CARUARU: RÁDIO CULTURA REALIZA ESPECIAL PARA FESTEJAR OS 92 ANOS DO COMPOSITOR ONILDO ALMEIDA

Os programas Cultura Entrevista e Tarde Livre irão homenagear o artista caruaruense. Nesta quinta-feira (13) a Rádio Cultura realizará um especial em comemoração aos 92 anos do cantor e compositor Onildo 
Almeida. O artista tem grande relevância para a culturabrasileira, tendo sido autor da música “Feira de Caruaru” e um dos sócios da Rádio Cultura do Nordeste.

A programação especial vai até às 17hs, iniciando ás 14hs com o programa Cultura Entrevista, que contará com a apresentação de Iran Carvalho e participação do historiador José Urbano, que  falará sobre a trajetória do artista e a importância dele para a história de Caruaru. 

O programa terá a apresentação de Hérlon Cavalcanti e participação de Onildo Almeida, às 15h no programa musical Tarde Livre, que tocará clássicos do cantor, como “A Feira de Caruaru”, “Carne de Sol” e “Bichim que Roi”. O programa também contará com depoimentos de diversos artistas nordestinos que irão parabenizar o compositor.

O Compositor e amigo de Luiz Gonzaga, o músico caruaruense Onildo Almeida, de 92 anos, revela a história que há por trás da última música que fez especialmente para Gonzagão: "Hora do Adeus", um dos clássicos do Rei do Baião. "Quando [Luiz Gonzaga] ouviu, chorou", lembra.
Nascido em Caruaru, no Agreste de Pernambuco, Onildo Almeida conta que em 1967, há 52 anos, o Rei do Baião o pediu para escrever uma música que representasse o fim da carreira. Segundo Onildo, Gonzaga sentia que tempo dele no cenário musical havia chegado ao fim. No início, o músico se recusou, mas fez a canção.

"Uma semana depois [do pedido de Gonzaga] fui ao Rio de Janeiro. Meus colegas de rádio de Caruaru estavam lá e nos encontramos. Luiz Queiroga, que era um deles, tirou um papel do bolso com umas palavras e disse: 'Vocês querem ver o que é talento? Onildo, coloca música nisso aí'. Quando eu abri o papel, tinham dois versos: O meu cabelo já começa prateando, mas a sanfona ainda não desafinou/ A minha voz vocês reparem eu cantando, que é a mesma voz de quando meu reinado começou. E eu fiz desses verso uma música", detalha.

Quando Onildo voltou para Caruaru, percebeu que Luiz Queiroga havia escrito poucos versos e decidiu completar a obra. "Dias depois, Luiz Gonzaga chegou perguntando se eu havia feito a música para ele. Respondi: 'disse que não faria', mas acabei mostrando 'Hora do Adeus', com os meus versos e os de Luiz Queiroga", recorda o caruaruense.
Luiz Gonzaga achou a música bonita e a gravou, mas ela não marcou o fim da carreira do pernambucano. Para Onildo, "Hora do Adeus" é  uma das principais obras dele porque conta a história de Gonzaga do começo.

"É uma canção importante porque conta a história do que é, para mim, o maior nome da música popular brasileira. Gonzaga não era só cantor, era compositor e instrumentista, por isso o acho o maior. Ele mudou e despertou no governo a realidade nordestina. Deu nome ao baião, xote, xaxado, coco de roda. Ninguém queria saber da música nordestina, era música de subdesenvolvimento. Mas, por causa da música de Gonzaga, o Nordeste mudou a cara", ressalta Onildo.

Onildo Almeida foi compositor de vários sucessos de Luiz Gonzaga, como "A Feira de Caruaru", "Capital do Agreste", Regresso do Rei, Carne de Sol, Queimando Lenha e "Sanfoneiro Zé Tatu".
Hora do Adeus

(Onildo Almeida e Luiz Queiroga)

O meu cabelo já começa prateando

Mas a sanfona ainda não desafinou

A minha voz vocês reparem eu cantando

Que é a mesma voz de quando meu reinado começou

Modéstia à parte, é que eu não desafino

Desde o tempo de menino

Em Exu, no meu Sertão

Cantava solto que nem cigarra vadia

E é por isso que hoje em dia

Ainda sou o Rei do Baião

Eu agradeço ao povo brasileiro

Norte, Centro, Sul inteiro

Onde reinou o baião

Se eu mereci minha coroa de rei

Esta sempre eu honrei

Foi a minha obrigação

Minha sanfona, minha voz, o meu baião

Este meu chapéu de couro e também o meu gibão

Vou juntar tudo, dar de presente ao museu

É a hora do adeus

De Luiz, Rei do Baião.

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CINEMA, XILOGRAVURA, MÚSICA E CORDEL SÃO TEMAS DA SEMANA DO PATRIMÔNIO CULTURAL DE PERNAMBUCO

O Centro Cultural Cais do Sertão dedica vasta programação online à 13ª Semana do Patrimônio Cultural de Pernambuco, evento da Secretaria de Cultura de Pernambuco, Fundarpe e da Gerência Geral de Preservação do Patrimônio Cultural (GGPPC). 

Dos dias 13 a 27 de agosto, as redes sociais do museu - perfil do Instagram, Spotify e canal do YouTube - abrigarão transmissões ao vivo de entrevistas, rodas de conversa, além de playlists temáticas e vídeos interativos sob o tema "Janelas do Patrimônio - novos olhares, estratégias e conexões". Entre os convidados, o xilogravurista J. Borges participa de live nesta quinta-feira, às 17h.

Durante o mês de agosto, as formas de pensar, consumir e compartilhar arte são esmiuçadas em todo o Estado.

PROGRAMAÇÃO: As ações da Semana do Patrimônio no Cais têm início nesta quinta-feira (13), às 17h, com foco nas artes visuais. O convidado é o xilogravurista José Francisco Borges, o famoso J. Borges, 80 anos, quem em 2020 foi homenageado pelo Galo da Madrugada. Em bate-papo mediado pelo educador Perácio Gondim, o poeta discorre sobre o seu processo criativo, da confecção de matrizes e gravuras, além de técnicas de gravação. A interlocução abre espaço para curiosidades de sua história, reflexões acerca do repasse de arte. A transmissão será ao vivo no instagram do museu (@caisdosertao).

Já na terça-feira, dia 18, os olhares se voltam ao audiovisual local e nacional. Integrando a programação da sessão Papo de Museu, a coordenadora de conteúdo do museu, Clarice Andrade, recebe a coordenadora da Cinemateca Pernambucana e do Cinema da Fundação, Ana Farache. A conversa será ao vivo, a partir das 17h, também no instagram do Cais. A live privilegia as ações de preservação do patrimônio audiovisual em Pernambuco, o nascimento e gestão da Cinemateca e atuação durante o isolamento social.

Em parceria com a Companhia Editora de Pernambuco (Cepe) e a Revista Continente, o canal do YouTube do Cais do Sertão transmitirá uma roda de conversa ao vivo sobre "Patrimônio Audiovisual - caminhos para a preservação". Os debatedores são profissionais renomados da área: o programador do Cinema São Luiz, Geraldo Pinho, a pesquisadora Amanda Mansur, o cineasta de animação e Patrimônio Vivo de Pernambuco Lula Gonzaga; e a cineclubista, produtora e curadora Amanda Ramos. O webinário acontece às 16h, com mediação da jornalista Luciana Veras.

Das imagens em movimento aos sons, o Conexão Cais da última quinta-feira de agosto (27) recebe o músico Raminho da Zabumba. O artista é filho do instrumentista Arlindo dos Oito Baixos. Para homenagear o legado do pai, ele participa de conversa mediada pelo educador e músico Diogo do Monte, no instagram do Cais, às 17h. A pauta contemplará detalhes da vida, composição, repasse de saberes na arte e da presença pulsante do saudoso artista no acervo do centro cultural.

Além das rodas de conversa, o internauta poderá conferir vídeos interativos e playlists especiais no Instagram e Spotify do museu. Os vídeos privilegiam o contato com a obra de J. Borges e uma visita guiada ao acervo audiovisual do Cais do Sertão, sob a mediação da educadora da casa Thalita Mesquita. E nada melhor que relembrar o nosso audiovisual com seleção sobre trilhas sonoras de filmes no Sertão. Todo o conteúdo é gratuito a todos os públicos.

SERVIÇO: 13ª Semana de Patrimônio Cultural de Pernambuco

13/8 - J. Borges: com a xilogravura, o Mestre (Conexão Cais, às 17h, no @caisdosertao);

18/8 - Cinemateca Pernambucana e a preservação do patrimônio audiovisual com Ana Farache (Papo de Museu, às 17h, no @caisdosertao);

20/8 - Roda de diálogo: Patrimônio Audiovisual - Caminhos para Preservação (YouTube do Cais, às 16h);

27/8 - A Herança Musical de Arlindo dos Oito Baixos – com Raminho da Zabumba (Conexão Cais, às 17h).

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CULTURA: FESTIVAL DE ABOIO, TOADAS E VERSOS DO VALE DO SÃO FRANCISCO GANHA DIA NO CALENDÁRIO OFICIAL DE EVENTOS EM PETROLINA

 O canto do aboio é também o trabalho do canto do vaqueiro. Por esta riqueza cultural foi criado no calendário oficial do Município de Petrolina o Festival de Aboio, Toadas e Versos do Vale do São Francisco, com o objetivo de incentivar e despertar o interesse pela cultura do Sertão Nordestino, bem como destacar pessoas com potencial para a arte.

O Festival de Aboio, Toadas e Versos do Vale do São Francisco, será inserido no calendário oficial de eventos do Município de Petrolina e terpa que ser realizado anualmente na segunda sexta-feira do mês de Junho.

A proposta foi apresentada pelo vereador Elismar Gonçalves Alves e aprovada por unanimidade. O vereador justificou que além de promover novos talentos na região o Festival visa enaltecer a cultura do vaqueiro nordestino - referência na cultura nacional, importante ator da nossa história, tipo emblemático, símbolo do homem forte e indomável que habita nos sertões brasileiro. 

"Enquanto conduz o gado ou guia a boiada para a pastagem, o vaqueiro faz soar o aboio, toada dolente, de melodia lenta, entoada livremente, sem letras, frases ou versos, a não ser o incitamento final, que é falado e não cantado, adaptada ao andar vagaroso dos animais e à liberdade do estilo de vida dos vaqueiros", disse Elismar, ainda ressaltando que o aboio é típico no Nordeste do Brasil, é um canto sem palavras, entoado pelos vaqueiros quando conduzem o gado para os currais ou no trabalho de guiar a boiada para a pastagem. 

A radialista Lucimar Freitas, conhecida por Lú Vaqueira, apresentadora do Programa A Hora do Vaqueiro,  festejou a aprovação do projeto. "Vai fortalecer os vaqueiros, os poetas e admiradores da arte que terão a cultura valorizada não só em Petrolina, mas que vai repercutir e ganhar outras vozes nos municípios vizinhos".

Segundo Luís da Câmara Cascudo, o vocábulo aboio é uma coisa séria, muito antiga e respeitada pelo homem do sertão. Pode aboiar-se no mato, para orientar os companheiros dispersos durante as pegas de gado, sentado na porteira do curral olhando o gado entrar e guiando a boiada nas estradas. Serve para o gado solto no campo, assim como para o gado curraleiro. O escritor José de Alencar, no seu livro O Sertanejo, diz do ritual do aboio: “ não se distinguem palavras na canção do boiadeiro; nem ele as articula, pois fala do seu gado, com essa linguagem do coração que enternece os animais e os cativa.


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COVID-19: PROFESSORES DE JUAZEIRO E PETROLINA TEMEM RETORNO ÀS AULAS DURANTE PANDEMIA

Os governadores de Pernambuco e da Bahia iniciaram protocolos e já discutem a possibilidade da reabertura das escolas públicas. Apesar do silêncio dos vereadores e prefeitos de Juazeiro e Petrolina o assunto já é comentado entre pais, alunos e professores.

Na mira da preocupação: Escolas construídas em prédios antigos com problemas na estrutura e sem ventilação adequada. Falta de água. Jornadas de trabalho exaustivas para os educadores, projeções de distanciamento impraticáveis entre as crianças.

Esses temas e questionamentos foram expostos com alguns diretores e professores da rede pública de Juazeiro e Petrolina que preferem o anonimato para tratar o possível retorno às aulas.

Os governos da Bahia e Pernambuco ainda não preveem uma data para o retorno. 

Um dos professores ouvidos pela reportagem do BLOG NEY VITAL analisa: "infelizmente a hora não é de retornar e que a Covid-19 trouxe uma realidade de que é preciso parar para de fato pensar a estrutura das escolas".

De acordo com o professor falta coragem aos governantes para dizer que o ano letiro deveria ser cancelado. 

"Não existe condições de organizar as escolas com segurança, por exemplo, como garantir distanciamento, ventilação adequada. O fornecimento de água e sabão. Nós temos caixas d’água com vazamento, com ferragens à mostra, a escola onde eu trabalho tem caixa de água que não foi limpa. Como vamos fazer a higienização, a limpeza, lavar a mão das crianças, sendo que no nosso cotidiano dentro da normalidade já existia falta de água nas escolas?”, questiona, o professor que possui mais de 10 anos lecionando.


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REFORMA TRIBUTÁRIA PODE FAZER LIVRO FICAR MAIS CARO

A reforma tributária pretendida pelo governo pode tornar os livros mais caros. A nova Contribuição Social sobre Operações de Bens e Serviços (CBS) vai substituir as contribuições para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) e para os programas de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público (PIS/Pasep). 

Essa mudança acaba com a isenção e taxa o livro em 12%. Hoje, o mercado de livro é protegido pela Constituição de pagar impostos (art. 150). A lei 10.865, de 2004, também garantiu ao livro a isenção de Cofins e PIS/Pasep.

Para o ministro da Economia, Paulo Guedes, a isenção dos livros beneficia quem poderia pagar mais impostos. Ele disse que o governo poderia aumentar o valor do Bolsa Família, para compensar o fim da isenção, ou mesmo pensar em um programa de doação de livros. Segundo Guedes, os mais pobres, “num primeiro momento, quando fizeram o auxílio emergencial, estavam mais preocupados em sobreviver do que em frequentar as livrarias que nós frequentamos”.

— Então, uma coisa é você focalizar a ajuda. Outra coisa é você, a título de ajudar os mais pobres, na verdade, isentar gente que pode pagar —– argumentou Guedes, em audiência no Congresso Nacional.

RESISTÊNCIA: A proposta, no entanto, enfrenta resistência no Senado. De acordo com o senador Flávio Arns (Rede-PR), a isenção de tributos sobre os livros não deve ser retirada na reforma tributária. Ele ressaltou que, com o avanço da internet e dos livros virtuais, os editores já estão tendo muitas perdas, tendo que se adaptar “com dificuldade a esses novos tempos”.

— Tributar os livros impressos seria, então, um golpe ainda maior nessa área, que é tão importante, pois nela folheamos a própria cultura — destacou Flávio Arns.

Para o senador Fabiano Contarato (Rede-ES), a imunidade tributária dos livros democratiza o saber, assegura a livre difusão do conhecimento e evita que o governo de plantão use os impostos para cercear obras críticas. Em sua conta no Twitter, Contarato registrou que "o obscurantismo hoje no poder tem horror à cultura e à educação".

O senador Carlos Viana (PSD-MG) reconhece que os desafios da reforma tributária são muitos. Ele aponta que é importante diminuir os impostos sobre os mais pobres, mas faz a ressalva de que ninguém quer o aumento da carga tributária. Segundo o senador, quando ocorrer a discussão sobre as desonerações, a isenção sobre os livros certamente entrará em pauta.

— Não há impedimento de que o governo reveja ou mantenha algumas desonerações. Mas não podemos deixar de enfrentar o problema. A reforma tributária é fundamental para a retomada econômica e a geração de empregos logo após a pandemia – declarou.

Na opinião do presidente da Frente Parlamentar Mista em Defesa do Livro, senador Jean Paul Prates (PT-RN), a tributação de livros não é um prejuízo apenas para o segmento editorial, mas para o Brasil como um todo. Ele lembra que a média de leitura no Brasil é muito baixa — 4,96 livros lidos por pessoa, anualmente — e cobrar 12% de impostos vai encarecer o produto e distanciar ainda mais os livros da população.

Segundo Jean Paul, a média em direitos autorais pagos a um escritor é de 10% do valor do livro. “O governo Bolsonaro quer embolsar 12%, ou seja, quer ganhar mais do que o autor”, registrou o senador, para quem a proposta do governo nem pode ser chamada de reforma. Ele ainda lamenta o fato de a reforma tributária do governo tributar livros em 12% e cobrar apenas 5,9% de bancos, financeiras e planos de saúde.

— Paulo Guedes, pressionado a apresentar alguma proposta, deve ter ajuntado uma meia dúzia de projetos que se transformaram em um monstro que não tem qualquer coesão e criando absurdos como esse de querer tributar livros — lamentou.

O senador Jader Barbalho (MDB-PA) também criticou a proposta do governo. Ele divulgou uma nota de repúdio na qual ressalta que "não há educação sem livros, sem leitura, sem conhecimento". Jader também diz que "será um enorme desastre para todo o mercado editorial caso o projeto de lei apresentado pelo governo federal [PL 3.887/2020] venha a ser aprovado como está".

A tributação do livro também é reprovada pelos autores. Para o escritor Maurício Gomyde, a iniciativa só vai dificultar o acesso aos livros. Em entrevista à TV Senado, ele apontou que o mercado editorial já é muito difícil e alertou que a conta da tributação certamente irá para o preço do livro. Gomyde ainda disse esperar que essa proposta seja barrada por deputados e senadores. Editora e escritora, a jornalista Hulda Rode também criticou o fim da isenção e afirmou que o livro não pode se tornar um artigo de luxo.

— O livro é essencial para humanidade: muda mundos, muda realidades e aproxima continentes. O imposto trará redução do acesso ao conhecimento, à cultura e à leitura — declarou a escritora, também em entrevista à TV Senado. (Fonte: Agência Senado)


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BAHIA: MST REALIZA PRIMEIRO CURSO DE COMUNICADORES POPULARES ONLINE

Na atual conjuntura em que o Brasil e o mundo estão passando de pandemia e isolamento social, as pessoas têm que se manter distantes em prova de cuidado e amor, para juntas e juntos vencer esse vírus. Assim, a realidade faz necessário se reinventar, usar da internet e suas plataformas de redes sociais sem esquecer da criatividade.

Entendendo todas essas nuances que o povo camponês passa e a necessidade básica de se posicionar frente à comunicação capitalista que a todo momento tenta tornar invisível os processos de luta da classe trabalhadora e, em especial, do MST, entende a necessidade de discutir a Comunicação Popular e preparar a população com a ideia de que todos sejam Comunicadores.

Partindo desse pressuposto, e tendo em vista a formação de novos sujeitos e sujeitas que possam contribuir com uma Comunicação Popular que dialogue a linguagem do povo e que dê visibilidade a produção desse próprio povo, o Coletivo de Comunicação do MST na Bahia construiu um Curso de Comunicação Popular com mais de 80 Militantes das dez grandes regiões da Bahia.

Rariele Rodrigues, da Coordenação Estadual do Coletivo de Comunicação do MST na Bahia, defende que nesse momento a luta está dentro da casa de cada assentado e acampado pelo Brasil. Segundo ela, a comunicação tem a tarefa de não só informar o agora, mas de fazer com que a nossa pauta chegue às casas da população, e por isso essa formação é tão importante, “Podemos trazer mais pessoas para pensar, planejar e produzir materiais para formar e informar nesse momento é fundamental para fortalecer a luta por Reforma Agrária Popular no Brasil”, afirma Rodrigues.

“O mais importante neste processo é entender que, mesmo virtualmente, a mística do MST reacende a todo momento. Ver 80 pessoas dos dez cantos da Bahia empenhados em aprender e distribuir conhecimento é único, é um prazer poder dizer que sou parte desse Movimento e, através do Coletivo, poder dar vida, cor e construir juntos essa Comunicação Revolucionária que é a Comunicação Sem Terra”, conclui.

Para Wesley Lima, esse momento é fundamental que organizemos nossa base e nossos coletivos. “A comunicação está na centralidade da luta, é impossível pensar ou ousar lutar sem a ajuda e a contribuição da comunicação. Precisamos ter organicidade, e para ter organicidade temos que ter formação, e é isso que estamos fazendo aqui”.

Wesley Lima no 1° Seminário de Comunicação: O MST na batalha das ideias’, realizado em 2019 na Escola Nacional Florestan Fernandes, em Guararema. 

“A comunicação que almejamos parte muito dos ensinos de Paulo Freire sobre vínculo e diálogo; é impossível pensar uma Comunicação Popular sem esses vieses de estudo. Precisamos pensar que nossa comunicação é popular por que visibilizamos a classe trabalhadora, e a nossa luta é a partir da vivência da ação concreta do nosso povo. É por isso que a iniciativa do curso é o início desse vínculo e diálogo”, afirma Lima.

O jovem Pedro Torquette, da Regional Nordeste, deu seu depoimento sobre o curso. “Esse é meu primeiro contato mais abrangente com o Coletivo de Comunicação. Gostei do curso pelos temas que são propostos, será muito significativo para mim. Quero ajudar nessa construção e lutar contra todos os artifícios usados pela comunicação da direita. Apesar de ser a primeira aula, o curso se mostra de uma força e uma boniteza tamanha” conclui Torquette.

O curso vai até setembro e pretende trazer elementos centrais para uma primeira vista nesse mundo da Comunicação Popular, para todas e todos os jovens e adultos que se inscreveram e anseiam por fazer parte da disputa da luta das ideias e na (in)formação da classe trabalhadora. (Fonte: Coletivo de Comunicação do MST na Bahia)


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MARCADOS PARA MORRER: INVASORES SOBEM TOM DE AMEAÇA AO POVO PANKARARU

Sob constantes ameaças de invasores de suas terras, há tempos o povo Pankararu não sabe o que é viver em paz. Eles temem pela segurança da comunidade e reivindicam providências do governo federal. A cada novo caso de violência, lideranças acionam autoridades e indicam o risco iminente de confronto. No final de julho, uma placa instalada dentro do território demarcado acendeu um alerta: nela estavam expostos mais de 10 nomes de indígenas marcados para morrer.

O conflito tem raízes no processo de desintrusão da terra. Situada nos municípios de Jatobá, Petrolândia e Tacaratu, no sertão pernambucano, a demarcação da Terra Indígena Pankararu é uma luta que perpassou gerações. “Foram mais de 70 anos lutando na justiça por nosso território. Nós vencemos em todas as instâncias, mas existe um grupo de posseiros que não aceita a soberania da decisão judicial”, salienta um indígena que prefere não se identificar.

O Conselho Indigenista Missionário (Cimi) acompanha a situação desde 1982. “Muitos dos posseiros que invadiram as terras indígenas moravam às margens do Rio São Francisco e foram vítimas da barragem de Itaparica. Nós do Cimi, junto a outras organizações, sempre trabalhamos para que os posseiros tivessem seus direitos assegurados, fossem indenizados e saíssem do território”, sustenta Ângelo Bueno, da equipe de Pernambuco do Cimi Nordeste.

E foi o que aconteceu: os invasores receberam indenização do Estado. No entanto, algumas famílias se recusaram a sair do território. A expulsão deste último grupo de invasores foi realizada em 2018 pela Polícia Federal. Os indígenas guardam o acontecimento com pesar. “Era para ser uma retirada de boa, mas eles não aceitaram de jeito nenhum. Foi muito feio e triste. Nós não queríamos isso. Na época, até divulgamos uma nota lamentando a truculência da polícia“, recorda outra indígena.

“A gente acorda e encontra nossas plantações destruídas, as frutíferas e árvores sagradas no chão. Eles deixam bilhetes nos amedrontando”, destaca liderança indígena.

De lá para cá, os Pankararu tem enfrentado um cotidiano que qualificam como “terrorismo psicológico”. Práticas como a derrubada de árvores, cortes de cercas e devastação de hortas têm sido comuns. “A gente acorda e encontra nossas plantações destruídas, as frutíferas e árvores sagradas no chão. Eles deixam bilhetes nos amedrontando. Já tivemos casas alvejadas com tiros nas nossas aldeias. É uma situação muito ruim. A gente não tá bem. A gente vive atormentado. Esperamos que a justiça seja feita e possamos, finalmente, ter sossego”, lamenta a indígena.

As lideranças receiam o derramamento de sangue. “Eles andam livremente pelos nossos territórios. E nós sabemos que ele têm armas de fogo. Uma hora isso vai explodir. Sempre que sofremos uma violência, registramos mais um Boletim de Ocorrência na polícia. Recentemente, o Ministério Público Federal (MPF) entrou com uma ação, cobrando a responsabilidade do governo federal na proteção das nossas terras e das nossas vidas”, sustenta um dos indígenas que teve seu nome grifado na placa.

No início de junho, à pedido do Pankararu, o procurador da República no município de Serra Talhada, André Estima de Souza Leite, assinou um despacho cobrando a atuação da Fundação Nacional do Índio (Funai), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e da Polícia Federal (PF) no caso. “A Funai precisa prestar assistência aos indígenas e fiscalizar o território. Ao Ibama cabe verificar o dano ambiental. E a PF tem o papel de apurar os crimes”, detalha Souza leite.

De acordo com o procurador, a PF instaurou um inquérito – que corre sob sigilo. “É preciso estar alerta aos sinais de violência, para que não se agravem. Eu sou sertanejo e conheço o histórico de disputas por terra na região, sei como é a questão de vingança, o uso de armas. Estamos acompanhando de perto o trabalho que a PF vem fazendo e cobrando as instituições responsáveis”, garante o procurador.

Ângelo reitera a urgência do caso, sob o risco de as ameaças de morte se efetivarem. “Já existem nove lideranças Pankararu no Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos aqui em Pernambuco. Nós sempre lutamos para que os direitos dos posseiros também fossem assegurados e isso já aconteceu. Eles não podem mais ficar criando esta situação de violência e insegurança na região. Isso não pode continuar assim. Isso tem que acabar”. (POR NANDA BARRETO, DA ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO DO CIMI)

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