Jovens de comunidades quilombolas participam de curso de capacitação promovido pela Univasf

Aprender e buscar soluções para suas necessidades. Com esse objetivo, trinta e dois estudantes de onze comunidades quilombolas estão reunidos, desde ontem (8), no Espaço Plural da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), localizado em Juazeiro (BA), para participarem do Projeto Jovem do Amanhã.

 Ele consiste em uma capacitação, que acontecerá até sexta-feira (12) e é realizado em parceria com a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf).

A programação do curso envolve, em sua programação, diversos temas. Ontem o tema tratado foi o Sistema Integrado de Produção a partir da criação de peixes, o Sisteminha. Além disso, serão debatidos temas como: “Bioma Caatinga e suas especificidades”, “o capital social como estimulador de cidadania”, “Novas ruralidades: campo e cidade interagindo de forma complementar” e “Cultivos adaptados ao Semiárido no contexto da agroecologia”. Acontecerá, também, todos os dias do projeto um curso de inclusão social.

O professor do Colegiado de Medicina Veterinária e coordenador do evento René Cordeiro ministrou, ontem, a capacitação sobre o Sisteminha, que é um projeto capaz de alimentar uma família de até cinco pessoas a partir da criação integrada de peixes, galinhas caipiras, porcos, porcos da índia e alimentos como macaxeira, acerola, milho, manga e cana de açúcar em uma área de 1500 m². De acordo com ele, é importante trabalhar esses temas para que os jovens vejam as possibilidades de trabalho em várias áreas. 

“O Sisteminha é uma solução para fome e é, também, uma forma de fixar o homem no campo. E é isso que pretendemos com o curso, oferecer diversas possibilidades, capacitar, orientar e apresentar oportunidades para esses jovens a fim de despertar neles o interesse em alguma dessas áreas trabalhadas”, afirma.

Já Wilson Vitor de Carvalho é da comunidade de Gambeleira do Dida e estudante de pedagogia. Segundo ele, o curso já começou muito interessante e está com expectativas de aprender e repassar os conhecimentos adquiridos. “Já vi muitas coisas legais sobre a preservação do meio ambiente que eu quero levar para sala de aula no intuito de trabalhar ciências da natureza com as crianças.

Além disso, estou ansioso para os temas que serão abordados durante a semana, principalmente o curso sobre tecnologia, pois é algo que está chegando agora na minha comunidade e que quero muito aprender”, declara.

Fonte: Univasf
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Cada vez mais perto de virar santo, Frei Damião é considerado Venerável

Papa Francisco autorizou promulgar o decreto pelo qual reconhece as virtudes heroicas do Frei Damião de Bozzano. A decisão ocorreu no último dia 6 de abril, durante uma audiência com o Cardeal Angelo Becciu, prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, no Vaticano, em Roma. Com isso, ele é considerado venerável, ficando mais perto de ser consagrado santo pelo Vaticano.

O título de venerável antecede o de beato e, depois, o de santo. Além de Frei Damião, outros sete decretos foram assinados pela santidade nesta segunda, dos quais dois são em referência a brasileiros. O processo de canonização é demorado e inclui a reunião de documentações que comprovem os atos de Frei Damião. 

O processo para que o Vaticano declare uma pessoa santa começa quando o bispo local inicia a causa com a Congregação do Vaticano para as Causas dos Santos, com um postulador pesquisando e estudando detalhes da vida e das obras da pessoa a ser declarada santa. O capuchinho frei Jociel Gomes é o responsável pelo encaminhamento desses documentos e relatórios referente à causa junto ao Vaticano.

Após nove anos de trabalho reunindo e organizando dados, testemunhos e documentos, frei Jociel Gomes da Silva enviou a documentação do processo para o Vaticano em 28 de junho de 2012 com a autorização do arcebispo de Olinda e Recife, dom Fernando Saburido.

 “O povo já proclama Frei Damião santo por tudo que ele viveu nas missões e no dia-a-dia da população pobre do Nordeste, mas a Igreja mantém a salutar cautela dos estudos da vida e das obras, antes e depois de sua morte, para declará-lo santo”, explicou dom Fernando em nota da Arquidiocese. “Continuemos rogando a Deus para que nos dê a graça de alcançar a canonização de Frei Damião”, comentou.

O título é um reconhecimento da Igreja de que a pessoa teve uma vida especialmente sagrada ou foi martirizada por sua fé. O próximo passo é comprovar o primeiro milagre, fazendo com que a pessoa seja beatificada. Se o Vaticano reconhecer um segundo milagre, o Papa nomeia-o santo. É a canonização, que atribui ao novo santo um dia de festa (normalmente na data de sua morte, que é quando nasce para a vida no céu), permitindo que igrejas sejam nomeadas em sua honra.

No Brasil, além de Frei Damião, o Vaticano reconheceu um milagre atribuído à intercessão do venerável Donizetti Tavares de Lima, sacerdote diocesano nascido em 3 de janeiro de 1882, em Cássia, município de Minas Gerais, e falecido em 16 de junho de 1961 em Tambaú, em São Paulo. Também reconheceu as virtudes heroicas de Nelson Santana, nascido em Ibitinga, São Paulo, em 31 de julho de 1955 e falecido em Araraquara, também em São Paulo, em 24 de dezembro de 1964.

Nascido em Bozzano, na Itália, em 5 de novembro de 1898 e falecido no Recife, aos 98 anos, em 31 de maio de 1997, Frei Damião na verdade se chamava Pio Gianotti. Era o segundo dos cinco filhos do casal de camponeses Felice e Maria Giannotti. Aos 13 anos de idade ele ingressou no Seminário Seráfico de Camigliano, da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos, em 17 de março de 1911. Aos 17 anos, em julho de 1915, emitiu os primeiros votos e recebeu o nome de Frei Damião de Bozzano. 

Foi convocado a servir ao exército durante a Primeira Guerra Mundial, em 1918 e só depois retomou seus estudos religiosos, ingressando, em 1920, na Pontifícia Universidade Gregoriana, em Roma, para estudar teologia. Em 1923 ele é ordenado sacerdote e em 1931 foi enviado para o Brasil, ficando no Convento de Nossa Senhora da Penha, na Capital Pernambucana.

O trabalho realizado por Frei Damião durante esse tempo fez com ele fosse muito adorado em todo o Brasil, mas principalmente no Nordeste. Realizando Santas Missões, ele alcançou milhares de fiéis em várias viagens que fez pela região, fazendo sermões, ouvindo confissões e atendendo homens, mulheres e crianças. Além de uma deformação na coluna, provocada pelo tempo, assim como dificuldades na fala e respiração, Frei Damião sofreu uma embolia pulmonar. 

A saúde ficou ainda mais grave em 1997, quando realizou a última missão, em fevereiro, na cidade de Capoeiras. No dia 12 de maio de 1997, foi internado no Real Hospital Português onde, no dia seguinte, sofreu um derrame cerebral e foi levado para a UTI. Frei Damião está enterrado na capela de Nossa Senhora das Graças, de quem era devoto, no Convento São Félix, no Recife.
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Inexperiência de ministro com discussões de Educação preocupa especialistas

O anúncio do economista Abraham Weintraub como novo ministro da Educação representa a chegada de mais uma pessoa distante das discussões de políticas públicas na área, a exemplo do demitido Ricardo Vélez Rodriguez. O  novo titular do MEC já defendeu a luta contra o "marxismo cultural." Mesmo com a troca, ainda há o temor de que ações do setor continuem em ponto morto, além de continuidade nas disputas dentro da pasta.

Ex-braço direto de Onyx Lorenzoni (DEM-RS) na Casa Civil, Weintraub é muito próximo do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente Jair Bolsonaro. Foi Eduardo, ligado ao escritor e guru da direita Olavo de Carvalho, quem havia garantido Vélez para o cargo. Também validou, agora, a indicação de Weintraub.

A concepção de que há em marcha um avanço de ideias de esquerda, que precisam ser combatidas, faz parte da cartilha olavista.

A gestão Vélez ficou marcada por embates entre olavistas e outros grupos, como militares. Discípulos do escritor que haviam liderado ataques a Vélez (e a membros do MEC que julgavam inimigos) comemoraram o anúncio nas redes sociais.

O próprio Olavo comentou o tema, também nas redes sociais: "Desejo toda a sorte do mundo ao ministro Weintraub, e só advirto: se aparecer algum Croquetti dando palpite, esconda-se no banheiro", escreveu. Um dos primeiro alvos dos olavistas no MEC foi o coronel-aviador Ricardo Roquetti, cuja demissão foi exigida por Bolsonaro no início de março.

Weintraub recebeu na Casa Civil a equipe da Educação em várias oportunidades. Perto de Weintraub, Vélez seria um tucano, disse um ex-integrante do MEC, em condição de anonimato, ressaltando a carga ideológica do novo ministro.

Para a presidente do Movimento Todos Pela Educação, Priscila Cruz, o novo ministro encontra uma pasta inoperante depois de cem dias de governo. "A expectativa era um ministro com experiência em gestão pública e com a formulação de políticas públicas para educação básica, que tivesse clareza dos caminhos para melhorar os resultados educacionais. E ele não cumpre os dois requisitos", diz ela.

Além da escolha do novo ministro, há ainda o desafio para a montagem da equipe do MEC. A permanência do secretário-executivo, tenente-brigadeiro Ricardo Vieira Machado, é vista com mais atenção, por se tratar de um militar.

O MEC está com dois cargos importantes vagos: a secretaria de Educação Básica do MEC e a presidência do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais).

Três das seis secretarias do MEC ainda podem passar por mudanças. As subpastas de Educação Profissional, Regulação do Ensino Superior e Modalidades Especializadas são ocupadas por ex-alunos de Vélez. A reportagem apurou que esses secretários avaliam se haverá espaço no MEC para eles, embora não tenham recebido nenhuma informação até o meio da tarde desta segunda-feira.

"A depender da equipe que o novo ministro vai formar, veremos se será um ministro pragmático, com pessoas experientes para formular e implementar políticas para educação, ou se vai se seguir linha ideológica, repetindo o erro do Vélez", completa Priscila Cruz.

Olavistas pedem o retorno de discípulos do escritor à cúpula do MEC. Um deles, Eduardo Melo, é aposta do grupo para a secretaria-executiva, no lugar do brigadeiro Machado. Melo saiu do MEC mas foi alocado na TV Escola.

Daniel Cara, coordenador geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, diz esperar a continuidade de divisões dentro do MEC.

"O ministro não ser da área nem é novidade, porque corresponde à regra dos últimos anos. O problema é que é mais um ministro dividido", diz. "Vai ficar dividido com a pauta econômica do [ministro da Economia] Paulo Guedes, próxima do mundo empresarial, ao mesmo tempo em que terá ter resolver a posição do MEC, ao reproduzir politicas que correspondam à agenda olavista, de combate ao suposto marxismo cultural."

O deputado Idilvan Alencar (PDT-CE) afiram que todas as notícias dos cem primeiros dias no MEC foram sobre disputas ideológicas, falta de gestão, irregularidades cometidas pelo ministro e políticas sem qualquer conexão com as urgências da educação no país. "Não discutimos programas, estratégias, ações, políticas públicas ou metas para melhorar a educação brasileira", diz.

Folha de S.Paulo

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Sobradinho: Com chuvas vazão defluente de Sobradinho de 800 m³/s faz com que todos os usuários das águas do Rio São Francisco ganhem

As condições hidrológicas e meteorológicas na bacia do Rio São Francisco melhoraram consideravelmente, em comparação com os últimos seis anos. 

O resultado será a entrada em vigor da nova resolução que estabelece uma vazão mínima defluente de 800 metros cúbicos por segundo (m³/s) a partir de 1º de maio até 30 de novembro, o que compreende o período seco na bacia. 

A notícia tem um impacto positivo, tanto para o ecossistema, quanto para o setor de abastecimento público, visto que a qualidade da água deverá melhorar consideravelmente, mantendo os reservatórios em níveis confortáveis.

As informações quanto a entrada em vigor da nova resolução foram transmitidas na manhã desta segunda-feira (8 de abril), durante videoconferência promovida pela Agência Nacional de Águas (ANA), transmitida para os estados da bacia. 

O superintendente de Operações e Eventos Críticos da agência federal, Joaquim Gondim, informou que o anúncio sobre a medida será feito oficialmente no dia 30 de abril, também por videoconferência. As informações foram avaliadas como muito positivas pelo presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), Anivaldo Miranda.

O presidente do CBHSF, Anivaldo Miranda, elogiou a iniciativa da ANA em promover uma reunião extraordinária da Sala de Situação do Rio São Francisco, no final de abril, para que todos possam contribuir com a definição da nova estratégia de vazões para o período seco de 2019. 

Miranda pontuou que “o aumento planejado da vazão defluente de Sobradinho para 800 m³/s faz com que todos os usuários das águas da calha do São Francisco ganhem e o Comitê compartilha desse sentimento pensando, sobretudo, no alívio que proporcionará para o ecossistema e melhoria da qualidade das águas ao longo das regiões fisiográficas do rio”. 

De acordo com ele, “todos os usos múltiplos também ganharão com esse aumento de defluência, sem comprometer a política de manter a preservação do nível útil dos reservatórios em patamares seguros até o final de 2019, quando teremos novo período de chuvas nas cabeceiras do Velho Chico”.

AscomCBHSF:  Delane Barros Foto Ney Vital
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Bolsonaro demite o ministro da Educação e nomeia Abraham formado em ciências econômicas para comandar a pasta

O presidente Jair Bolsonaro anunciou em uma rede social nesta segunda-feira (8) a demissão do ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez. Bolsonaro informou também que o novo ministro será Abraham Weintraub.

Bolsonaro e Vélez tiveram uma reunião no Palácio do Planalto nesta segunda, pouco antes do anúncio da demissão do agora ex-ministro.

"Comunico a todos a indicação do Professor Abraham Weintraub ao cargo de Ministro da Educação. Abraham é doutor, professor universitário e possui ampla experiência em gestão e o conhecimento necessário para a pasta. Aproveito para agradecer ao prof. Velez pelos serviços prestados", afirmou o presidente.

Colombiano naturalizado brasileiro, Vélez Rodríguez tomou posse no cargo em 1º de janeiro e enfrentava uma "guerra interna" no MEC provocada por desentendimentos entre militares e seguidores do escritor Olavo de Carvalho.

Weintraub, o novo ministro, já trabalhava no governo Bolsonaro. Ele era secretário-executivo da Casa Civil, segundo cargo mais importante dentro da pasta.

Weintraub atuou na equipe do governo de transição. Junto com o irmão, Arthur Weintraub, foi responsável pela área de previdência no período. Os dois foram indicados a Bolsonaro pelo ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni.

O ministro da Casa Civil conheceu os irmãos Weintraub em um seminário internacional sobre Previdência realizado, em 2017, no Congresso Nacional.

Abraham Weintraub é formado em Ciências Econômicas pela Universidade de São Paulo (1994) e atuou no mercado financeiro por mais de 20 anos. Entre os cargos que exerceu, foi sócio na Quest Investimentos, atuou como diretor do Banco Votorantim e no comitê de trading da BM&F Bovespa (atual B3).

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Previsão é de chuva para Juazeiro e Petrolina na terça-feira (9)

Segundo as previsões do Laboratório de Meteorologia da Universidade Federal do Vale do São Francisco,  há possibilidade de ocorrência chuvas na região de Juazeiro, Petrolina e vizinhanças dentro dos próximos dias.

Destaca-se que as simulações apontam para a possibilidade de ocorrência de chuvas mais expressivas durante a próxima terça-feira (09/04/19). 

A atuação de um cavado sobre o oceano Atlântico Sul e a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) são os principais sistemas atuantes para a formação de chuvas nos próximos dias.

Fonte: Labor Univasf
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Incra censura divulgação de livro sobre ditadura escrito por servidora aposentada

O aniversário do 31 de março de 1964 não passou em branco no Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), órgão vinculado ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. E para trazer de volta o clima pós-golpe, o general João Carlos Jesus Corrêa restaurou a censura. Mandou seu gabinete retirar uma notícia divulgada na rede de comunicação interna do Incra, a Incranet.

As coincidências não param por aí. A informação censurada era sobre o lançamento do livro O estado autoritário e a pedagogia do silêncio – 1964-1979 (Editora Insular), escrito por uma servidora do Incra aposentada, a professora Áurea Oliveira Silva, 76 anos, mestre em educação e militante política.

O livro analisa justamente como o Estado coercitivo instalado no pós-golpe de 1964, por meio de seus aparelhos repressivos e ideológicos, educou os indivíduos ao silêncio. E também a construção dos mais importantes movimentos de resistência em Santa Catarina, bem como as formas de micro-resistências dos indivíduos para sobreviver e se rebelar. 

Para tanto leu documentos do período e fez entrevistas para entender como a repressão física e psicológica do Estado, em colaboração da sociedade civil, provocou o silêncio, a alienação e o exílio interno e externo.

Lançado na Assembleia Legislativa de Santa Catarina, em Florianópolis, na noite de segunda-feira (1º), dia em que o golpe foi efetivado, há 55 anos, a obra parte de sua pesquisa Aprender a calar e aprender a resistir: a pedagogia do silêncio em Santa Catarina, para obtenção do mestrado em Educação defendido em 1993, pelo Centro de Ciências da Educação da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

"Durante 20 anos tentei publicar a dissertação, mas não consegui. E com a vitória de Jair Bolsonaro no segundo turno da eleição de 2018 voltei a pensar no assunto. Tudo deu certo quando encontrei um editor, que se interessou", disse Áurea à RBA.

Na sua avaliação, a atitude da presidência mostra que a situação no país está ficando cada vez mais parecida com a ditadura que foi sua algoz e ao mesmo tempo objeto de seus estudos.

Nascida em Uruçuca, no sul da Bahia, Áurea foi para Salvador, onde ingressou no movimento estudantil por meio de atuação no grêmio do ginásio Duque de Caxias. Aos 19 anos mudou-se para São Paulo e depois para o Rio de Janeiro, onde atuou em ações das Comunidades Eclesiais de Base em defesa dos moradores da favela Santa Marta, na época vulneráveis ao interesse imobiliário.

Perseguida, fugiu para Ilhéus (BA), voltando mais tarde para São Paulo. Operária e militante em fábricas, foi presa pelo Dops e Operação Bandeirante. Quando saiu das prisões, onde foi torturada, ingressou na Ação Popular (AP), vivendo na semiclandestinidade, até que em 1973 foi para o Chile.

Com o golpe de Augusto Pinochet contra o governo de Salvador Allende naquele ano, seguiu para o Canadá, onde obteve cidadania, e depois para Moçambique. Em 1980, retornou ao Brasil. Estudou na Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS) e na Unicamp, onde graduou-se em Pedagogia, e o mestrado em Educação pela UFSC.

"A partir do lançamento do livro na Alesc, que pela primeira vez reuniu mais de 200 pessoas, me sinto descoberta. Mas eu sabia que estava cutucando a onça com a vara curta. Não tenho medo por mim, porque mexer comigo passa a ficar complicado. Mas que mexam com familiares. Um argentino conhecido, que tem filho morando em Paris, contou que já há muita gente sendo ameaçada no Brasil por telefone. E que muitos na França já se mobilizam para receber pessoas vítimas de ameaças", disse.

A Confederação Nacional das Associações dos Servidores do Incra (CNASI) divulgou nota sobre o episódio, na qual mostra prints das publicações antes de serem retiradas. Para a entidade, a "intenção do texto era divulgar o evento e o trabalho da autora, mas a temática parece ter incomodado a cúpula militar.

O texto de divulgação trazia o testemunho da autora, que foi presa, exilada e retornou ao Incra após a anistia, em 1986. Embora trouxesse elementos oficiais da memória da instituição, como a reintegração da autora ao quadro do Incra, a divulgação do conteúdo não foi avaliada como de interesse aos servidores do Incra. 

A atitude parece convergir com a estratégia da atual gestão do Executivo federal, que busca esconder fatos históricos do passado, cobrindo-os com um manto de fake news, divulgadas por meio das redes sociais.
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