INEFICIÊNCIA HISTÓRICA DAS POLÍTICAS DE TELECOMUNICAÇÕES NO BRASIL É EVIDENCIADA NA PANDEMIA

A “ineficiência histórica” das políticas de telecomunicações no Brasil geraram uma “elite estudantil” na pandemia, acentuando desigualdades no acesso e na qualidade da Educação. A análise está no relatório Acesso à Internet Residencial dos Estudantes, do Instituto de Defesa do Consumidor (Idec), lançado hoje (15).

“O modesto avanço alcançado pelas políticas de acesso à internet focado exclusivamente nas escolas foi de pouca utilidade quando estas foram fechadas e alunos e professores tiveram que ficar em casa”, diz o texto da pesquisa desenvolvida por Jardiel Nogueira. Os dados mostram que conexão estável, sem restrições, e equipamentos adequados seguem restritos.

Nogueira aponta que “o Brasil não está nessa situação por falta de políticas de conectividade, mas pela falta de efetividade das políticas que já foram lançadas”. Desde 1997, com o Programa de Tecnologia Educacional, que levou os laboratórios de informática para as escolas, e atualmente o Programa de Inovação Educação Conectada (Piec), com foco na conexão da internet para as escolas, aquisição de equipamentos e formação de professores. 

Entre os dados compilados, o relatório destaca que, apesar do avanço no número de usuários de internet nos últimos anos, 47 milhões de brasileiros permanecem desconectados, sendo que 45 milhões (95%) estão na classe C e D/E, conforme números da TIC Domicílios 2019.

Sobre a realidade dos estudantes, levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) estima que cerca de 6 milhões de alunos vivem completamente sem acesso à internet fixa ou móvel em casa. Além disso, na classe A apenas 11% dizem fazer uso da rede exclusivamente no celular. Nas classes D e E, o percentual salta para 85%.

Para o Idec, “apesar de serem úteis em casos extremos, celulares limitam as possibilidades pedagógicas de produção de conteúdo, pesquisas acadêmicas e uso autônomo para aprendizado, tanto do professor quanto do aluno”.

Outro dado destacado no estudo é de uma pesquisa Datafolha de 2020 a qual mostra que o número de lares que possuem celulares chega a 89% dos estudantes, mas 38% deles precisam dividir o aparelho com outras pessoas da casa.

A maioria das soluções emergenciais adotadas por secretarias municipais e estaduais passou pelo acesso à internet: aplicativo com aulas e materiais para download; portal que centraliza as ofertas pedagógicas e orientações oficiais; dados patrocinados para acesso a serviços pedagógicos sem descontar do pacote de dados; empréstimo, subsídio ou doação de equipamentos para uso dos alunos e/ou professores; doação de chips; transmissão de aulas via TV ou rádio; e disponibilização de material impresso.

“Desde o começo da pandemia a gente alertou que não eram aconselháveis políticas públicas emergenciais que não considerassem a realidade de infraestrutura dos domicílios, acesso a insumos por parte dos estudantes e de suas famílias e foi o que aconteceu. Foram construídas políticas públicas emergenciais de base excludente”, avaliou Andressa Pellanda, da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, que participou do lançamento.

O Idec destaca como uma medida importante a derrubada do veto ao Projeto de Lei 3477, que garante R$ 3,5 bilhões para conectar alunos e professores em suas residências. “É o maior aporte de recursos da história”, aponta o pesquisador. Além disso, a aprovação do Fundo de Universalização de Serviços de Telecomunicações (Fust) para destravar os recursos necessários para expandir a conectividade nas escolas. 

“Apontamos para a necessidade de se garantir a equidade no acesso à internet para além da pandemia. Educação na internet não é só plataforma, acesso à aula, é equidade no acesso ao conhecimento. É um horizonte a ser buscado”, defendeu Diogo Moyses, coordenador da área de telecomunicações e direitos digitais do Idec.

A Agência Brasil procurou o Ministério da Educação e aguarda retorno.

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BANDA AS SEVERINAS LANÇA O EP XAMEGO DE FULÔ EM COMEMORAÇÃO AOS 10 ANOS DE CARREIRA

A banda pajeuzeira As Severinas (formada por Marília Correia na zabumba; Isabelly Moreira no vocal, declamações e triângulo; e Monique D'Angelo, na sanfona e vocal) lança, nesta terça-feira (15), o single "Xamego de Fulô" que abre as portas para o EP de mesmo nome, em celebração aos 10 anos de carreira do grupo.

 E na véspera do São João, no próximo dia 23 de junho, As Severinas lança o EP completo com seis faixas, nas principais plataformas de música e no youtube, para todo mundo poder dançar em casa, acessando da forma que preferir.

A faixa de abertura é da autoria da sanfoneira e vocalista da Banda, Monique D'Angelo e tem a participação poética da violeira repentista Fabiane Ribeiro. O EP terá três músicas autorais e outras três dos compositores Islan, Assisão, além de uma parceria de Maviael Melo e Rodrigo Sestrem, que também participa tocando pífano.

Para este álbum, As Severinas mantém o estilo regional, poético e dançante; dando destaque à sanfona, à zabumba e ao triângulo com o tempero, para lá de especial, da poesia declamada. A surpresa da vez está nas participações musicais: estarão presentes no EP o aclamado grupo Quinteto Violado, a consagrada forrozeira Anastácia e a artista sergipana Thais Nogueira.

Para Monique D'Angelo, a dificuldade maior para concluir o projeto foi gravar em meio ao contexto da pandemia da covid-19, mas o trabalho valeu a pena e agora ela está feliz com o resultado. "Tivemos algumas dificuldades para entrar em estúdio, mas conseguimos, no final das contas, atingir nossos objetivos. Para tanto, tomamos todos os cuidados necessários, utilizamos máscaras, higienizamos nossas mãos e utensílios com álcool, enfim, tomamos todas as precauções para gravarmos em segurança".

A sanfoneira também acrescentou: "o público pode esperar canções escolhidas com muito carinho, faixas animadas, daquelas que os pés começam a se ´bulir´ de imediato. E ainda temos participações muito especiais, para apimentar esse trabalho".

O álbum tem a direção musical conjunta de As Severinas, do produtor Karl Marx e do multi-instrumentista Elói Oliveira. Os arranjos foram feitos por Elói em parceria com o sanfoneiro Sílvio Ferraz, além de contar com o percussionista Vein e a participação especial da percussionista Negadeza. A direção artística é da integrante Isabelly Moreira e a produção é de Karl Marx.

O EP estará disponível em todas as plataformas de música e, assim como o documentário já lançado sobre a história da Banda, ficará disponibilizado gratuitamente no canal do YouTube: https://www.youtube.com/c/AsSeverinas. O projeto conta com o apoio da Lei Aldir Blanc do estado de Pernambuco e pode ser acompanhado pelas redes sociais das Severinas:

Instagram: @asseverinas (https://instagram.com/asseverinas?igshid=aer7cxl06zs3 )

Facebook: https://www.facebook.com/paginaasseverinas

FICHA TÉCNICA

Vocal: Monique D'Angelo

Back Vocal: Isabelly Moreira e Monique D'Angelo

Declamação: Isabelly Moreira e Monique D'Angelo

Sanfona: Sílvio Ferraz

Violão e cavaquinho: Elói Oliveira

Arranjos: Elói Oliveira e Sílvio Ferraz

Direção musical: Elói Oliveira, As Severinas e Karl Marx

Percussão: Vein

Pandeiro faixa 02: Negadeza

Pífano faixa 04: Rodrigo Sestrem

Gravação, Masterização e Mixagem: Pró Stúdio Digital (São José do Egito/PE)

Repertório: As Severinas

Direção artística: Isabelly Moreira

Produção: Agência Cultural de Produção e Criação

Produção Executiva: Karl Marx

Assistência de Produção, mídia e marketing: Bea Laranjeira

Arte de capa: Marcos Pê

Fotografia de capa: Eduardo Crispim

Identidade Visual: Fabíola Barros

Gravado entre abril e junho de 2021

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TEATRO: AS TENTAÇÕES DE PADRE CÍCERO

 O espetáculo teatral “As Tentações de Padre Cícero” será exibido gratuitamente a partir das 19h de quarta-feira (16), através do canal do Teatro Castro Alves no YouTube. A exibição faz parte da edição “Especial Nordestes” do “TCA de Braços Abertos”, e poderá ser assistida até o domingo (20).

Com texto e direção de Gil Vicente Tavares, a narrativa acompanha a saga do homem que foi de pregador da pequena capela da aldeia vinculada à Vila do Crato a líder religioso da região do Cariri, no solo cearense; de incômodo padre, associado a milagres e práticas religiosas consideradas fanáticas, banido e excomungado da Igreja Católica, a instrumento de luta – pela mesma igreja – em defesa à entrada das religiões Evangélicas. “Padim Cicço” foi de primeiro prefeito de Juazeiro – mais tarde, Juazeiro do Norte – a primeiro vice-presidente do Ceará e, posteriormente, deputado federal.

Gil Vicente concebeu a dramaturgia “como uma colcha de retalhos, imagem tão característica do Nordeste. Cenas com personagens históricos, como Lampião, se entrelaçam com músicas originais, contações em formato de cordel, galope e desafio, dando ao espetáculo um dinamismo a partir de elementos de nossa cultura e história”, conta.

A proposta do espetáculo é trazer à tona o homem, Cícero, com suas emoções, razões e contradições, que lutava pelo pobre, mas que construiu um patrimônio substancial e que o transformou em um homem rico.

Na peça, o elenco se desdobra entre vários papeis, compondo o painel de personagens que acompanharam a trajetória de Padre Cicero. A proposta do grupo é mergulhar no universo de sonoridades do sertão, com cordel, embolada, tradições sertanejas – o rico imaginário sonoro e musical nordestino – com música executada ao vivo, trazendo, para o palco, a atmosfera do tempo e espaço que embalaram a vida de Padre Cícero e que continua imprimindo, ainda hoje, a sua marca em nossa arte.

SERVIÇO

TCA de Braços Abertos apresenta: "As Tentações de Padre Cícero”

Quando: 16 de junho de 2021 (quarta-feira), 19h

Onde: Exibição através do canal do Teatro Castro Alves no YouTube

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LIVE CULTURAL VOZEZ DO RIO SÃO FRANCISCO ACONTECE NA QUARTA (16)

Como parte das atividades da campanha ‘Eu viro carranca para defender o Velho Chico’, o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), realiza, no dia 16 de junho, às 18h, a live Vozes do Rio.

Em um bate-papo descontraído com os músicos Tinga das Gerais, Paulo Araújo, Targino Gondim e a cantora Wilma Araújo, vamos conhecer o rio São Francisco em ritmo de prosa e música, da nascente à foz. E quem conduz esse espetáculo é o analista ambiental e músico, Élio Domingos.

A programação está imperdível! Marque na sua agenda e ative as notificação no Youtube através do link:youtu.be/g5nQTqdQLOU

Tinga das Gerais: Mineiro, residente em Três Marias, Antônio de Fátima Silva, o Mestre Tinga das Gerais é ator, cantor, compositor e poeta. Tinga é água, alma, ser-tão. Tem rio que corre nas veias e palavras que navegam profundo na gente.

Amante dos rios e das nascentes, no FESTIVELHAS Manuelzão de 2006 foi premiado com o Conto: O Caboclo e o Barranqueiro e com o Curta metragem: TIRADENTES. No mesmo ano participou do Longa metragem: A HISTÓRIA DAS TRÊS MARIAS, da Cineasta Zakia Daura.

Hoje o Mestre Tinga da Gerais faz parte do Grupo: Os Três Caipiras de Minas…Uai! – na página Sou Roceiro Caipira com Orgulho juntamente com o os amigos Elieser, com seu personagem Mandruvachá, e o repentista Vicente Faul, que traz o personagem Zé Texêra.

Também exerce um trabalho de causo e cordéis com o Cordelista Mestre Carlos Azevedo de Monte Claros.

Assim, o Mestre Tinga das Gerais serpenteia por uma curva e outra dos rios, pelas serras azuis das Gerais e em cada pedaço de chão, um causo, uma prosa, um pedaço de si que faz o que o sertão pede: ser assim tão sertão…simples e objetivo.

Paulo Araújo – Paulão: Poeta, militante das causas sociais em defesa do São Francisco, à frente do grupo musical Morão di Privintina, Paulo Araújo desponta nacionalmente em canções de grande agudeza poética.


Nascido em Bom Jesus da Lapa, no sertão baiano, vivenciou, desde menino, as ricas tradições culturais do Médio São Francisco e o fervor religioso da população local e dos romeiros, que, todo ano, chegam aos milhares para visitar o santuário local. Levou estas referências para a sua obra musical, que inclui canções como Nobre Barranqueiro, Cama de Quiabento e I-Margem. Esta última, uma canção de feitio romântico e um manifesto em defesa da natureza, foi selecionada para compor a trilha sonora épica da novela Velho Chico, da Rede Globo.

Targino Gondim: “Por isso eu vou na casa dela, ai, ai. Falar do meu amor pra ela, vai. Tá me esperando na janela, ai, ai. Não sei se vou me segurar”. Foi com o refrão da música ‘Esperando na janela’ que o sanfoneiro Targino Gondim ganhou destaque no cenário da música nacional. Após a gravação da música por Gilberto Gil e a participação no filme ‘Eu, tu, eles’, o pernambucano nascido em Salgueiro, teve seu nome reconhecido como um dos divulgadores do forró e da preservação da sanfona no Brasil, instrumento que faz parte de sua vida desde os 12 anos, quando se mudou para Juazeiro, na Bahia.

Com mais de 20 anos de carreira, mais de 20 CDs, turnês internacionais e premiações como o Grammy Latino pela música “Esperando na janela”, Targino é um grande defensor do Velho Chico, e por ele, vira carranca.

Wilma Araújo: Cantora já conhecida em Maceió, Wilma nasceu em Arapiraca, interior de Alagoas. Com mais de 28 anos de carreira, 3 CDs lançados e centenas de shows realizados, ela transita por vários ritmos da música brasileira com igual desenvoltura. É uma apaixonada pela MPB e tem uma afinidade singular pelo forró e pelo samba.

Está também em seu DNA de mulher nascida no agreste a paixão pelo cancioneiro da cultura popular do Nordeste. Paixão que a leva a pesquisar obras de compositores por vezes com pouca projeção nacional, mas de indiscutível contribuição para a história da música tipicamente nordestina. Paixão que a faz escolher à dedo os músicos que a acompanham em jornadas com duração de até 4 horas cantando palcos diversos. Paixão que a faz construir repertórios diferentes para cada apresentação, mesclando composições de sucesso de nomes consagrados e novos talentos da arte de fazer xotes, xaxados e forrós.

Wilma Araújo é sinônimo de boa música em Alagoas e no Brasil.

SERVIÇO: Live: Vozes do Rio, presentador: Élio Domingos, Analista Ambiental – Alto SF

Data: 16/06/2021 Horário: 18h

Transmissão ao vivo pelo youtube em: youtube.com/cbhsaofrancisco

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I ENCONTRO DE ECOLOGIA NEOTROPICAl ACONTECE NO MÊS DE AGOSTO

O I Encontro de Ecologia Neotropical: Implicações para a Conservação em tempos de Mudanças Climáticas, tem a finalidade de discutir os efeitos das mudanças climáticas em diferentes níveis de organismos biológicos e as implicações dessas, no meio ambiente. 

Também vai tratar sobre os aspectos éticos e legais na Pesquisa Científica, bem como o ramo da Etnobiologia, colocando o ser humano não apenas como parte destruidora do meio, mas sim, como agentes transformadores da paisagem e dos recursos.

O tema em questão é de crescente interesse pela comunidade como um todo, tendo em vista a série de problemas ligados às alterações no ambiente, principalmente nos ambientes neotropicais, o que vem afetando negativamente a distribuição das espécies, causando declínio na biodiversidade e alterando o funcionamento dos ecossistemas.

O evento contará com a presença de grandes nomes na pesquisa científica em suas respectivas áreas de diversas IES brasileiras, compondo mesas redondas, palestras, minicursos de diversas áreas de pesquisa e concurso de “Fotografias Neotropicais”.


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SONHO E SAUDADE: DIJESUS SANFONEIRO FAZ LIVE EM FAMÍLIA NO DOMINGO 13 DE JUNHO

O caminho que liga Exu, Terra de Luiz Gonzaga ao Crato, lugar onde nasceu Padre Cícero é a via das escolhas, das encruzilhadas, da fé, misticismo, trabalho e dons. As paisagens agem e ardem em eco. 

Quais mãos trabalharam na confecção desse origami? Nesta planície sem fim de cores e sons nasceu, exatamente na divisa do Exu/Crato, na Serra do Araripe,  no dia 5 de junho de de 1942, Dijesus Evaristo de Oliveira.

A história conta que para conseguir o primeiro instrumento, uma sanfona teve que trabalhar muito no roçado. A idade entre 8 e 16 anos. A inspiração veio da tradição familiar (Mauro Sanfoneiro, toca zabumba, contrabaixo, bateria, guitarra), José Evaristo-cantor, percussionista e toca violão e está aprendendo tocar sanfona; Antonio, Everaldo e as irmãs,  todos apaixonados por sanfona, roda de coco e quase vidência mística dos benzedores que vivem escutando em cada galho de flor uma música se bulindo/movimentando.

O mundo musical e o respeito pelo ritmo sertanejo que não pode negar a raiz de Luiz Gonzaga e a rebeldia revolucionária de Barbara de Alencar,  o chamam Dijesus Sanfoneiro. Filho de Evaristo Antônio de Oliveira e Maria Clara de Jesus. São 79 anos de muito trabalho e respeito pelo som, ritmo, harmonia e melodia. Compositor, cantor e poeta Dijesus Sanfoneiro já gravou 6 CdS.

A grandeza humana de Dijesus para os amigos é recíproca a sua humildade. Simplicidade que garante a admiração de amigos e pesquisadores da música brasileira. Dijesus é um dos poucos que desfrutou dos bons dias, boa tarde e boas noites do rei do baião, Luiz Gonzaga.

Apertar a mão do Rei Luiz Lua Gonzaga foi um presente para Dijesus que começou tocando forró nos terreiros de chão de barro batido e também nas poeiras sertanejas, qual diz a canção, no sol e chuva, vida de viajante sanfoneiro tocador de forró e baião.

No próximo domingo,  dia 13 de junho,  Dijesus Sanfoneiro fará uma live em família, com participações especiais, às 16hs. A transmissão será no Canal Benilton Gravações.

Dijesus todos os anos é presença certa nos festejos de nascimento de Luiz Gonzaga, no Parque Aza Branca, dia 13 dezembro e na festa da saudade, realizada no mês de agosto, data 2 de agosto dia da morte do Rei do Baião.

Dijesus está entre aqueles que traduzem o sentimento maior da sanfona, a capacidade de fazer amigos. Afinal, a sanfona Fascina pela sua sonoridade, pela diversidade de modelos e gêneros, mas seu encanto transcende o poder da música, porque desperta um afeto misterioso. Talvez pelo fato de ficar junto ao coração do sanfoneiro, ou, quem sabe, por ser um instrumento que é abraçado ao se tocar. Ou ainda, por ser um instrumento que respira. O fato é que a sanfona une as pessoas e é amada por todos os povos.

Na referência de Dijesus, imagina um sanfoneiro que possui no registo, o nome da mãe: Maria Clara de Jesus. O caminho do cidadão Dijesus  é iluminado qual o Sete Estrelo numa noite de lua cheia. O Sete-estrelo é um conjunto de sete estrelas que viajam no espaço numa mesma direção e numa mesma velocidade. Na bíblia consta: "procurai o que faz o Sete-estrelo e o Órion...é poderoso para fazer brotar das trevas o raiar do dia, e transformar o dia claro em noite escura; que chama as águas do mar e as espalha como deseja sobre a face da terra...Senhor é o seu nome".

Várias de suas músicas, sucessos foram gravados na voz de Flávio José, Joãozinho de Exu, Zezinho Barros, Jaiminho de Exu e Joquinha Gonzaga, neto de Januário e Sobrinho de Luiz Gonzaga.

Sonho e Saudade é uma das mais tocadas nos festejos juninos. Confira letra:

Sonhei com Gonzaga tocando

 sanfona sentado no trono do céu

Quando seu Januário e Santana chegavam

 Gonzaga parava e tirava o chapéu

 e  dizia meu Deus que beleza

 meu pai que surpresa, não vou suportar

Disse o velho:meu filho,você me ajudava

Mas hoje aqui é que eu vou lhe ajudar

Januário aquele véi macho

Pegou os 8 baixos mandou o forró

E são joão e são pedro,e são gabriel

Disseram: o céu tá ficando melhor

Severino que nunca foi mole

Arrastou o fole banhado de ouro

Foi aí que Santana e seu Januário

Os dois se abraçaram e caíram no choro

Gonzaguinha chegava animado

Num carro importado, bonito que só

Querendo levar a família pra casa

Pensando que estava no fim do forró

Foi o sonho melhor que já tive

Na vida sofrida que sempre levei

Mas quando pensei que era pura verdade

Meu deus que saudade, eu acordei.

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JOÃO GILBERTO : 90 ANOS DE UM GÊNIO QUE JÁ NASCEU ETERNO

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João Gilberto: 90 anos de um gênio que já nasceu eterno. Texto jornalista Luiz Hélio Alves*

Escrever sobre João Gilberto é sempre desafiador e, por isso mesmo, instigante. De tudo foi dito sobre a sua imensurável obra e até – distorcidamente – sobre a sua intimidade. Já esmiuçaram a vida do artista e do homem. E será que conseguiram mesmo decifrá-lo? Há realmente como encontrar resposta ou definir o que é cósmico, o que transcende o tempo e o espaço através das estrelas para além das galáxias na forma de uma arte esplendorosa, um verdadeiro estrondo do fascínio e de beleza?

A dica para quem busca definir ou (tentar) entender João é que apenas dedique-se a contemplar as suas canções. De corpo, de alma e de coração abertos para o sublime. E então deleite-se. 

João estreou na vida no dia 10 de junho de 1931 em Juazeiro da Bahia, para honra e glória desta abençoada terra que a partir de 2011 começou a dar ainda mais ênfase ao privilégio de ser o berço natal de um dos mais aclamados músicos do mundo. Seja pelo marketing do ousado slogan de “Capital Mundial da Bossa Nova”, seja com outras ações concretas do poder púbico municipal nas gestões dos ex-prefeitos Isaac Carvalho e Paulo Bomfim. No ano de 2011 a prefeitura realizou evento de comemoração dos 80 anos do seu mais renomado filho, com direito a show de João Bosco e palestra do maestro Aderbal Duarte. 

Em 2015 foi inaugurada, ao lado do Vaporzinho na Orla 2, uma bela escultura em tamanho real que virou mais um ponto turístico da cidade. Outro precioso presente foi o show da cantora carioca Miúcha, segunda esposa do icônico cantor. Já em 2019, na casa onde nasceu “Joãozinho de Dona Patú”, foi entregue o Memorial Casa da Bossa Nova.

Além dessas iniciativas oficiais, outros eventos marcaram e continuam a marcar a data de 10 de junho como um dos mais importantes momentos do calendário cultural do município por iniciativa de artistas locais e admiradores de tão brilhante legado. Neste  aniversário dos 90 anos, não será diferente. O compositor Maurício Dias, um dos mais abnegados defensores da obra de João Gilberto em Juazeiro e, quiçá, em toda a Bahia, em parceria com a prefeitura realizará uma Live-Show para brindar e celebrar a vida e obra do nosso mais famoso conterrâneo. 

Porém, é preciso dizer que infelizmente também há por aí alguns desalmados detratores que vez ou outra inventam de vociferar baboseiras por pura incapacidade de compreensão e de alcance em alma do que foi o ser humano, o artista e o imortal João Gilberto. Mas quem liga? O mundo inteiro o ovaciona e aplaude.

O último ato terreno, o suspiro findo da matéria do criador da bossa nova, daquele que “reinventou o jeito de tocar e de cantar o samba”, aconteceu em 06 de julho de 2019 na cidade do Rio de Janeiro, onde ele apresentou-se para o mundo e onde viveu a maior parte do seu precioso e produtivo tempo. A despedida do corpo não poderia ter sido de outra forma senão ao som de uma celestial orquestra de passarinhos. Doce e sofisticada melodia que sempre o encantou desde a infância em Juazeiro e que certamente deve tê-lo inspirado na mágica criação de um trabalho musical que alcançou o posto de perfeito. 

O também inesquecível Ariano Suassuna certa vez disse em uma de suas deliciosas aulas-espetáculo que era preciso tomar muito cuidado ao se usar a palavra “gênio”, sob o risco de desgastá-la inutilmente. É muito comum vermos incautos críticos e apaixonados fãs banalizarem o nobre adjetivo aplicando-o a qualquer artista meramente talentoso. “Mas se chamarmos todo artista (ou outro artífice de uma diferente área) de GE-NI-AL, o que vai restar para definirmos Beethoven, Salvador Dali, Einstein e João Gilberto?”, indagou com elegante e sutil ironia o saudoso mestre. 

A verdade incontestável – em Juazeiro ou Salvador, no Rio ou em São Paulo, em Nova Iorque ou Tóquio, no Brasil e em todo o planeta – é que João já nasceu ensaiadíssimo para brilhar na eternidade porque era um iluminado, mas também um esmerado artesão das melodias, um exigente criador de uma obra inigualável e revolucionaria que marcou toda uma Era e se tornou para sempre. 

Salve João Gilberto e viva os 90 anos do gênio juazeirense. Evoé! 

*Luiz Hélio Alves é poeta, escritor, jornalista e apaixonado pela obra de João Gilberto.

(Este texto é dedicado aos amigos Angelo Roncalli e Ruy Castro).

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