ATRIZ E RADIALISTA DAISY LÚCIDI MORRE POR CORONAVÍRUS AOS 90 ANOS

A atriz e radialista Daisy Lúcidi morreu na madrugada de hoje (7), aos 90 anos, no Rio de Janeiro. Ela estava internada no centro de terapia intensiva (CTI) do Hospital São Lucas, na zona sul da capital, desde 25 de abril e morreu por complicações decorrentes de infecção por covid-19.

Daisy Lúcidi nasceu no Rio, em 10 de agosto de 1929. Muito cedo começou sua carreira na Rádio Nacional, a maior emissora da América Latina, na época de ouro do rádio, nos anos 1940, 1950 e 1960, com seus programas de auditório, com nove orquestras e o radioteatro, onde Daisy, com voz marcante, iniciou aos 6 anos de idade declamando poemas.

Participou do programa Seu Criado, Obrigado!, ao lado de César Ladeira, durante dez anos. Ela participou também de novelas da Rádio Nacional, que paravam o Brasil de norte a sul, como integrante da equipe do radioteatro, com tudo ao vivo, sem poder errar. A primeira radionovela do país foi apresentada em 1941 pela Rádio Nacional - Em busca da Felicidade - e, um ano depois, inaugurou a primeira emissora de ondas curtas, o que deu aos seus programas imensão nacional.

Com a primeira novela, que ficou mais de três anos no ar, vieram outras com grande sucesso. Daisy Lúcidi estreou em 1952 na Rádio Nacional, no elenco de radioteatro, comandado por Floriano Faissal, do qual faziam parte Brandão Filho, Iara Sales, Zezé Fonseca, Isis de Oliveira, entre tantos outros artistas de sucesso.

Os programas de auditório com  César de Alencar e a rivalidade dos fã-clubes de Emilinha Borba e Marlene marcavam as tardes de sábado na emissora da Praça Mauá, 7, onde as filas para assistir aos programas davam voltas no quarteirão. A rádio também contava com programas de humor como Edifício Balança mas não cai, que contava com  Paulo Gracindo, Brandão Filho e Walter d’Ávila, com a participação do elenco de radioteatro.

Daisy Lúcidi também participou de várias novelas da Rede Globo, entre elas Paraíso Tropical, Passione,  Bravo!, O Casarão, Babilônia, Geração Brasil e do seriado Tapas e Beijos.

Em 1971, Daisy Lúcidi estreou o programa Alô Daisy, que permaneceu no ar por 45 anos, no horário das 13h às 15h. Foi o primeiro programa de rádio voltado para o público feminino, para a dona de casa, que contava com receitas, notícias de artistas, um quadro, no início do programa, chamado Cidade, Atenção, com a com a equipe de radiojornalismo que ia para as ruas e mostrava os problemas da cidade. Depois, a produção cobrava das autoridades a solução para cada reclamação apresentada pelo público.

O Alô Daisy também apresentava, em dois dias da semana, debates populares, sempre às quartas e sextas-feiras. Em um dia a mesa era formada somente de homens - Agora é que são eles - e em outro dia formado por mulheres - Agora é que são elas, que debatiam questões nacionais, do estado e do município, sempre com destaque para os assuntos em evidência na semana.

Em eventos especiais da Rádio Nacional, como a visita do papa João Paulo II ao Brasil, Daisy Lúcidi participou com destaque da cobertura.

Com a projeção do programa, Daisy acabou entrando para a política - primeiro, para a Câmara Municipal do Rio e, depois, para dois mandatos seguidos como deputada estadual.

Daisy também desenvolvia um programa social, com creche e distribuição de alimentos, roupas e calçados para as famílias necessitadas. A sede da entidade, ficava na Rua Uranos, no morro do Alemão.

Recentemente, há pouco mais de dois anos, deixou a Empresa Brasil de Comunicação (EBC), à qual a Rádio Nacional está vinculada, aderindo ao Programa de Demissão Voluntária.

Daisy Lucidi foi casada por 64 anos com o radialista Luiz Mendes, que morreu em 2011. (Fonte: Agencia Brasil)

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JUSTIÇA NEGA PEDIDO DO MINISTÉRIO PÚBLICO PARA DETERMINAR LOCKDOWN EM PERNAMBUCO

O juiz Breno Duarte Ribeiro de Oliveira, da 1ª Vara da Fazenda Pública da Capital, negou o pedido do Ministério Público de Pernambuco (MPPE) para determinar o "lockdown" no estado, tornando mais rigorosas, por 15 dias, as normas já impostas para evitar a disseminação do novo coronavírus. A decisão foi divulgada nesta quinta-feira (7), e cabe recurso.

O "lockdown" foi adotado em alguns estados brasileiros, como Maranhão e Pará. O Ceará chegou a adotar medidas de restrição semelhantes, mas sem usar o termo "lockdown". Também vigorou em países da Europa. No Amazonas, a Justiça negou o pedido para que fosse adotada a medida.

Entre as medidas que eram solicitadas na ação civil pública, encaminhada na quarta (6) à Justiça de Pernambuco, estavam restrições de circulação de pessoas, de veículos e de funcionamento de serviços considerados não essenciais, além de aplicação de multas para quem descumprir as regras.

Na decisão, o juiz afirmou que não existiam, no processo, os requisitos legais para o atendimento do pedido do Ministério Público.

“Em verdade, a deflagração dos sucessivos estágios de alerta, acompanhados de medidas restritivas de diversas ordens, veiculadas através de instrumentos legislativos próprios, sob responsabilidade de entes governamentais, em todos os níveis, obedecem a protocolos internacionais e representam a tentativa estatal de enfrentamento de crise sem precedentes na história do país”, disse.
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GOLPE USA NOME DO MINISTÉRIO DA SAÚDE PARA CLONAR CELULAR, ALERTA DELEGADO

O delegado Eronides Mendes Júnior, titular da delegacia de crimes cibernéticos da polícia civil de Pernambuco postou em redes sociais alerta para a população sobre golpistas que utilizam o nome do Ministério da Saúde para clonar WhatsApp das vítimas.

O ministério realiza consulta via telefone perguntando sobre o COVID-19, através de um sistema automatizado, via robô. Os golpistas gravaram a ligação e acionam as pessoas e, no final do questionário, enviam um código para supostamente validar o cadastro. Trata-se de um código de instalação do whatsapp que ao ser fornecido será clonado e o aplicativo deixa de funcionar no telefone da vítima.

Segundo Eronildes, as pessoas que forem acionadas por telefone pelo Ministério da Saúde não devem repassar código ao final da pesquisa sobre o estado de saúde da população devido à pandemia e esar atentas aos números de origem. 

"O Ministério liga do número 136 ou 0136, se receber de um número privado ou de celular, pode estar certo que é golpe". Ele adverte que se receber ligação de qualquer outro número deverá desligar e ignora. Também não envia código pedindo validação. A chamada de qualquer outro número ou de um celular deve ser ignorada, recomenda o delegado.
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CANTOR WAGNER ROSA, NASCIDO EM SENHOR DO BONFIM SE DESTACA COM VERSATILIDADE

O Nordeste brasileiro sempre apresenta no cenário musical artistas de grande talento. O cantor e compositor Wagner Rosa, nascido em Senhor do Bonfim, norte da Bahia, é uma destas provas. O cantor neste tempos medonhos onde o isolamento social é dizer e falar sobre amor reflexão, ganha os meios de comunicação social com o trabalho: “O Grande Livro”. 

Wagner Rosa  está diretamente ligado a música desde a infância e com ela cresceu até incluí-la como parte de si mesmo.

Wagner Rosa é um dos mais conceituados artistas musicais. Suas apresentações e composições transmitem uma mensagem para um público diversificado e compartilha, de acordo com ele, uma ternura pela terra e pelo modo de vida do Nordeste. "Tenho compromisso e respeito pela terra onde nasci e valorizo o amor através das músicas", diz Wagner.

O violão sempre foi o parceiro do músico, todavia a sanfona tem um sentimento profundo e mais perto do coração mostrando a versatilidade de Wagner Rosa e a influência que possui de artistas como Geraldo Azevedo, Alceu Valença, Elomar, Araujo Filho, Cesár Xisto, Carlos Grota.

O artista se destaca pela sua versatilidade e expressão que de forma marcante faz sentir a emoção em suas interpretações. A música que já é sucesso nos convida a um profunda reflexão. 
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EMENDA DE FELIPE CARRERAS SOBRE DIREITOS AUTORAIS GERA DEBATE NO SETOR ARTÍSTICO

Uma emenda proposta pelo deputado federal pernambucano Felipe Carreras (PSB) à Medida Provisória 948, que trata sobre o cancelamento de serviços e de eventos dos setores de turismo e cultural devido à pandemia da Covid-19, está causando debate no setor artístico brasileiro. O artigo proposto diz respeito ao exercício da atividade de cobrança em eventos públicos e privados, influenciado na forma de arrecadação sobre os direitos autorais de músicas executadas em eventos.

Na lei atual, os empresários de eventos devem arcar com o valor dos direitos autorais, transferindo um percentual baseado em 10% da bilheteria para o Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (ECAD). Com a emenda, esse valor seria reduzido para 5% sobre o valor do cachê dos artistas. A MP 948 ainda irá passar pelas mãos do relator, que tem o poder de excluir emendas.

Na última terça-feira (5), um vídeo de autoria anônima passou a circular nas redes sociais, afirmando que a emenda proposta por Carreras prejudicaria os artistas, os deixando responsáveis pelo pagamento dos direitos. Essa interpretação soou negativa no setor artístico.

Em entrevista ao Diario de Pernambuco, o deputado confirmou que a sugestão da emenda é que o pagamento do direito autoral seja de 5%, baseado ao valor do cachê do artista, mas que a forma do pagamento ainda não foi definida. "Defendo que este recolhimento deva continuar com os contratantes", ressaltou Carreras. "Se for pago R$ 1 mil de cachê, o contratante precisará pagar mais R$ 50 de direito autoral. Não subtrai nada do artista. O cachê é apenas uma base para o pagamento", exemplifica.

"Caso a sugestão de emenda seja aprovada, o produtor vai saber exatamente quanto vai pagar, o artista vai ter conhecimento de quanto será cobrado em direito autoral e o compositor terá, de forma muito clara e transparente, a informação de quanto poderá receber de direito autoral. Todos ganham porque o processo ficará claro e de fácil entendimento", argumenta o pernambucano.

"Circula na internet um vídeo que alega a existência de uma apresentação de emenda feita pelo senhor ligada a direitos autorais, ECAD e artistas", comentou a cantora Anitta, na página do deputado. "Eu gostaria de saber se isso é fake news ou realmente você aplicou este pedido de emenda".

O cantor Alceu Valença mandou um áudio para Rodrigo Maia, presidente da câmara dos deputados, pedindo que para que o relator da Medida Provisória 948 seja um parlamentar isento de qualquer interesse, "assim, podemos garantir o pleno exercício dos preceitos democráticos". Na mobilização dos artistas, Caetano Veloso, Djavan, Erasmo Carlos, Nando Reis, Alcione, Frejat, entre outros, gravaram áudios para Maia pedindo que Carreiras não seja o escolhido. Paulo Ricardo, Teresa Cristina, Paulinho Moska, Jorge Vercillo, Danilo Caymmi e duplas sertanejas Maria Cecilia & Rodolfo e Guilherme & Benuto também se manifestaram sobre o assunto.

Ainda na terça-feira, Felipe Carreras publicou um vídeo afirmando que "circulou um vídeo calunioso, sem a assinatura de ninguém, de nenhuma entidade". "Eu comecei a promover um debate sobre o ECAD, entidade que já foi alvo de CPI e condenada por formação de cartel. Achamos que o ECAD precisa ter mais transparência", explica. No vídeo, ele nega que a emenda tire direitos dos artistas. Por fim, afirmou que está aberto a sugestões e ao diálogo para solução pacífica ao tema.

No documento assinado pelo deputado, a justifica afirma que a proteção dos direitos autorais é de suma importância. "Porém, entendemos que hoje a forma que é arrecadada pelo Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (ECAD) inviabiliza o empreendedor cultural", diz. 

"Observamos que a lógica imposta pelos critérios do ECAD é que eles são sócios apenas dos lucros de exploração dos direitos musicais e não são dos prejuízos. Sendo bem didático, boa parte da cobrança é feita sobre a receita bruta dos empreendimentos que exploram comercialmente, assim se o empreendedor tiver prejuízo, ainda assim deve pagar ao ECAD. Não encaramos razoável, nem para o artistas e nem para o produtor cultural, por isso apresentamos a presente emenda que visa delimitar a forma da cobrança vedando a incidência percentualmente sobre a exploração comercial advinda da obra", continua.

"Destacamos que nenhum outro setor da economia se tem uma cobrança sobre percentual bruto que não seja imposto", diz, se referindo aos 10% baseados na bilheteria. "Assim, preservando o direito autoral de forma sustentável para toda a cadeia da música que vislumbramos a presente emenda", conclui.

Ao tomar conhecimento da emenda do deputado Felipe Carreras (PSB), nociva aos interesses dos artistas brasileiros no diz respeito aos direitos autorais, o cantor Alcymar Monteiro abriu o verbo contra o parlamentar através de um áudio que circula pelas redes sociais. Entre outros adjetivos, diz que ele pertence à capitania hereditária de Pernambuco que está com os dias contados, referindo-se ao PSB da família Campos.


Revela também que o deputado odeia a cultura popular e os artistas em geral, afirmando que enriqueceu difundindo com o seu grupo Caldeirão o pagode em detrimento da cultura popular. Alcymar se apresenta como vítima da perseguição implacável do deputado no Ministério da Cultura e afirma que ele vive puxando o tapete da classe artística que usou para se eleger. O cantor diz, ainda, que Felipe é um enganador que usa o mandato apenas para prejudicar os artistas e resolveu usar o ECAD, que considera um "ninho de rato", para acabar de vez com o frevo, o forró e a cultura popular.
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WEBSEMINÁRIO: AGROECOLOGIA E DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL EM TEMPOS DE PANDEMIA

O Programa de pós-graduação em Agroecologia e desenvolvimento social, promove na quinta (07),  o webseminário Agroecologia e Desenvolvimento Territorial em tempos de pandemia. 

A roda de conversa terá como tema  “Uma crítica desde a Agroecologia ao desenvolvimento em tempos de pandemia". O evento terá início às 17hs, na plataforma https://meet.jit.si/PPGADT
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RIO SÃO FRANCISCO GANHA FORÇA MAS JÁ NÃO VENCE E BATE NO MEIO DO MAR

O reservatório de Sobradinho, no norte baiano, atravessou uma das piores secas dos últimos 80 anos. No ano de 2017 o volume útil atingiu 1% e a previsão era que o reservatório chegasse ao “volume morto”. O nível da água foi o pior da história.  

A estiagem prolongada fez o Rio São Francisco perder força na divisa de Alagoas e Sergipe, em sua voz onde fica localizado o Farol do Cabeço, permitindo que o mar avançasse sobre a água doce do Velho Chico. O fenômeno conhecido como Cunha Salina, segundo pesquisadores da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), provoca transformação do ecossistema da região e prejudica a população ribeirinha.

O avanço da "cunha salina" ocorre a partir da redução da vazão de um rio, normalmente em épocas de estiagem ou demais fenômenos meteorológicos. Com isso, o equilíbrio de forças entre o rio e o oceano é afetado, permitindo o avanço da maré e a presença de água salgada ao longo do rio.




As consequências da degradação do rio São Francisco são sentidas com mais intensidade no Baixo São Francisco, que fica na divisa dos estados de Sergipe e Alagoas, onde o Velho Chico encontra as águas salgadas do Oceano Atlântico. E
é justamente nesse encontro que cada vez mais o São Francisco vem levando
desvantagem, pois, com a diminuição da vazão, o rio não tem mais tanta força para conter a entrada da água do mar, o que acarreta mudanças no ecossistema da foz.

Em 2027, com menos água no leito, o rio acabou sendo "empurrado" pela mar. E até peixe do habitat do mar foi encontrado nas águas doce do rio São Francisco. O Rio São Francisco de tantas lendas e histórias, fonte de sobrevivência de milhares de famílias ribeirinhas, literalmente chegou a 'agonizar". Muitos apostaram em sua morte, pois o “Velho Chico” estava desidratado, maltratado, precisando de investimentos urgentes para sua recuperação. 

Ainda hoje os ribeirinhos contabilizam os prejuízos, porque a pesca na região diminuiu e lavouras tiveram que ser abandonadas por conta do sal. A "salvação", quase milagre, veio dos céus: muita chuva que ajuda atualmente a aumentar o volume de água na bacia do Rio São Francisco.

A interpretação de Luiz Gonzaga na poesia de Zé Dantas, na música Riacho do Navio, é até ironizada; contrariando o que cantou o Rei do Baião, dizem: o São Francisco não mais “vai bater no meio do mar”. O espetáculo das águas já não existe faz muito tempo.

Todavia, este ano os ribeirinhos e sertanejos voltaram a cantar: "Riacho do Navio corre pro Pajeú, o rio Pajeú vai despejar no São Francisco, o rio São Francisco vai bater no 'mei' do mar, o rio São Francisco vai bater no 'mei' do mar…". Atualmente o trecho da Área de Preservação Ambiental (APA) da Foz do São Francisco, entre os municípios de Piaçabuçu (AL) e Brejo Grande (SE), que o fenômeno pode ser percebido com mais intensidade pelos quase 25 mil habitantes da região. O rio São Francisco voltou a ter um "pouco mais de força".

Graduado em Gestão Ambiental com especialização em Recursos Hídricos, Saneamento e Residência Agrária em Tecnologias Sociais e Sustentáveis no Semiarido, membro do Comitê Hidrográfico da Bacia do São Francisco, Almacks Luiz Silva diz que o rio São Francisco "batia (desaguava) no meio do mar quando tinha a sua vazão média de 4 mil metros cúbicos por segundo, antes da chegada das barragens."

"Com a construção de Sobradinho, o Complexo de Paulo Afonso que é o fio de água (o que chega de água libera) não influi e a barragem de Itaparica e Sobradinho, reguladoras, a partir da barragem de Sobradinho em tempos normais como estamos tem que operar com 1300 metros cúbicos por segundo. Enfim, o rio já não vai bater no meio do mar, mas não fica na situação que estava", explica Almacks.


Graduada em Ciências Biológicas, Maria Regina Oliveira Silva, mestre em Ecologia Humana e Gestão Socioambiental, avalia que a situação melhorou devido as chuvas. " A situação melhorou mas isto é passageiro em locais onde os impactos são maiores. Vivemos numa região naturalmente seca". 


De acordo com a professora o Rio São Francisco é muito agredido. "São diversos usos e muitos inadequados, o assoreamento é constante, o impacto ambiental é enorme. É preciso um trabalho ambiental constante", diz Regina Oliveira. 


A construção de barragens provocou  alterações significativas na dinâmica natural de rios, de estuários, da zona costeira e, consequentemente, o recuo das margens.


Entre 2008 e 2012 uma equipe de pesquisadores liderada pelo professor José Alves Siqueira, da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), em Petrolina, Pernambuco, promoveu 212 expedições ao longo e no entorno do São Francisco. O estudo foi reunido no livro “Flora das caatingas do Rio São Francisco: história natural e conservação” (Andrea Jakobsson Estúdio). 


O trabalho é considerado o mais profundo estudo sobre a Caatinga, único bioma exclusivo do Brasil. O título do primeiro capítulo é emblemático: ” A extinção inexorável do rio São Francisco.


Segundo o trabalho os problemas são inúmeros mas, talvez, os mais graves sejam as grandes barragens para a produção de energia, há cinco delas (em Três Marias, Sobradinho, Itaparica, Paulo Afonso e Xingó) que geram 15% da energia produzida no país.


Além destes, pode-se destacar como importantes outros problemas, entre eles a quantidade imensa de esgotos não tratados jogados no leito do Velho Chico ao longo de seus quase três mil quilômetros da nascente até a foz. As barragens impedem a piracema. Como os peixes não podem mais subir o rio para se reproduzirem, o declínio das espécies e cardumes é evidente.



O livro mostra que restou apenas 4% da vegetação original das margens do São Francisco. Sem mata ciliar a erosão toma conta das margens contribuindo para o assoreamento do leito.

O coordenador de geografia do IBGE, Claudio Stenner, explica que, ao longo de milhões de anos, o rio carrega sedimentos do continente e os deposita junto à foz, avançando em relação ao mar. Porém, com a construção de barragens, boa parte dos sedimentos não chega mais a esse ponto. Dessa forma, reduz-se a capacidade do rio de depositar sedimentos, o que acarreta a erosão da costa. O controle de cheias e vazões das hidrelétricas também interfere no depósito de sedimentos, pois muda a sazonalidade natural dos rios.


Stenner também explica que o processo estrutural de ocupação da bacia do São Francisco, tanto urbana quanto agropecuária, vem causando degradação e perda de vegetação natural em muitas áreas: “isso leva a uma redução na capacidade de recarga de todo o sistema: sem a vegetação, quando chove, a água escoa e não tem armazenamento, o que também causa um maior assoreamento do rio”.


Outro fator é a disputa pelo uso da água: o volume de água do rio é limitado, e a água do Velho Chico é fundamental para o abastecimento, para a irrigação, para a produção de energia.



“Esse gerenciamento nem sempre é isento de conflito porque, se eu aumento a produção de energia elétrica, reduzo a água para irrigação. Se eu seguro a água na barragem, reduzo a vazão na foz. Se reduzir a vazão da foz, o mar vai entrar mais”, exemplifica Stenner.

A secretaria de Meio Ambiente de Piaçabuçu foi procurada pela reportagem da redeGn, mas até o momento não respondeu aos questionamentos.

O rio São Francisco nasce na Serra da Canastra (MG), e chega à sua foz, no Oceano Atlântico, entre Alagoas e Sergipe, percorrendo cerca de 2.800km, passando por Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe. O Velho Chico é o rio 100% nacional com maior extensão. A bacia possui 503 municípios e engloba parte do Semiárido, que corresponde a aproximadamente 58% desta região hidrográfica, que está dividida em quatro unidades: Alto, Médio, Submédio e Baixo São Francisco.

A Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf) informa que desde o início do ano a atual situação dos reservatórios no São Francisco, vem melhorando. Segundo o órgão, a Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco estava no seu período chuvoso, que vai de novembro e terminou no último mês de abril.

A Chesf, disse que houve uma melhora significativa no armazenamento dos principais reservatórios, atingindo os seguintes volumes úteis:  Três Marias 99%. Sobradinho deve atingir 95% até o final do mês e que considerando as condições hidrólogicas é importante para o atendimento aos usos múltiplos da região no próximo período seco.
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