PREFEITO DE PETROLINA DETERMINA FECHAR FEIRAS LIVRES E RECOMENDA LIMITE DE PÚBLICO NOS SUPERMERCADOS

O prefeito Miguel Coelho fez um balanço, nesta quarta (18), dos números de casos de coronavírus em Petrolina. Em transmissão ao vivo nas redes sociais, o gestor informou o crescimento de ocorrências na cidade sertaneja. Os casos suspeitos da Covid-19 subiram de 9 para 15. Além disso, o primeiro resultado dos testes realizados na cidade deu negativo. Até o momento, portanto, nenhum desses casos teve resultado confirmado.

Miguel anunciou no pronunciamento novas medidas que serão decretadas para reforçar o trabalho de contenção do vírus em Petrolina. Após orientação do Governo do Estado, a cidade sertaneja vai vetar eventos, reuniões e aglomerações acima de 50 pessoas. Também seguindo determinação estadual, as feiras livres terão as atividades suspensas.

O prefeito ainda antecipou que outras medidas preventivas serão recomendadas para evitar concentração de público em ambientes privados. A Prefeitura vai orientar supermercados e atacados a limitar o acesso a 50 pessoas. Por fim, Miguel também informou no pronunciamento que já solicitou à Infraero a restrição de embarques e desembarques no Aeroporto Nilo Coelho. "Estamos fazendo tudo que é possível para evitar o crescimento de casos. Alerto mais uma vez para as pessoas evitarem aglomerações. Esse momento é para se cuidar e pensar no próximo. Portanto, fiquem em casa e ajudem a enfrentar juntos esse grande teste", advertiu o prefeito.

Miguel respondeu comentários da população na transmissão ao vivo e questionamentos enviados por jornalistas e radialistas. O pronunciamento virtual foi um modelo adotado para preservar a segurança dos profissionais de imprensa de Petrolina. "Estamos sendo transparentes e verdadeiros desde o começo. Num momento desse, a população exige a verdade e, por isto, vamos continuar informando. Mas para preservar a segurança dos comunicadores e de todos da prefeitura não vamos mais fazer entrevistas coletivas. É outra medida preventiva e que ajuda a difundir a seriedade desse desafio", explicou Miguel. (Fonte: Junior Vilela)

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BOLSONARO DIZ QUE SITUAÇÃO É GRAVE, MAS NÃO DEVE HAVER PÂNICO

O presidente Jair Bolsonaro disse nesta quarta-feira (18) que a disseminação do novo coronavírus (Covid-19) no Brasil preocupa o governo, mas pediu o empenho da população para seguir as orientações das autoridades e evitar o clima de pânico no país. 

"Primeiro, também diria que o pânico não leva a lugar nenhum. Repito que o momento é de grande preocupação, é de grande gravidade, mas devemos evitar que esse clima chegue a nós, adotando essas medidas", afirmou durante coletiva de imprensa, no Palácio do Planalto, ao lado de oito ministros. Todos estavam usando máscaras de saúde.  

"Teremos dias difíceis, dias duros pela frente. Agora, serão menos difíceis se cada um de vocês se preocupar consigo, com seus parentes e com os seus amigos. Somente dessa forma, seguindo os preceitos ditados pelo Ministério da Saúde, como, em primeiro lugar, medidas básicas de higiene, nós podemos alongar a curva da infecção, e de modo que nós, Poder Executivo, através dos nossos meios, hospitais e demais órgãos de saúde, atender aqueles que necessitarem, e atender com qualidade", acrescentou. 

De acordo com a última atualização do Ministério da Saúde, o Brasil tem 291 casos confirmados da doença e 8,8 mil em investigação. Três pessoas morreram.

Assim como o presidente, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, disse que é preciso ter cautela com medidas que resultem no fechamento total do país, o que, segundo ele, pode criar outros problemas.  

"É muito fácil falar: 'fecha tudo e não deixe ninguém sair', quando as pessoas têm ainda muita informalidade, pouco recurso. Precisa ser criado planos de alternativa econômica e eu preciso muito da equipe do Paulo Guedes. Esses fechamentos de estrada, que alguns governadores insinuam, essa logística é de interesse nacional, não adianta fechar tudo e falta o frango que está pronto para chegar, porque daí você segura uma coisa e desabastece outra", disse.

Durante a coletiva, o ministro Paulo Guedes anunciou que o governo distribuirá vouchers (cupons) por três meses para proteger os trabalhadores informais, as pessoas sem assistência social e a população que desistiu de procurar emprego. A medida consumirá R$ 15 bilhões, sendo R$ 5 bilhões por mês. 

O governo também anunciou que imóveis do programa habitacional Minha Casa Minha Vida, ainda desocupados, serão reservados para abrigar pacientes que precisem ficar isolados por causa do novo coronavírus. 

Outra medida em andamento, segundo o ministro Luiz Henrique Mandetta, é a disponibilização de um sistema de teleatendimento em saúde para a população para responder dúvidas e dar orientações sobre o novo coronavírus (Covid-19).

O ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas, anunciou medidas para socorrer as empresas aéreas, que tiveram mais de 50% de redução da demanda, por conta dos fechamentos de fronteiras e cancelamentos de voos domésticos e internacionais. (Agencia Brasil) 
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UNIVASF SUSPENDE ATIVIDADES ACADÊMICAS E ADMINISTRATIVAS A PARTIR DESTA QUINTA 19

As atividades acadêmicas e administrativas da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) estarão suspensas na sua totalidade a partir desta quinta-feira (19), em virtude da pandemia do novo coronavírus (Covid-19). A medida foi adotada por meio da Instrução Normativa N˚ 5/2020, com base na Instrução Normativa N˚ 21/2020 do Ministério da Economia e nos decretos dos governos municipais e estaduais da área de abrangência da Univasf. 

As determinações permanecerão em vigor até 31 de março de 2020 e serão avaliadas continuamente pela Comissão de Gerenciamento, Elaboração e Acompanhamento de Ações de Prevenção do Coronavírus (Covid-19).

A suspensão das atividades administrativas, juntamente com a suspensão do Calendário Acadêmico já determinada nesta segunda-feira (16) pela Decisão N˚ 13/2020 do Conselho Universitário (Conuni), visa contribuir para a contenção da disseminação do Covid-19 e preservar a vida dos membros da comunidade acadêmica e de toda a população que circula pelos sete campi da Univasf, nos estados de Pernambuco, Bahia e Piauí.  

A Instrução Normativa N˚ 5/2020 estabelece, entre outras medidas, que as atividades administrativas serão realizadas por meio de trabalho remoto, de acordo com as especificidades de cada setor. As chefias superiores definirão as ações a serem executadas pelos servidores neste período. As atividades das áreas de segurança e saúde, assim como as atividades essenciais a serem definidas pelas chefias, serão mantidas. Os serviços decorrentes de terceirização serão analisados de forma específica junto às empresas. A Univasf fará as devidas comunicações aos trabalhadores até sexta-feira (20). (Fonte: Univasf/Ascom)

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CAMPUS DA UNEB EM SEABRA SEDIA I FEIRA AGROECOLOGIA DA CHAPADA DIAMANTINA

Música, cinema, arte, poesias, oficinas, tecnologia, toré dos povos indígenas, agricultura familiar, parcerias, amor e muita chuva foram alguns dos ingredientes necessários para o sucesso da I Feira Agroecológica da Chapada Diamantina.

“Esse tema foi escolhido pelo próprio calendário, no dia 8 foi comemorado o Dia Internacional da Mulher. Um dos pontos que nos motivou à escolha do tema foi a própria história da Agroecologia, que é iniciada e construída por mulheres”, disse Gislene Moreira, professora da universidade e integrante da equipe de organização da feira.

Ainda de acordo com ela, é essencial valorizar as lembranças dos quintais das nossas avós e ancestrais, pois a agroecologia se inicia lá, principalmente, com a mulher do campo.

“A feira está sendo pensada há anos. E só conseguimos realiza-la graças a essa parceria com a UNEB, pois através dela conseguimos juntar pessoas, órgãos e entidades. Todos se somaram de forma significativa para que esse processo desse certo”, destacou Brígida Salgado, que também participou da comissão organizadora do evento.

Produtor e presidente da Associação Comunitária Fazenda Velha – Andaraí, Eugênio ressaltou que o processo para a consolidação da iniciativa se deu de forma democrática e após diversas reuniões com a comunidade.

“Eu tenho esperança de que essa feira continue por muitos anos. Meu sentimento neste momento é de felicidade, por ter esse sonho realizado e esperançoso para que nossa vida melhore um pouco”, disse Eugênio.

Após a conclusão dos trabalhos, os produtores e organizadores do evento se reuniram para discutir os resultados da feira e para deliberar sobre as datas das próximas edições, que estão previstas para os dia 7 e 8 de abril, 5 e 6 de maio, e 9 e 10 de junho.

Foram parceiros da feira o Banco do Nordeste, a Bahiater, as comunidades rurais, a Cesol, a Ceforc, a Codeter, a Prefeitura Municipal de Seabra, o Sebrae e o Polo Sindical e Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Seabra.

As atividades foram realizadas nas instalações do Campus XXIII da UNEB, em Seabra, nos dias 10 e 11 de março, e tiveram a mulher como eixo estruturante da programação. (Diosvaldo Filho/Nucom-Campus XXIII)
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MINISTRO DA SAÚDE PREVÊ 20 SEMANAS DE MUITA PREOCUPAÇÃO NO COMBATE AO CORONAVÍRUS

O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, informou na tarde desta terça-feira, durante uma coletiva de imprensa realizada em Brasília que “teremos 20 semanas duras pela frente”. Além desta afirmação, ele também disse que a pasta  mandou instalar cerca de 200 leitos em Centro de Terapia Intensiva (CTI) e está procurando aumentar a capacidade no Brasil para atender casos do Novo Coronavírus. O ministro pediu à população brasileira que dê mais atenção aos idosos.

“Teremos em torno de 20 semanas a partir do surto que serão extremamente duras para as pessoas. Cuidem dos idosos. Crianças são assintomáticas e não desenvolvem uma coriza. Pedir para que os avós não os beije e não dê colo é duro. O momento agora é de proteger. Quanto menos idosos, menos leitos de CTI precisarão ser utilizados", disse Mandetta

De acordo com o ministro, foram 80  no Estado de São Paulo, 40 no Rio de Janeiro, 30 no Rio Grande do Sul e 50 em Minas Gerais. Para Mandetta, "o Brasil tem um sistema de Saúde minimamente consolidado em cidades de grande porte".

Segundo o ministro, cerca de 80% das pessoas infectadas pelo vírus não irão precisar de "absolutamente nada a não ser um antitérmico". Do restante, o Ministério da Saúde calcula que de 14% a 15% precisarão de internação hospitalar e que, destes, de 4% a 5% precisarão de leito de CTI. 
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A MAIORIA DAS PREFEITURAS ESTÁ DESPREPARADA PARA ATENDER, NA REDE PÚBLICA CASOS GRAVES DE PACIENTES INFECTADOS PELO CORONAVÍRUS"

Até o final do passado o registro era de um cenário caótico vivido nos hospitais dos municípios de Juazeiro, Petrolina e dezenas de outras cidades localizadas, no norte da Bahia e região do Vale do São Francisco, onde em alguns casos sequer há nos postos de saúde equipamentos de respiração e mulheres gestantes ganhavam seus filhos de forma não humana, e mais reclamações de longas filas e meses para um simples atendimento.


O jornalista Leonardo Sakamoto avalia que, "para o coronavírus, não faz diferença se o hospedeiro é rico ou pobre. Mas dizer que a infecção impacta ambos da mesma forma é achar que a população é idiota.

O necessário Sistema Único de Saúde não conta com leitos e respiradores em número suficiente para absorver a demanda que se avizinha, lembrando que todos os outros problemas, das gripes comuns aos infartos e AVCs, não vão esperar na fila em respeito ao Covid-19".

Especialistas na área de saúde revelam que a "maioria dos estados e municípios brasileiros está despreparada para atender, na rede pública, casos graves de pacientes infectados pelo coronavírus, cujo destino principal são as Unidades de Tratamento Intensivo (UTI) com equipamentos de respiração para ventilação mecânica".

As piores situações estão nas regiões Nordeste. Na ponta, as mudanças ainda começam a ser desenhadas de forma pontual num contexto em que nem o sistema público nem o privado têm grandes margens em relação à disponibilidade de leitos de UTI, onde poderão ser tratados casos graves da doença. 

“Isso ocorre porque esses leitos são caros, e você precisa racionalizar para as necessidades. Os Estados têm que se adequar para essa demanda que virá. São modificações que temos que fazer hoje porque não dá pra esperar o número de casos aumentar para começar”, diz o infectologista da Diretoria de Vigilância Epidemiológica do Estado da Bahia.

A redeGN Blog Geraldo José, apurou que os municípios, menos de 10% têm leitos de UTI, públicos ou privados, e os pacientes terão de ser encaminhados a hospitais de referência regionais em seus estados.

As piores situações estão nas regiões Nordeste, Norte e Centro-Oeste, as mais pobres e mais dependentes do Sistema Único de Saúde (SUS). No Sul e no Sudeste, o Rio de Janeiro é o único estado precário nesse ponto.

Embora na média nacional o SUS cumpra, no limite, a recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) de ter o mínimo de um leito de UTI para cada 10 mil habitantes, dois terços deles (17 dos 27 estados) não chegam a isso, segundo dados do Conselho Federal de Medicina com base em números do Ministério da Saúde e do IBGE.

No total, contando UTIs do SUS e privadas, o Brasil tem cerca de 47 mil leitos, divididos meio a meio em cada sistema. Somando os dois, a média sobe para 2,1 a cada 10 mil pessoas, abaixo da necessidade que vem sendo observada nos países mais afetados.

O problema é que 75% dos brasileiros usam o SUS e só 25% têm plano de saúde, que atendem com folga os parâmetros da OMS em todos os estados, com média de 4,8 leitos por 10 mil segurados.

Antes do início da epidemia no país, a taxa de ocupação das UTIs para adultos na rede pública já era de 95%, o que mantém sistematicamente os hospitais ligados ao SUS sob pressão. No setor privado, com mais leitos, a taxa é de 80%, segundo a Amib.

Nos casos graves de infecção pelo coronavírus, a experiência internacional mostra que os pacientes precisam de internação em UTIs por entre 14 a 21 dias, o dobro ou o triplo do tempo médio na rede pública em situações normais.

Nos outros casos, muito semelhantes a gripes, sequer é necessária a permanência em leito hospitalar, o que torna as UTIs o principal gargalo.

Outro complicador importante é que mais de 30% dos leitos de UTI são para crianças, e eles teriam de ser adaptados para adultos durante a crise da Covid-19.

"A questão é a distribuição desses leitos, levando em conta os dois sistemas [público e privado] e as disparidades regionais", diz Ederlon Rezende, ex-presidente e membro do conselho consultivo da Amib.

No Nordeste, apenas 2 dos 7 estados (Pernambuco e Sergipe) cumprem, no SUS, o mínimo recomendado pela Organização Mundial da Saúde. Nos sete do Norte, só Rondônia. Nos quatro do Centro-Oeste, apenas Goiás.

A expectativa é que o clima mais quente impeça a propagação do vírus nessas regiões. Mas isso não está demonstrado ainda, embora a maioria dos casos no Brasil ainda se concentre no Sul e no Sudeste.

Depois de assistir ao impacto do coronavírus na Itália, o Ministério da Saúde agora promete aumentar de 1.000 para 2.000 a instalação de novos leitos de UTI na rede pública, o que ainda não cobriria as recomendações da Organização Mundial da Saúde.

Procurado pela reportagem, o ministério não respondeu aos questionamentos encaminhados desde sexta (13).

Para Gustavo Gusso, professor do Departamento de Clínica Médica da USP, as prefeituras terão de se organizar rapidamente para indicar o que fazer com os doentes graves, e para quais hospitais devem ser enviados sem expô-los muito a outras pessoas", afirma.

"Será preciso também segurar doentes menos graves para que não ocupem o lugar de outras pessoas nas UTIs."
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O GOVERNO BOLSONARO CORRE AGORA ATRÁS DO PREJUÍZO DE TER DESMONTADO O MAIS MÉDICO E PROPOR UMA COISA ENGENHOSA QUE AINDA NÃO CONSEGUE TIRAR DO PAPEL, DIZ MÉDICO SANITARISTA

Em um cenário em que 1% da população brasileira seja infectada pelo novo coronavírus, só as internações em unidades de terapia intensiva podem custar pelo menos R$ 930 milhões ao sistema público de saúde. 

É o que aponta estudo inédito do Instituto de Estudos para Políticas de Saúde (Ieps), que levou em consideração o custo de internações pelo Sistema Único de Saúde (SUS) por condições semelhantes à Covid-19.

Na última semana, David Uip, coordenador do Centro de Contingência do Coronavírus em São Paulo, afirmou que o governo trabalha com um cenário de que o coronavírus contamine entre 1% e 10% da população do estado.

Segundo o estudo do Ieps, o custo médio de internação em UTI por condições semelhantes em 2019 foi de R$ 11.296, de acordo com dados do Datasus. O levantamento considera apenas repasses federais por procedimento, e deixa de fora custos fixos como salários de médicos, o que indica que o valor final deve ser ainda maior.

Cerca de 80% a 85% dos casos da infecção são leves e não necessitam de hospitalização. Outros 15% podem precisar de internação hospitalar fora da UTI e menos de 5% vão necessitar de suporte intensivo.

Considerando a população brasileira não coberta por planos de saúde, esses casos críticos que precisarão de UTI devem somar 82,4 mil internações no SUS. Se o número de infectados chegar a 10% da população brasileira, o cenário mais grave previsto em SP pelo governo paulista, o custo chegaria a R$ 9,31 bilhões. Isso é quase o dobro do aporte de R$ 5 bilhões contra o coronavírus que deve ser feito pelo Congresso Nacional, segundo anunciou o governo na última semana.

Vírus respiratórios são facilmente transmissíveis e chegam a afetar, no exemplo do influenza (causador da gripe), de 5% a 20% da população de um país, a depender do ano. O estudo é assinado pelos pesquisadores Rudi Rocha (da FGV e do Ieps), Beatriz Rache (Ieps), Letícia Nunes (Ieps) e Adriano Massuda (FGV).

 "A gente necessariamente tem que conter a curva, da forma que for. Caso os cenários mais preocupantes se confirmem, não vai ser nem uma questão de recursos, mas de mobilização de todo o SUS, da coordenação da máquina, aquisição de equipamentos e medicamentos", afirma Rocha.

As medidas de contenção podem gerar outro efeito positivo, diz, na medida em que reduzem outras demandas hospitalares. Restrição de eventos e aglomerações podem reduzir também outras infecções e até problemas associados, como acidentes de carro.

Especialistas ouvidos pela reportagem dizem que a pandemia colocará o sistema público à prova em todos os seus níveis: da atenção básica à rede hospitalar e suas unidades de terapias intensivas.

O aumento de casos da infecção ocorre em um momento em que há grande gargalo na atenção primária, agravado com o fim do Mais Médicos e os atrasos para colocar em prática o programa que veio para substituí-lo. Das 18.240 vagas originais, apenas 13.845 têm médicos em atuação hoje. As demais estão suspensas ou aguardam para serem substituídas.

Ainda que o ministério tenha lançado edital para colocar 5.811 médicos extras em postos de saúde até o início de abril, especialistas preveem a sobrecarga na rede. "O governo está chamando médicos para cobrir o buraco que criou, corre atrás do prejuízo de desestruturar um programa bem-sucedido como o Mais Médicos e propor uma coisa engenhosa que ainda não conseguiu tirar do papel", diz o médico sanitarista Adriano Massuda, professor da FGV e pesquisador de Harvard em estudos sobre o SUS.

Segundo ele, se a atenção básica não for resolutiva, muita gente com sintomas leves de coronavírus vai buscar as emergências, estrangulando ainda mais a rede hospitalar.

Deisy Ventura, professora da Faculdade de Saúde Pública da USP, lembra que, embora a existência e a capilaridade do SUS já o coloque como um dos mais bem preparados do mundo para enfrentar a epidemia, não é possível ficar indiferente ao processo de sucateamento do sistema. 

"De repente, chega uma emergência e aí a gente fica questionando se o sistema tem ou não capacidade. Nenhum Estado do mundo está preparado para um crescimento vertiginoso de casos, muitos dos quais vão necessitar de estrutura hospitalar."

Estudo do Conselho Federal de Medicina (CFM) mostrou que menos de 10% dos municípios brasileiros dispõem de leito de UTI no SUS: apenas 532 de 5.570 municípios.

De acordo com dados do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde, o Brasil tem quase 45 mil leitos de terapia intensiva. Desses, 49% estão disponíveis para o SUS e 51%, para instituições privadas ou de saúde suplementar. "Será preciso uma boa capacidade de coordenação. A expectativa é de que haja grande demanda e baixo número de respiradores, por exemplo, equipamento fundamental para os casos muito graves", diz Massuda.

Só 9% dos respiradores disponíveis em hospitais do país estão na rede pública. Os aparelhos são essenciais para a parcela dos doentes que desenvolve dificuldade de respirar–sintoma que indica a gravidade do quadro e é usado como indicador de quando se deve procurar um hospital.

O país tem 64,9 mil respiradores/ventiladores. Desse total, 5.846 estão disponíveis no SUS. A proporção desses equipamentos na rede pública em relação ao total é menor que a média em São Paulo (6,75% de um total de 18.465).

Em números absolutos, estados do Norte têm a pior quantidade: o Amapá só tem 94 respiradores/ventiladores no total, e apenas 11 na rede pública. Roraima tem 152, e 10 deles estão no SUS. A região, porém costuma ser a menos afetada por essas doenças.

Segundo Suzana Lobo, presidente da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (Amib), a equipe também é importante. "Muitas vezes as pessoas ficam preocupadas com o número de leitos e equipamentos, quando, às vezes, a organização e a equipe são pontos fundamentais."

Uma equipe da UTI deve ser formada por inúmeros profissionais especializados: fisioterapeuta, enfermeiro, farmacêutico, nutricionista, fonoaudiólogo, psicólogo e um time de médicos intensivistas dedicados 24 horas por dia.

Para Lobo, embora o número de leitos de UTIs no país esteja dentro da média mundial, o problema está na má distribuição entre os estados e entre os entes público e privado. "No SUS, a situação é mais crítica porque já temos 95% de ocupação dos leitos."

Em um pior cenário, é possível que cirurgias eletivas sejam adiadas, que leitos sejam realocados de outras unidades dentro do hospital ou ainda que o poder público os compre dos hospitais privados.

Lobo reforça a necessidade de haver equipes de UTI em quantidade e qualidade adequadas. "E o principal: elas precisam estar treinadas e tranquilas. Quem não pode ter pânico somos nós, que estamos na linha de frente." Segundo ele, nos países com a situação do coronavírus mais crítica, como a Itália, os profissionais de UTI estão sofrendo estafa. "A gente precisa pensar nisso tudo e se preparar, não deixar para o último momento."
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