ALDY CARVALHO LANÇA MÚSICA "COISAS DO SERTÃO"

O poeta e cantador, escritor, contista, compositor e violonista pernambucano, de Petrolina, Aldy Carvalho, acaba de lançar a música Coisas do Sertão, uma parceria com Nildo Freitas, poeta, compositor, percussionista, ativista cultural e diretor do Site Brumado Verdade de Brumado, BA.

Coisas do Sertão que foi lançada oficialmente nesta sexta feira (23) no programa de TV, Ceará DiVerso da TV Verde Vale de Juazeiro do Norte – CE, fará parte de EP que o cantador petrolinense lançará em breve, nas mídias digitais. Gravada no Pro-Studio SP com produção de Cássio Martin e Lenir Sá do Vale Carvalho, tem na ficha técnica: Aldy Carvalho (violão e voz); Tony Marshall (violão e arranjos); Tapioca (baixo); JB (zabumba, triângulo, bloco sonoro); Olivinho (acordeon).   

O jornalista e professor Emanuel Andrade revela que desde que rumou para São Paulo nos anos 80, Aldy Carvalho fez um pacto para realizar seus sonhos através da arte, sem perder as raízes com o universo sertanejo e com as águas do rio São Francisco, onde pescou e se banhou bastante na infância. Vejamos o que diz Aldy sobre seu trabalho:

 “Meu trabalho de compositor, cantador é povoado de xotes, baiões, toadas, martelos, emboladas, cantigas de roda, sagas e fábulas. Um ajuntado de cantigas, o lirismo do Sertão, das léguas que andei”. “Desde muito cedo inventava e contava histórias e causos para crianças. Era comum nos reunirmos na calçada, no terreiro, alpendres, para a contação de histórias, causos de assombração, anedotas e advinhas”. 

Ainda, conforme Emanuel, a versatilidade e o trânsito livre nos campos da música e literatura, há anos, asfaltam a trajetória artística do poeta e cantador petrolinense.

Em sua discografia encontramos Redemoinho (Lp1984 e CD2000), Alforje (2011), Cantos d’Algibeira (2014) e SerTão Andante (2018) além de música original para o filme/documentário Memórias da boca, (São Paulo, 2015); música original para o filme Danças e Cantigas do Sertão, do diretor Luciano Peixinho (Petrolina/PE, 2019). Participação especial no CD Espelho d’água, obra do cantador Décio Marques e nos CD’s da série Festivais do Brasil, v.05 e 06 de 2009 e 2010. 

 De sua obra literária podemos destacar o livro de contos Mémórias de Alforje:5 Contos do Cantador, publicado pela Editora Multifoco – RJ, em 2018  e pela Editora Luzeiro - SP, os cordéis: A História das Copas do Mundo em Cordel (produção coletiva), A Ganância de um Preguiçoso e No Reino dos Imbuzeiros – premiado em concurso nacional do MinC. 

Em parceria com o poeta João Gomes de Sá publica pela Editora Nova Alexandria - SP em 2019 o livro, VIA SACRA, O Caminho da Luz – em cordel. Seu poema\música Giralume foi inserido na obra Língua Portuguesa, Geografia e História, 4º Ano, Global Editora, 2016.  Recebeu Menção Honrosa no 21º Concurso de Contos Paulo Leminski (2010) com o conto José e Chico: os dois vaqueiros e no 25º Concurso de Contos Paulo Leminski (2014) com o conto A Peleja (Memórias de alforje).

Além do EP a ser lançado em breve, Aldy revela que está no prelo, a ser lançado pela Editora Nova Alexandria, São Paulo, o livro, O Cavaleiro das Léguas, em verso com a cantiga de mesmo nome e partitura ao final, com QRCode para o leitor  ouvir a música. Também está pronto e será lançado no segundo semestre de 2021 o seu mais recente Cordel, O Menino Encantado.   

Você  encontra  mais de Aldy Carvalho, em:

Email: pazinko@gmail.com

 www.aldycarvalho.blogspot.com

https://m.facebook.com/aldy.carvalho

https://open.spotify.com/artist/0ZgbXQKrj3idC91dmj5jEs

https://itunes.apple.com/br/artist/aldy-carvalho/id400065980

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BRASILEIRO ESTÁ LENDO MAIS NA PANDEMIA, DIZ SINDICATO DOS EDITORES

O Dia Mundial do Livro, comemorado hoje (23), apresenta dois quadros no Brasil: um muito positivo e outro preocupante, segundo o presidente do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (Snel), Marcos da Veiga Pereira. A data foi escolhida pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) para celebrar o livro, incentivar a leitura, homenagear autores e refletir sobre direitos legais.

“O quadro muito positivo é que o brasileiro está lendo mais. Desde julho do ano passado, as vendas têm crescido e continuaram crescendo este ano, o que, para mim, evidencia uma reconexão com o livro e com a leitura. É como se as pessoas descobrissem o prazer de ler, porque estão mais em casa, porque têm mais tempo. E ao redescobrir o prazer de ler, elas redescobrem o hábito da leitura; colocam o livro no seu hábito diário. Isso faz com que as pessoas leiam mais. Estão consumindo mais livros. Isso é super positivo”, disse Marcos da Veiga à Agência Brasil.

Os números revelados pelas pesquisas promovidas pelo Snel mostram todo o varejo online se movimentando para criar promoções e eventos com o objetivo de chamar as pessoas ainda mais para o livro. Em contrapartida, o lado preocupante é o das livrarias físicas, disse Marcos da Veiga. “Nos cerca de 14 meses da pandemia do novo coronavírus (covid-19), as livrarias físicas passaram, pelo menos, metade desse tempo ou fechadas ou com muitas restrições, o que gera forte impacto econômico-financeiro”, disse.

De acordo com o presidente do Snel, o funcionamento precário das lojas físicas tem efeito também no próprio hábito do leitor, uma vez que impede as livrarias de chamar o público de volta para ter o prazer do convívio, de manusear os livros, de encontrar autores nos lançamentos de obras, de conversar com outras pessoas e com os livreiros. “Essa é a parte difícil da pandemia, que continua”, disse o presidente do Snel.

A pesquisa mensal do varejo realizada para o sindicato mostra a consistência das vendas do setor. No primeiro trimestre deste ano, em comparação a igual período do ano passado, houve expansão de 25% em exemplares vendidos, com cerca de 12 milhões de livros, contra 9,6 milhões no acumulado de janeiro a março de 2020. Em valor, o aumento foi menor, e alcançou cerca de 15,5%. No primeiro trimestre de 2021, a receita com a venda de livros somou R$ 544 milhões, contra R$ 471,5 milhões no mesmo período de 2020.

Segundo Marcos da Veiga, isso pode ser explicado porque se vendeu mais obras gerais e menos livros escolares, que são mais caros. Além disso, segundo ele, houve concentração no varejo online, que tem uma prática de descontos para o consumidor muito agressiva. 

Embora o brasileiro esteja lendo mais em razão da pandemia, a pesquisa "Retratos da leitura no Brasil”, divulgada em setembro do ano passado pelo Instituto Pró-Livro e relativa ao ano anterior, revela que pouco mais da metade dos brasileiros têm hábito de leitura (52%). Por idade, a pesquisa mostrou que a única faixa etária que ampliou o total de leitores foi a de crianças entre 5 e 10 anos de idade, que passou de 67%, em 2015, para 71%, em 2019.

Todas as demais faixas leram menos em relação à pesquisa anterior. Apesar da queda, a faixa etária que mais lê no Brasil é a dos pré-adolescentes de 11 a 13 anos de idade (81%, em 2019, contra 84%, em 2015). Em termos de escolaridade, os leitores com curso superior permanecem como os que lêem mais, mesmo com redução entre as edições da pesquisa (68%, em 2019, contra 82%, em 2015). 

O presidente do Snel, Marcos da Veiga, confirmou que está ocorrendo um ressurgimento forte de livros juvenis, para faixa pré-adolescente de 11 a 13 anos de idade.

Marcos da Veiga disse que a crise contribuiu para a redescoberta da leitura. Para ele, a palavra, a partir de agora, não pode ser mais oportunidade mas, sim, responsabilidade. “Nós, enquanto indústria, precisamos manter o livro presente na vida das pessoas, precisamos entrar nas casas das pessoas através das mídias sociais das livrarias, das editoras, que são muito fortes. Isso nos permite estar convidando o leitor a conhecer mais livros, fazendo promoções”. 

O presidente do Snel disse que quando as pessoas puderem circular mais livremente, a ideia é criar mais eventos com autores, “porque é sempre uma experiência muito bacana ter seu livro autografado e tirar foto com o escritor. Acho que essa é nossa responsabilidade. Acho que temos que aproveitar a crise e criar um mercado mais robusto, reconquistar um pouco o que a gente perdeu de 2015 para cá”.

A produtora de moda da agência de modelos Max Fama, Carolina Souza, promoveu um editorial para incentivar a criançada a aumentar o gosto pela leitura. Segundo Carolina, a leitura é fundamental “para atingirmos uma sociedade mais justa, igual, desenvolvida. E tudo isso começa com os pequenos”, disse, acrescentando que “o incentivo à leitura é uma obrigação de todos nós para que os nossos filhos tenham mais oportunidades na vida adulta”.

A pedagoga Bruna Duarte Vitorino, por sua vez, defende que a leitura com as crianças reforça os laços familiares e contribui para o desenvolvimento infantil. 

Para deixar o momento da leitura mais gostoso, ela dá algumas dicas para os pais: Procure ler com frequência para a criança em casa; estimule brincadeiras sobre o livro lido, como desenhar a cena que mais gostou ou utilizar bonecos para reproduzir a história; utilize a história do livro para associar à vivência da criança, durante um passeio ao parque, ou chamando a atenção para algo que apareceu no livro, como uma flor, ou um trem, para incentivar uma conversa sobre o assunto e explorar o conhecimento adquirido com o exemplar; não force a leitura; escolha livros com um conteúdo pelo qual elas se interessem, para proporcionar um momento prazeroso em família; deixe os livros acessíveis para que a criança possa pegá-los a qualquer momento, mesmo que ela ainda não leia; deixe-a experimentar a sensação de folhear um livro e imaginar a história.

A pedagoga lembra que mesmo quando a criança já está conhecendo algumas palavras, “é importante cultivar esse momento de interação com as crianças” 

Bruna Vitorino disse que além do desenvolvimento motor, a criança deve ser instigada à capacidade cognitiva, ou seja, a capacidade de interpretar os estímulos do ambiente para tomada de decisões. “Por isso, é importante introduzir a leitura desde os primeiros anos de vida”, recomenda.

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A TERRA DO SANTO PRETO: DOCUMENTÁRIO SOBRE A TRADICIONAL MARUJADA DE CURAÇÁ SERÁ LANÇADO NESTE SÁBADO (24)

A tradicional 'Marujada de Curaçá', festa folclórica em alusão à 'São Benedito, o Negro', um dos maiores símbolos religiosos de identidade dos escravos, é tema do mini documentário 'A Terra do Santo Preto', do curaçaense Pedro Lucas Ferreira. A produção audiovisual vai ser lançada neste sábado (24), durante a programação do Festival Universitário Baiano de Arte e Cultura (FUBA).

No município do norte baiano, que por ser abrigo de povos escravizados guarda como herança o que de mais forte aquele povo lhes deixou, a fé, a festa secular acontece nos últimos dias de dezembro. Manifestações populares somam-se em honra a São Benedito. O filme aborda sobre a forte devoção ao santo preto.

"No que hoje se tornou a mais forte tradição de um povo, ecoa o grito de liberdade, seja na cantoria, na dança, no som do tambor, no modo de viver ou na expressão das crenças. Em 'A Terra do Santo Preto', trazemos a essência desse espetáculo que enche os olhos da alma pela beleza e pela fé nele contidas", destaca Pedro Lucas Ferreira, diretor da obra e secretário geral da União da Juventude Socialista (UJS) de Curaçá.

A produção, roteirizada por Juscelita Ferreira de Araújo, editada por Ronie Von, com imagens de Maria Silvia, Leticia Torres e Pedro Lucas Ferreira, é resultado de um trabalho do movimento estudantil curaçaense. "A nossa pretensão é realmente apresentar a força cultural que a cidade tem e principalmente a representatividade em ter um santo negro como referência numa festa regada de simbolismos e que acontece há mais de duzentos anos", acrescenta.

O lançamento acontece às 18 horas, durante a programação do FUBÁ, que este ano homenageia Jorge Portugal, escritor, compositor, apresentador e historiador baiano que morreu em 2020 por conta da covid-19. O festival é uma pré-Bienal da União Nacional dos Estudantes (UNE) no estado da Bahia e acontece, de forma virtual com transmissão pelo Instagram da União dos Estudantes da Bahia (UEB) (@ueboficial) e também no YouTube (https://youtube.com/user/tvueb), entre os dias 24 e 25 de abril.

Ascom/Thiago Santos

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AOS AMIGOS QUE ESTÃO PARTINDO E DEIXAM MAIS EMOTIVAMENTE MISTERIOSA A RAZÃO DE HAVER ESTRELAS E GENTE

Acorda Minha Pedra. Simbora pra Exu. Ainda na madrugada junto como o amigo, o artesão Afonso Conselheiro, tivemos o privilégio de nas margens do Rio São Francisco escutar um sanfoneiro cantando, carregando através da sanfona a alegria de saber que ali na curva do rio todos renovam a esperança de que a cada 02 de agosto Luiz Gonzaga não morre, nasce cada vez mais belo. Era 02 de agosto de 1989 quando o Rádio anunciou Luiz Gonzaga morreu!

E foi saindo dessa geografia da água verde do Rio São Francisco e estrada afora entre poeira e sol que rompemos o silêncio. O mês agosto e o destino Exu, Chapada do Araripe: É Luiz Gonzaga, o Lula das Luas Belas, o grande nome da modernização da música brasileira nos últimos 60 anos... Afonso Minha Pedra Conselheiro fez questão de declarar que sim, e Dominguinhos “pois este superou a arte do mestre”.

Seguimos estrada afora. Rádio ligado e o silêncio soprando o vento. No meio da estrada parada para uns cafés. Outras prosas e abraços. Nascido em Exu, no sertão de Pernambuco, na chapada do Araripe, Luiz Gonzaga ganhou o Brasil e o Mundo. “Mas coloque ai na reportagem: nunca, jamais ele esqueceu o Nordeste, de sua origem”, diz o artesão na arte do couro Mestre Aprigio.

Em plena atividade em Ouricuri, nascido em Exu no dia 25 de maio de 1941, “Mestre Aprigio”, confecciona couro e sem nenhuma pretensão ou arrogância conta que conheceu bem o repertório de Luiz Gonzaga. 

“Meus chapéus serviram de coroa para os dois grandes reis que conheci, veja só que privilégio, Luiz Gonzaga e Dominguinhos”. Um abraço e até logo!

Chegamos a Exu. Logo somos abraçados por Neto Tintas que já havia chegado no dia anterior. No carro de som ouvimos Asa Branca, toada que Luiz Gonzaga elevou à condição de epopeia a questão nordestina. É um autêntico Hino. Música que tonifica o cancioneiro brasileiro, capaz de ser uma tese, síntese contra o empobrecimento cultural em que se encontra o atual estágio de músicas executadas nas rádios e canais de TV.

Gilberto Amado disse ao se referir à morte: “Apagou-se aquela luz no meio de todos nós”. Mas o desaparecimento físico de Luiz Gonzaga não cessou de florescer a mensagem da cultura e da valorização da música brasileira.

Afonso, artesão e lutador do bom combate enxuga uma lágrima. Luiz Gonzaga canta A Triste Partida. Silenciamos em respeito as lágrimas de Minha Pedra, ele personagem de Antonio Conselheiro, ficou emocionado com o tema dos versos da música. 

Luiz Gonzaga vive, está vivo no sertão, na cidade grande e capitais, de Norte a Sul, Leste Oeste. Luiz Gonzaga vive na boca do povo, no gemer da sanfona, no coração e na alma da gente brasileira.

Disse Fernando Pessoa: “Quem morrendo, deixa escrito um belo verso, deixou mais ricos os céus e a terra, mais emotivamente misteriosa a razão de haver estrelas e gente.”

Foi assim que um dia escrevi e hoje reproduzo. Os amigos, Neto Tintas, Seu Aprigio e Afonso  partiram para o sertão da Eternidade...e eu aqui na boca da madrugada fico mais uma vez olhando o brilho das estrelas e da Lua no céu...

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JORNALISTA CRISTINA LAURA PRESTA HOMENAGEM A JOSÉ AFONSO, MINHA PEDRA

Minha homenagem a quem me falou: “Acredito que sou a reencarnação de Conselheiro” - José Afonso da Cunha Martins, ‘Minha Pedra’ ou para mim ‘Afonsinho’ 

Estamos numa época em que anunciar a partida de pessoas amigas virou um doloroso exercício quase que diário. Hoje, numa quinta-feira chuvosa de Abril, me chega a informação que meu amigo Afonso ‘Conselheiro’ nos deixou. Afonsinho, meu amigo velho, corpo magro, alto, de barba e cabelos brancos, com ou sem seu cajado, me chamava de ‘minha linda’, ‘minha menina linda’ quando nos encontrávamos. Sempre foi uma alegria de abraços, beijos e sorrisos.

Enquanto repórter do Jornal A Tarde, eu, Ivan Cruz (Jacaré) e Serginho acompanhávamos Afonsinho em sua participação nas romarias em Canudos, sertão baiano. Já esteve na capa do jornal com seu manto azul, seu cajado e sua fé. Em uma dessas reportagens datada de 20 de Outubro de 2017, ele me disse em entrevista: “Acredito que sou a reencarnação de Conselheiro”. Nessa época, já participava das romarias há 10 anos.

E foi essa pessoa de alma pura que nos deixou hoje. A morte traz a tristeza que costumo traduzir na frase de um amigo paraibano: “A presença da sua ausência me incomoda demais”. A ausência de Afonsinho, Minha Pedra, meu eterno ‘Conselheiro’ vai incomodar muito ainda. Que siga em paz, velho amigo. Que siga em sua romaria, agora em outros campos. Mas sua vida, sua alegria, sua simpatia e encanto estarão sempre aqui. 

Da velha amiga, sua ‘menina linda’, Cristina Laura

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ERA UMA CERTA VEZ...LUIZ GONZAGA E A HISTÓRIA DO PÁSSARO CHAMADO CARIMBAMBA

Em algum ano da década de 70, talvez início de 80, essa data flutua e se move no turbilhão de fatos de minha pré-adolescência, eu ouvi com o coração que a terra há de sentir algum dia, próximo ou longínquo que seja, em alguma estação de rádio do Crato ou do Juazeiro do Ceará, a canção fatal que determinaria minha vida: Amanhã Eu Vou, de Beduíno e Luiz Gonzaga. Não tardou muito para eu ver Elba Ramalho num desses festivais de inverno, de Areia ou de Campina Grande, também foge-me, mas era Elba, tão linda e tão senhora de si, cantando a mesma canção.

Estranhava-me a história desse pássaro chamado de carimbamba do qual nunca ouvira falar, sequer ouvira seu canto que grassava na noite a onomatopeia "amanhã eu vou". Com os parcos recursos de pesquisa da época saí em busca dessa ave. E encontrei em seu Carneiro, um poeta que morava na única casa do final da Rua do Bode e a primeira do que chamou-se mais tarde a Rua Nova, entrando por um pedaço do sítio de Pedro Perazzo, encontrei nele a luz. A carimbamba era o mesmo bacurau, é o mesmo curiango. Esse eu conhecia. Um pássaro cuja mola no pescoço o fazia dar um giro de 360º.

Mas acreditem, nunca associei o canto do bacurau a "amanhã eu vou". Foi Luiz Gonzaga quem ensinou-me a voz, a língua e a canção do pássaro. E, junto com isso, destrinçou-me a lenda de Rosa Bela, a encantada donzela a adentrar a lagoa fria, hipnotizada pela canção atravessada no peito da ave mágica. A canção apresentou-me também o elemento vegetal, a taboa, com a qual sempre brincávamos nos escondendo por dentro dela no açude de Seu Juju, e o elemental Caboclo d'Água, aquele responsável por carregar tantos amigos para o reino paralelo da morte nas profundezas.

Fonte: Aderaldo Luciano-professor. Doutor em Ciência da Literatura.
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MORRE AOS 73 ANOS O ATOR E ARTESÃO JOSÉ AFONSO, MINHA PEDRA O AFONSO CONSELHEIRO

Morreu em Juazeiro, Bahia, no final da tarde desta quinta-feira (22), José Afonso da Cunha Martins, aos 73 anos, de parada cardíaca. Ator e artesão e os seus inúmeros apelidos: Afonso Conselheiro, Minha Pedra, estava internado em tratamento de diabetes.

Nascido em Patamuté-Bahia em 19 de fevereiro de 1948, "Afonso Conselheiro", nas entrevistas concedidas ao BLOG NEY VITAL dizia que adotou o Rio São Francisco e a cultura gonzagueano como filhos. O ator que viveu em Juazeiro desde 1965, relatava que um dos momentos mais produtivos de sua vida foi a gravação da novela da Rede Globo "Senhora do Destino". A novela foi reprisada este ano no "Vale a Pena Ver de Novo" nos finais da tarde e Afonso contracena com atrizes Renata Sorah, Carolina Dickman e Suzana Vieira e o saudoso José Wilker.

José Afonso todo ano participava da Romaria de Canudos, Bahia onde encarna as vestes de Antonio Conselheiro. "Não perco este momento de fé e resistência cultural. Antonio Conselheiro era um visionário", ressaltava Afonso. Também marcava presença nas festividades de nascimento de Luiz Gonzaga, no mês de dezembro em Exu, Pernambuco.

Nas redes sociais são inúmeras as mensagens de despedidas. No dia do aniversário de José Afonso O BLOG NEY VITAL publicou texto que homenageava o ator.

Confira texto de Valternilo Pimentel:

Estamos sempre divulgando gente boa e desta vez, focalizaremos o artesão José Afonso da Cunha Martins, mais conhecido por “Matusalém", apelido que ganhou quando participou da  novela Senhora do Destino. Afonso achava um pouco constrangedor perguntar o nome das pessoas e então passou a chamá-las de "Minha pedra", apelido que também incorporou. Ele também é conhecido como Afonso Conselheiro (devido a sua extensa barba, cabelos compridos e por representar Antônio Conselheiro grande revolucionário de Canudos-Bahia). Afonso é natural de  Patamuté, mais precisamente da Fazenda Boa Esperança, no interior de  Curaçá.

O artesanato é uma técnica manual utilizada para produzir objetos feitos a partir de matéria-prima natural. Normalmente Afonso faz seu artesanato em lata dentro de sua própria casa ou em uma pequena oficina. A partir da Revolução Industrial, que iniciou na Inglaterra, o artesanato foi fortemente desvalorizado, deixou de ser tão importante, já que neste período capitalista o trabalho foi dividido colocando determinadas pessoas para realizarem funções específicas, essas deixaram de participar de todo o processo de fabricação. 

Além disso, os artesãos eram submetidos às péssimas condições de trabalho e baixa remuneração. Hoje, o artesanato voltou a ter prestígio e importância. Continua a buscar elementos naturais para desenvolver suas peças originadas do barro, couro, pedra, folhas e ramos secos entre outros. Em todas as regiões é possível encontrar artesanatos diversificados originados a partir da natureza típica do local e de técnicas específicas.

O artesanato é reconhecido em áreas como bijuterias, bordados, cerâmica, vidro, gesso, mosaicos, pinturas, velas, sabonetes, saches, caixas variadas, reciclagem, metais, brinquedos, arranjos, apliques, além de várias técnicas distintas utilizadas para a fabricação de peças.

"Eu, no entanto, desenvolvi o reaproveitamento de latas de cervejas e refrigerantes para a fabricação de canecas, chapéus, toalhas, camisetas e outras peças que podem ser utilizadas no lar, uso a precisão e traço nas mãos, em cada peça fabricada vejo naquela arte, uma parte do meu corpo que me conduz a felicidade de poder compartilhar com quem adquire o meu produto a um reconhecimento também pelo trabalho realizado, e a busca de mais outras obras, pois a vida do artista precisa de sensibilidade para perceber que muitas vezes a realização de uma pessoa pode estar marcada na peça criada e seus apliques podendo transmitir lembranças e até mesmo conquistando a ingenuidade de uma criança ao ver sua foto plotada na peça. Me sinto gratificado” conclui emocionado.

Antigo morador de Juazeiro na década de 60 e no esplendor da juventude estudou no Colégio Rui Barbosa, Colégio Dom Bosco e Colégio Estadual em Petrolina-Pe. Em 1969 resolve viajar à São Paulo onde trabalha como Operador de Caldeira, na Laborfarma como embalador, foi informante no Instituto de Energia Atômica na USP-Cidade Universitária, ajudante de mecânico na Água Funda. 

Retornando a Juazeiro no ano de 1975, onde trabalhou em banca de revista  de Moailton Lopes e depois numa loja de discos com Moanilton Mesquita Lopes, em Senhor do Bonfim, sendo que um dia montou uma loja de discos de sua propriedade e de seu irmão. Logo depois retorna à Fazenda Boa Esperança onde torna-se criador de ovinos com seu pai. Neste período começa a criar cabelo e barba, sendo convidado por Gildemar Sena para fazer o papel de Antônio Conselheiro nos 100 anos do massacre de Canudos ocorrido em 1997 e, até hoje é o convidado a exercer esta representação de “ Conselheiro” herdando, portanto, o apelido.

Afonso Conselheiro também foi um carnavalesco fervoroso, lembra que em 1960 entusiasmado com o carnaval de rua juntou-se com colegas e faziam a diversão nas ruas e ainda não tinha despertado o carnaval nos clubes. Anos mais tarde, a convite de amigos frequentadores dos clubes Sociais, resolve acompanhá-los tanto na Sociedade Apolo Juazeirense e 28 de Setembro durante à noite e a Sociedade Artífices Juazeirense durante as matinês.

O seu Bloco de Carnaval foi “ Os Pirados” constituído de homens e mulheres que tinham como vestimenta uma mortalha azul com a logomarca de um negro com cabelo Black Power e barba em cor branca, com cerca de 30 componentes alguns com instrumentos de percussão e muito samba. A concentração era no Largo Dois de Julho; recorda-se de algumas pessoas que deram o sustentáculo do Bloco como: Expedito Alves, os irmãos Durval (In Memorian ) Bernadeth de Dona Almerinda, Pinguim, “Seu Lobo”, Pinduca, Josias Gomes, Professor Arimatéia, Carlinhos de “Rachosa”, Zé Mucine, Hildelbrando,Tavares (In memorian ) Carlinhos meu irmão, “Biba”, e toda sua família, enfim nosso bloco era muito unido. Com o decorrer dos anos os jovens tiveram que procurar seu próprio rumo para ter sua independência, culminando com sua dissolução e deixando muitas saudades.

Afonso decide, não participar mais de bloco percussivo e passa brincar seu próprio carnaval. Em 2000, por ter seu visual exótico de Antônio conselheiro, recebe convite do Presidente do Grupo Cultural “Comando Virgulino“, Crisóstomo Lima (Zó),  tornando-se figura de destaque da agremiação. Diz muito feliz “foi um grande orgulho poder interpretar o beato Antonio Conselheiro durante o Carnaval de Juazeiro e em breve voltarei a homenageá-lo. Ele foi um grande homem do sertão" finaliza.

AFONSO ATOR: Sua barba branca e cabelos esvoaçados resultaram no convite para participar da novela Senhora do Destino da Rede Globo. Inicialmente, Afonso integrou oficina de interpretação, fez testes e sendo aprovado, ganha o papel de Matusalém, rendendo-lhe o apelido e o carisma dos fãs espalhados por todo Brasil.

Por: Valterlino Pimentel (Pinguim)

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