TV EDUCA BAHIA DESTACA NESTE FIM DE SEMANA A AGRICULTURA FAMILIAR DOS MUNICÍPIOS DE UAUÁ, CANUDOS E CURAÇÁ

A TV Educa Bahia vai apresentar, neste fim de semana, uma programação diversificada, que alia educação, cultura e aprendizagem. Durante todos os dias, a TV Aberta (canais: http://bit.ly/sintonizeEducaBahia) transmite videoaulas dos diferentes componentes curriculares e programas, em parceria com o Canal Futura, da Fundação Roberto Marinho, que prometem levar o telespectador a grandes aventuras no mundo do conhecimento.

Neste sábado (29), o programa “Quadrinhos em sala de aula” mostra as possibilidades do universo das HQs para abordagens de conteúdos didáticos através dos desenhos. No mesmo dia, a série “Alfabetismo Brasil” apresenta um cenário desafiador do letramento no país, com histórias de superação, caminhos e oportunidades para mudanças. Destaque também para o “Maratona Futura”, que exibirá uma série de aulas práticas de como se tornar um DJ, trabalho com serigrafia e a elaboração de bonecas Abayomis, símbolo de resistência negra e poder feminino que integra o vasto leque do artesanato brasileiro. 

No domingo (30), o programa “Natureza forte” mostra o episódio “Força e coragem” com a história de Denise Cardoso, primeira presidenta e uma das fundadoras da COOPERCUC -  Cooperativa Agropecuária Familiar de Canudos, Uauá e Curaçá, que emprega cerca de 450 familias em 18 comunidades rurais. A cooperativa produz diversos produtos, como poupas de frutas, sucos, doces e cervejas artesanais. Também será apresentada a série “Som e prosa”,  com a história de instrumentos musicais, como tamborim, trombone, trompa, trompete e viola.  

O final de semana também traz aulas do Ensino Médio, que acontecem de 8h às 10h30 (1° ano); das 10h30 às 13h (2° ano); e das 14h50 às 17h30 (3° ano). Para os estudantes do Ensino Fundamental são transmitidas aulas da faixa "Vamos aprender". O 4 ° e 5° ano têm programação das 13h às 13h30; o 6° e 7° ano, das 13h30 às 14h10; e o 8° e 9° ano, das 14h10 às 14h50.

Disponível na TV Aberta (canais: http://bit.ly/sintonizeEducaBahia) em todos os 27 Territórios de Identidade, a TV também pode ser assistida através do portal http://educabahia.ba.gov.br. No mesmo site é possível ver qual é a programação diária da emissora, com os horários e conteúdos exibidos. A iniciativa faz parte do conjunto de ações implementadas pelo Governo do Estado para o ano letivo 2020/2021, que estão sendo realizadas de forma 100% remota, nesta primeira fase.


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DAS LEMBRANÇAS AO REENCONTRO, AS VOZES DE UM SÃO FRANCISCO QUE NÃO PARA DE MUDAR

De história em quadrinho premiada, à produção alemã que atravessou continentes para chegar ao Brasil, é surpreendente o caminho de quem é despertado a revelar histórias reais sobre o Velho Chico. A seguir, duas trajetórias bem distintas que mostram diferentes faces de um mesmo rio. Em comum, o fato de terem sido agraciadas com reconhecimentos internacionais importantes, o alerta sobre a necessidade de recuperar e conservar o rio, para mantê-lo vivo, e a lembrança de outros tempos.

Saindo de Belém do São Francisco, cidade pernambucana banhada pelo Velho Chico, cruzando todo o estado de Pernambuco e chegando a Monteiro, na Paraíba. Durante 15 dias, a jornalista e quadrinista Gabriela Güllich e o fotojornalista João Velozo percorreram mais de dois mil quilômetros para a produção da reportagem que deu vida ao livro São Francisco, narrativa visual que venceu em 2020 o festival Troféu HQMIX, o mais importante prêmio de quadrinhos da América Latina. A obra foi publicada por meio de financiamento coletivo no final de 2019.

Passando por todas as cidades do Eixo Leste da Transposição do São Francisco, a dupla reuniu informações para a construção de um projeto inovador que une quadrinhos e fotografia em uma narrativa jornalística que aborda água, seca e obra. Para isso, trazem à tona relatos de cidades banhadas pelo Rio São Francisco, fatos como a construção da Barragem de Itaparica, o exemplo de seca no Rio Pajeú e detalhes da construção do Eixo Leste da Transposição.

Natural do Agreste Pernambucano, o fotojornalista João Velozo, premiado pelo Yunghi Grant 2018 por seu trabalho cobrindo o Semiárido e as populações que lutam contra a falta de acesso à água no nordeste brasileiro, conta que a primeira vez que viu o São Francisco foi em uma excursão da escola quando tinha cerca de 14 anos.

Até hoje se lembra de como ficou abismado com o tamanho do rio que, segundo ele, parecia não ter fim.

As crianças e os adolescentes também podem se conscientizar sobre a realidade do rio e sua relevância para nossa sociedade a partir de produções lúdicas, mas carregadas de significado. Esse é o caso do livro infanto-juvenil Tio Flores, produzido originalmente em alemão com o nome Onkel Flores e agraciado com o Klima-Buchtipp, prêmio dado pela Academia Alemã de Literatura Infantojuvenil aos livros de conteúdo ambientalista.

Escrito por Eymard Toledo (site em alemão), uma mineira de Belo Horizonte que passou sua infância num contato estreito com o São Francisco e que hoje mora em Main, na Alemanha, a obra mostra o cotidiano das pessoas que vivem na região do Rio São Francisco, compara os ofícios antigos com as atividades econômicas atuais e aborda a poluição dos rios.

A ideia surgiu em 2013 quando veio ao Brasil com os filhos e visitaram um local que Eymard frequentava muito com o pai quando pequena: um clube de pesca às margens do São Francisco, próximo a cidade de Três Marias, em Minas Gerais.

Foi um choque ver que as águas do rio, que na temporada de julho costumavam ser cristalinas, estavam turvas. As margens que eram cobertas de uma mata verde e densa se transformaram, estavam devastadas e, para nossa tristeza, quase não havia peixes”

O reencontro com Seu Beijo, um grande amigo de pesca do pai que passou a vida toda naquela região, a despertou para uma realidade preocupante. “Ele contou que uma fábrica de zinco na margem oposta contribuía para essa mudança. Quando chove muito, a bacia de dejetos da empresa transborda e o rio fica vermelho, numa extensão de no mínimo 20 km, e milhares de peixes vêm à tona e morrem. Dourados, matrinchãs, mandis, surubins e outros foram facilmente pegos pelos moradores que comiam os peixes contaminados. Uma catástrofe, fiquei muito impressionada”, lamenta Eymard.

Em 2018, Tio Flores foi publicado nos Estados Unidos com o nome The Best Taylor of Pinbauê, pela Editora Seven Stories Press, e na França, pela Editora Anacaona, com o título Tonton Couture.

RIO ETERNO: E você, quando pensa na dobradinha Literatura e Rio São Francisco, o que vem à mente? A professora de Literatura do Serviço Social do Comércio (Sesc) e do Estado de Pernambuco, mestra em Educação, Cultura e Territórios Semiáridos, Ariane Samila Rosa é categórica ao responder: “antes de tudo poesia, depois, criação”.

Dentro da sua atuação no Sesc, ela destaca o trabalho do Núcleo de Estudo e Pesquisa em Literatura (Nepel), um espaço de estudo teórico-prático sobre a obra dos escritores do Vale do São Francisco que tem como objetivo fomentar a linguagem literária do Sesc Petrolina, incentivando o estudo da literatura, assim como a produção escrita e a formação de pesquisadores na área.

O Rio São Francisco faz parte do processo criativo de vários autores do Vale do São Francisco. Alguns aproveitam dos seus elementos e de seus mitos para o enredo das narrativas, como fez a autora Socorro Lacerda ao escrever O Mistério do Sumiço do Velho Chico, um livro para crianças grandes e pequenas que reconta uma das lendas mais conhecidas da região, a da serpente na Ilha do Fogo.”

A seguir, Ariane destaca outras obras escritas sobre o rio:

Um quadro à margem do Rio São Francisco, que está no livro Vaga – Lumear do poeta Virgílio Siqueira, é dos poemas mais profundos que conhece.

No gênero Conto, recomenda o livro Olho morto amarelo, de Bruno Liberal, que ganhou em 2012 o Prêmio Pernambucano de Literatura na categoria Sertão.

Também estão na lista os escritos de Maria Izabel Muniz Figueiredo. Era uma vez… Lendas de Juazeiro e cidades ribeirinhas do Vale do São Francisco é, segundo Ariane, uma das maiores referências sobre esse universo.

Essas e outras obras cumprem, segundo ela, a importante missão de contribuir para o tecimento da memória de um rio em constante transformação.

Afinal, enquanto houver rio, mesmo que na lembrança, haverá história. (Texto: Andréia Vitório)

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ARRAIÁ ONLINE ️RECICLANDO NO VIÉS DA MÚSICA

O show da banda DUBAIA, FORRÓ NOVO SKEMA  e apresentação musical dos alunos do curso/oficina de instrumentos musicais confeccionados com material reciclável (sucatas) fazem parte da programação do evento cultural que acontece no dia 06 de junho de 2021 , a partir das 10h, na ONG AJUDAR N8, transmitido no canal do YOU TUBE da CARRANCA SONORA. 

A iniciativa marca o encerramento do projeto "RECICLANDO NO VIÉS DA MÚSICA", realizado pela Carranca Sonora Pró Artes, contemplado pelo 3º Edital de Música, do FUNCULTURA 2018/2019, com o incentivo da Fundarpe, Funcultura, Secretaria de Cultura e Governo do Estado de Pernambuco e contou com a Produção Executiva da Melodia produções, dirigida pelo músico Marcone Melo, a assessoria de imprensa da Sertão mídia, dirigida por Luciano Peixinho e arte dsiguiner de duesoluçõesintegradas diriginda por Anne Gomes.  

O Projeto, idealizado e ministrado pelo músico percussionista, instrutor e produtor cultural CLEYBSON BOLÃO. O curso/oficina tem cerca de 16 anos em Petrolina e cidades vizinhas e foi realizado em "editais" pela primeira vez, em 2015. 

Atualmente, o curso/oficina do projeto Reciclando no Viés da Música, está sendo realizado na ONG ajudar sediada no N8 Zona rural de Petrolina, teve início em outubro/2020 e sua culminância está prevista para este mês de junho de 2021. Foram ofertadas 40 vagas para crianças, adolescentes e idosos da população rural de Petrolina-PE, uma experiência inédita para o público beneficiado. 

Na prática, o curso/oficina ensinou a confeccionar instrumentos percussivos a partir de materiais recicláveis como garrafas plásticas, latas, tambores, couro, borrachas, canos pvc, entre outros. Geralmente, o público alvo é formado por jovens em situação de vulnerabilidade social, de baixa renda e pessoas com necessidades especiais.

SERVIÇO:

Evento: Show LIVE  do projeto: Reciclando no Viés Da Música.

Local: Ong ajudar n8, zona rural de Petrolina-PE.

Data: 06/06/2021.

Horário: a partir das 10h

Trasmissão You Tube: https://www.youtube.com/channel/UCp90JDmqtJ3X66RtGwFabRg

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JUAZEIRENSES MADRUGARAM NESTA SEXTA (28) PARA GARANTIR VACINA CONTRA COVID--19

Moradores de Juazeiro estão madrugando para garantir a vacina contra Covid-19. A reportagem do BLOG NEY VITAL flagrou várias pessoas formando uma fila já na madrugada desta sexta-feira (28), na entrada da  na Univasf-Universidade Federal do Vale do São Francisco. As pessoas madrugam para garantir a vacinação contra a Covid-19.

A funcionária Pública, Francisca Barbosa chegou na UNIVASF, às 3h30 e recebeu uma ficha de número 72. Detalhe: a organização é feita sem a presença da Secretaria de Saúde de Juazeiro. 

"Um voluntário fez os números em um papel e entrega para quem vai chegado. Quem me entregou a ficha disse que é uma forma de organizar a vacinação. É madrugada e já tem muita gente. Eu acho que não tem necessidade, mas como a gente fica com medo de faltar vacina, eu vim de madrugada e fiquei surpresa, pois é muita gente."

Na Univasf a vacinação hoje (28) vai começar a partir das 7h30. De acordo com as pessoas que estão na fila o objetivo de chegar de madrugada é garantir a vaga. 

Segundo o Planejamento da Prefeitura de Juazeiro, os trabalhadores da educação com 40 anos ou mais, esses profissionais serão vacinados nos dias 28 e 29 de maio, na Univasf. No dia 28/05 o horário é das 07h30 às 11h30 e das 13h30 às 16h, com a distribuição de 300 fichas, sendo 150 distribuídas pela manhã e 150 à tarde. No dia 29/05 o horário é de 08h às 12h e serão disponibilizadas 200 fichas. 

É preciso levar CPF ou RG ou Cartão SUS, comprovante de residência, contracheque do mês de março/ abril com comprovação empregatícia e lotação em Juazeiro. 

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MOVIMENTOS SOCIAIS ORGANIZAM MANIFESTAÇÃO EM PETROLINA CONTRA BOLSONARO, NESTE SÁBADO 29

No próximo sábado (29), ocorrerão manifestações em todo o Brasil contra o governo do presidente Jair Bolsonaro. As entidades estudantis União Nacional dos Estudantes (UNE), União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes) e a Associação Nacional de Pós-Graduados (Anpg) mobilizaram estudantes e a sociedade contra os cortes no orçamento da educação em 2021.

Em Petrolina, o ato "Fora Bolsonaro, Pela vida, pelo Brasil e o povo nas ruas" vai acontecer na praça da Maria Auxiliadora, no centro, às 9h.

As entidades também se mobilizam em contraposição à iminência de fechamento de universidades e institutos federais que estão sem verbas para atravessar o ano e cortes de bolsas de pesquisa. Movimentos sociais e sindicais também aderiram à data.

Para Iago Montalvão, presidente da UNE, a mobilização não significa que os manifestantes abandonarão as recomendações da ciência. "O fato é que se esse governo segue, mais vidas estão em risco e há ainda a intensificação da crise social, da fome e miséria, da qual ele não apresenta qualquer solução, ao contrário promove cortes", explica Iago.

Para Rozana Barroso, presidente da Ubes, a decisão de tomar às ruas é a via necessária para garantir o futuro de toda uma geração. Nas redes sociais, Rozana explicou que, com 20% de cortes orçamentários, institutos federais só funcionarão até setembro de 2021 e chama os estudantes para a manifestação.

Os cortes orçamentários da pesquisa e a possibilidade de milhares de pesquisadores não receberem suas bolsas, mobilizaram também os pós-graduandos para às ruas no sábado. As entidades recomendam: levar álcool em gel, usar máscara PFF2 e manter o distanciamento social.

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SANFONEIRO VENDE INSTRUMENTO PARA CONSEGUIR RECURSOS COM NOVO TRABALHO

Um instrumento de trabalho e um laço afetivo. É assim a relação do sanfoneiro baiano Jackson Fiuza, com sua sanfona. Desde os 15 anos, ele mostrou interesse pelo instrumento e aos 19 já tocava para levar alegria para as pessoas. Por causa da suspensão de shows devido à pandemia da Covid-19 e deste segundo ano sem São João, Jackson precisou se desfazer da sanfona.

O instrumento que marca as festas juninas no país, precisou ser vendido. Com o dinheiro, Jackson, que mora em Feira de Santana, investiu em uma hamburgueria. Nesta quarta-feira (26), quando é comemorado o Dia do Sanfoneiro, o artista infelizmente não tem o que celebrar e conta que a decisão da venda ocorreu devido as dificuldades financeiras causadas pela pandemia.

Casado e com uma filha ainda bebê, de apenas oito meses, ele precisou repensar a forma de ganhar dinheiro.

"Pendei e repensei, mas a última decisão foi vender [a sanfona] porque se eu pensasse demais eu não faria. Não tinha outra saída e acabei vendendo", revela.

A esperança do artista é que o negócio possa render lucros, para que além de pagar as contas, ele possa comprar o instrumento novamente.

Vitinho do Forró, de 28 anos, também tem enfrentado dificuldades por causa da suspensão de shows. Ele conta que não precisou se desfazer do instrumento, mas mesmo distante dos palcos, ele se mantém na música através de lives.

Aos 15 anos, ele saiu de casa para investir nos shows. A primeira sanfona, ele ainda lembra como adquiriu: "Dinheiro, não tinha. Comprei fiado. Paguei tudo depois", brinca.

Para quem viajou pelo país fazendo shows solo e em bandas, o cenário está bastante complicado, mas ele disse que segue com o sonho de levar música ao público.

"Não imagino ser um pop star. Penso em levar alegria para o povo. Esse é meu sonho e eu vivo esse sonho", ressalta.

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FAZENDA HUMAYTÁ: O LUAR DO SERTÃO NASCENDO POR TRÁS DA SERRA

 

“Luar do Sertão” é uma toada, um clássico atemporal da Música Brasileira. Composta pelo poeta e letrista Catulo da Paixão Cearense e pelo violonista João Pernambuco. Detalhe: João Pernambuco nasceu em Jatobá, hoje conhecida por Petrolândia e é um dos criadores da escola brasileira de violão. Infelizmente até hoje não tem o reconhecimento que merece.

Durante anos, o comunicador Almirante usou a letra como prefixo, a música Luar do Sertão, na Rádio Nacional do Rio de Janeiro.  A música, vista por muitos como o segundo hino do país, tamanha sua popularidade, ficou marcada pela interpretação de grandes nomes da Música Popular Brasileira, entre os quais Luiz Gonzaga, Maria Bethânia e Milton Nascimento. 

João Pernambuco foi homenageado em maio de 1983 com o primeiro LP que reuniu exclusivamente obras suas, “João Pernambuco 100 Anos” na interpretação do pianista Antônio Adolfo e do grupo carioca Nó em Pingo D’água. 

"Luar do Sertão" esteve presente na trilha sonora do filme "Os Dois Filhos de Francisco" (2005)  na voz da dupla sertaneja Zezé Di Camargo & Luciano, e na novela "Tieta" (1989) interpretada por Roberta Miranda.

Companheiro de Pixinguinha e do compositor Donga no Grupo Caxangá e, posteriormente, em Os Oito Batutas, dois dos conjuntos mais populares do Rio de Janeiro no início da década de 20, o poeta alegava que ele construíra a melodia, a partir de um fragmento de Beethoven.

João Pernambuco era um compositor intuitivo que, mesmo analfabeto nas letras e nas partituras, deixou composições de impressionante complexidade. Entusiasta de seus chorinhos, Heitor Villa-Lobos admitia ser influenciado por eles em seu próprio trabalho e costumava dizer para os amigos: “Bach não se envergonharia de assinar seus estudos para violão.”

João Pernambuco tecia harmonias muito ricas e extensas, como na brilhante Interrogando, que leva o ouvinte a uma viagem por surpreendentes modulações harmônicas. Já em Sentindo, transpõe uma estrutura de tango para o clima do choro, valorizando uma melodia pungente e de grande beleza. Seu universo é complexo, mas sua música arrebata o ouvinte ao primeiro acorde.

Em “João Pernambuco 100 Anos”, essa riqueza melódica é realçada por bons arranjos, que detalham as sutilezas harmônicas do compositor com instrumentos como a flauta e o violão de sete cordas. Assim, a linha melódica se desdobra, ganha mais corpo e, naturalmente, torna-se acessível a ouvintes pouco habituados à música instrumental.

Luar do Sertão permanece na memória coletiva do povo brasileiro e ganhou muitas versões desde a sua primeira gravação, com Eduardo das Neves, em 1914. No livro A Canção no Tempo (1901-1957), Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello esclarecem que, se a letra sem dúvida é de Catulo da Paixão Cearense, a melodia muito provavelmente deriva de um tema folclórico chamado “É do Maitá” ou “Meu Engenho é do Humaitá”, recolhido e transformado por João Pernambuco. 

A foto aqui foi clicada na Fazenda Humaytá, Curaçá Bahia, pelo poeta, cantor e compositor Luiz do Humaytá.

Não há, ó gente, oh não

Luar como esse do sertão...

Não há, ó gente, oh não

Luar como esse do sertão...

Oh, que saudades do luar da minha terra

Prateando lá na serra

Folhas secas pelo chão

Esse luar cá da cidade tão escuro

Não tem aquela saudade

Do luar lá do sertão

Se a lua nasce por detrás da verde mata

Mais parece um sol de prata

Prateando a solidão

A gente pega na viola que ponteia

A canção é a lua cheia

A nos nascer no coração

Coisa mais bela neste mundo não existe

Do que ouvir-se um galo triste

No sertão se faz luar

Parece até que a alma da lua é que descanta

Escondeu-se na garganta

Desse galo a soluçar

A gente fria dessa terra sem poesia

Não faz caso dessa lua

Nem se importa com o luar

Enquanto a onça lá detrás da capoeira

Leva uma hora inteira

Vendo a lua a meditar

Ai quem me dera que eu morresse lá na serra

Abraçado à minha terra

E dormindo de uma vez

Ser enterrado numa grota pequenina

Onde à tarde a sururina

Chora a sua viuvez

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