MANUELA D'ÁVILA PARTICIPA DA QUINTA SEMANA DE JORNALISMO DO CURSO DE JORNALISMO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO CARIRI

O curso de Jornalismo da Universidade Federal do Cariri (UFCA) promove a Quinta Semana de Jornalismo. O lançamento será no dia 29 de abril às 18h30, com aula virtual da jornalista e ex-candidata à vice-presidente da República, Manuela D’Ávila, com transmissão ao vivo pela plataforma Google Meet. O tema será Fake News.

Durante o evento, Manuela d’Ávila vai contar como lidou com correntes de produção e distribuição de notícias falsas a seu respeito. A experiência acabou se tornando tema de seu último livro “E se fosse você? Sobrevivendo às redes de ódio e fake news”, lançado em 2020. Após a apresentação da palestra sobre Fake News, a jornalista concederá uma entrevista coletiva para alunos do curso de Jornalismo da UFCA, que poderá ser acompanhada por todos os participantes da aula aberta.

As inscrições são gratuitas e devem ser realizadas até as 18h do dia 28 de abril de 2021. Para se inscrever, preencha o formulário on-line (Link para uma nova página). No dia da aula, o link será disponibilizado para os inscritos. O evento contará com certificação de 4 horas.

Todos os eventos organizados pelo curso de Jornalismo da UFCA são gratuitos e nenhum dos nossos convidados cobra cachê. Manuela D’Ávila participará do lançamento da Quinta Semana de Jornalismo do Cariri de forma voluntária.

Sobre Manuela d’Ávila: Mestre em Políticas Públicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Manuela Pinto Vieira d’Ávila possui graduação em Jornalismo pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS). Além de jornalista e escritora (possui três livros publicados), após alguns mandatos no Legislativo, como vereadora de Porto Alegre, deputada federal e deputada estadual no Rio Grande do Sul, foi pré-candidata à presidência da República pelo PCdoB e candidata a vice-presidente na chapa de Fernando Haddad nas eleições de 2018. Sua última disputa eleitoral foi em 2020 para a Prefeitura de Porto Alegre.

A penalização do uso de aplicativos de mensagem para distribuição de desinformação, boatos e mentiras como se fossem informações reais com o intuito de prejudicar pessoas ou grupos está no centro do debate envolvendo a criação da Lei Brasileira de Liberdade, Responsabilidade e Transparência na Internet, em tramitação no Congresso Nacional. As Fake News serão um dos assuntos discutidos na Quinta Semana do Jornalismo, que será realizada de 27 de setembro a 1º de outubro de 2021, com o tema: “Jornalismo em confronto: atuação profissional na pandemia de Covid-19 no Brasil”. A programação do evento será divulgada na próxima quinta-feira logo após a apresentação de Manuela d’Ávila.

Mais informações ou dúvidas

E-mail: semanadojornalismoufca@gmail.com

Instagram: @jornalismo_ufca

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ARARINHA TITA VAI ALÇAR NOVOS VOOS EM 2021 A PARTIR DO DIA NACIONAL DA CAATINGA

A Tita, ararinha azul mais simpática do Vale do São Francisco, vai alçar novos voos em 2021. O anúncio das próximas ações será feito on-line, mostrando que a personagem também está conectada e atenta aos cuidados impostos pela pandemia do coronavírus. Uma live está marcada para às 19h do dia 28 de abril, Dia Nacional da Caatinga, habitat das irmãs da Tita, as ararinhas azuis. 

Esta ação dá sequência ao projeto "Tita e os Mistérios do Velho Chico", que conta com apoio do Ministério do Turismo e da Secretaria Especial de Cultura do Governo Federal, através da lei de incentivo com patrocínio da Bayer, multinacional de saúde e nutrição que completa 125 anos de atuação no Brasil.

"Estamos muito felizes com o sucesso deste projeto e com o apoio da Bayer, a partir de uma parceria que construímos ao longo dos meses. A iniciativa começou com a produção de um clipe animado, depois foi ampliada com a distribuição de livros infantis para crianças e adolescentes de escolas públicas da região. Agora, buscamos atrair a atenção do público infantil e levar a mensagem da Tita para a sociedade de maneira leve e lúdica", conta o ambientalista Victor Flores, criador da Tita.

Retada que é, Tita não costuma guardar segredo e por isso a primeira novidade que será detalhada durante a live é a produção de um curta-metragem tendo a ararinha azul como protagonista. O filme está sendo produzido pela Viu Cine com a assinatura do diretor Eduardo Padrão, que também dirige o projeto infantil Mundo Bita.

Ainda sobre a programação, Tita e seu criador trazem as últimas novidades do Plano de Ação Nacional da Ararinha Azul e do Refúgio da Ararinha em Curaçá, no sertão baiano, uma grande força-tarefa a fim de oferecer condições ideais para o retorno da Cyanopsitta Spixii, nome científico da Ararinha Azul, ave exclusiva do bioma Caatinga. Representantes do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e da Organização não-governamental alemã Association for Conservation of Threatened Parrots e.V. (ACTP) já confirmaram presença na Live. 

Por fim, vão ser anunciadas novidades sobre os produtos literários da Tita. Além do já anunciado livro infantil, ainda não lançado oficialmente por causa da pandemia do coronavírus, outras três publicações devem chegar ao mercado este ano. Todas as novidades vão ser detalhadas durante a live que será transmitida pelo Canal Victor Flores no YouTube. 

Reponsabilidade social: O projeto reforça o comprometimento da Bayer com os princípios de desenvolvimento sustentável e com suas responsabilidades sociais e éticas como empresa cidadã.

"A empresa investe em projetos sociais, especialmente nas comunidades em que está inserida, voltados à educação, cultura e sustentabilidade, aliando o conhecimento à diversão, direitos básicos de toda criança e todo adolescente. Desenvolvemos um trabalho focado em gerar valor e contribuir para o desenvolvimento local", conclui Edson Kemper, líder da área de Crop Science na unidade de Petrolina.

Live com Victor Flores – Dia Nacional da Caatinga | Participação especial da Tita

Data: 28 de Abril

Horário: 19h

Canal no Youtube: Victor Flores


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NO MÊS DO LIVRO, AGRICULTOR E ESCRITOR BERTOLINO ALVES, COLECIONA OBRAS SOBRE SUA COMUNIDADE

Há quarenta quilômetros de Juazeiro, mas precisamente no distrito de Conchas/ Maniçoba, vive o agricultor e escritor Bertolino Alves Nascimento, autor de quatro obras que retratam o cotidiano de sua comunidade.

Seu Bertolino, que por força maior, não pôde finalizar seus estudos se auto descobriu  cedo no exercício da  leitura e escrita, mas a iniciativa de escrever sobre a história, cultura, tradições e a economia do local, partiu de um convite feito por um grupo de irmãs da igreja católica para participar de um evento educativo em que um dos convidados seria o intelectual Paulo Freire.

"Neste dia eu estava grato pelo convite e muito empolgado porque veria uma pessoa que na época eu já o considerava o gênio em educação. Fiquei atento ao que ele falava, e lembro-me como hoje da fala que me marcou profundamente, ele dizia que até hoje somente a classe dominante escrevia, e de forma distorcida, nossa história. Fiquei refletindo sobre essa fala e me perguntei se realmente seria possível um oprimido contar  através da escrita a história de sua gente".  Exclamou o agricultor.

Sempre ligado aos acontecimentos da comunidade, o agricultor sentiu que estava na hora de registrar a história, cultura, religião e a economia da comunidade.  Com a ajuda de moradores mais antigos, ele coletou informações e escreveu sua primeira obra intitulada 'Nasce uma comunidade'. No livro, o agricultor descreve sobre o atraso do local e as dificuldades de sua gente sofrida.

Em sua paixão pela escrita, o agricultor se engajou no nascimento de mais um livro, este por nome 'Maniçoba, sua gente e sua cultura'.  Na obra, o escritor relata os 25 anos da chegada do progresso por meio do Perímetro Irrigado.

Já ciente de seu papel social, e do impacto que a leitura pode fazer na vida de um indivíduo, seu Bertolino produziu mais dois livros, o 'Reminiscências' e o 'São Gonçalo do Mulungu'.  As obras abordam o verdadeiro cenário de fé, a força, determinação e solidariedade do povo local.

Assim como todo amante da escrita e leitura e sempre preocupado com o bem estar coletivo, o agricultor tem suas queixas dos órgãos públicos em conhecer trabalhos capazes de desenvolver intelectualmente e culturalmente uma sociedade.

"O poder público fecha os olhos para desenvolver ações que tragam benefícios para comunidade, creio que um dia esse eco vai ecoar mais forte e, por fim, chamar a atenção das pessoas capazes de transformar nosso cenário".  Pontuou o escritor.  

Hoje, com 74 anos, e sempre na esperança de dias melhores, seu Bertolino segue pensando como Paulo Freire, acreditando que a educação muda às pessoas, e que as pessoas podem mudar o mundo por meio dela.

Por: Maiara Santos/ Jornalista

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EDIMILSON EUFRÁSIO: "UM NEORROMÂNTICO PÓS-MODERNO

O poeta e escritor Edimilson Eufrásio, paulista de Americana/SP, segue lançando e divulgando Brasil afora sua mais recente obra “Para toda a vida!” 

“Para toda a vida”, publicado em São Paulo, em 2018, traz reflexões que vão ao encontro do pensamento cristão, fé que o autor já mostrou em Lágrimas de Poeta. Ele acredita em tudo que os teólogos do medievo escreveram sobre a tradição cristã, que Deus existe, que Deus é amor, que só há salvação por intermédio dos ensinamentos de Jesus.

O autor acredita que o importante é tudo aquilo que se possa levar consigo a uma possível continuação da vida após a morte: “É uma bagagem de amor, de fé, de conhecimento, de solidariedade, de generosidade, de ensinamentos, isso tudo que você vai levar consigo e ninguém poderá tirar de você.” (EUFRÁSIO, 2018, p. 23).

Eduardo Jablonski, Mestre em Literatura Brasileira (UFRGS), define o poeta e escritor Edimilson Eufrásio como um neorromântico Pós-moderno e exemplificou: “usar a expressão ‘lágrimas’ é coisa de poeta romântico ou, no caso, neorromântico, porque estamos no começo do século XXI. O lado positivo é que os autores daquela escola cultivavam a liberdade criadora, e por essa razão Hegel (2000) os definiu como o ápice da cultura”.

Para Jablonski, a possível comprovação de que Edimilson Eufrásio seria um neorromântico é que defende a inspiração, o que era uma das características desses autores. “Há escritores que acreditam na inspiração como uma espécie de despejamento da alma.  Existem formas diferentes de se chamar ao mesmo objetivo, que é proporcionar ao leitor que atinja o sublime ao ler um texto”. 

O crítico gaúcho disse mais: “Edimilson Eufrásio se desnuda através da palavra. Seus pensamentos e crenças aparecem numa reflexão, num verso, numa imagem e o leitor vai se dando conta de que ser humano está ali, representado em texto”. Sua poesia assemelha-se a um bate-papo com o leitor, mas sempre em outro patamar, porque ele não apenas conversa, faz mais do que isso: filosofa e dá lições de vida”, analisou Jablonski. 

A literatura de Edimilson Eufrásio é puro sentimento. Quando percebe que as sensações transbordam de dentro de si, ele necessita colocá-las no papel ou num arquivo de computador. Provavelmente seja dessa forma o seu processo criativo. Edimilson Eufrásio é um poeta ou cronista, dependendo de como sua produção está disposta, porém, de tanto escrever acerca do amor e suas mais variadas nuances, é como se perambulasse pelo ensaios, porém um ensaio mais livre, como fazia Montaigne (1996). 

Mas tudo se baseia na inspiração e no sentimento. Trata-se de um caminho pedregoso e difícil de trilhar. Rilke (Rainer Maria) já ensinou que não deveríamos percorrer os grandes temas, porque todos os maiores já haviam escrito a respeito. No entanto, o escritor de Americana, cidade do interior de São Paulo, não se importa e vai adiante, construindo todas as suas reflexões em nome do amor.

A característica principal da poética de Edimilson Eufrásio, como ele próprio revelou num texto metalinguístico, é cultivar a inspiração e escrever em forma de desabafo, talvez sem revisar depois, como vários poetas fazem. Mas, às vezes, alguns versos se aproximam dos autores que têm por hábito reescrever os seus poemas. 

Em Para toda a vida, vemos um autor compartilhando sua busca sempre constante com o lado humano de cada um de nós a partir dele mesmo, suas reflexões, visão de mundo, dado que somos eternos aprendizes sendo preciso tempo para compreender, que “só o amor dá alforria, enche o mundo de alegria, faz a vida ter mais graça.” (A. CARVALHO, Canto d’Algibeira).  É comum encontrarmos no trabalho de Edimilson mensagens de viva esperança, solidariedade, fraternidade, tão necessárias para a atualidade, ferramentas importantes à nossa construção humana. A poesia e a boa literatura são a mais pura arte e como tal nos eleva, vivifica. 

Edimilson Eufrásio, poeta e escritor, tem 51 anos, natural de Americana/SP.  Membro Titular da Academia Jahuense de Letras – AJL/SP; Membro Titular da Academia de Letras e Artes de Praia Grande -ALAPG/SP; Membro Representante no Estado de São Paulo do Clube Literário de Gravataí/RS – CLG.

É autor das obras "Lágrimas de Poeta", "Regressando Além das Letras", "Uma vez Poeta, eternamente Poeta", " Para toda a vida !" e dezenas de antologias no Brasil e Portugal.

Mais de Edimilson Eufrásio:

 http://edimilsoneufrasio.com.br/

 https://www.recantodasletras.com.br/autor_textos.php?id=10090

Por Aldy Carvalho, poeta e cantador, a partir de release e textos do autor

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GONZAGUINHA, A VOZ SUAVE DE UM DIZER INTENSO

 Em meio a catástrofe Brasil 2021, uma saudade aporta em nós. A saudade de um Brasil Gonzaguinha, uma referência de afeto e verdade que deixou uma marca em nós. A voz suave de um dizer intenso partiu há 30 anos, no dia 29 de abril de 1991, menos de dois anos da partida do pai, Luiz Gonzaga. Teria ele se apressado para curtir a companhia do velho Lua, que no final da vida se aconchegou no colo do filho? Quem sabe... O fato é que Gonzaga Júnior partiu cedo, aos 45 anos de idade, mas deixou de presente uma obra que emociona e inquieta os corações de diversas gerações, é quase impossível não se deixar afetar ao escutar esse cantor e compositor tão necessário para o Brasil. 

Se fosse possível eleger uma obra ou pessoa que sintetize os fios dispersos desse “gigante adoecido” chamado Brasil, penso que um desses personagens poderia ser Gonzaguinha. Pois sendo filho da diáspora nordestina e neto da diáspora africana, traz em seu corpo, memória e obra a grandeza das culturas de reinvenção. 

O “neto de Exu” no duplo sentido - Exu: pequeno município do estado de Pernambuco, de onde veio seu pai Luiz Gonzaga e tantos outros migrantes e Exu-Elegbara: o dono da força e dos caminhos cruzados que rege o Universo pela dinâmica da dialética -, encarnou no berço do samba urbano carioca, Morro de São Carlos/Estácio, no centro do Rio de Janeiro. 

Uma comunidade de trabalhadores pobres que reunia tanto os descendentes de africanos/as nascidos/as no Rio de Janeiro (como sua mãe Odaléia Guedes) ou vindos/as da região Nordeste (como seus dois pais Luiz Gonzaga e Henrique Xavier), quanto imigrantes italianos, portugueses (como sua mãe/madrinha Leopoldina de Castro, a Dina), além de ciganos, judeus, etc. 

Nesse território símbolo da encruzilhada brasileira, Gonzaguinha cresceu escutando de tudo: fado, samba, baião, tango, bolero, Lupicínio Rodrigues e Libertah Lamarque. Durante a adolescência encontrou-se circundado por dois universos bastante diferentes: o “planeta favela”, o morro, a comunidade, a quebrada, um espaço complexo, multifacetado e engenhoso que lhe ensinou a criatividade na escassez, e os espaços da educação formal, no colégio interno privado conviveu com pessoas de outras realidades e classes sociais, além de estar inserido no mundo das letras. Esses dois ambientes lhes trouxeram conteúdos e oportunidades distintas e muito ricas, que são reveladas na diversificada e densa produção musical.

Na juventude, o acesso a universidade (promovido pela insistência e custeio do pai) e a passagem por coletivos libertários, a exemplo do Grupo de Teatro de Arena da Ilha do Governador e do M.A.U. - Movimento Artístico Universitário, encorajou a afirmação de um artista insubmisso, politizado e indignado, que não negociava suas convicções.

Apesar disso, Gonzaguinha fez parte de uma geração de artistas que, mesmo crítica ao papel do mercado cultural, se beneficiou dele, tendo em vista que o principal público consumidor da “arte engajada” era a juventude universitária da classe média, que frequentava os festivais musicais e consumia música “de protesto”. O que o diferenciava da “turma da MPB” dos anos 1970, era a origem popular negro-mestiça e sertânico-favelada. 

Ainda que a maioria dos/as cantores/as abordasse em suas obras temas referentes ao cotidiano do povo brasileiro e incômodos ao Estado autoritário, Gonzaguinha falava de dentro, do vivido e pensado, do visto e ouvido, da dor e da beleza. Não romantizou a pobreza, denunciou suas mazelas e exaltou a potência da luta e das culturas comunitárias presentes no morro. Por tudo isso, seus colegas de profissão e a própria imprensa o respeitavam e admiravam tanto.  

Todas as experiências vividas desembocaram numa obra apaixonada, política e eclética, na qual os dilemas autobiográficos se misturam com os dilemas de um projeto autoritário e excludente de nação. Como se sabe, grande parte da obra de Gonzaguinha foi concebida em um contexto político marcado pela repressão e autoritarismo, edificado pela regime militar que tentou de todas as maneiras silenciar as vozes dissonantes do “Pra frente Brasil”, como a voz de Gonzaguinha. 

Apesar da forte censura à sua obra e de todas as dificuldade que enfrentou na vida, Gonzaguinha não se deixou esmagar. Herdeiro das culturas gingadas, se auto intitulou “moleque” e acionou estratégias gingadas para garantir um espaço no cenário cultural, a visibilidade do seu pensamento e o eco do seu grito de alerta.

 E entre enfrentamentos e recuos, cantou insistentemente o Brasil, o Brasil dos “de baixo” e com a calma nos olhos de quem aprendeu a reinventar a vida pelas brechas, driblou a censura e até o final da vida gravou todas as canções que desejou. Como bem demarca na música "Geraldinos e Arquebaldos": “melhor se cuidar, no jogo do adversário é bom jogar com muita calma, procurando pela brecha pra poder ganhar”. E o moleque do morro sabia muito bem o que significava atuar pelas brechas. 

Além do amor rasgado e das canções de protesto, tematizou a infância, a esperança, a paternidade ativa, os desafios da masculinidade, a natureza, os dilemas e alegrias da própria vida, além de composições que falam sobre ou entoam ritmos nordestino, algumas delas em parceria com o pai. Seja no ritmo dançante das Frenéticas ou na voz inconfundível de Maria Bethânia, seus versos continuam a ser assobiados e regravados por uma nova geração de artistas que enxergam em Gonzaguinha uma fonte inesgotável de poética política e utópica.

Sim meu querido Gonzaguinha, “esse tempo vai passar”!

*Cláudia Pereira Vasconcelos é professora de História na Universidade do Estado da Bahia, pesquisadora de sertões, música e brasilidades. Doutoranda em Estudos de Cultura (Universidade de Lisboa / UFBA) onde pesquisa a obra e a vida de Gonzagão e Gonzaguinha e sua relação com as brasilidades

Texto original reproduzido da página do Instituto Memória Musical Brasileira

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JORNALISTA CAPTURA IMAGENS EM PRETO E BRANCO NO VALE DO SÃO FRANCISCO

O Vale do São Francisco é repleto de paisagens vibrantes, belas e coloridas. A região, que já foi cenário de filmes e novelas e atrai os olhares de fotógrafos/as, turistas e moradores/as, é retratada no projeto fotográfico “Vale em Preto & Branco?”, conduzido pelo jornalista e fotógrafo Jean Corrêa, que registrou imagens nas cores preto e branco, utilizando uma câmera compacta.

O fotógrafo mineiro Sebastião Salgado, conhecido pelas fotografias em preto e branco, já disse uma vez que a ausência de cores permite um olhar mais concentrado no ponto de interesse da fotografia. Para Jean, que estuda sobre fotografia, com ênfase em história e fotojornalismo, desde a época da faculdade, o projeto é uma oportunidade de tornar real uma vontade antiga de captar cenas que sempre são registradas evidenciando as cores.“A ideia de um ensaio fotográfico em preto e branco me acompanha há alguns anos, pegando esse conceito do Vale do São Francisco ser uma região notável pelo colorido, e como seria interessante retratá-lo apenas em preto e branco, reforçando o trocadilho ‘Vale registrar em preto e branco?’”, afirma Jean.


As 50 fotografias do projeto foram tiradas por câmeras digitais compactas, com limitações tecnológicas que hoje em dia já são superadas, inclusive, pelas câmeras de alguns smartphones disponíveis no mercado, e que possuem múltiplas funções. 

A escolha por utilizar esse tipo de câmera foi proposital, já que outro objetivo do projeto é mostrar que é possível fotografar com esse tipo de ferramenta, mais acessível financeiramente e também ideal para aqueles/as que pretendem ingressar no mundo da fotografia.

O resultado do ensaio fotográfico já pode ser conferido neste link: https://www.flickr.com/photos/jeanvalepb/. A apresentação oficial do “Vale em Preto & Branco” será em uma live no dia 14 de março, às 16h, dentro da programação do “Flijua – I Festa Literária de Juazeiro”. O evento contará com a participação de Heitor Rodrigues, engenheiro civil fotógrafo e autor de diversos projetos fotográficos; e Emerson Rocha, jornalista e repórter nos portais G1 e GE da TV Grande Rio, em Petrolina (PE), que já fez trabalhos como fotojornalista nos jornais Correio (Salvador), Diário de Pernambuco e Jornal do Commercio (Recife).

O AUTOR – Jean Corrêa é Jornalista, formado em Comunicação Social com Habilitação em Jornalismo em Multimeios pela Universidade do Estado da Bahia (2008). Seu trabalho de conclusão de curso versou sobre fotojornalismo no contexto do jornal O Pharol, de Petrolina (PE) e desde então estuda informalmente a fotografia, com ênfase na história e no fotojornalismo. 

Em parceria com o Museu Regional do São Francisco, desenvolveu em 2015 o projeto “Sua História é Nossa História” com a intenção de reunir e digitalizar negativos fotográficos que registram momentos históricos da cidade, bem como de juazeirenses ilustres. Ainda no campo das artes, também é músico amador, atuando como guitarrista/vocalista em bandas locais desde 1998.

APOIO – O projeto “Vale em Preto & Branco?” foi aprovado dentro do edital Usinas Culturais, com recursos da Lei Aldir Blanc, pela Secretaria de Cultura da Prefeitura de Juazeiro, no final de 2020.

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EMBAIXADA DE CUBA RESPONDE AO EDITORIAL DA FOLHA: OLHEM NOSSOS INDICADORES DE DESENVOLVIMENTO HUMANO

“A Embaixada de Cuba acompanha o portal de notícias da Folha diariamente, por ser um meio transcendente no cenário informativo do Brasil. Mas nos deixou indignados o editorial ‘Nuances da ditadura’ (22/4), que calunia o nosso país. Não vale nem a pena discutir o termo ‘ditadura’ do título. Poderia ser objeto de esclarecimentos em outro momento. 

Temos um sistema político que goza de ampla participação popular, desde a adoção de suas leis, incluindo a Constituição, até o aproveitamento dos direitos primordiais de todos os cidadãos, sem exclusão, ao trabalho, à moradia e aos serviços e direitos, como a saúde, a educação, a segurança.

Em todos os planos, a dignidade plena. Não temos crianças nas ruas pedindo dinheiro ou trabalhando nem desnutrição infantil. Todos estudam e são felizes. Um projeto diferente que merece respeito e é apoiado e defendido pela imensa maioria do povo cubano. Se a Revolução Cubana não fosse profundamente livre e democrática não estaria no poder, nem os cubanos haveriam resistido mais de 60 anos a bloqueios e agressões, nem praticado a solidariedade com o mundo, nem saberíamos apreciar a dignidade que nos mantém e a vida que se nos negam.

As referências à ‘sempre claudicante economia cubana’, ‘um país que vivenciou décadas de fracassado planejamento estatal’, sem mencionar a causa principal de nossos problemas, ignora e deturpa nossa realidade. As penúrias econômicas de Cuba e a angústia de seu povo pela escassez e dificuldades têm como causa essencial a guerra não convencional nem declarada dos Estados Unidos da América e de seus aliados contra Cuba, cujo principal expoente é o “bloqueio” genocida que pretende, em vão, render nosso povo pela fome e doenças. 

Seu propósito estava claro em um documento oficial do governo norte-americano que perdeu o sigilo e que dizia que ‘o único modo previsível de tirar apoio interno (ao governo cubano) é mediante o desencanto e a insatisfação que surjam do mal-estar econômico e das dificuldades materiais… Há que empregar rapidamente todos os meios possíveis para debilitar a vida econômica de Cuba… uma linha de ação que… consiga os maiores avanços na privação à Cuba de dinheiro e suprimentos, para reduzir seus recursos financeiros e os salários reais, provocar fome, desespero e a queda do governo’.

Esse propósito qualificado como genocídio na Convenção das Nações Unidas para a prevenção e a sanção desse delito de genocídio, que entende como tais os atentados graves contra a integridade física ou mental dos membros de um grupo humano e a submissão intencional do grupo a condições de existência que levarão a sua destruição física total ou parcial (Art.1.b y 1.c).

Esse bloqueio criminal causou danos imensos à economia cubana em 60 anos, superiores, a preços constantes de ouro, a um trilhão de dólares. Seu caráter extraterritorial e violador do direito internacional e da carta das Nações Unidas gerou a condenação quase unânime da comunidade internacional. Também por seu caráter injusto, abusador e eticamente inaceitável.

Fomos, antes da Revolução, uma ilha neocolonizada, monoprodutora, monoexportadora, analfabeta, submetida ao desígnio ianque. A Revolução a transformou. Nossos indicadores de saúde, de educação, de segurança; nossos resultados científicos e esportivos; a felicidade das nossas crianças; a igualdade de oportunidades para todos… Tudo são conquistas a que não renunciaremos, apesar das graves consequências do bloqueio e das agressões contra nosso projeto revolucionário. Pelo bem de Cuba e dos cubanos.

Não conseguimos ter uma economia robusta sobretudo pelo bloqueio e agressões desde o início da Revolução, porém alcançamos uma economia capaz de defender-se da primeira potência militar e econômica do mundo e manter e consolidar conquistas sociais que hoje são um idílio, inclusive para países desenvolvidos.

Analisem os indicadores de desenvolvimento humano do nosso país e os resultados frente à pandemia. Eles falam por si só.”

Embaixador Rolando Gómez González, encarregado de Negócios da República de Cuba no Brasil (Brasília, DF)

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