Morre Miúcha aos 81 anos, ela foi casada com João Gilberto

A cantora e compositora Miúcha, de 81 anos, morreu no final da tarde de hoje (27), no Hospital Samaritano, em Botafogo, zona sul do Rio, vítima de parada cardiorrespiratória. Nascida Heloísa Maria Buarque de Hollanda, a artista passou mal em casa onde se tratava de um câncer.

Em nota, o Hospital Samaritano, em Botafogo, informou que a cantora e compositora morreu “em decorrência de um quadro de insuficiência respiratória. O hospital se solidariza com os familiares e amigos da cantora”.

Miúcha foi casada com o cantor João Gilberto, com quem tem uma filha, também cantora, Bebel Gilberto. Irmã do cantor e compositor Chico Buarque e das cantoras Ana de Hollanda e Cristina Buarque.

Nos anos de 1970, Miúcha lançou alguns dos maiores sucessos de sua carreira: Maninha (composta pelo irmão Chico Buarque em homenagem a ela), Pela luz dos olhos teus (Vinicius), Vai levando (Chico Buarque e Caetano Veloso), Samba do avião, Falando de amor (ambas de Tom Jobim) e Dinheiro em penca (Tom Jobim e Cacaso), que serviria de inspiração para o irmão Chico criar a música Para todos, título de seu disco em 1993.

A artista gravou discos e apresentou-se em palcos em vários países. O último trabalho dela foi Rosa amarela (1999), foi lançado primeiro no Japão, e inclui clássicos como Doce de coco (Jacob do Bandolim) e composições, como Assentamento (Chico Buarque).
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Luiz Gonzaga e os nomes das mulheres amada

O arquiteto Oscar Niemeyer gostava de falar sobre sua paixão pelo trabalho e pelas obras que construiu pelo país.

Uma das definições mais extraordinárias do amor ao trabalho foi ele dizer que a maior atração era a curva livre e sensual. "A curva que encontro nas montanhas. No curso sinuoso dos sentidos, nas nuvens do céu. No corpo da mulher preferida. De curvas é feito todo o universo."

"A obra de Gonzaga traz a mulher que cuidava das crianças, na Zona da Mata, no Agreste e no Sertão, da matriarca da família que exercia o mesmo respeito, a mesma mística que o senhor de engenho e proprietário da terra, mas ao mesmo tempo Gonzaga acompanha o desenvolvimento dessa mulher", explica o cantor e compositor Silvério Pessoa.

Animada para a festa e valente para a peleja. Assim é a mulher nordestina de Luiz Gonzaga, refletida em artistas como Terezinha do Acordeon, que fez de tudo para não deixar sua sanfona. "Meu pai achava estranho e o povo achava mais estranho ainda. Só que depois, eu fui fazer o que toda mocinha faz. Namorar, casar, ter sua família. Eu casei com uma pessoa que não gostava de sanfona. Eu tinha uma casa, marido, filhos e faltava alguma coisa. Meu marido não queria nem ouvir falar em sanfona".

Iolanda Dantas, viúva de Zé Dantas, falecida recentemente, contava que conheceu o Rei do Baião quando ainda namorava Zé Dantas. "Ele fazia, escrevia, se apresentava no programa de rádio e Luiz Gonzaga cantava. [...] A primeira música que ele [Zé Dantas] fez para mim foi a 'Fulô ingrata', assim como 'Sabiá', que ele também fez para mim. Luiz Gonzaga diz que 'Cintura fina' também foi para mim".

Discutindo as músicas de Gonzaga sobre as mulheres, 'Paraíba masculina' não podia ficar de fora. Mulheres que conviveram com Luiz Gonzaga e artistas analisam a música e discutem se a música é ou não machista. "Eu acho que se seu Luiz fosse vivo, não ia cantar mais assim não", acredita a cantora e compositora Bia Marinho.

A mulher presente em obras como 'Samarica parteira', que conta as aventuras para buscar a parteira, traz a tona essa figura que tanto marcou a história nordestina. "A música mostra para a gente esse respeito pela mulher parteira, o respeito por sua ancestralidade", acredita a parteira Suely Carvalho. 

Figuras como a vaqueira Maria Soneide mostram a força da mulher. "Eu comecei a amansar jegue com papai, ele me mostrava os caminhos no mato", conta Maria. "Eu acho que pareço um pouco com a Karolina com 'K' e um pouco essa mulher guerreira, batalhadora. Ela tem essa coisa da alegria, da festa, que gosta de se divertir", acredita a pesquisadora Leda Alves.

A partir deste conceito analiso o significado da Mulher no universo sempre apaixonante que encontramos nos versos cantados por Luiz Gonzaga. A música de Luiz Gonzaga cantou o Nordeste/Sertão, de todas as formas, fala de sua força para o trabalho e suas lutas, mas também fala da mulher e sua formas sensuais.

Luiz Gonzaga acariciava a sanfona, dialogava com sanfona/mulher amada...Provocava prazer percorrendo o corpo imaginado sem pressa dos 8 aos 120 baixos, dedos leves em cada nota, acorde,/acordes de tal forma que antes do fim da nota, a mulher preferida,  já se encontre em pleno êxtase...

A música "Morena Cor de Canela constitui um roteiro da mulher bonita e sensual, enumerando suas qualidades e independência, culminando num jogo plurissignificativo.

Vejamos: "Olha o jeito dela, morena cor de canela pode morrer de paixão quem olhar nos olhos dela...corpo esculturado, beleza que Deus Criou
Cabelos anelados, boca cor de jambo
ela vai envenenando qualquer homem que lhe ver
sua cintura bem fininha, afinadinha
vai descendo, enlarguecendo
nos quadris, que tentação
as suas pernas torneadas, tão bonitas
pois qualquer homem fica com ela no coração
sai da janela, caminha requebrando
a gente vai olhando, vai ficando na ilusão...
não faz assim comigo não...

É a pura valorização da mulher. Já em "Vem Morena", Luiz Gonzaga na composição de Zé Dantas dispensa comentários: 
"Vem, morena, pros meus braços
Vem, morena, vem dançar
Quero ver tu requebrando
Quero ver tu requebrar
Quero ver tu remexendo
No Resfulego” da sanfona
“Inté” que o sol raiar
Esse teu fungado quente
Bem no pé do meu pescoço
Arrepia o corpo da gente
Faz o “véio” ficar moço
E o coração de repente
Bota o sangue em “arvoroço”

Esse teu suor salgado
É gostoso e tem sabor
Pois o teu corpo suado
Com esse cheiro de “fulô”
Tem um gosto temperado
Dos tempero do amor
Vem, morena, pros meus braços"...
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Acordes do Campestre: o som que ecoa da sanfona estimula sonhos e alimenta esperanças

Em São Raimundo Nonato, Piauí, Serra da Capivara, o galo que canta anuncia o novo amanhã. O som que ecoa da sanfona estimula sonhos e alimenta esperanças. 

Um projeto cultural criado em 2011 pelo empreendedor musical Salvador Nunes e pelo seu filho Sandro Dias ensina a arte de tocar instrumentos a dezenas de crianças, jovens e adultos. O projeto tem o nome de “Acordes do Campestre”.

Sandro Dias, conhecido na região como Sandrinho do Acordeom, aprendeu tocar sanfona aos 13 anos, quando ainda morava com os pais na vizinha cidade de Dom Inocêncio, Piauí. Apaixonado pela música, ele resolveu, com o incentivo do pai, transmitir o conhecimento aos jovens que tivessem interesse. Atualmente Sandro coordena do projeto que ensina música voluntariamente.

Além da sanfona, o projeto também ensina flauta, baixo, violão, triângulo, zabumba e bateria. Qualquer jovem da cidade ou da região pode participar e existe apenas uma única exigência: “A criança precisa estar matriculada em uma escola”, lembra Sandrinho.

O projeto tem formalização jurídica e ganhou o nome de Associação Cultural Acordes do Campestre.

"Nosso objetivo não é apenas ensinar a tocar um instrumento, a meta é formar cidadãos. Nós usamos a música para fazer deles cidadãos de bem". 
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Bolsonaro diz que ainda em janeiro beneficiará o Nordeste com dessalinização de água

O presidente da República eleito, Jair Bolsonaro, disse nesta terça-feira (25) que fará parcerias com Israel para beneficiar o Nordeste com projetos de dessalinização de água. 

Por meio de seu perfil no Twitter, Bolsonaro afirmou que o futuro ministro de Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, visitará em janeiro instalações de dessalinização, plantações e o escritório de patentes no país do Oriente Médio.

Ainda em janeiro, espera-se que seja implantada no Nordeste brasileiro uma instalação piloto para tirar água salobra de poços, dessalinizar, armazenar e distribuir para a agricultura familiar da região.

“Também estudamos junto ao embaixador de Israel e empresa especializada testar tecnologia que produz água a partir da umidade do ar em escolas e hospitais da região. Poderemos, inclusive, negociar a instalação de fábrica no Nordeste para venda desses equipamentos”, escreveu no Twitter.
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Contas de começo de ano podem até triplicar os gastos do mês de janeiro

IPTU, IPVA, matrícula escolar... Apesar de ser sempre igual, as contas de começo de ano tendem a tirar o sono de muita gente.

Na prática, essas despesas sazonais podem até triplicar os gastos das famílias e, por isso, especialistas solicitam cautela e organização na hora de pagar os boletos. A recomendação é evitar entrar em janeiro numa ciranda de dívida que pode colocar a perder a organização financeira para todo o ano.

Um levantamento da ONG Bem Gasto realizado a pedido do jornal O Estado de S. Paulo com cinco famílias de diferentes perfis, mostra o peso do começo do ano no bolso do brasileiro. Curiosamente, o único entrevistado que não prevê estourar o orçamento de janeiro, um casal na faixa dos 35 anos, tem justamente o menor poder aquisitivo da amostragem.

Com renda mensal de R$ 6 mil, eles vão gastar R$ 4.150 em janeiro e guardar o restante para despesas futuras com o filho, que nascerá até abril. O segredo para isso, segundo Francisca Quitéria da Silva Rodrigues, é reduzir o consumo, anotar todas as despesas e sempre reservar algum dinheiro para investimentos.
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Na Caatinga, o Museu da Natureza renasce das cinzas

Na área mais selvagem da Caatinga, zona rural do município de Coronel José Dias, no Piauí, foi inaugurado este mês, o Museu da Natureza.

Realizada pela Fundação Museu do Homem Americano na zona de entorno do Parque Nacional da Serra da Capivara, Patrimônio Cultural da Humanidade, o empreendimento científico e cultural pretende estimular também o incipiente turismo na região.

Em quase todas as culturas antigas sobreviveu, de uma forma ou de outra, o simbolismo da Fénix: a ave que renasce das suas próprias cinzas. Analisando a história das últimas quatro décadas na Caatinga do Parque Nacional da Serra da Capivara, no sertão piauiense, a metáfora parece resistir aos milênios, ainda mais quando desvendamos, como numa escavação arqueológica, camada por camada, a história contemporânea da pesquisadora Niéde Guidon.

Aparentemente a narrativa da Fénix surge na mitologia grega, que se refere a uma ave lendária, mas a lenda também foi passada de geração em geração pelos egípcios e até mesmo pelos chineses, com uma mensagem determinante: a esperança nunca acaba e podemos sempre, mesmo dos destroços, renascer. 

Impossível não fazer uma analogia entre mitologia e ciência tendo como referência uma pesquisadora de 85 anos, com exatamente a metade da sua vida dedicada aos estudos no interior do Brasil. Suas descobertas mexeram com a comunidade científica e suscitam novas questões sobre a antiguidade do homem americano.

Quando a máquina federal burocrata, insensível, enferrujada com as suas engrenagens travadas pela corrupção alimenta a crise mais aguda já vivida pelo Parque Nacional da Serra da Capivara, deixando a professora Guidon dentro de um buraco – não aquele das escavações arqueológicas, mas um poço sem fundo quase afogada pela falta de recursos e apoio para proteção, manutenção e conservação dessa reserva ambiental exemplar – ela surpreende e, como nas lendas, faz surgir do solo árido e arenoso uma obra fantástica: o Museu da Natureza.

A determinação de Niéde em criar um novo museu foi transportada para o papel pela arquiteta Elizabete Buco, que já tinha sua marca na região com o planejamento de passarelas de acesso aos sítios arqueológicos no Parque Nacional da Serra da Capivara e a confecção do projeto do Centro Cultural Sérgio Motta, onde estão os laboratórios da Fundação Museu do Homem Americano (Fumdham), entidade científica de renome internacional.

Buco assina agora o projeto do Museu da Natureza em conjunto com a conceituada empresa de arquitetura A. Dell’Agnese Arquitetos Associados. Moldado com aço, concreto, alvenaria e vidros, o museu incorpora organicamente em seu interior uma rampa helicoidal no sentido ascendente para apresentar a evolução dos eventos geológicos e paleontológicos desde as origens da região até os dias atuais.

De um lado, protegido pela Caatinga selvagem, oito meses seca e apenas quatro exuberantemente verde, com as suas árvores retorcidas e entrelaçadas, plantas urticantes, cactos espinhentos, e do outro, cercado por um complexo de cânions e desfiladeiros coloridos, a obra se destaca em um terreno elevado, escolhido pessoalmente por Niéde Guidon, dando origem a um prédio de 4 mil metros quadrados, único no País. “Não há outro edifício circular e em espiral construído com estrutura metálica. Somente no exterior existem alguns exemplos com essa forma”, explicou o arquiteto Luiz Eugenio Ciampi em entrevista para o portal AECweb, site de arquitetura, engenharia e construção.

O novo espaço de ciência, cultura e incentivo ao turismo possui 12 salas de exposição, sob a responsabilidade da conceituada empresa Magnestocópio, liderada pelo visionário Marcello Dantas com trabalho reconhecido por instituições como a Society of Environmental Graphic Design de Washington (EUA) e com a coordenação de montagem de Sérgio Santos, que deslocou para o sertão do Piauí um “batalhão” de premiados artistas, pesquisadores, técnicos e profissionais especializados nas mais inovadoras e modernas tecnologias museológicas.

Entre os temas das salas do museu estão: início da matéria, tectônica de placas, água, suco de dinossauros, gelo infinito, a primeira transformação, desfile animal, animais pintados, caatinga, voo livre, animais noturnos e a próxima mudança. Na reta final de montagem da exposição para a inauguração na última terça-feira, 18 de dezembro, fica evidente um espetáculo que deve encantar do simples sertanejo morador da zona de entorno do parque ao turista mais viajado.

Todo o projeto, da sua concepção aos menores detalhes científicos, foram monitorados pela equipe multidisciplinar da Fumdham, criada sob a liderança de Niéde Guidon, Anne-Marie Pessis, Gabriela Martin e outros pesquisadores no começo da década de 1990. Naquele período, a uruguaia Rosa Trakalo tornou-se uma das assistentes mais próximas de Guidon, e coube a ela a gestão do projeto do Museu da Natureza – inclusive a captação dos recursos junto ao BNDES, que investiu R$ 13,7 milhões não reembolsáveis nesse empreendimento vizinho ao Parque Nacional da Serra da Capivara.

Infelizmente, o incêndio devastador no Museu Nacional no Rio de Janeiro, que queimou parte do nosso patrimônio e manchou a imagem do Brasil no exterior, precisa servir de alerta fazendo com que o Museu da Natureza, na zona rural do pequeno município de Coronel José Dias, se materialize com a responsabilidade de representar o País e mostrar de forma séria e economicamente viável como cuidar do patrimônio cultural e natural tendo como foco a perpetuação do conhecimento para as novas gerações de forma segura e sustentável.

Conta a lenda que a Fénix era um pássaro de penas douradas e brilhantes com uma força descomunal, capaz de transportar um elefante, embora ela própria não fosse maior do que uma águia. Com o legado do Museu da Natureza para as atuais e futuras gerações, Niéde Guidon se mostra ágil e poderosa como a ave da mitologia e torna-se um importante símbolo da imortalidade e do renascimento.

Fonte: André Pessoa, de Coronel José Dias (PI) Centro de Estudos da Sustentabilidade
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Procissão das Sanfonas emociona São Raimundo Nonato; crianças garantem a valorização do legado gonzagueano

O tradicional evento que homenageia Luiz Gonzaga e tem o objetivo de valorizar a cultura brasileira a partir da sanfona aconteceu neste final de semana em São Raimundo Nonato, Piauí.

A quarta edição aconteceu no dia 22 de dezembro. O Festival Orquestra de Sanfona e a Procissão das Sanfonas pretende reunir todos os anos reúne sanfoneiros, artistas, amantes do baião, fãs de Gonzagão e um grande público que sai da Praça dos Estudantes e é abençoada na frente da Matriz. 

Este ano, ao final da procissão, os sanfoneiros cantaram às 18hs a música Ave Maria Sertaneja. O evento contou com o apoio da Universidade do Vale do São Francisco (Univasf).

"Além da exposição das sanfonas também aconteceu o lançamento do DVD de Paloma Nunes e o desafio agora é garantir apoio para que o evento já tradicional na região e Nordeste possa acontecer em 2019", disse o sanfoneiro e fundador do Projeto Acordes do Campestre.

“Temos que buscar parceiros que entendam que é importante incentivar esses tipo de projeto, que vai além da música. Esses projetos salvam pessoas, salva o futuro de algumas crianças”, finaliza Sandrinho.
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