SINAL DE PERIGO: OCUPAÇÃO DOS LEITOS DE UTI EM PETROLINA ATINGE 95%

Pela primeira vez, desde o começo da pandemia do novo coronavírus em Petrolina, a taxa de ocupação dos leitos atinge a marca de 95,45%. Há cerca de duas semanas a Secretaria de Saúde de Petrolina vem alertando sobre o aumento da ocupação no município sertanejo.

Esse dado indica que dos 44 leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Sistema Único de Saúde (SUS) - destinados aos pacientes adultos com a Covid-19 que estão disponíveis na rede - 42 estão ocupados; restando apenas duas vagas, uma no hospital Memorial, contratado pela prefeitura, e outra na policlínica do Hospital Universitário. Do número total de ocupação, 26 são pacientes de Petrolina e 16 pacientes são de outras cidades da região.

A informação traz preocupação e requer alerta de todos sobre os cuidados que devem ser tomados no enfrentamento à doença. Os petrolinenses precisam continuar seguindo as orientações do Ministério da Saúde e manter o distanciamento social, higienização e uso de máscaras.

"É um dado muito preocupante. Neste momento acende o sinal vermelho em nosso município e reforça ainda mais que os cuidados precisam ser redobrados. A gestão municipal vem trabalhando incansavelmente para combater esse vírus, mas é preciso que todos tenham consciência de que o vírus não acabou", destacou a secretária executiva de Vigilância em Saúde, Marlene Leandro. (Fonte: Secretaria Saúde de Petrolina)

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MÚSICA ASA BRANCA COMPLETA 74 ANOS

Há 74 anos, o sofrimento do amor deixado para trás e o exílio forçado por conta da seca do sertão nordestino ficaram eternizados no cancioneiro brasileiro com a música Asa Branca. Gravada pela primeira vez em 3 de março de 1947 nos estúdios da RCA Victor, no Rio de Janeiro, a canção é eternizada na voz de Luiz Gonzaga, em parceria com o compositor e advogado Humberto Teixeira, o Doutor do Baião.

Asa Branca tornou-se o hino do nordestino e reflete, como poucas canções, o brasileiro. Em 2009, ficou na quarta posição em lista feita pela revista Rolling Stone Brasil entre as 100 maiores músicas da história brasileira.

Luiz Gonzaga ajudou a popularizar os versos de Asa Branca ao apresentá-la em sua primeira aparição no cinema, no filme O mundo é um pandeiro. A versão original da música, em toada, caiu no gosto popular e logo depois foi gravada em ritmo de baião.

Atualmente existem centenas de versões do sucesso, em português e outros idiomas. Entre as canções da MPB, é uma das mais regravadas. E em diversos ritmos: à capela, interpretadas por bandas e orquestras. Grandes nomes da música brasileira também já cantaram os versos de Asa Branca, como Caetano Veloso e Raul Seixas.

O escritor José Lins do Rego disse que a letra da música é um dos mais belos versos da literatura brasileira.

O professor José Mário Austragésilo, comunicador social, escritor e ator, também autor do livro “Luiz Gonzaga: o homem, sua terra e sua luta”, afirma que um dos pontos marcantes na carreira de Luiz Gonzaga foi a valorização da identidade cultural local. Com esta marca, o Rei do Baião ganhou o mundo. 

“É a música representativa do povo brasileiro, da luta do povo brasileiro, desse grande compositor, Luiz Gonzaga, o Rei do Baião. Asa Branca é a música mais importante do repertório dele. Claro que ele tem outras, mas Asa Branca é a grande bandeira da Música Popular Brasileira. Merece ser considerada o hino da MPB”, completa o escritor.

Do litoral ao sertão, Asa Branca sempre remete a alguma memória da vida e cultura de quem é nordestino. Para Val dos Santos, uma trabalhadora que mora no Recife, ouvir e cantar Asa Branca representa o regaste a histórias de antepassados: “Eu sinto saudade do que eu não conheci. Lembrança de um passado que eu não conheci. Tristeza também por muitas coisas que a gente sabe, que não existe mais. E o que está se acabando por aí. O sertão é como se não existisse para o mundo aí fora. Os políticos não valorizam o nosso sertão”.

A toada Asa Branca tem versões em dezenas de idiomas, inclusive em japonês e coreano, e é familiar a brasileiros de qualquer região, mas na década de 40, naquele tempo soava tão estranha que foi motivo de gozação em cima de Luiz Gonzaga, pelos músicos do Regional de Canhoto, que participaram da gravação, em 3 de março de 1947.

Para os músicos , Asa Branca era a mesma coisa que cantiga de cegos nordestinos, pedindo esmola na rua. Fizeram uma fila, um deles com uma vela acesa, cantando a música. O episódio foi contado por Humberto Teixeira numa célebre entrevista ao conhecido pesquisador cearense Miguel Ângelo de Azevedo, conhecido como Nirez. Assim como Juazeiro ou No Meu Pé de Serra, e várias das parcerias iniciais de Humberto Teixeira e Luiz Gonzaga, Asa Branca era cantada pelo Sertão nordestino, com letras diferentes, e fazia parte da bagagem que os dois levaram consigo para o Rio de Janeiro.

O tempo passa e Asa Branca segue inspirando artistas de outras gerações. Anderson do Pife, que mora em Caruaru, no Agreste de Pernambuco, diz que enquanto estudante de música, acredita que a letra é parte de um método brasileiro de ensino de música popular. "Essa melodia composta por conjuntos e de fácil execução, traduz o início de uma trajetória musical para quase todos os que iniciam seus estudos com ou sem ajuda de profissionais da área", diz.

Ele disse ainda que a música retrata poesia, cotidiano, paisagem e todo o referencial histórico do Nordeste. "Eis o hino do Nordeste e a primeira música que aprendi a tocar. Essa é a força que representa a Asa Branca em minha vida", finaliza. (Foto Arievaldo Viana)


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FORTALEZA LANÇA UNIFORME PARA 2021 DESENHADO POR ARTESÃO ESPEDITO SELEIRO

O time do Fortaleza Esporte Clube lançou as primeiras camisas do goleiro e dos demais jogadores que serão utilizadas pelo time na estreia da temporada 2021. Intitulado de Luar e Sertão - o Gibão do Leão, o uniforme foi desenhado pelo artesão cearense Espedito Seleiro, conhecido internacionalmente pelo artesanato em couro e mestre de cultura do Estado do Ceará.

O uniforme mantém a tradição recente do clube em apostar em elementos da cultura cearense para compor os detalhes das camisas. Em 2021, a vaquejada, o forró e os trabalhos em couro do mestre Espedito Seleiro foram as inspirações. As vendas iniciam nesta quarta-feira (3).

'Eu sou Tricolor, e é uma coisa que, no Brasil, só o Fortaleza vai ter mesmo", declarou o artesão no lançamento oficial.

De acordo com Bruno Bayma, gerente de projetos e responsável pelos designs dos uniformes do Fortaleza, existia o entendimento interno de que Espedito Seleiro era torcedor do time, mas o trabalho do artesão ainda não havia estampado nenhuma camisa do Tricolor.

O Fortaleza entra em campo com o novo uniforme na quarta-feira (3) contra o CRB, às 21h30, na Arena Castelão. A partida é válida pela primeira rodada da fase de grupos da Copa do Nordeste, competição onde o Tricolor vai utilizar as novas camisas.

A reportagem do BLOG NEY VITAL fez contato com a assessoria de imprensa do Fortaleza. Confira mensagem do time cearense que vai disputar a Copa do Brasil:

Espedito Seleiro é um mestre da cultura tradicional popular. O artista entrega seus traços da memória da história do couro ao Fortaleza na originalidade das vestimentas do vaqueiro e do cangaço em nosso novo uniforme para a Copa do Nordeste.

O trabalho de sua família atravessou gerações, através da fabricação de sela, gibão, botas do homem da caatinga. A história começou com o pai de Espedito, que chegou a criar materiais e adereços de couro para Lampião, Maria Bonita e seu bando.

Espedito Seleiro é considerado um Tesouro Vivo da Cultura em 2008 pela Secretaria da Cultura do Estado (Secult) por seu trabalho de artesão de couro e em 2017, recebeu o título de Notório Saber pela Universidade Estadual (Uece) e além do Sereia de Ouro em 2019.

Seus traços sempre são vistos em filmes, novelas, seriados, na moda, no designer e em grandes desfiles como no São Paulo Fashion Week.

O nosso novo uniforme é uma homenagem para todos, os mestres da cultura do nordeste e aos guerreiros do sertão, que enfrentam todas as adversidades com força, fé e sempre com um sorriso no rosto.

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DOUTORA CAROLINA MARIA DE JESUS. ELA ERA NEGRA, CATADORA DE LIXO, TRÊS LIVROS PUBLICADOS

Ela era negra, miserável, catadora de lixo, escritora, três livros publicados, quarto de despejos, provérbios, pedaços de fome, três filhos, agora é doutora  Carolina Maria de Jesus, doutora honoris causa pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, título póstumo, quarenta anos depois de sua morte. Somente reconhecida agora pela sua luta antirracial, conforme anúncio da Assessoria de Imprensa da instituição.

A honraria é concedida independentemente do grau educacional do homenageado, considerando a sua contribuição em área de decisiva importância do país. Carolina foi um fenômeno editorial da década de 1960 quando a Editora O Cruzeiro, do grupo Diários Associados, publicou seu livro Quarto de Despejo, onde escreveu o dia-a-dia de uma favelada catadora de lixo para sobreviver com as filhas.

A publicação se deu por indicação do jornalista Audálio Dantas, mais tarde presidente do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, com intensa atividade no movimento das diretas já, mas falecido no  ano passado, vítima de infarto. Na época, Audálio era repórter da Revista Cruzeiro, responsável pela cobertura jornalística das favelas.

Um livro comovente e angustiante que, imediatamente, vendeu milhares de exemplares em todo o país, chamando a atenção, sobretudo, para a dor de uma família faminta sob a liderança de uma mulher negra, magra e analfabeta, vivendo numa sociedade que exclui e torna invisível um grupo familiar sem direitos a alimentação, educação e saúde.

Além disso, o livro foi traduzido para muitos países, o que animou a autora a escrever outros textos, desta vez sem a repercussão anterior, até porque o impacto já fora quebrado. Mesmo assim, a Editora Ática lançou mais uma edição, provocando ainda uma forte emoção.

Tudo isso, porém, continua ainda hoje, mesmo com o reconhecimento  da luta de Carolina Maria de Jesus, com o título também não convencional cujos efeitos somente serão visíveis mais tarde. Esta é uma luta presente, aliás, no romance Torto Arado, que está produzindo grande repercussão entre críticos e leitores atualmente.

Raimundo Carrero-Membro da Academia Pernambucana de Letras

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FABIANA SANTIAGO LANÇA PALAVRA DE MULHER

Depois do imenso sucesso, no mês passado, com a música 'Deixa", que viralizou nos serviços de streaming Spotify, Deezer, Apple Music e muita gente adicionou à sua playlist, a cantora e compositora Fabiana Santiago, surpreende de novo com mais um lançamento.

A partir da próxima sexta-feira (5), essa artista que já está na estrada há 20 anos, volta a florescer nordestinamente na música brasileira com o lançamento do EP e segundo single 'Palavra de Mulher'.

Composição feita em parceria com Zebeto Correia e Caio Junqueira Maciel, a nova música fala de uma mulher que é protagonista da sua história, "desmistificando o espaço de deusa em que a mulher é colocada, questionando o cotidiano e as lutas conquistadas com suavidade e coragem, de forma poética e literária", conforme comenta Fabiana Santiago.

Para o lançamento de 'Palavra de Mulher' a produção está preparando uma campanha com ações em mailings para blogs, sites, jornais, rádios e TVs do Nordeste e do mundo, além de um trabalho intenso nas redes sociais da artista e de amigos. Serão 9 dias de campanha de pré-save e 15 dias de campanha após o lançamento. E como reforço adicional, 'Palavra de Mulher' contará com um vídeo clipe sendo lançado, convenientemente, no dia 08 de março em alusão ao Dia Internacional da Mulher.

Fabiana Santiago é licenciada em música e bastante conhecida do público no Vale do São Francisco.Já conquistou vários prêmios em festivais, abriu e participou de shows de Gil, Ana Carolina, Vanessa da Mata, Elba Ramalho e Alceu Valença.'Palavra de Mulher' é a segunda faixa das 4 que a cantora e compositora lançará ainda nesse trimestre. (Fonte: class comunicação e marketing)


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TARCÍSIO ENCANTOU-SE? TEXTO DE MAURICIO FERREIRA

Era o tempo da jovem guarda... do iê-iê-iê. Eu era menino e Tarcísio já tocava no Conjunto musical “Os Geniais” – que marcou época em Ouricuri. Ele foi o nosso primeiro contato com a figura e a mística do artista que lança moda e descortina as sensações de novas tendências.

Numa cidade pequena, afastada dos grandes centros e com fraca ressonância dos meios de comunicação de massa, no final dos anos 1960, a meninada tinha que se virar pra encontrar os seus ídolos. 

Pra boa parte da cidade, Tarcísio era a imagem e trazia a sonoridade dos novos tempos, que só conhecíamos pelo rádio e pelos escassos LPS que sacudiam a poeira das sisudas – e poucas – radiolas que enfeitavam as salas das casas privilegiadas da cidade.

Era um rapaz que, como poucos, amava a vida e deixava os cabelos e a mente voarem aos ventos da moda do seu tempo. Irreverente e carismático, tocava violão e circulava com desenvoltura em todos os meios. Tarcísio trazia nas veias o fogo da inquietação juvenil.

De família humilde, e até estigmatizada, pela forma liberal e sem falso pudor, com que levava a vida, Tarcísio despontou entre os outros jovens que aderiram, na cidade, ao novo modo de diversão e comportamento; foi ele que trouxe a mística do “jovem rebelde” pra perto da gente.

Quem, como nós, tinha Tarcísio, se sentia compensado pelo distanciamento para com os grandes artistas da nova cena musical do país, como Roberto Carlos, Jerry Adriani, Wanderley Cardoso... que pairavam congelados nas inalcançáveis imagens das capas dos LPS; sendo idolatrados como se fossem seres extraordinários – habitantes de uma outra dimensão, muito superior à nossa. 

Tarcísio estava ali, e diariamente se dava o fenômeno de um “santo de casa” que fazia e acontecia no próprio terreiro. Gozava da admiração dos meninos – que mitificavam as suas proezas reais e imaginárias –, de unânime cumplicidade no meio da rapaziada e descontraída aceitação por grande parte da sociedade local.

Não havia “curriola” no patamar ou na praça da igreja; no Palanque; no Caramanchão e nos bancos da Praça dos Voluntários; nos bares de Boemia, de Dermeval, de Chiquinho Américo... em que Tarcísio não esbanjasse a voz da sua espontaneidade e a alegria contagiante do seu violão.

Ele chegou a fazer parte do grupo de artesãos da Sapataria de Nozinho Siqueira, onde o seu criativo bom humor se encaixou no clima de “pura malícia”; cravado, ali, pelos sapateiros. Encontrava, ainda, em Paulo Siqueira – filho do proprietário – um dos mais preciosos camaradas para as noitadas boêmias, que ele, sem embaraço, também encarava.

Em muitas ocasiões também se inseriu, o nosso inquieto personagem, em homéricas farras diurnas que incendiavam os bares – com um vendaval de empolgada nostalgia; tendo ficado, algumas delas, nos anais boêmios da cidade – como a da comemoração da final da Copa de 1970, no Bar de Demerval, em que ele acompanhava ao violão o coro de vozes embriagadas, quando no final de “Senhor da Floresta”, o mundo quase veio a baixo com o estrondoso aplauso: “Muito bem cumpadre Erasmo!...”

E pra tornar ainda mais emblemática a sua passagem por uma época da cidade e das nossas vidas, um certo dia, como que por encanto, Tarcísio simplesmente desapareceu; furtiva e misteriosamente, como aconteceu com outros obstinados sertanejos, apenas “anoiteceu e não amanheceu.”

Ficou, na cidade, um grande vazio e um vendaval de especulações sobre o que teria levado uma pessoa tão leve e, até onde se sabia, sem nenhum conflito de relacionamento, a um ato tão drástico; gerando um caloroso “bafafá” pela surpresa e pela forma inusitada da sua partida

Foram muitas – e continuam até hoje – as não confirmadas versões sobre a evasão de Tarcísio. O imaginário popular se esbalda em estórias, cada uma mais fantasiosa do que a outra, sobre o seu paradeiro e trazendo dramáticos supostas confissões do nosso marcante personagem. 

Em uma dessas ele teria sido encontrado por um caminhoneiro, no interior de Minas Gerais; em outra, nos confins de Goiás... Relatos também variados e cíclicos davam conta de, o precioso representante de uma época da nossa cidade, ter sido contactado por alguém de Ouricuri, nas ruas de São Paulo...

Na verdade Tarcísio nunca foi embora. O som do seu violão nunca deixou de ressoar na nossa memória mais sensível. Ele sempre terá os cabelos ao vento, os trajes extravagantes, a irreverência à flor da pele... no plano atemporal da cidade que trazemos em nós.

* Texto: Escritor, fundador Sebo Reboliço-Maurício Cordeiro Ferreira.

Foto: Em pé: Tarcísio, Lael e Baixinho (Adelson).  Sentados: Didigo, Cicinho, Alcides e Vavá.

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PETRUCIO AMORIM: O POETA DO FORRÓ

Nascido em 25 de janeiro de 1959 com a saúde mais frágil do que o normal para um bebê, o músico Petrúcio Amorim foi assim batizado por conta da fé de sua mãe. 

Ao receber em casa uma desconhecida que ficou comovida com a falta de recursos do seu lar, em Caruaru, ela ouviu a história do Menino Petrúcio que, depois de aceito em um convento de padres capuchinhos de Maceió, havia levado fartura para o lugar. 

Na esperança de que o milagre se repetisse também em sua família e de quebra ainda trouxesse vitalidade para o filho, Dona Hermínia nomeou o caçula da mesma forma, sem imaginar, que ele teria vigor o suficiente para se tornar um dos maiores músicos de Pernambuco.

Sessenta e dois anos depois, o sucesso de Petrúcio Amorim pode fazer os mais religiosos acreditarem no triunfo da homenagem.

 A trajetória marcada pela infância pobre, passando pela superação dos obstáculos até chegar ao sucesso – com músicas que hoje já fazem parte do inconsciente coletivo brasileiro, como “Tareco e Mariola”, “Cidade Grande” e “Filho do Dono” –é narrada na biografia “Petrúcio Amorim – O Poeta do Forró”, de Graça Rafael. 

Também natural de Caruaru, Graça Rafael pesquisa e acompanha o cenário do forró com intimidade e paixão, por isso, desde 2004 já vinha desenvolvendo a biografia do músico.

 “À medida que o tempo passava, fui me afeiçoando e gostando de todos os cantores que faziam parte da história do forró. Fiquei amiga de muitos. Daí minha aproximação com Petrúcio”, explica ela sobre a liberdade para tratar até mesmo de temas delicados da história do compositor. “Em todo esse período, nunca tivemos nenhum desentendimento, nenhuma divergência. É uma biografia totalmente autorizada”, completa.

"Ele, Petrucio Amorim contou toda a história, sem qualquer reserva", diz a autora, que diz ter se emocionado diversas vezes enquanto o músico recordava sua trajetória, desde a infância humilde. "Teve dias que a gente chorou junto", lembra, sem revelar em quais passagens isso ocorreu. 

Filho de um marceneiro e uma costureira, Petrúcio nasceu bastante debilitado, uma gestação conturbada e complicações decorrentes, provavelmente, da subnutrição da mãe, Dona Hermínia. O pai, Antônio, abandonou a família quando o garoto ainda era pequeno, agravando ainda mais a situação financeira no lar.

Aos 17 anos, saiu da modesta casa na Rua do Vassoural, no bairro do Alto do Vassoural, em Caruaru, e partiu para o Recife, para trabalhar como ajustador mecânico, ofício aprendido em curso profissionalizante do Senai, onde também chegou a integrar o time de futsal. 

Em 1980, deu os primeiros passos da carreira musical, quando conheceu Jorge de Altinho e apresentou algumas composições próprias, que seriam depois gravadas pelo forrozeiro, então um estreante. Cinco anos depois, Petrúcio Amorim lançaria o álbum inaugural, Doce pecado, que mesclava rock, xote, baião e afoxé.

Influenciado por músicos como Elba Ramalho, Alceu Valença, Geraldo Azevedo, Fagner e Zé Ramalho, Petrúcio Amorim teve melhor sorte como compositor, sobretudo a partir dos anos 1990, quando teve músicas gravadas por bandas como Mastruz com Leite, Cavalo de Pau e Limão com Mel. O sucesso na voz de outros artistas ajudou a engrenar a carreira de intérprete na metade daquela década.

"É quase como uma regra, todas as músicas dele contam uma história", diz a autora sobre o caráter autobiográfico das composições do forrozeiro, que ela considera com diferencial e razão para despertar emoção entre os ouvintes.

O livro  conta com depoimentos de familiares, amigos e artistas, além de prefácio escritos por Santanna, o Cantador, e Maciel Melo.

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