAMENTO: Para os cientistas, está claro que a desertificação tem sido acentuada pelas mudanças climáticas e tende a aumentar se as alterações continuarem se intensificando.

Porém, a degradação dos solos do Semiárido também se deve a outra ação humana: o desmatamento na Caatinga, o ecossistema natural da região.

Segundo Humberto Barbosa, ainda não se sabe quanto da desertificação se deve ao desmatamento equanto se deve às mudanças climáticas. "É muito difícil separar os dois processos."

Quarto maior bioma do Brasil, abarcando 11% do território nacional, a Caatinga já perdeu 53,5% de sua cobertura original, segundo o MapBiomas, plataforma que monitora o uso do solo no país.

O bioma vem sendo destruído desde os primeiros séculos da colonização do Brasil, quando grandes áreas de vegetação nativa passaram a ser derrubadas para dar lugar principalmente a pastagens para bovinos.

A pecuária, aliás, é apontada com uma das principais causas para a desertificação no Semiárido.

O pesquisador Humberto Barbosa explica que, muitas vezes, os bois são criados em áreas relativamente pequenas, compactando o solo ao pisoteá-lo repetidas vezes.

Com o tempo, nem mesmo o capim cresce mais ali, e a terra fica totalmente exposta à radiação do sol. A degradação se completa quando a chuva atinge a terra nua, levando embora os últimos nutrientes do solo.

Embora a destruição venha ocorrendo há séculos, mais de um quarto do desmatamento da Caatinga ocorreu após 1985, segundo o MapBiomas.

E neste ano, os índices de desmatamento deram um salto preocupante. Segundo o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), até 1° de agosto, houve na Caatinga 2.130 focos de queimadas— o maior número em nove anos e uma alta de 164% em relação ao mesmo período de 2020.

Os focos se concentram no oeste do bioma, onde a Caatinga se encontra com o Cerrado na região de fronteira agrícola conhecida como Matopiba (nome formado pelas iniciais dos Estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia).

Como em outros biomas, o fogo é geralmente usado na Caatinga para "limpar" uma área antes do plantio. Mas as chamas acabam degradando o solo e limitam sua vida útil para a agricultura, estimulando a busca por novas áreas quando ele se esgota.

FALTA POLÍTICAS PÚBLICAS: Humberto Barbosa diz que, apesar da gravidade da situação enfrentada pelo Semiárido e da perspectiva de piora, não há qualquer plano governamental para mapear a desertificação e combatê-la.

A última iniciativa do governo federal nesse campo, afirma, foi o Programa de Ação Nacional de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca (PAN), lançado em 2006, mas descontinuado.

Tampouco há um sistema nacional para monitorar o desmatamento na Caatinga e orientar ações de fiscalização e controle — diferentemente do que ocorre na Amazônia, que conta com os sistemas Prodes e o Deter, baseados em imagens de satélite.

E O FUTURO: Segundo o relatório do IPCC, sem ações contundentes para conter a mudança do clima, a Caatinga e outras regiões semiáridas do mundo "vão muito provavelmente enfrentar um aquecimento em todos os cenários futuros e vão provavelmente enfrentar um aumento na duração, magnitude e frequência das ondas de calor".

"De forma geral, as secas se ampliaram em muitas regiões áridas e semiáridas nas últimas décadas e devem se intensificar no futuro", diz o texto.

Os maiores prejudicados pelas mudanças serão as populações locais: segundo o IPCC, elas tendem a enfrentar oscilações na quantidade e regularidade de água, o que impactará gravemente sua "segurança alimentar e prosperidade econômica". (fonte: João Fellet - BBC)

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EDITORA IFSERTÃO LANÇA OBRA QUE APRESENTA PLANTAS DA CAATINGA

A caatinga é o único bioma exclusivamente brasileiro e guarda uma riqueza em fauna e flora privilegiada. O bioma tem cerca de 1000 espécies vegetais conhecidas, sendo que 318 destas só são encontradas na caatinga. É sobre parte desse universo que a obra “Plantas da caatinga: um olhar multidisciplinar” lança luz, apresentando diferentes aspectos de 25 espécies do bioma.

A obra é organizada pela professora do Campus Petrolina Zona Rural do Instituto Federal do Sertão Pernambucano (IFSertãoPE), Elizângela Maria de Souza, e conta com a contribuição de professores e estudantes do instituto e de outras instituições parceiras. O livro surgiu dos projetos de extensão que são ou foram desenvolvidos envolvendo a trilha ecológica do Campus Petrolina Zona Rural. Assim, todas as espécies apresentadas na obra ocorrem na trilha e foram catalogadas ao longo dos anos.

“Plantas da caatinga: um olhar multidisciplinar” tem ainda um diferencial: todas as espécies apresentadas no livro têm termos em Língua de Sinais Brasileira. Os sinais foram criados por membros da comunidade surda do Vale do São Francisco, surdos e ouvintes (professores, instrutores e intérpretes de libras). O trabalho contou também com a colaboração da Associação de Surdos de Petrolina – ASP.

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RICARDO KOTSCHO: O LUGAR DA REPORTAGEM NÃO MUDA, É NA RUA

Equipes reduzidas, demissões em massa, crise do modelo de negócios. São muitas as transformações e incertezas que cercam a prática jornalística. Mas há algo que, para o repórter Ricardo Kotscho, permanece inalterado mesmo no mais pessimistas dos cenários: “O lugar da reportagem não muda, é na rua, e não na redação”.

“Quando a gente quer fazer, faz. Não tem esse negócio de crise, nenhum editor recusa uma boa matéria. Não há desculpa pra não fazer. Mas aí, mais do que um meio de ganhar a vida, [a reportagem] tem que ser uma opção de vida. Muitos repórteres que conheço têm esse compromisso com a sociedade brasileira – e aqui tem muita história para ser contada, onde quer que você vá. E está faltando gente para contar”, afirmou o repórter, que trabalhou em todos os principais veículos da imprensa brasileira, em jornais, revistas e redes de televisão – com exceção da revista VEJA – tendo exercido todas as funções, de repórter a diretor de redação. 

“Crise sempre existiu”, disse.

Leonencio Nossa, repórter especial do Estadão, autor de Homens invisíveis (Editora Record), e Mata! (Companhia das Letras), concorda. “Em nenhum momento tivemos uma situação favorável para a produção de grandes reportagens no Brasil. É uma prática marginalizada dentro do mercado da comunicação”, afirmou. 

Ele ressaltou como a grande reportagem corre paralelamente aos outros trabalhos de apuração do repórter, que raramente consegue se ausentar do dia-a-dia da redação para trabalhar apenas em uma história – o que também vale para os freelancers que, da mesma forma, se dedicam a várias pautas de uma vez só.

“Se você é de um grande jornal, não dá pra dizer para o seu chefe que vai fazer uma grande reportagem, não tem como vendê-la se ela não estiver quase finalizada”, afirmou. “O relógio da reportagem é muito específico e único. Não é o relógio do editor do jornal, do cara que vai comprar o seu frila. É o relógio da história, que tem um tempo de maturação.”

Mesmo que essas histórias sejam contadas de novas formas, em outras plataformas, “a natureza do trabalho do repórter não muda”, afirma Kotscho . “Estamos aqui para ouvir as histórias dos outros. A nossa função como repórter é descobrir um Brasil que não está na mídia, um Brasil que não compra jornal, que é a maioria do povo brasileiro. Como dizia Audálio Dantas, o repórter é quem pergunta.  Mas hoje, o repórter já chega com a pergunta e com a resposta pronta”, criticou.

Carol Pires, ex-repórter da piaui, roteirista do programa Greg News, na HBO, e colaboradora do New York Times en Español, lembrou que, quando viajou ao Uruguai com a tarefa de escrever um perfil do ex-presidente José Mujica, já tinha o tom da história mais ou menos pronto na cabeça. 

“Imaginei que faria um perfil super engraçado do Mujica: o presidente que anda de fusca e tem uma cachorra de três patas. E não foi nada disso. Mujica é mal humorado, ranzinza. No dia que eu cheguei, a irmã dele tinha morrido. Virou um perfil melancólico, uma história sobre a velhice”, lembrou. “É preciso ter empatia, estar aberto a se surpreender e a quebrar as suas próprias convicções.”

Para ela, o principal erro da imprensa, hoje, é não ter repórteres espalhados por vários cantos do Brasil. “Acho que a imprensa americana aprendeu a lição com a eleição do Trump, de não entender o que estava acontecendo no interior. Espero que a gente não tenha o nosso Trump pra fazer cair a ficha.” 

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EMBRAPA E UPE REALIZAM EVENTO VIRTUAL SOBRE CLIMA, TERRITÓRIO E VEGETAÇÃO NO SEMIÁRIDO

Estão abertas as inscrições para VI Simpósio de mudanças climáticas e desertificação no semiárido brasileiro, III Simpósio do bioma caatinga e VII Workshop de sementes e mudas da caatinga. Podem participar, pesquisadores, estudantes de graduação e pós-graduação, produtores rurais e profissionais das diversas áreas relacionadas aos temas. As inscrições podem ser feitas clicando aqui. https://www.smud-sibic-wsmc.com.br/inscricao.

A organização dos eventos é da Embrapa e do Programa de Pós-graduação em Ciência e Tecnologia Ambiental para o Semiárido, da Universidade de Pernambuco (UPE). Nesta edição, os três eventos serão realizados de forma conjunta e totalmente online, entre os dias 28 a 30 de setembro de 2021.

Para os pesquisadores, também está aberta a chamada para submissão de resumos, que segue até dia 15 de agosto. Os trabalhos científicos poderão ser selecionados para a publicação em um dos periódicos parceiros do evento. Os resumos aprovados terão os pôsteres expostos na plataforma digital do evento.

O evento reunirá especialistas nacionais e internacionais para discutir as inovações e os desafios da proteção ambiental e do desenvolvimento sustentável no semiárido frente às alterações climáticas.

A programação conta com duas palestras em cada uma das três manhãs, além das sessões de apresentação de trabalhos. No período da tarde, são realizados três workshops simultâneos em cada dia, que os participantes poderão optar conforme a área de interesse.

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MINISTRO DA EDUCAÇÃO DEFENDE UNIVERSIDADE PARA POUCOS E DIZ QUE REITOR DE UNIVERSIDADE FEDERAL NÃO PODE SER ESQUERDISTA

O ministro da Educação, Milton Ribeiro, afirmou em entrevista ao programa Sem Censura, da TV Brasil, que reitores das universidades federais não podem ser “esquerdistas”.

“Alguns optaram por visões de mundo socialistas. Não precisa ser bolsonarista. Mas não pode ser esquerdidas, nem lulista”, disse. “Reitor tem que cuidar da educação e ponto final. E respeitar todos que pensam diferente. As universidades federais não podem se tornar comitê político, nem direita, muito menos de esquerda”, defendeu.

Segundo Ribeiro, o Ministério tem bom diálogo com “20 a 25” reitores entre os 69 diretores das universidades federais.

“Se na lista tríplice já tem gente reclamando, imagina se a gente pudesse indicar diretamente. É uma expressão da vontade dos alunos e não me oponho a ela, nesse primeiro momento. Tem que saber conviver com isso”, completou.

Pastor e ex-reitor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Ribeiro afirmou que não conhecia estruturas do MEC como a rede federal de educação técnica e a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares. Ele disse ainda que pais de alunos da educação básica devem procurar o conselho tutelar se encontrarem conteúdo ideológico nos livros didáticos.

Na entrevista, Milton Ribeiro, ainda disse que, durante a pandemia, não faltaram recursos ao Ministério da Educação (MEC) e que a pasta aportou dinheiro tanto para equipamentos de prevenção ao novo coronavírus, como equipamentos de proteção individual (EPIs) e álcool em gel, quando no treinamento de professores para prepararem aulas virtuais.

“Só para cuidar da parte de objetos e elementos para cuidar da pandemia, como máscaras, EPI e álcool em gel, o MEC transferiu R$ 1,7 bilhão, fora o dinheiro que o governo federal aportou nos estados e municípios. O MEC, que tem o terceiro maior orçamento da Esplanada, aportou vários, vários recursos e, ao lado disso, tivemos a capacitação [gratuita] que foi feita para que os professores pudessem se capacitar [para] prepararem uma aula através do computador”, disse Ribeiro.

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RODA DE DIÁLOGO ALERTA PARA OS RISCOS DA INSTALAÇÃO DE USINA NUCLEAR COM USO DAS ÁGUAS DO RIO SÃO FRANCISCO

Populações tradicionais, ambientalistas e ativistas da região da bacia do rio São Francisco continuam promovendo mobilizações e ações que têm o objetivo de alertar para os perigos que ameaçam a permanência de um dos rios mais importantes do Brasil: o Rio São Francisco. 

A TV Raízes da Cultura e a Pastoral da Comunicação da Diocese de Floresta estão promovendo "Roda de Diálogo" sobre a possibilidade de instalação de uma Usina Nuclear em Itacuruba, Sertão de Pernambuco, fazendo uso das águas do Rio São Francisco.

Os debates tem o objetivo de ouvir o posicionamento de parlamentares estaduais e federais, técnicos sobre as leis existentes e as discussões que vem ocorrendo nas casas legislativas, a ameaça que isso representa aos Territórios Tradicionais e os riscos e as falsas promessas de geração de empregos na região.

Na próxima sexta-feira (13) uma nova live com a participação dos representantes de movimentos sociais será promovida. E na outra semana uma reunião acontece com a presença de dois senadores e deputados eleitos em Pernambuco.

O rio São Francisco sob nova ameaça. Essa é a constatação dos Movimentos Sociais. "A Instalação do empreendimento vai exigir uma vazão que o rio São Francisco não suporta, além de impactos na segurança hídrica e alimentar, e na qualidade de vida das comunidades ribeirinhas", diz Padre Luciano Aguiar.

Atualmente o interesse em fazer uso das águas do rio São Francisco e instalar a Usina Nuclear tem que passar pela de revisão dos licenciamentos de uso das águas do Rio São Francisco já em vigor, é importante considerar as condições ambientais do rio para a concessão de licenciamentos futuros. 

Nesta direção, tramita na Assembleia Legislativa do Estado de Pernambuco (Alepe), a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 09/2019, de autoria do deputado estadual Alberto Feitosa (PSC), que prevê a alteração do artigo 216 da Constituição Estadual, garantindo as condições para a implantação de uma Usina Nuclear em Itacuruba, município localizado na região do Submédio São Francisco pernambucano.

Uma série de argumentos contrários ao empreendimento, dentre os quais estão o descumprimento à Constituição Estadual e riscos à saúde física e psicológica da população local.

“Pergunto se as vantagens econômicas de curto prazo, como a geração de empregos na fase de construção da usina, valeriam o sacrifício humano, os riscos de acidentes e impactos negativos à população de Itacuruba, que seria, mais uma vez, vítima das consequências negativas de um empreendimento energético,” pontuou o deputado do PT, João Paulo.

O autor da PEC 09/2019, o deputado Alberto Feitosa (PSC), defende a instalação da Usina Nuclear. “imaginem as vantagens econômicas trazidas pelo empreendimento, que deverá mobilizar um investimento de U$ 30 bilhões na região.

O educador social do Conselho Pastoral dos Pescadores (CPP) em Floresta, Pedro João, afirma que a instalação da Usina Nuclear representa o fim da pesca artesanal, atividade que serve à alimentação e à geração de renda das comunidades ribeirinhas.

“A água vai impactar no ecossistema local. A água que volta após resfriar os reatores estará aquecida em 2ºC, o que impacta na sobrevivência e na reprodução dos peixes.Atualmente, os reservatórios já sofrem com o baixo volume de água, devido às mudanças climáticas que tornam as chuvas irregulares. Neste momento, por exemplo, estamos há tempos sem chuva. Fora isso, o eixo Leste da Transposição do rio São Francisco, localizado entre Petrolândia e Floresta, também usa essas águas, reduzindo ainda mais o volume. Com a implantação da usina, que vai demandar água para resfriar os reatores, o volume de água vai ficar ainda menor, tornando a pesca artesanal inviável, reflete Pedro João.

ITACURUBA:  A escolha de Itacuruba, Pernambuco para a implantação da usina se deu através do Plano Nacional de Energia 2030. Construído pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e lançado em 2007, prevê um investimento de R$ 30 bilhões para a construção de seis reatores com capacidade de produção de 6.600 megawatts. A área de instalação está localizada no Sítio Belém de São Francisco, distante 8 km de Itacuruba, e pertence à Companhia Hidroelétrica do Rio São Francisco (Chesf).

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