CESOL-SSF DISCUTE ECONOMIA SOLIDÁRIA E CONSUMO CONSCIENTE NO ESPAÇO UNIVERSITÁRIO

O Centro Público de Economia Solidário Sertão do São Francisco (CESOL-SSF), entidade vinculada à Secretaria de Trabalho Emprego, Renda e Esporte do Estado da Bahia (SETRE), realizará na próxima terça-feira (21), a partir das 19h, a live: Economia Solidária e consumo consciente: ultrapassando os muros da Universidade.

O debate virtual busca refletir sobre a economia solidária e as práticas de consumo consciente no meio acadêmico, vivenciadas por estudantes, professores e corpo técnico da Universidade do Estado da Bahia (UNEB), em Juazeiro, por meio da comercialização dos produtos atendidos pelo Cesol-SSF, na "Feirinha da Uneb".    

"Os nossos produtos carregam, além dos sabores específicos do semiárido brasileiro, as histórias e lutas de famílias, que encontram na organização e nas receitas, um modo de gerar renda e de transformar vidas e essa vivência dentro da Universidade tem ajudado a dar maior visibilidade ao trabalho realizado por esses empreendimentos", destacou a coordenadora do Cesol-SSF, Aline Craveiro.

Entre os convidados estão a empreendedora da economia solidária Ariane Ribeiro (Doce Caseiro Emanuel), a pedagoga e agente sócioprodutiva do Cesol-SSF, Sandra Santos e o professor da Uneb Campus III e coordenador do grupo Corpoética, João Santana Borges.  

A live será transmitida pelo facebook do Cesol-SSF, no link www.facebook.com/CESOLSSF.

Economia Solidária e a Universidade: A economia solidária é um novo jeito de vender, comprar e trocar o que é preciso para viver, sem explorar os outros, sem levar vantagem, sem destruir o meio ambiente.

Hortaliças orgânicas, doces, geleias, queijos, sequilhos estavam entre os produtos comercializados na Feirinha da UNEB, que acontecia todas as terças e sextas-feiras, no Departamento de Ciências Humanas (DCH) e no Departamento de Tecnologia e Ciências Sociais (DTCS) do Campus III.

Devido às medidas de segurança para o combate a Covid-19, a Feirinha da Uneb foi suspensa e a comercialização dos produtos acontece apenas na loja Empório Meu Sertão, que fica na rua Canafistola, nº148, bairro Centenário, em Juazeiro.

Serviço:
Live: Economia Solidária e consumo consciente: ultrapassando os muros da Universidade. Data: 21/07 (próxima terça-feira). Horário: 19h
Local: www.facebook.com/CESOLSSF

Ascom Cesol-SSF
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SESC PETROLINA REÚNE ARTISTAS EM CANTA LÁ, QUE EU CANTO DE CÁ

Neste momento de isolamento social, a música tornou-se uma aliada para passar o tempo, alegrar e reavivar boas lembranças. Para os músicos, dividir o palco com outros artistas também se tornou mais difícil. Por isso, o Sesc Petrolina estreia nesta quarta-feira (15), às 19h, no canal do Youtube do Sesc Pernambuco, o projeto “Canta de lá, que eu canto de cá”. O encontro musical vai reunir o músico pernambucano Ivan Greg e cantora mineira Ceumar Coelho.

O projeto visa promover encontros virtuais entre artistas de Petrolina com artistas de outras localidades que, em virtude da pandemia do novo coronavírus, não podem se encontrar presencialmente. O público poderá assistir ao dueto dos artistas, que estarão em cidades diferentes, mas juntos graças ao processo de edição das imagens. “É uma maneira de criar diálogos a distância e promover intercâmbio entre artistas”, reforça o instrutor de atividades artísticas do Sesc, André Vitor Brandão.

Nascido em Petrolina, Ivan Greg é sanfoneiro, tecladista e cantor. Ceumar Coelho, nasceu na região da Serra da Mantiqueira, em Itanhandu, Minas Gerais. A cantora e instrumentista também é compositora. 

Serviço: “Canta de lá, que eu canto de cá”

Data: Dia 15 de julho, às 19h

Local: Canal do Sesc no Youtube (sescpernambuco)

Informações: (87) 3866-7454
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A PARAÍBA NÃO CUIDA DE SEUS POETAS CORDELISTAS

A Paraíba não cuida de seus poetas cordelistas. A Paraíba não respeita os poetas do cordel. Mesmo sido nascido na Paraíba, o pai do cordel brasileiro, Leandro Gomes de Barros, sofre com a ignorância dos gestores culturais do estado. Raramente lembrado e nunca dimensionado, seu legado é imenso, mas o fato aqui trata de outros dois poetas dessa seara. 

Tenho certeza que o clássico do cordel, o mais abrangente é O Romance do Pavão Misterioso. Escrito por José Camelo de Melo Rezende, paraibano de Pilõezinho, antigo distrito de Guarabira, é uma obra das mais representativas de nossa poesia brasileira. Se tivesse nascido na França, Camelo seria cultuado como precursor da ficção científica com esse romance em versos. Mas nasceu na Paraíba e a Paraíba não honra esse filho. 

A história do Pavão que levantou voo na Grécia encanta, encantou e encantará as gerações. Já dialogou com a música, com o teatro, com o cinema, com as ciências, ensinou gente a ler e escrever, acalentou sonhos, acirrou disputas entre poetas, protagonizou, dentro e fora de seus textos, longas pendengas. Mas a Paraíba não cuida de seus poetas de cordel e abandona o próprio cordel ao limbo.

Se José Camelo foi pioneiro do romance em ficção, Manoel Camilo dos Santos foi o pensador. Viagem a São Saruê, clássico que apaixonou ativistas culturais em todas as esferas, é uma leitura nordestina do mito do El Dorado, uma lembrança da Terra Prometida, onde não haverá fome nem miséria. 

O texto de Camilo é grandioso e cresce em significados, materializa os anseios das gentes, sobretudo das gentes da seca e da treva brasileira da primeira metade do séc. XX. Quando Vladimir Carvalho roda seu filme-documentário inspirado no folheto e o intitula O País de São Saruê, apresenta a camada mais profunda da sociedade paraibana, soterrada sobre a beleza do poema inspirador. Causa estardalhaço a confusão gerada entre o folheto de Camilo, a utopia, e o filme de Carvalho, a realidade. 

Certo dia o escritor Orígenes Lessa se encontra com Manoel Camilo e fica abismado com a pobreza na qual vivia o poeta. A Estrella da Poesia, gráfica editora pertencente ao bardo, perdera a luz, tomada de treva e esquecimento. Camilo se torna personagem de um livro infantil de Orígenes. É a homenagem final ao poeta revolucionário das letras cordeliais. Mas a Paraíba não cuida dos seus poetas de cordel. Não existe São Saruê, nem o Pavão Misterioso voa, na Paraíba do Norte. (Fonte: professor Aderaldo Luciano-doutor em Ciência da Literatura)
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PASSADOS 10 ANOS DO INÍCIO DAS OBRAS DA TRANSPOSIÇÃO O RIO SÃO FRANCISCO SEGUE SEM A REVITALIZAÇÃO PROMETIDA

Passados 10 anos do início de suas obras, a transposição do São Francisco está praticamente concluída, teve obras entregues no mês passado, mas o rio segue longe de sua revitalização prometida e recebe diariamente toneladas de esgoto jogados por quase todas as cidades no seu percurso entre Minas Gerais e Alagoas. Segundo o CBHSF (Comitê da Bacia Hidrográfica do São Francisco), dos 505 municípios que compõem a bacia, apenas um, Lagoa da Prata (MG), tem 100% do seu esgoto tratado. O município, por sinal, é apontado como modelo pelo comitê.

Logo quando o projeto foi lançado, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva prometeu que para cada real investido na obra, outro seria investido na revitalização. “Nós queremos revitalizar, recuperar as margens, as matas ciliares, fazer saneamento básico nas cidades para que não joguem dejetos no São Francisco, e começamos fazendo isso“, disse Lula, em 2009, durante o programa ‘Café com o Presidente’, em outubro de 2009.

Em agosto de 2016, o governo Michel Temer lançou um novo plano de revitalização, prometendo investir R$ 10 bilhões em obras até 2026. Procurada pela reportagem, a Codevasf (Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco e do Parnaíba) informou que já implantou 89 sistemas de esgotamento sanitário, “que contemplam coleta e tratamento dos efluentes sanitários, em municípios integrantes da bacia hidrográfica do rio São Francisco, contudo não tem informação de quantos municípios tem tratamento de esgoto total“.

Para este ano, a companhia informou ter aprovados “aproximadamente R$ 38 milhões na LOA (Lei Orçamentária Anual) 2020” para esse tipo de obras.

ESGOTO: Mas as poucas obras de fato implementadas de saneamento não evitam uma contaminação diária do maior rio 100% nacional. “Esse retorno que prometeram ao São Francisco não foi dado. Infelizmente o programa de revitalização não foi feito. No saneamento, lançamos esgoto in natura no rio em quase todas as cidades“, afirma Maciel Oliveira, vice-presidente do CBHSF. Para a revitalização do rio, o comitê elaborou um plano com várias intervenções previstas em saneamento e recuperação hidroambiental.

“Precisaríamos, para resolver os problemas, de R$ 30 bilhões para a bacia”, revela Oliveira, contando que o comitê teve um encontro com a Sudene (Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste) para tratar de projetos no tratamento e espera contar com apoio do órgão federal.

Com a falta de participação do poder público, o comitê bancou com recursos próprios mais de 100 planos municipais de saneamento (premissa para poder receber recursos na área). “Sabemos que havia deficiência técnica e financeira, e decidimos custear para ajudar os municípios a receber as obras“, conta.

Para Oliveira, o comitê não espera soluções advindas por conta de um novo marco legal de saneamento. “O marco legal pode ajudar em algumas situações, mas depende muito da maneira como vai ser implementado. Pode demorar muitos anos, e precisamos retomar investimentos para tratar o esgoto e deixar de ter um rio poluído, causando problema de saúde pública“, alega.

A Codevasf afirma haver “previsão orçamentária de recursos na ordem R$ 540 milhões destinada a ações de saneamento (abastecimento de água e esgotamento sanitário) em municípios integrantes das bacias hidrográficas”.

POLUIÇÃO: O problema da poluição no rio está justamente em seu trecho final, entre Sergipe e Alagoas, que recebe todo o esgoto despejado ao longo do seu trajeto. Ao todo, 59 cidades ficam às margens do rio, sendo 16 delas entre Alagoas e Sergipe, onde está o chamado baixo São Francisco.

Em Piaçabuçu (AL), onde está a foz do rio, análises da qualidade da água apontam um índice superior a 8 NMP/ml de coliformes fecais (NMP quer dizer “número mais provável”). O ideal é que esse valor seja de no máximo 1, segundo resolução do Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente).

“Esse trecho representa apenas 5% da bacia. Mas parte dos dejetos que são retidos nas nove hidrelétricas que temos ao longo do rio é liberada quando tem o aumento de vazão. Os esgotos destas cidades rio acima se juntam com os do rio abaixo“, explica o pesquisador e professor Emerson Soares, do Centro de Ciências Agrárias da UFAL (Universidade Federal de Alagoas) e que coordena a expedição anual feita no São Francisco para avaliar os problemas da região.

Segundo as análises, todas as cidades do baixo São Francisco apresentam problemas com níveis acima de coliformes fecais. “Mas quanto mais descemos, vemos que mais contaminado fica. No estuário do São Francisco temos vários problemas“, explica.

MAIS CONTAMINAÇÃO: À beira do rio, diz Soares, vivem mais de um milhão de pessoas. “Além de saneamento básico precário, tem também o problema causado pelos agrotóxicos, ou dos metais pesados na água, efeitos da mineração em Minas e na Bahia“, conta. Ainda segundo o pesquisador, os efeitos negativos na água se refletem especialmente no estresse dos organismos que vivem no rio.

 “Os peixes são os primeiros a terem contato, mas eles se contaminam e passam para o homem. A gente observou na histologia desses organismos pesquisados, danos ao estômago, intestino, brânquias e fígado desses animais, e vai prejudicar não só eles, mas tornar impróprio para consumo humano“, pontua. (Fonte: UOL Carlos Madeiro UOL)
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MULTIARTISTA MARLUS DANIEL HOMENAGEIA JUAZEIRO POR SEUS 142 ANOS

O multiartista Marlus Daniel, que é artista plástico, ator e diretor teatral, reside as margens do Velho Chico há exatos 15 anos. 

O Juazeirense de coração, natural da cidade de Remanso, Bahia faz uma homenagem pra Juazeiro por ter sido tão bem acolhido e ter sido recebido de braços abertos, com uma série de novas pinturas sobre a cidade pelos seus 142 anos que ocorre no dia 15 de julho.

Sempre valorizando a caatinga, o sertão, o Vale do São Francisco, o Multiartista retrata principalmente as lendas, o folclore e a cultura ribeirinha, numa demonstração de amor à cidade, já que o mesmo acredita em que toda arte tem o poder de educar, de transformar, de crescer e de embelezar.  

Para conhecer as novas telas com a homenagem, visite no youtube essa demonstração de amor a Juazeiro no link: https://www.youtube.com/watch?v=Vm81hMYTg6I e desfrute de toda essa beleza.
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EM MEIO À COVID-19, VERBA DE OBRAS PARA SERTANEJO ARMAZENAR ÁGUA É REDUZIDA

Cinco vezes por semana, o agricultor Givanilson Ramos Pereira, 25, anda cerca de meia hora para chegar até o local mais próximo da sua casa com água, no município de Campo Formoso, semiárido baiano. "Para trazer a água, eu uso a carroça de mão", conta, explicando que não tem como se prevenir da covid-19. 

"Se ficar em casa não tem água nem para beber, quanto mais lavar as mãos", afirma. Cansado de esperar pela construção de um cisterna pelo poder público, ele decidiu, há um mês, começar a fazer um reservatório nos fundos de sua casa, com recursos próprios. "Acho que vou gastar uns 2.400 reais. É muito caro, mas já como me inscrevi [para receber o equipamento] e nunca tive resposta, prefiro fazer aos poucos do que ficar sem", diz.

No que depender de recursos federais, a espera de Givanilson e de outros milhares de sertanejos deve ser longa. O ritmo de construções do Programa Cisternas, do governo federal, caiu 78% na comparação a 2019 — ano que já havia registrado o menor número de equipamentos feitos desde o lançamento do programa, em 2003. As poucas obras que estão sendo feitas este ano, dizem estados e entidades, são de contratos antigos, e não há novos sendo assinados. Ou seja, a seguir assim, o ritmo deve ser menor a cada mês. 

A redução no número de cisternas construídas pelo programa federal vem caindo desde 2015, ainda no governo Dilma Rousseff. No primeiro semestre de 2020, a queda foi ainda maior. O Ministério da Cidadania informou ao UOL que foram construídas apenas 4.416 cisternas, o que dá uma média de 736 ao mês — no ano passado, essa média foi de 2.588; em 2014 (recorde do programa), de 12.426.

Na área rural do semiárido vivem hoje 1,7 milhão de famílias, ou 9,5 milhões de pessoas. Dessas, 1,3 milhão já têm cisternas, e a fila de espera hoje está estimada em 350 mil famílias, segundo a ASA (Articulação do Semiárido), rede formada por 3.000 organizações da sociedade civil na região. A entidade é a maior executora do programa na região, responsável por 600 mil das 1,3 milhão de cisternas no semiárido. As cisternas de primeira água são o principal equipamento para armazenamento das famílias no semiárido em períodos de seca. Elas são feitas de placas de concreto e têm capacidade para 16 mil litros. A água que enche o reservatório é captada por meio de calhas feitas no entorno do telhado da casa. Em épocas de estiagem, elas servem para receber água dos caminhões-pipa. Além desse tipo, existem ainda as cisternas escolares e de segunda água (maiores e destinadas para produção de alimentos) financiadas pelo programa, mas que existem em número bem inferior às de primeira água.


O secretário do Desenvolvimento Agrário do Ceará e presidente do Fórum Regional dos Secretários da Agricultura Familiar do Nordeste e Minas Gerais, Francisco de Assis Diniz, diz que, sem repasses do programa para cisternas, os estados da região estão apelando para outras alternativas de financiamento.

"A gente tem tido aqui no Ceará, por exemplo, um financiamento de cisternas via emenda feita por três deputados. Estamos recebendo agora R$ 28 milhões dessas emendas. No Ministério da Cidadania, não tivemos recursos disponibilizados no orçamento este ano. Essa falta de verbas para as cisternas ocorre em todos os demais estados do Nordeste. O que está sendo feito agora é ainda fruto de recursos dos orçamentos da Dilma e do presidente [Michel] Temer", afirma.

Com o corte de verbas, os estados da região estão se organizando para não acabar com a ideia de universalização de cisternas prevista para o semiárido. "Essa discussão tem sido feita pelos secretários para construir uma ação por dentro do Consórcio de Governadores do Nordeste com as bancadas federais", explica Diniz. Segundo Rafael Neves, coordenador dos programas de primeira água da ASA, os cortes que começaram em 2015, mas agora viraram uma escassez completa de dinheiro.

Neves lembra que as cisternas são fundamentais às famílias na luta contra a covid-19, já que elas garantem que o agricultor não saia de casa para buscar água. "Se tivesse desembolsado lá em janeiro, a gente podia enfrentar essa pandemia com mais famílias com cisternas. Veja a diferença que representa a uma família enfrentar essa situação tendo água em casa para lavar as mãos, para se alimentar, para produzir alimentos saudáveis. Iríamos garantir uma redução de mortes com ampliação de ação de água —coisa que a gente não teve", diz.

O maior temor vem justamente agora, com a interiorização da covid-19. "Vários estados estão enfrentando essa chegada do vírus no semiárido, e algumas organizações estão apelando porque essa é uma ação emergencial. A gente está pensando em protocolos para voltar uma ação de campo, para executar esse saldo, mas hoje não temos recurso novo para garantir mais cisternas", explica. (Fonte:  Carlos Madeiro Colaboração para UOL)
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A PARAÍBA NÃO CUIDA DE SEUS EMBOLADORES DE COCO

A Paraíba não cuida de seus emboladores de coco. A Paraíba não guarda os seus coquistas. Quando vim morar no Rio de Janeiro, em meados dos anos 80, vim também em busca das manifestações culturais do povo.

O Rio é um território onde abunda o povo em artes. No Largo da Carioca ouvi pela primeira vez duas mulheres coquistas num desafio malcriado, eram Lindalva e Terezinha que, ao som do pandeiro, cantavam coco e hipnotizavam a roda que as escutava. Nenhuma delas nasceu na Paraíba, mas quando se separaram, são irmãs, Terezinha foi cantar com Roque José pras bandas de Brasília e Lindalva radicou-se em Santa Rita e passou a cantar com Lavandeira do Norte, natural de Ingá. 

Mas a Paraíba não quer saber deles, aliás o coco de embolada talvez seja a última manifestação cultural na qual o gestor público de cultura pensa. Claro que quando os emboladores se apresentam, naquelas performances incluindo a plateia, todos se apaixonam. No entanto vivem sem qualquer fomento público para sua arte. Lindalva escolheu a Paraíba, Lavandeira nasceu na Paraíba. A Paraíba não os escolheu. A Paraíba não cuida deles.

Zé Batista apareceu várias e várias vezes na feira de Areia, a triste e acabrunhada cidade onde nasci. Espadaúdo, voz imensa, bom repente, boa língua, proseador e dono de simpatia, jogava versos como quem brinca. Os versos brotavam, mas geralmente chegava em Areia sem parceiro. Encontrou nosso amigo Salvador do Pandeiro, jovem e talentoso, mas ainda se iniciando nos versos. Zé Batista trazia a herança do seu pai Manoel Batista. Este para mim foi o maior embolador paraibano. Seus versos traziam a negritude, com motes, de puxar ou de fechar, originais que só ele os sabia construir. Manoel Batista e Zé Batista nunca foram cuidados pela Paraíba, nunca foram respeitados em seu ofício, nunca lhes foi respeitada a dignidade, tampouco a arte que perpetuavam. Esse disco cuja capa reproduzo na ilustração é um marco na embolada. Outros lembrarão de Geraldo Mousinho e Cachimbinho. Estes formam um outro capítulo. Por enquanto quero apenas afirmar que a Paraíba, e Areia, a cidade fatídica onde nasci, não cuidam de seus emboladores de coco. Não guardam seus coquistas. (*Aderaldo Luciano-professor doutor em Ciência da Literatura)
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