LUIZ GONZAGA E A ETERNIDADE DOS PÁSSAROS ASSUNS PRETOS ASSOBIANDO AS DORES E VENS-VENS PRENUNCIANDO AMORES

O Nordeste continuaria existindo caso Luiz Gonzaga não tivesse aterrissado por lá há mais de cem anos. Teria a mesma paisagem, os mesmos problemas. Seria o mesmo complexo de gentes e regiões. Comportaria os mesmos cenários de pedras e areias, plantas e rios, mares e florestas, caatingas e sertões.

Mas faltaria muito para adornar-lhe a alma. Sem Gonzaga quase seríamos sonâmbulos. Ele, mais que ninguém, brindou-nos com uma moldura indelével, uma corrente sonora diferente, recheada de suspiros, ritmos coronários, estalidos metálicos. A isso resolveu chamar de BAIÃO.

Gonzaga plantou a sanfona entre nós, estampou a zabumba em nossos corpos, trancafiou-nos dentro de um triângulo e imortalizou-nos no registro de sua voz. Dentro do seu matulão convivemos, bichos e coisas, aves e paisagens. Pela manhã, do seu chapéu, saltaram galos anunciando o dia, sabiás acalentando as horas, acauãs premeditando as tristezas, assuns-pretos assobiando as dores, vens-vens prenunciando amores.

O seu peito abrigava o canto dolente e retorno dos vaqueiros mortos e a pabulagem dos boiadeiros vivos. As ladainhas e os benditos aninhavam-se por ali buscando eternidade. Viva Luiz Gonzaga do Nascimento!

Fonte: Aderaldo Luciano - professor doutor em Ciencia da Literatura
Nenhum comentário

FESTIVAL VIVA GONZAGÃO REFORÇA O DESTINO TURÍSTICO CULTURAL DE EXU, PERNAMBUCO

O município de Exu, terra do Rei do Baião, recebeu entre os dias 11 e 13 dezembro o Festival Viva Gonzagão, promovido pelo Governo de Pernambuco, por meio da Secult-PE/Fundarpe, em parceria com a prefeitura local.

Durante os três dias do evento, os polos culturais Danado de Bom e Gonzagão do Povo foram palco para uma programação artística que
valorizou a obra de Luiz Gonzaga e a tradição da poesia sertaneja. Além dos pólos promovidos pela Secult-PE/Fundarpe, o Governo do Estado também levou a Tenda Literária da Companhia Editora de Pernambuco (Cepe).

Exu recebeu um grande número de turistas dos municípios da região, além de visitantes de estados vizinhos, com destaque para diversas caravanas cearenses e norte-riograndenses. Esse público lotou os leitos de hotéis e pousadas da cidade, chegando ainda a ocupar diversas casas que tradicionalmente hospedam familiares e visitantes de outras cidades.

Na primeira noite (quarta-feira, 11), o Festival Viva Gonzagão teve sua abertura com um Sarau Poético que contou com mais de uma dezena de poetas e poetisas de várias idades, num rico e importante espaço de trocas de experiências entre nomes consagrados da cidade e novos talentos. No palco da Praça Luiz Gonzaga também se apresentaram os músicos do grupo local Seguidores do Rei.

O Parque Aza Branca é outro destino. O Museu do Gonzagão e a Casa do Rei são dos dos destinos mais visitados.

O secretário de Cultura do Estado, Gilberto Freyre Neto, acompanhou a programação do Polo Gonzagão do Povo e ressaltou a importância do investimento no evento. “Luiz Gonzaga é um ícone pernambucano que levou o nome do Estado para todo o mundo. Precisamos valorizar ainda mais a sua história e seu legado”, comentou ele.

Já o presidente da Fundarpe, Marcelo Canuto, que também esteve em Exu prestigiando o festival, destacou que qualquer iniciativa que reúna artistas para celebrar a obra e a figura de Luiz Gonzaga deve ser apoiada. “Sabemos que onde há uma sanfona tocando, tem alguém ali que conhece uma ou mais canções do Rei do Baião. E quanto mais sanfoneiros reunirmos, mais estaremos cultuando a memória de Gonzaga”, declarou.
Nenhum comentário

ENCONTRO DE SABERES DA CAATINGA ACONTECE ENTRE OS DIAS 17 A 26 DE JANEIRO DE 2020 EM EXU, PERNAMBUCO

Acontece entre os dias 17 a 26 de janeiro de 2020, a 4ª edição do Encontro Saberes e Práticas da Caatinga: Raizeiro (a)s, Benzedeiro (a)s e parteiras, na Chapada do Araripe, Pernambuco. O encontro será realizado em Exu, Pernambuco. 

O evento tem como objetivo promover a troca de saberes entre os raizeiros(as), benzedeiros(as) e parteiras da região da Chapada do Araripe contribuindo para o fortalecimento cultural da sabedoria tradicional nos processos de cuidado e cura.

Na programação consta diversas oficinas sobre processos de cura, rodas de conversa, feira e exposição de produtos agroecológicos. As vagas são limitadas.

Informações pelo email: saberesdacaatinga@gmail.com

Nenhum comentário

FÃS CLUBES PRESTAM HOMENAGENS AO REI DO BAIÃO E VALORIZAM PATRIMÔNIO CULTURAL DE EXU, PERNAMBUCO

A cada ano já é tradição na terra do Rei do Baião, Exu Pernambuco,  o encontro dos fãs e clubes que prestam homenagens a Luiz Gonzaga. Centenas de pessoas se deslocam de diversos lugares do Brasil para prestigiar a data de nascimento daquele que é uma das maiores referências da música brasileira.

Entre os Clubes de Fãs  presentes nas festividades estão o Eterno Cantador (Paus Ferros-RN), Fã Clube 100% de Santa Cruz do Capibaribe (PE), Irmãos Gonzagueanos (Caruaru PE), Amigos Gonzaguianos (Senhor do Bonfim), Tropa Gonzagueana (Petrolina/Juazeiro), Aracaju, Salvador, Fortaleza. 

Todos os Grupos e Fãs Clubes têm "a benção" do Padre José Fábio que todos os anos participa da

Missa em Ação de Graças na sombra do pé de juazeiro, no Parque Asa Branca. Padre Fabio atua em Sobral, Ceará. Padre Fábio é o fundador do site Na Cabana de Gonzagão.

Admiradoras da biografia de Luiz Gonzaga, as bacharéis em Turismo, pela Universidade Federal do Piauí,  Jacimara Almeida e  Fran Santos; elas viajaram quase 900 km para chegar a Exu, Chapada do Araripe. A origem da viagem Caxingó, Piauí.

"A sanfona é o principal instrumento das festas espalhadas pelo mundo. Fascina pela sua sonoridade, pela diversidade de modelos e gêneros, mas seu encanto transcende o poder da música, porque desperta um afeto misterioso. Talvez pelo fato de ficar junto ao coração do sanfoneiro, ou, quem sabe, por ser um instrumento que é abraçado ao se tocar. Ou ainda, por ser um instrumento que respira.
O fato é que a sanfona une as pessoas e é amada por todos os povos".

O Fã Clube Irmãos Gonzaguianos de Caruaru foi fundado com o objetivo de valorizar a vida e obra de Luiz Gonzaga e Dominguinhos. Todos os anos está presente em Exu e Garanhuns além do Encontro dos Gonzagueanos que é realizado em Caruaru, Pernambuco. O Fã Clube Irmãos Gonzaguianos tem na diretoria Vanderson Gomes, Nadir Ribeiro, Luiz Carlos e Edilson Guedes.

Edilson Guedes é funcionário público e trabalha em Gravatá Pernambuco. Ele apresenta também o Programa de Rádio Relembrando O Gonzagão e ainda mantém o site com 24 horas no ar tocando músicas de Luiz Gonzaga e todos aqueles que fazem o forró trilhado na sanfona, triangulo e zabumba.

Santa Cruz do Capibaribe, Pernambuco é também conhecida como A Capital do Jeans. Um dos mais ativos grupos, o Fã Clube 100% Gonzagão foi criado desde 2004, os amantes de seu Lula vem manifestado seus gostos e admiração pelo mestre Lua, dando início a um compromisso que se tornou tradição. Todo mês de dezembro, mês do aniversário do Gonzagão, o grupo segue em caravana com destino à Exu-PE, onde acontece uma grandiosa festa em homenagem ao Rei do Baião. 



O Fã Clube 100% Gonzagão distribui camisetas, adesivos e outros brindes, gratuitamente, além de festejar. O trabalho não tem fins lucrativos, toda e qualquer despesa é bancada pelos componentes do grupo 100% Gonzagão. Fortalecendo e dando continuidade a cultura Gonzagueana, todos os anos são realizados em Santa Cruz, festejos para alegria da população, em comemoração as festividades Juninas, ao Forró, Baião e arrasta pé.

O Fã Clube “Eterno Cantador”, de Pau dos Ferros-RN, foi fundado em 13 de agosto de 2011, constituído por fãs e admiradores da vida e da obra do cantor e sanfoneiro Luiz Gonzaga do Nascimento, o Rei do Baião –Gonzagão, tendo por finalidade divulgar, preservar, propagar e enaltecer a obra deste vulto imortal da música popular brasileira e especificamente da nossa região nordeste. 


O precursor deste grupo, hoje com mais de 100 sócios, entre eles os Engenheiros agrônomos Epifanio Silvino do Monte, Euzébio Fernandes Neto e Hélio Diógenes Amorim.

"Todos os anos estamos em Exu Pernambuco e também em Garanhuns no Festival Viva Dominguinhos. O fã clube promove mensalmente suas reuniões sediadas por seus sócios, onde são discutidas e tomadas as decisões inerentes às atividades culturais e recreativas, com também promoverem a confraternização de seus membros e convidados, tendo sempre como fundo musical o repertório do Rei do Baião, executado por sanfoneiros exaltando o nosso forró de verdade", finaliza Helio Diogenes. (Texto jornalista Ney Vital. Fotos: Instagran Facebook)

Nenhum comentário

VI FESTIVAL INTERNACIONAL DA SANFONA ACONTECE ENTRE OS DIAS 26 A 28 DEZEMBRO EM JUAZEIRO, BAHIA

A 6ª edição do Festival Internacional da Sanfona reúne oficina, workshops e concertos musicais na cidade de Juazeiro, no norte da Bahia. O evento acontece entre a quinta-feira (26) e o sábado (28), no Centro de Cultura João Gilberto.

PROGRAMAÇÃO: VI Festival Internacional da Sanfona. 26 a 28 de dezembro de 2019. Quinta, sexta e sábado: 09 horas: Exposição de sanfonas (novas, usadas, montagem, afinação) Marciano Marçall -Foyer
09 horas: Aulas de sanfona 120 baixos (com Chico Chagas) - Sala Multiuso
17 horas: Jam Sanfona Session - Foyer

WORKSHOPS - Sala Multiuso. Quinta (26/12) - A partir das 15h. Por Dentro do Fole – com Fernando Ávila.

Sexta (27/12) - A partir das 15h. Como nasceu o acordeon? Piano dos pobres ou órgão dos ricos? – com Olivier Forel & Danilo Cruces

Sábado (28/12) - A partir das 15h. Acordeon & Tecnologia – com Petar Maric

SHOWS –  ARENA: Quinta (26/12) - A partir das 20h Ivan Greg, Silas França e Fernando Ávila.
Sexta (27/12) - A partir das 20h Raniel Pernalonga, Petar Maric (Sérvia) e Chico Chagas

Sábado (28/12) - A partir das 20h Duo Internacional de Acordeon – "Dos Alpes aos Andes" com Olivier Forel (Suíça) & Danilo Cruces (Chile), Targino Gondim, Chico Chagas, Marciano Marçall

*Quinteto Sanfônico do Brasil (Targino Gondim, Rennam Mendes, Marquinho Cafe, Sebastian Silva e Geo Barbosa) - Encerramento

Nenhum comentário

A MUSICALIDADE DE JONNEZ, INSTRUMENTISTA NASCIDO EM EXU, TERRA DE LUIZ GONZAGA, REI DO BAIÃO

A música é uma das ferramentas de transformação social. Na terra do Rei do Baião, Jonnez Bezerra é cantor e músico nascido em Exu, Pernambuco. O nome é uma homenagem do pai José e mãe Inês: Jonnez.

Autodidata, Jonnez é um dos frutos da primeira turma do Projeto Asa Branca, criado em 2 de março de 2000, pelo então promotor de Justiça, Francisco Dirceu Barros. “O doutor Francisco era um apaixonado pela cultura gonzagueana, e foi dele a ideia da Fundação Gonzagão. O objetivo até hoje é prestar atendimento a crianças e adolescentes, especialmente as carentes, utilizando a arte e a poesia de Luiz Gonzaga para sua promoção social".

A reportagem deste Blog NEY VITAL encontrou Jonnez durante as celebrações dos 30 anos de saudade de Luiz Gonzaga, 02 de agosto e nesta sexta-feira 13, durante as festividades do nascimento de Luiz Gonzaga. Na Chapada do Araripe, no Sítio Mangueira, um oasis do Sertão, o estudante do curso de Direito, na Urca, Crato, Ceará,  Jonnez Bezerra revela a paixão e diversidade musical.

A primeira fala é para destacar o potencial turístico e cultural de Exu, Pernambuco. No Sítio Mangueira é desenvolvido o Projeto Soltando Vidas-Conservação de Animais Silvestres-SOS Sertão.

Entre o silêncio da natureza e o canto de galos de campinas, asa branca, acauã e canários, os empresários Raimundo Ondes, Eduardo Ferreira e Francisco, conhecido como "Chio das Mangueiras", mantém, entre os Sítios Genipapo e Mangueira um dos espaços mais exuberantes da ecologia brasileira, em especial da Chapada do Araripe, território exaltado e cantado por Luiz Gonzaga.

A virtualidade de Jonnez ecoa na Chapada do Araripe e se faz universal. Cantor, professor, toca sanfona, flauta, violino e teclado entre outros instrumentos. "Nasci e já fui ouvindo música. Meu pai e avô tocavam e é certo que isto influenciou e mais a inspiração das músicas de Luiz Gonzaga", conta Jonnez.

Jonnez trabalha na formação de crianças e jovens no aprendizado musical através do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV). Ele é professor no SCFV, onde todo o trabalho é desenvolvido buscando ampliar trocas culturais e de vivências, desenvolvendo o sentimento de pertencimento e de identidade cultural, fortalecendo vínculos familiares e incentivando a socialização e a convivência comunitária de crianças e adolescentes em risco de vulnerabilidade social.

Atualmente cerca de 80 crianças e adolescentes da cidade de Exu são assistidas pela prestação de serviço e entre eles o aprendizado de teoria e pratica musical.

“A música é muito importante. Ela é uma forma da gente estimular a garotada e auxiliar na busca de um futuro melhor. A educação é libertadora e pode contribuir com a garantia de um futuro mais digno. Luiz Gonzaga é a prova deste ambiente de possibilidades culturais”, declarou Jonnez. (Texto e Fotos: jornalista Ney Vital)

Nenhum comentário

JOQUINHA GONZAGA E FAUSTO PILOTO: OS SOBRINHOS DE LUIZ GONZAGA E NETOS DE JANUÁRIO

João Januário Maciel, o sanfoneiro Joquinha Gonzaga e Fausto Luiz Maciel, conhecido por Piloto, são hoje dois descendentes vivos da família Januário e Santana.

Joquinha Gonzaga e Piloto são da terceira geração da família. Todas as irmãs e irmãos de Luiz Gonzaga já morreram.

Joquinha é o sobrinho de Luiz Gonzaga e neto de Januário. Joquinha Gonzaga, nasceu no dia 01 de abril de 1952, filho de Raimunda Januário (Dona Muniz, segunda irmã de Luiz Gonzaga) e João Francisco Maciel. Joquinha Gonzaga é o mais legítimo representante da arte de Luiz Gonzaga. Mora em Exu, Pernambuco.

"Sempre estou contando histórias, músicas de meu tio, músicas minhas, dos meus colegas. Não fujo da minha tradição, das minhas características, que é o forró, o xote, o baião. Eu procuro sempre dar uma satisfação ao público que tem uma admiração à minha família, Luiz Gonzaga, Zé Gonzaga, Severino, Chiquinha, Daniel Gonzaga, Gonzaguinha. Meu estilo musical não pode ser diferente. É gonzagueano", diz Joquinha.

Joquinha é o nome artístico dado pelo Rei do Baião e filho de Muniz, segundo Luiz Gonzaga irmã que herdou o dom de rezar muito.

Joquinha aos 12 anos ganhou uma sanfona de oito baixos, o famoso pé de bode. Foram mais de 30 anos viajando ao lado do Tio.

O sanfoneiro conta que quando completou 23 anos, começou a viajar com Luiz Gonzaga e foi aprendendo, conhecendo o Brasil inteiro. "Ele não só me incentivou, como também me educou como homem. Era uma pessoa muito exigente, gostava muito de cobrar da gente pelo bom comportamento. Sempre procurando ensinar o caminho certo. Tudo que ele aprendeu foi com o mundo e assim eu fui aprendendo", revela Joquinha.

Luiz Gonzaga declarou em público que Joquinha é o seguidor cultural da Família Gonzaga. O primeiro LP-disco Joquinha Gonzaga gravou foi -Forró Cheiro e Chamego. Gravou com Luiz Gonzaga "Dá licença prá mais um".

Em 1998 Joquinha Gonzaga participou da homenagem "Tributo a Luiz Gonzaga", em Nova York, no Lincoln Center Festival.

Ninguém conhece melhor o artista do que os músicos que o acompanham. São eles que vivem o dia a dia, enfrentam os bons e maus humores do artista.

Imaginem então, o músico sendo um sobrinho. Fausto Luiz Maciel, é irmão de Joquinha. É um desses músicos privilegiados que conviveram dia a dia os mistérios do Rei do Baião.

Piloto começou a acompanhar o tio Luiz Gonzaga no ano de 1975. Bom ritmista, tocou zabumba e sua primeira gravação com o tio foi no disco Capim Novo, em 1976. Participou de inúmeros trabalhos e viagens lado a lado com Luiz Gonzaga como zabumbeiro, motorista e secretário.

A partir de 1980 seguiu acompanhando Luiz Gonzaga em todos os seus trabalhos, até o ano de seu falecimento, em 1989. Piloto atualmente mora em Petrolina Pernambuco.

O zabumbeiro é irmão de Joquinha Gonzaga, cantor e sanfoneiro, que também acompanhou o tio nas andanças por este Brasil afora.

Piloto conta que conheceu todos os grandes cantores da época, citando Jackson do Pandeiro, Ari Lobo, Abdias, Sivuca, Dominguinhos, Lindu e Marines.  Teve momentos de muitos aprendizados e viu muitos fatos e acontecimentos na carreira do tio, Luiz Gonzaga.  “A gente brigava muito. Eu era perguntador e ele respondão. Com tio Gonzaga não tinha por favor. Era mandão mesmo".

Quando ia gravar um dos últimos discos, eu quis viajar logo para o Rio de Janeiro  com ele, que me pediu que ficasse em Exu, quando precisasse, mandava a passagem e eu iria. Avisei que fizesse isto com antecedência, porque não ia às pressas. E foi o que aconteceu. João Silva me ligou dizendo para eu pegar o ônibus que a gravação ia começar tal dia. Estava muito em cima, respondi que eu não iria. E não fui”. 

Revela hoje que os arroubos faziam parte da idade e uma certa imaturidade e dificuldade de compreender o humor do tio, que "pela manhã estava feliz, no meio dia calado e á noite ninguém perguntasse duas vezes". "Mas houve momentos de muitos abraços e declarações de amor. Bons momentos de felicidades".

Piloto conta que Mais do que somente historias das andanças do Rei do Baião, o que se revela e até hoje é um mistério: Luiz Gonzaga era complexo, de mudança bruscas de temperamento, centralizador, sempre, autoritário quase sempre,  mas que em certos momentos podia ser inesperadamente humilde e gentil. "Gilberto Gil disse que os gênios são assim, e isto revela o ser humano que era meu tio Luiz Gonzaga. Um gênio".

O jornalista José Teles, escreveu, que de todos os que trabalharam com Luiz Gonzaga, Piloto foi o único que não aguentava em silêncio os arroubos de mau humor do tio.

Motorista e zabumbeiro, Piloto foi também empresário de Luiz Gonzaga. Ele afirma que durante os anos que conviveu com Gonzagão testemunhou “coisas incríveis”; “Ele foi mal assessorado quase a carreira toda. Os amigos se aproveitavam. Ele não tinha visão de dinheiro. Às vezes fazia show em clube lotado, e o empresário dizia que deu prejuízo. Quando Gonzaguinha assumiu a carreira dele, tio Gonzaga teve sua fase de profissional. Passou a receber cachê adiantado. 

Mas, conta Piloto, ele, o tio,  até aí ele não podia, por exemplo, ver um circo. Parava e fazia o show dividindo a renda com o dono, as vezes dava toda renda, quando o circo estava com muita dificuldade. Uma vez cismou de comprar uma Kombi a álcool, ninguém conseguiu convencer ele sobre as desvantagens, da instabilidade, nada. Quando ele queria, tinha que ser. E assim foi”. (Texto jornalista Ney Vital)
Nenhum comentário

← Postagens mais recentes Postagens mais antigas → Página inicial