INSS ANUNCIA QUE NÃO HÁ PREVISÃO DE RETORNO PARA PERÍCIAS MÉDICAS

Depois de mais de cinco meses com as portas das agências fechadas por causa da pandemia, o INSS ainda não tem prazo para normalizar o serviço de perícias médicas. A cena se repete nesta quarta-feira (16) nas agências do INSS. Em muitas cidades, problemas no atendimento. Sem perícia médica, segurados tiveram que voltar para casa.
Um dos serviços públicos mais requisitados durante o período de pandemia tem sido aqueles prestadas pelo INSS. Seja pela crise sanitária que trouxe consigo milhares de doentes e mortos, seja pela queda de renda da população, a busca por benefícios previdenciários cresceu sobremaneira.

Desde segunda (14) o que deveria ter sido o dia da reabertura das agências do INSS depois de meses, foi um pesadelo para dezenas de juazeirenses. A falta de médicos peritos é considerado um desrespeito para quem precisa da prestação de serviço.

A professora de Direito Previdenciário Jane Berwanger disse que não há desculpa para a falta de atendimento no INSS depois de tanto tempo com as agências fechadas: “É realmente um descaso, um desrespeito com essas pessoas, com essa enorme dificuldade. Foram pelo menos cinco vezes que o INSS adiou a abertura das agências com a promessa de que quando abrisse estaria tudo ok. E, de repente, no dia não estava tudo certo."

Ontem a reportagem BLOG NEY VITAL foi conferir o atendimento da Agência do INSS em Juazeiro, Bahia e flagrou a insatisfação e em alguns casos o 'desespero" de trabalhadores que precisam de péricias médicas, e ou consolidar os documentos para aposentadoria e outros serviços para receber salário.

atendimento em Juazeiro só acontece de forma remota e por meio de agendamento. Prevista a reabertura gradual das agências da Previdência Social e o retorno das atividades presenciais do Instituto Nacional do Seguro Social o que se assiste em Juazeiro é o sentimento de frustração e revolta.

Para agendar horário, é necessário acessar Meu INSS (gov.br/meuinss e aplicativo) ou ligar para o telefone 135.

Em todo o Brasil há mais de 750 mil pedidos aguardando perícia, metade deles para a concessão do benefício de prestação continuada, o BPC. Há ainda mais de 900 mil pedidos parados por falta de alguma informação ou documento dos segurados.

Enquanto o serviço não volta ao normal, o Jornal Nacional mostrou ontem que segurados como Janaína da Silva, que precisa reagendar a perícia médica para renovar o benefício, enfrentam a lentidão do telefone 135 e do aplicativo Meu INSS. O governo alega alta procura e diz que o serviço deve se normalizar nos próximos dias.

“Só por agendamento. Mas você entra no Meu INSS e não agenda. Não tem nada com o INSS. Nada. Me mandou agora ligar pra um outro número. 135 também não funciona. Está ocupado 24 horas. Eu ligo de madrugada e está ocupado. Nem trabalha, nem recebe. Como que fica aqui, como que fica a situação da gente?”, questiona Janaína.

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A VERSATILIDADE POÉTICA NA VOZ DE LUIZ GONZAGA PARA ALÉM DO NORDESTE, AMOR E DO SOCIAL

A obra do cantor, compositor e sanfoneiro Luiz Gonzaga já influenciou diretamente três gerações de músicos brasileiros que o colocaram na titularidade de Rei do Baião. Adjetivos à parte, Luiz Gonzaga colocou o Nordeste no cenário principal da MPB moderna e figurou no panteão da cultura brasileira ao lado de Noel Rosa e Tom Jobim.  Gonzaga ganhou novos aliados que regravaram suas canções e homenagens diversas que perpassam pelo seu nascimento a 13 de dezembro como também o aniversário de sua morte em agosto de 1989.

Constantemente, estudado por pesquisadores de música, já foi tema de dissertações e teses acadêmicas inclusive fora do Nordeste. A dimensão da figura do artista atravessa particularidades que vão além da música, da poesia  e dos meios de comunicação. Gonzaga entrou em cena quando o rádio era o veículo do momento, no qual todo artista para ganhar fama e fãs tinha de passar por seus auditórios e mostrar sua arte ao vivo. Fora o rádio, os jornais e revistas, bem antes da TV, davam o tom as estrelas da música. E no rádio ele apareceu para o mundo. Fez programas de auditório e, através dos discos de 78 Rotações e do LP, fez suas canções chegar aos ouvidos de milhares de nordestinos e gente de outras regiões que antes  torciam o nariz para sua arte.

"Lua" foi um apelido ampliado pelo ator Paulo Gracindo(1911-1995) na Rádio Nacional. O cantador e sanfoneiro de Exu reinou em muitos outros territórios, os quais desbravou pessoalmente, ultrapassando as fronteiras, instituindo a língua oficial de cada região e suas manifestações.  Em sua canções, o filho de Januário foi versátil  para além das polifonias criativas que dão suporte a arte de cantar. Falou do amor não correspondido, de traições e de romances que extravasam nas telenovelas. Descreveu as amarguras da seca e as epopéias dos sertanejos. Falou do canto dos pássaros antes e depois das invernadas, das cheias que provocaram destruição em pleno sertão e da saga dos retirantes para os grandes centros.

Gonzaga cantou através dos versos de vários parceiros sobre a territorialidade e as pessoas da Paraíba, Bahia, Ceará, Alagoas, Maranhão e Pernambuco. Cada canção com uma pegada diferente e inovadora. Ressaltou a força de seu povo, suas manifestações culturais e sua culinária principalmente nesse período de festas juninas em que os banquetes vão  do milho cozido ou assado à canjica, pamonha, carne de charque ou de sol. Da cachaça ao quentão.

O sanfoneiro falou de religião sem fanatismo, mas com uma certa poética que percebia desde a infância nas novenas por entre as rezadeiras do Sertão. Cantou com maestria a Ave Maria Sertaneja, onde mais uma vez enfatiza a fé e sofrimento de seu povo:  "Quando batem as seis horas/ De joelhos sobre o chão/ O sertanejo reza a sua oração/ Ave Maria/ Mãe de Deus Jesus/ Nos dê força e coragem/Pra carregar a nossa cruz". O músico católico, por força e educação religiosa dos pais, declarou sua fé no Padre Cícero do Juazeiro, abençoado pelo Papa João Paulo II, com quem teve um encontro que lhe marcou a carreira.  Declamou poesia dos cantadores e cordelistas do Nordeste.

Politizado e antenado sobre as questões do Nordeste, em meio as canções mandou recados aos políticos pedindo barragens para seu povo. O amor esteve presente nas letras pelos vários pontos de vista: saudade, banzo, paixões não correspondidas e  traições.  Lampião, Antônio Conselheiro  e os coroneis do Sertão também entraram nas crônicas das canções. O meio ambiente soou como preocupação em vários momentos. Até as guerras travadas no Sertão foram pontuadas em suas denúncias ( como a briga das famílias Alencar e Saraiva), ocorrida na década de 1970 na sua terra natal que fez o filho ilustre de Exu pedir intervenção ao governo do Estado.

O vaqueiro sempre foi um personagem real lembrado em seu cancioneiro. Um dos fatos mais marcantes envolvendo esse profissional da caatinga nordestina, foi o assassinato de seu primo Raimundo Jacó - ocorrido entre as cidades de Serrita e Exu, em Pernambuco, o que fez Gonzaga compor para os versos de Nelson Barbalho um grito por justiça e reconhecimento: "Bom vaqueiro Nordestino morre sem deixar tostão e o seu nome é esquecido nas quebradas do sertão".  Desde a década de 1970, no mês de julho é celebrada a tradicional Missa do Vaqueiro no Sítio Lajes, com festa e forró que duram três dias.

Ainda nem se falava em canção de protesto que ganhou fôlego durante e depois da era dos festivais do final dos anos 1960, Luiz Gonzaga já fazia seus protestos. Foram muitas letras que denunciavam as armadilhas sociais do país. Vale observar parte dos versos de Vozes da Seca, que compôs com Zé Dantas:  "Seu doutô os nordestino têm muita gratidão/ Pelo auxílio dos sulistas nessa seca do sertão/ Mas doutô uma esmola a um homem que é são/ Ou lhe mata de vergonha ou vicia o cidadão/ É por isso que pedimos proteção a vosmicê/ Home por nós excluído para as rédeas do poder/ Pois doutô dos vinte estados, temos oito sem chover/ Veja bem, quase a metade do Brasil tá sem comer(...)".

A música se traduz numa mistura de discurso político e manifesto. Uma forma poética de denunciar o descaso e a omissão dos governantes no que se refere ao combate à seca. Mais de meio século depois, “Vozes da Seca” continua sendo uma “tapa de luva” na classe política brasileira, principalmente a nordestina.

O jornalista e crítico de música Luiz Antônio Giron escreveu certa vez : "mestre" não é  só aquele que faz a história perder-se de si mesma", aquele que reinventa o passado. Com seu jeitão simpático e carregado de humor (que nunca o abandonou), fruto de uma coerência difícil  de ser encontrada em artistas de seu porte, mais de uma vez  declarou: "Não sou modesto não. Eu não invento só o baião, mas também o forró, as marchinhas juninas, as coisas que Moraes Moreira canta. Tudo isso se chama arrasta-pé, tudo isso tem Luiz Gonzaga que não dá para calcular (Caderno 2, o Estado de São Paulo, 1989).

Em uma de suas últimas entrevistas da década de 1980, ainda em atividade fazendo shows pelo país Gonzagão declarou:  "Não é preciso que a gente fale em miséria, em morrer de fome. Eu sempre tive o cuidado de evitar essas coisas. É preciso que a gente fale do povo exaltando o seu espírito, contando como ele vive nas horas de lazer, nas festas, nas alegrias e nas tristezas. Quando faço um protesto, chamo a atenção das autoridades para os problemas, para o descaso do poder público, mas quando falo do povo nordestino não posso deixar de dizer que ele é alegre, espirituoso, brincalhão. Eu sempre procurei exaltar o matuto, o caboclo nordestino, pelo seu lado heróico. Nunca usei a miséria desvinculada da alegria".

*Coluna Do Texto ao Texto (Letras e sons) por Emanuel Andrade, jornalista, professor do curso de Jornalismo em Multimeios e Doutorando em Comunicação pela Universidade de São Paulo (USP). Trabalhou como Repórter no Jornal do Comércio e foi pioneiro no jornalismo cultural na região, ao assinar a coluna de Literatura e Música  para o Gazzeta do São Francisco na década de 1990 e para rádios do Vale do São Francisco. 

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AS CRÔNICAS RADIOFÔNICAS E A MPB NO CAMINHO DE DOM HELDER

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De abril de 1974 a abril de 1983, na Rádio Olinda, emissora da rede católica, o arcebispo Dom Helder Câmara bateu ponto todos os dias da semana, exceto aos domingos, para dialogar com seus ouvintes assíduos do programa  "Um olhar sobre a cidade". Comedido, diante dos microfones, não chegou a externar todas as suas opiniões, temendo que este único espaço midiático que lhe restava também  fosse confiscado pelos censores. Ainda assim,  havia rigorosa censura do SNI e do Dops, que em vários momentos, após o programa, requisitavam cópias em fita cassete das edições para avaliar o conteúdo, ameaçando fechar a emissora, caso não se cumprissem as ordens expressas.

A cada edição, o arcebispo - no papel de comunicador- abria o programa com uma crônica. Sua voz mansa começava a ganhar  repercussão no programa que ia ao ar durante as manhãs, dando seu bom dia com o bordão "Meus queridos amigos". Ao longo dos nove anos ininterruptos de programa, foram 2.549 crônicas produzidas e lidas no ar, a maioria, com temáticas voltadas para injustiças sociais, política, religião, sentimentos e reflexões. Além de servir de material  para a memória do rádio, as crônicas revelam um Dom Helder familiarizado com os fatos da época por meio do noticiário e com a MPB politizada.

Ao longo dos programas, o religioso também abordou temáticas como arte sacra, natureza,  ecologia, poesia, tecnologias, infância e juventude. Composições clássicas da MPB, deram o mote para algumas das crônicas. Ele não  só tocou, como leu parte dos versos e teceu comentários fazendo analogia à realidade das pessoas no cotidiano, sem deixar de exprimir  referências sobre política, injustiças sociais e até mesmo observações poéticas e sentimentais.

ELIS REGINA: Apaixonado por música clássica e brasileira autêntica, Helder tinha bom gosto. Apreciava os compositores e intérpretes da geração que eclodiu nos festivais de música do final dos anos 60, a exemplo de Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Milton Nascimento, Geraldo Vandré, Luiz Gonzaga, além de outros artistas que surgiram nas décadas  seguintes como Zé Geraldo e Osvaldo Montenegro que no esboço de sua arte, também lapidavam o discurso de contestação ao sistema e os problemas sociais. "Se eu perder contato com os artistas, não serei eu", costumava dizer.

Uma das canções emblemáticas dos anos 70 que Helder levou para refletir na intertextualidade do programa foi Maria, Maria (Milton Nascimento/Fernando Brant),  na crônica  "É preciso ter raça". Após os versos finais,  lembrou o Papa João Paulo II quando visitou o Recife, na década de 80: "Quando  João de Deus esteve aqui olhando nossa gente sofrida, disse: sua gente tem pouca ideologia na cabeça, mas tem muita fé no coração! Ter fé e nos transmitir coragem, esperança. e alegria de viver.

crônica Quem não sabe dar,  dialogou com a música "Fica Mal com Deus", de autoria do compositor paraibano Geraldo Vandré, um dos artistas perseguidos pelo regime militar que chegou a ser torturado e exilado após o AI-5. "Os poetas verdadeiros, os autênticos criadores de canção, acabam nos dando a impressão de que os poemas que eles criam e as canções que ele nos ensinam a cantar, acabam sendo um bocado nosso".

Ao final da leitura, mandou um recado no ar para o compositor:  "Geraldo, Deus gosta de quem sabe dar. Quem não sabe se tem desejo sincero de saber dar, esteja certo da ajuda de Deus. Ele chega a perfeição de ensinar a dar do modo belíssimo do ensino de Cristo: dar sem que a mão esquerda saiba o que faz a direita. Fica mal comigo quem não sabe amar? Sei que é tão infeliz quem não sabe amar, que longe de eu ficar mal com quem não sabe amar, entra de cheio nas minhas preces: que Deus que é amor, faça com que todas e todos aprendam a amar"

Na mesma época embalou uma crônica com "Agonia" de Oswaldo Montenegro. "Repare-se de início que o título já é sugestivo: Agonia". E leu os versos da canção.  "A grande agonia é ir morrendo um pouco a cada dia, a grande agonia é mesmo  fazendo de conta  que é festa, dançando e cantando, mesmo tentando contagiar diversos corações com a aparente euforia,  a amargura e o tempo vão deixando a alma vazia. A grande agonia é que mesmo anunciando sem que se perceba, a gente se encontra pra outra folia, é folia para esconder uma invencível agonia".

MEUS QUERIDOS AMIGOS: Chico Buarque foi um dos artistas que despertou o interesse do religioso por suas canções já no final dos anos 60. As canções líricas e de protesto do artista e o engajamento do arcebispo em defesa dos Direito Humanos,  aproximou os dois numa amizade que fez Buarque visitar o religioso em várias de suas turné pelo Nordeste, quando passava por Recife. Em um dos programas de rádio de abril de 1982,  Helder pescou do fundo do baú, a canção Roda Viva, classificada em terceiro lugar no III Festival de Música Popular Brasileira, ocorrido entre setembro e outubro do ano de 1967.

Na crônica, mostrou-se na intimidade ao dialogar com o cantor: "Querido Chico, em tua Roda Viva, que a gente não consegue esquecer, levanta no meio da alta poesia o problema grave e dificílimo do destino", como sugere os versos da canção: Tem dias que a gente se sente/Como quem partiu ou morreu/ A gente estancou de repente/Ou foi o mundo então que cresceu/A gente quer ter voz ativa/No nosso destino mandar(...)./

Diante da expressividade política de Roda Viva,  ele fez o desfecho  observando que "na casa do Pai não há rotina. A gente vê, ouve, vive tudo pela primeira vez".  Segundo a jornalista Tereza  Rozowykiwat,  que organizou o livro  Meus queridos amigos -  As Crônicas de Dom Helder, "havia crônicas que funcionaram como conselhos aos ouvintes quanto a situações do dia a dia, além da análise de sentimentos que podiam  engrandecer ou amesquinhar os indivíduos, bem como ele expressava seu jeito de ser, seus sonhos e sua interpretação da realidade e da natureza".

*Coluna Do Texto ao Texto (Letras e sons) por Emanuel Andrade, jornalista, professor do curso de Jornalismo em Multimeios e Doutor em Comunicação pela Universidade de São Paulo (USP). Trabalhou como Repórter no Jornal do Comércio e foi pioneiro no jornalismo cultural na região, ao assinar a coluna de Literatura e Música  para o Gazzeta do São Francisco na década de 1990 e para rádios do Vale do São Francisco. 

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UMA PESSOA MORRE E SETE FICAM FERIDAS APÓS ATAQUE DE ENXAME DE ABELHAS EM PETROLINA

Um homem morreu e outras sete pessoas ficaram feridas após um ataque de abelhas, em Petrolina, na tarde de segunda-feira (14). A vítima fatal, de 71 anos, teve o corpo coberto de esporões. O incidente aconteceu na rua Januário Alves, no Centro do município, próximo ao Cemitério Campo Da Paz. De acordo com a prefeitura, as abelhas são da espécie Apis mellifera, mais conhecida como Abelha-europeia.

O Copo de Bombeiros isolou a área. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) foi acionado para socorrer as vítimas. As pessoas em estado mais grave foram encaminhadas para a Unidade Pernambucana de Atenção Especializada (UPAE) de Petrolina.

A ocorrência está sendo analisada por equipes dos Bombeiros, Polícia Militar e da Secretaria de Meio Ambiente de Petrolina, para investigar se alguém chegou a mexer no enxame, provocando a reação dos insetos. De acordo com a Lei Federal 9.605/98, do Ministério do Meio Ambiente, o extermínio de abelhas é um crime ambiental.

"Pela experiência dos dois anos do SOS abelhas, a gente acredita que alguém pode ter provocado as abelhas, causando esse transtorno", diz o diretor da Vigilância Sanitária de Petrolina, Marcelo Gama, que explica, ainda, que a região tem esse tipo de abelha, mas que casos deste tipo nunca ocorreram antes. "Essa situação nunca ocorreu. O SOS Abelhas recolhe centenas de enxames por ano, junto com apicultores, para preservação desde 2018. E, pela experiência que temos, alguém deve ter atiçado as abelhas, causando estresse nelas e causando os ataques", comenta.

Os moradores que passavam pela localidade gravaram o ataque das abelhas e postaram nas redes sociais. Os vídeos mostram pessoas deixando seus carros na pista e outras tentando espantar as abelhas.

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PROJETO ABELHA VIVA E A CONVIVÊNCIA E VALORIZAÇÃO DAS ABELHAS NO SEMIÁRIDO

O número de acidentes com abelhas tem crescido muito no Brasil nos últimos anos. Dados apresentados em relatórios mostram que a cada ano aumenta o número de casos em todo o país.

Petrolina entrou na estatística com o ataque de abelhas registrado na tarde de segunda-feira (14), nas proximidades do cemitério Campo da Paz, centro. Um idoso, 71 anos morreu após as picadas


das abelhas. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), socorreu outras sete pessoas picadas por abelhas e encaminhadas para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA). O estado de saúde delas é considerado estável, sem risco de morte.

Embora seja no campo, o desenvolvimento da atividade de produção em que há maiores riscos de acidentes, existe também a possibilidade de acidentes com abelhas nas cidades. Pela enxameação, novos enxames se alojam nas áreas urbanas, principalmente dentro das casas e quintais, beirais de edificações, postes de iluminação pública, ocos de troncos de árvores, fendas em muros e paredes. Essa constatação tem levado a uma preocupação dos órgãos públicos de saúde e de segurança, pois os acidentes com abelhas em áreas urbanas têm aumentado nos últimos anos.

Em Juazeiro, Bahia, o Projeto Abelha Viva é um exemplo de que todo o ano e dia são comuns atendimentos de ocorrências envolvendo abelhas, porém é na estação das flores e no verão que os incidentes com estes insetos aumentam consideravelmente.

O forte calor e o desmatamento na zona rural faz com que os enxames de abelhas migrem para área urbana em busca de locais mais frescos para construírem suas colmeias, por isso é comum o aumento de incidentes com abelhas nesta época do ano. O Calor também deixa as abelhas mais agitadas e agressivas.

A parceria entre o Projeto Abelha Viva e o Nono GBM, tem evitado que centenas de enxames de abelhas sejam exterminados na região do São Francisco. O Projeto foi criado em 2014, visa proteger enxames de abelhas e tem combatido constantemente a prática irregular na cidade. 

O ‘Abelha Viva’ é uma iniciativa voluntária de Lícia Regina Lopes, que ao presenciar um extermínio de enxame em uma área urbana passou a estudar sobre as espécies. Já foram realizadas varias capacitações com a participação de apicultores, do Corpo de Bombeiros, representantes da Universidade do Estado da Bahia (Uneb) e de organizações parceiras, que abraçaram a ideia da proposta.

Hoje o Projeto conta com o apoio de varias associações de apicultores e da vontade incansável de Lícia Lopes em combater o extermínio de abelhas na região. Em 2015, o Projeto Abelha Viva foi premiado nacionalmente pela Natura com o Prêmio Acolher, em razão da relevância do Projeto em contribuir com a natureza. 

Confira postagem de Lícia Lopes em sua rede social: 

"A missão do bombeiro militar é preservar a vida, o meio ambiente e o patrimônio e foi exatamente isso que a equipe do Ten Cel Tarcísio Ribeiro do Valle,  comandada pela Sub Tenente Sandra Freire, Sargento Douglas, Soldados Ariel, Leontino e Carapiá  fizeram. Garantiram toda a segurança em nome da vida!

Capturar enxame de abelhas africanizadas durante o dia não é uma prática do grupo Abelha Viva, mas diante da necessidade maior e do perigo iminente, realizamos o resgate do enxame que estava arranchado no meio fio no comércio de Juazeiro-Bahia. O solicitante receoso de um ataque devido ao movimento constante dos comerciários, consumidores, carros e motos, solicitou ao 9o GBM providências que de imediato acionou os apicultores Licia e Ernando e prontamente se disponibilizaram a capturar o enxame. Mais um resgate realizado com sucesso'!

CUIDADOS:

Caso visualize um enxame de abelhas em seu quintal, jamais tente fazer a remoção por conta própria, se afaste e ligue imediatamente para o telefone de emergência 193;

Atenção redobrada com as crianças e os idosos, oriente seus filhos para que não brinque próximo ao enxame e não jogue nenhum objeto nas abelhas;

Afaste os animais domésticos do enxame, qualquer barulho que eles façam, poderá irritá-las e desencadear um ataque;

Abelhas não gostam de barulho, se for realizar algum trabalho que necessite utilizar máquinas barulhentas ou usar equipamentos motorizados faça uma inspeção cuidadosa do local e tenha certeza de que não exista nenhum enxame próximo;

Ao se deparar com um enxame de abelhas em deslocamento, abaixe-se e se perceber que será atacado, corra, preferencialmente em zigue-zague;

Caso seja atacado, proteja das picadas o pescoço e o rosto, com a ajuda de uma camiseta ou outra vestimenta;

Pessoas comprovadamente alérgicas devem evitar caminhadas em locais próximos a matas;

Mantenha a calma, não faça movimentos bruscos perto do enxame, evite bater nas abelhas, lembre-se: As abelhas têm o instinto natural de defender as colméias, e certamente irão atacar caso identifiquem alguma ameaça;

As abelhas convivem em um sistema de extraordinária organização: Em cada colônia existem cerca de 80.000 abelhas, sendo uma única rainha, centenas de zangões e o restante são as operárias. Somente a rainha põe ovos férteis, os zangões são os machos e vivem para fecundar a rainha. As abelhas que possuem ferrão são as fêmeas, porém somente as operárias ferroam, cabe a elas a função de defender a colônia contra qualquer ameaça.

Elas possuem uma função fundamental para o planeta, são elas as responsáveis pela polinização, que é o processo que garante a produção de frutos e sementes e a reprodução de diversas plantas, sendo um dos principais mecanismos de manutenção e promoção da biodiversidade na Terra. A polinização é realizada também por pássaros, vespas, borboletas, entre outros, porém são as abelhas os agentes mais adaptados e eficientes, sendo dessa forma os mais importantes no processo de polinização.

Portanto, diante da comprovada importância desses insetos, a Lei 9605/98 (LEI DOS CRIMES AMBIENTAIS) considera crime ambiental o extermínio de abelhas, a lei em seu artigo 29 traz o seguinte texto:

Art. 29 - Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente, ou em desacordo com a obtida:

Pena - detenção de seis meses a um ano, e multa.

as orientações acima, certamente os incidentes com abelhas diminuirão. O Corpo de Bombeiros Militar atende 24hs por dia em todo estado e deve ser acionado em casos de emergências através do telefone 193.

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LEO RUGERO E A HOMENAGEM AO SANFONEIRO GERALDO CORREIA: O JOÃO GILBERTO DA SANFONA DE 8 BAIXOS

 

Leo Rugero é Bacharel em violão clássico pelo Conservatório Brasileiro de Música e Mestre em Musicologia pela Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Léo Rugero, é hoje uma referência no Brasil quando o assunto é sanfona de oito baixos.

Além dos estudos práticos e teóricos que tem desenvolvido com esse instrumento, Léo Rugero é autor do aclamado livro “Com respeito aos 8 baixos – Um estudo etnomusicológico sobre o estilo nordestino da sanfona de oito baixos”, que faz um apanhado da estrutura que mantém viva essa tradição os aspectos materiais e imateriais da cultura nordestina.

Confira texto homenagem pela passagem/morte do sanfoneiro Geraldo Correia:

No domingo, 13 de setembro, faleceu em Campina Grande, o exímio folista Geraldo Correia, um expoente do fole de oito no Estado da Paraíba.

Fiz um vídeo realizado no dia 03 de dezembro de 2018, durante uma visita à casa de Geraldo Correia, acompanhado por Luizinho Calixto. Na ocasião,embora estivesse debilitado fisicamente, nem por isso furtou-se a executar alguns choros no fole de oito baixos, com sua interpretação sempre envolvente. Ficamos conversando por algumas horas, acompanhados pela equipe de pesquisa e filmagem do projeto de Mapeamento do Fole de Oito Baixos no Estado da Paraíba, em parceria pelo IPHAN e Balaio Nordeste. Infelizmente, as imagens deste acervo ficaram restritas e só restou em meus arquivos estas filmagens que realizei despretensiosamente, no intuito de registro pessoal. 

Conheci Geraldo Correia em 2009 durante a pesquisa de campo de minha etnografia "Com Respeito aos Oito Baixos", que conquistaria em 2012 os prêmios "Produção Crítica em Música" e "Prêmio Centenário de Luiz Gonzaga", ambos pela FUNARTE.

Uma verdadeira lenda do fole de oito baixos, ao lado de Zé Calixto, era o último remanescente da geração de folistas da Paraíba que se consagrariam como solistas no mercado fonográfico e radiofônico na década de 1960. 

Começou a tocar fole de oito baixos na infância, influenciado pelo irmão mais velho, Severino Correia, conhecido por ter sido uma das referências mais conhecidas do fole paraibano em sua era pré-fonográfica, da qual dispomos de escasso acervo.

Através do irmão, teve aproximação com Jackson do Pandeiro, que se tornaria o produtor artístico de seu primeiro lp, através de contrato com a gravadora Philips. "Um baixinho e sua oito baixos", lançado em 1964.

A fase mais profícua de sua carreira compreende 1965 à 1980, quando gravou através da Philips, passando posteriormente para a Cantagalo e, finalmente, a gravadora Copacabana. 

Também era reconhecido por seus dotes como artesão, sendo customizador de seus próprios instrumentos, a exemplo de Adolfinho e Zè Calixto, numa época em que os folistas tinham que ser os artesãos de seus próprios instrumentos, dado a escassez de mão de obra especializada para a realização da afinação transportada e dos ajustes necessários ao estilo nordestino.

Segundo Luizinho Calixto - maior expressão do fole de oito baixos em atividade profissional, Geraldo Correia, ao lado de Zè Calixto, foi o maior intérprete de fole de oito baixos que o Brasil conheceu. Estamos certos disso e basta ouvir seu trabalho antológico para atestar a relevância deste artista. 

Conhecido por ser uma pessoa reclusa, Geraldo Correia não era um artista extrovertido, o que fez com que certa vez eu tenha escrito que ele era o "João Gilberto dos Oito Baixos", expressão que foi utilizada por outras pessoas que escreveram sobre o sanfoneiro. No entanto, sempre tive a sorte de ser recebido por ele com amizade.

Sem dúvida, Geraldo Correia deixará saudades. O som de seu fole de oito baixos ecoará por muito tempo em nossas memórias, despertando afetos e nos ensinando a desbravar as curvas e esquinas do complexo fole de oito baixos paraibano, através de seus forrós inesquecíveis e suas belas interpretações de choros antológicos. 

Esteja em paz, amigo Geraldo Correia, obrigado pelo maravilhoso legado artístico que deixou na memória cultural paraibana.

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MENINOS DO RIO DESAFIAM O PERIGO E PULAM DO PIER DA ORLA DE JUAZEIRO

Dia de sol. Juazeiro Bahia. Cidade que oferece uma rica variedade de natureza, cultura, arte e culinária, possui rio São Francisco e histórias possíveis de tirar o fôlego. Nadar no Opará, na língua indigena Rio que é Mar, Velho Chico Rio São Francisco reflete um desafio que  precisa de um bom preparo físico para enfrentar as correntezas e os perigos das águas.

Ao caminhar na Orla (2), o olhar jornalístico recai naturalmente sobre os "Meninos do Rio São Francisco" que saltam da pilastra e do pier, localizado  nas proximidades da antiga Companhia de Navegação do São Francisco/Franave, hoje Vila Bossa Nova.

Entre os adolescentes alguns dos saltadores são adultos. Estes saltos e mergulhos de uma altura "que dá medo', aos não praticantes são tão inacreditáveis que inspiraram uma reportagem e fotos que não estavam na pauta. A profundidade do rio São Francico atinge cerca de 15 metros no local dos saltos e mergulhos.

Estes meninos são adolescentes e tem o rio como quintal. Cauê, André e Paulo e amigos mostram capacidade de nadar, destreza e segurança. Um deles conta que nada desde  criança e sente prazer em mergulhar no Rio São Francisco.

Pergunto: Tens medo? 'Não cabe medo aqui só o prazer e a  liberdade', é a resposta.

Existe unanimidade entre eles: para mergulhar e saltar de certa altura há o risco constante e por isto para quem não sabe, são tarefas arriscadas, perigosas. Depois que se aprende, faz-se sempre com concentração e "levando o rio a sério para não ter acidentes".

Outra história é de um deles já ter salvado um homem que estava se afogando. Os meninos que desafiam o Rio São Francisco com mergulhos que chamam a atenção dizem que só deve fazer quem sabe nadar muito bem e tem a garantia pois a correnteza é forte e no local a profundiade do Velho Chico "não perdoa erros".

Os meninos do rio estão numa fila de espera, a sorrir, esperando pela sua vez de saltar, só consigo pensar: porque saltam? É uma tradição, um rito de iniciação, é pelo divertimento em si? Foi sempre assim?

São perguntas sem respostas! 

A beleza natural de rios, como o Velho Chico, esconde riscos que são uma combinação de fatores quase sempre imprevisíveis. Não se recomenda pular no rio sem antes conhecê-lo. Correntezas fortes não perceptíveis também tornam a luta contra as águas impossível.

No contato com a Guarda Civil de Juazeiro, o Comando informou que a instituição não atua nas questões relacionadas ao rio São Francisco e que a prática também acontece na Ponte Presidente Dutra, jurisdição  Federal.

A reportagem não conseguiu contato com a Agência Fluvial da Marinha.

HISTÓRIAS: Tudo indica que as origens da natação se confundem com as origens da Humanidade. Catteau e Garoff, cita em sua obra, que o Homem raramente entrou em contato com a água por medo, freqüentemente por necessidade e ás vezes por prazer.

Já o cancioneiro brasileiro é rico em destacar o rio e os nadadores:

"O menino e Velho Chico viagens mergulham em meus olhos, barrancos, carrancas, paisagens Francisco, Francisco. Tantas águas corridas. Lágrimas escorridas, despedidas. Saudades. Francisco meu santo, a velha canoa. Gaiolas são pássaros. Flutuantes imagens deságuam os instantes. O vento e a vela me levam distante. Adeus velho Chico diz o povo nas margens do Rio Francisco, Francisco. Música composta por Capinam e Roberto Mendes.  (Jornalista Ney Vital -Redação redeGN Fotos Ney Vital)

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