MARQUINHOS CAFÉ, SANFONEIRO NO RITMO CERTO DO BAIÃO AO JAZZ

O Programa Nas Asas da Asa Branca-Viva Luiz Gonzaga e seus seguidores, destacou neste domingo (03), o cantor, compositor e sanfoneiro Marquinhos Café. O programa é um dos primeiros colocados na audiência e é transmitido pela Super Jovem Rádio Emissora Rural de Petrolina.

Marquinhos é um dos mais talentosos sanfoneiros da atualidade. Virtuoso já foi o vencedor do Festival Nacional de Forró de Itaúnas, Espírito Santo e é presença garantida do Festival Internacional do Forró-Juazeiro-Bahia.

O trabalho de Marquinhos é fruto das inúmeras horas de dedicação, anos de aprendizado dos acordes da sanfona do Mestre Camarão. Marquinhos foi um dos alunos do Mestre Camarão na Escola de “Acordeon de Ouro” (criada em 1994).


Mas, as primeiras lições aprendeu com o pai, "Seu Antonio", sanfoneiro, consertador e afinador de sanfona que colocava na radiola os discos de Luiz Gonzaga, Dominguinhos e Trio Nordestino, Marinês e Jackson do Pandeiro para o filho escutar.


Nascido em Caruaru, Agreste de Pernambuco, Marquinhos cresceu no universo do Forró e da Música mais brasileira. Impressiona a virtualidade. Com o mesmo talento que executa um forró, xote ou baião, desfila no ritmo do jazz e blues. 

O sanfoneiro traz do Mestre Dominguinhos, a humildade e atenção com os amigos e fãs. Todos os anos é um dos gonzagueanos que prestigia a data de nascimento de Luiz Gonzaga, em Exu, Pernambuco.

Este ano ele gravou mais um CD, Marquinhos Café ao Vivo e Tome Sanfona. O CD agrada com muita inovação e dinamismo musical. Com personalidade não abriu mão dos seus princípios de músico, moderno e atualizado Marquinhos Café valoriza e deixa mais rica a música brasileira.

Marquinhos Café é um dos integrantes do Quinteto Sanfônico do Brasil, com os amigos e sanfoneiros Targino Gondim, Gel Barbosa, Rennan Mendes e Sebastian Silva, viaja o Brasil, tocando e concretizando que a música não tem fronteiras e em cada acorde revela o que existe de mais belo da música universal.


Entre os projetos já realizados, recentemente Marquinhos Café, participou do lançamento, junto aos principais forrozeiros da coletânea Forró, Festa e São João. O CD idealizado por Flávio José com direção e produção musical deTargino Gondim conta com a participação de 29 artistas do segmento, entre eles Antonio Barros e Ceceu, homenageados no projeto.

Para o cantor Targino Gondim o álbum simboliza a luta do segmento pela valorização da música. “O cd vem no momento oportuno para todos nós que levantamos a bandeira do forró e com ele pretendemos vender shows, divulgar canções do universo junino e conquistar o mercado, que cada vez mais vem perdendo espaço pela descaracterização das festas de juninas no Nordeste”.

É Marquinhos Café um músico antenado com a música mais brasileira, universal. Sanfoneiro e cantor que faz balançar um forró e agrada a mais refinada plateia aficcionada por jazz e blues.

Marquinho Café ao Vivo e Tome Sanfona...Forró Xote Vaquejada e Baião...




Nenhum comentário

AGROVALE ENVIA NOTA DE PESAR PELA MORTE DO PUBLICITÁRIO JUAREZ CANEJO

A Agrovale vem a publico manifestar o mais profundo pesar pelo falecimento do publicitário Juarez Canejo, neste domingo (03). Em tempo, presta condolências aos familiares e amigos enlutados pela irreparável perda.

Juarez prestou serviços relevantes ao Vale do São Francisco, através da Criação Original, nossa Agência de publicidade há mais de 25 anos, aonde contribuiu sobremaneira para o desenvolvimento de Juazeiro e Petrolina.

Que descanse em paz nosso amigo de sorriso largo e gestos solidários.
Nenhum comentário

LUIZ GONZAGA PLANTOU A SANFONA, ESTAMPOU A ZABUMBA E TRANCAFIOU UM TRIANGULO IMORTALIZANDO A VOZ


O Nordeste continuaria existindo caso Luiz Gonzaga não tivesse aterrissado por lá há cem anos. Teria a mesma paisagem, os mesmos problemas. Seria o mesmo complexo de gentes e regiões. Comportaria os mesmos cenários de pedras e areias, plantas e rios, mares e florestas, caatingas e sertões.

 Mas faltaria muito para adornar-lhe a alma. Sem Gonzaga quase seríamos sonâmbulos. Ele, mais que ninguém, brindou-nos com uma moldura indelével, uma corrente sonora diferente, recheada de suspiros, ritmos coronários, estalidos metálicos. A isso resolveu chamar de BAIÃO.

Gonzaga plantou a sanfona entre nós, estampou a zabumba em nossos corpos, trancafiou-nos dentro de um triângulo e imortalizou-nos no registro de sua voz. Dentro do seu matulão convivemos, bichos e coisas, aves e paisagens. Pela manhã, do seu chapéu, saltaram galos anunciando o dia, sabiás acalentando as horas, acauãs premeditando as tristezas, assuns-pretos assobiando as dores, vens-vens prenunciando amores.

 O seu peito abrigava o canto dolente e retotono dos vaqueiros mortos e a pabulagem dos boiadeiros vivos. As ladainhas e os benditos aninhavam-se por ali buscando eternidade. Viva Luiz Gonzaga do Nascimento!

Fonte: Aderaldo Luciano-professor doutor em Ciência da Literatura
Nenhum comentário

PROFESSORA THEREZA OLDAM LANÇARÁ O LIVRO IGREJA DE SÃO JOÃO BATISTA DO ARARIPE EXU-PERNAMBUCO

A Igreja São João Batista do Araripe completa 150 anos. No dia 23 de junho, véspera de São João, a professora Thereza Oldam Alencar, lançará o seu segundo livro "Igreja de São João Batista do Araripe-Exu, Pernambuco-Sesquicentenário (1868-2018). O evento acontecerá às 21hs, ao final da nona noite do novenário, no Povoador do Araripe.

A professora e escritora Thereza Oldam de Alencar é pesquisadora dos episódios e sentimentos que nortearam a criação, o desenvolvimento e a consolidação do território exuense. Desde a época da colonização, quando a região ainda era habitada pelos índios da nação Cariri. Passando pela chegada de seu fundador Leonel de Alencar Rego, até os dias atuais.

A professora escreveu no ano de 1968, uma apresentação para o disco Luiz Gonzaga-São João do Araripe. Transcrevemos aqui o que a professora escreveu na época:

"O Povoado do Araripe, tantas vezes cantado pelo Rei do Baião, Luiz Gonzaga, é o desdobramento da Antiga Fazenda do Barão de Exu. Domina-o até os dias atuais, a Casa Grande. de estilo Colonial e a Capela de São João Batista. O Povoado do Araripe, está situado à margem esquerda do Rio Brígida, próximo da Fazenda Caiçara, berço de Barbara de Alencar.

Para os descendentes direto dos primeiros povoadores, o São João do Araripe é único. É o culto das suas melhores tradições. Anualmente, os festejos juninos são um pretexto para a confraternização, pois no calor da fogueira, comendo milho assado, discutem política, exaltam os seus herois, choram seus mortos e pedem aos céus a oportunidade de voltar sempre, sempre ao Araripe.

Ali, no Araripe aprenderam a venerar São João Batista, ouvindo vozez de Sinhazinha e Nora, ecoando o coro da Capela. Quem dos seus desconhece o Barão do Exu, Sinhô Aires, Neném de João Moreira, Santana de Januário, Dona de Seu Sete. Qual dos seus meninos não sentiu o irresistível desejo de puxar a corda do sino da igreja?

O Povoado do Araripe é um santuário de fraternidade do presente com o passado. Seu fundador deu-lhe a fidalguia e tradição e um seu filho deu-lhe a melodia do baião, este filho é Luiz Gonzaga.

Luiz Gonzaga nasceu no Araripe e ai sempre viveu! Ninguém melhor do que ele preservou as suas tradições e podemos afirmar que Luiz Gonzaga é a encarnação do Araripe, no amor que dedica á sua terra, na exaltação de sua gente. 

Ainda menino, Luiz Gonzaga, correu por aqueles patamares, gritando o bode ou tocando forró, crepitava em seu peito a ternura do Araripe, sem saber porque. Era a voz de um pássaro, os costumes do sertão, a beleza das coisas...e fugiu...fugiu porque seu coração não comportaria aquele grito da alma. Era a voz da terra. Era a arte. 

E a arte explodiu: surgiu o artista, o Rei do Baião, o filho de Januário e Santana, o cantor do Araripe. E hoje (1968), ocasião de seu Centenário, o Povoado do Araripe recebe comovido a homenagem de Luiz Gonzaga. É uma mensagem de arte e de amor: da arte que nasceu dele e não cabe nele, do amor que o torna maior fazendo os outros felizes.

O Araripe pede a Deus para seu filho a eternidade da arte que o persegue.

Fonte: Professora e escritora Thereza Oldam, Exu, Pernambuco, 20 de fevereiro de 1968
Nenhum comentário

DONA MARIA DOS PRAZERES, PARTEIRA, PLANO DIVINO, MULHER PATRIMÔNIO VIVO

Dona Maria dos Prazeres tem uma interpretação diferente para o que leu na Bíblia. “Deus fez a mulher de uma maneira tão especial, sabia? Primeiro, ele fez os pássaros, os rios, o mundo todinho, o homem e só depois disso tudo, ele fez a mulher. A mulher não foi feita diretamente do pó da terra, ela veio do osso e é por isso que ela é tão forte”, lembrou ela, religiosa que é, ao falar de um dos personagens principais do trabalho que lhe conferiu o título de Patrimônio Vivo de Pernambuco em 2017.

Parteira há mais de 60 anos com mais de 5 mil partos e nenhuma morte no currículo, Prazeres tem propriedade para falar da potência de um momento que pode ser a expressão máxima da fortaleza feminina, não só pelo esforço físico, mas também pelo que a maternidade representa. Como testemunha de situações diversas que a profissão lhe proporcionou, pode observar que o parto também é um ato de resistência e reafirmação da mulher que, ao dar à luz, assume um novo compromisso e resinifica a sua permanência no mundo.

“Já atendi partos em que a mãe não sabia o que fazer porque o pai não queria registrar o filho, em que não havia roupa para vestir o bebê, em que eu mesma paguei para a família comer algo”, descreve ela algumas das experiências que presenciou e também ajudou a solucionar extrapolando, várias vezes, os limites da sua função. A escolha por um ofício tão difícil, ela acredita ser consequência de um plano divino. “Para ser parteira é preciso ser corajosa, não andar com mentira e, o mais importante, tem que ser escolhida por Deus”, defende ela que, apesar da sua religião particular, tolera os diferentes tipos de credo e cultos durante os partos que atende.

A empatia para ajudar tantas mulheres em um momento determinante talvez seja fruto da sua própria origem tão desafiadora quanto a de tantas mães que atendeu. Filha de um breve relacionamento ‘proibido’, Dona Prazeres teve que ir embora de Natal, onde nasceu em 1937, com apenas 15 dias de vida, quando seu pai a trouxe para Jaboatão, onde foi criada pela parteira Dona Francisca. A medida foi necessária para que a mãe biológica não fosse castigada pela relação não oficializada com o visitante funcionário da rede ferroviária e assim, Maria dos Prazeres foi registrada como pernambucana. “Quando recebi o prêmio Bertha Lutz, em 2008, eu fui a única do Nordeste e até disseram: você está com 9 estados nas suas mãos. É muito, né? Mas eu gosto muito do Nordeste”, comenta ela, sobre a mistura.

Neta e filha de parteiras, Dona Francisca havia herdado a tradição do partejar que, desde a infância, intrigava Maria dos Prazeres. “Eu era muito curiosa, queria saber de tudo. Fui criada numa época de muita rigidez, quando eu perguntava a minha mãe o que ela fazia, ela dizia que menina não podia saber dessas coisas. Havia uma tradição antigamente que, quando o bebê nascia, queimava-se alfazema. Quando eu sentia o cheiro de alfazema, já ia para o quarto para ver o que era. Minha mãe não me dizia nada, mas eu ficava escutando tudo o que ela falava com as outras e prestando atenção”, diz ela.

Um dia, surgiu uma emergência na vizinhança e Dona Francisca não estava em casa. “Eu fui e fiz tudo do jeito que eu via minha mãe fazer e falar. Quando ela chegou em casa, quis saber onde eu estava. ‘Na casa de Dona Teté. Peguei a menina’, respondi. Ela achou uma loucura, mas viu que saiu tudo bem”, relembra ela, sobre o primeiro parto em 1958. Depois desse episódio, Dona Prazeres conquistou a confiança da mãe e passou a acompanhá-la nos demais partos. Não satisfeita com os conhecimentos de parteira tradicional, concluiu o curso de Enfermagem Obstetrícia, na Faculdade de Medicina, em 1971, e fez vários outros cursos relativos ao partejar, inclusive a faculdade de Farmácia, para aprimorar seus trabalho.

“Tenho um bisneto que nasceu na minha mão com 4kg e 54cm. Minha nora não levou ponto nenhum por conta do nascimento dele, porque eu aprendi na faculdade uma técnica para proteger o períneo. Antigamente, as parteiras tradicionais recomendavam as mulheres a passarem oito dias deitadas na cama após o parto. Na faculdade, aprendi que era importante para a circulação já algumas horas depois do parto normal a mulher caminhar”, lista ela, a necessidade de possuir o conhecimento científico para o exercício da função.

Embora defenda o parto humanizado, ela não insiste para que os bebês nasçam em domicílio, caso haja contraindicações ou mesmo se a mãe simplesmente achar melhor ir para o hospital. “A mulher deve fazer o que ela quiser. Ela é a protagonista do próprio parto. Se ela quiser parir de cócoras, de banda, na rede ou pendurada, é ela quem decide, eu a ajudo a fazer isso. Se quiser ir para o hospital e fazer uma cesárea, eu não me oponho também. O que posso fazer é dar algumas sugestões diante do que é possível”, explica ela, que diz já ter sido consultada por médicos que tentavam fazer partos humanizados e sempre terminavam na cesárea.

A proximidade com o meio veio com os anos de trabalho também em hospitais. Após formar-se em Enfermagem Obstetrícia, passou 24 anos trabalhando no Hospital da Beneficência Portuguesa. Como aposentada, ainda ganhou mais 10 anos de disponibilidade, quando trabalhou também no Hospital Português e na Maternidade da Encruzilhada. Somente em 2005, parou de trabalhar completamente nas maternidades. Mesmo enquanto era funcionária dessas instituições, nunca deixou de atender os partos em domicílio, sem nunca cobrar pelo serviço.

“Depois do primeiro parto, disparei. Fiz parto na minha casa, na dos outros, na rua, na maternidade, em ônibus. Me formei enfermeira obstetra, mas é como parteira que me sinto realizada e completa”, destaca ela, que deu à luz a três filhos. Dois nasceram em casa e um de parto normal na maternidade, somente porque a parteira amiga estava de plantão na ocasião.

“A parteira é uma heroína, ela faz simbiose, ela está em todas. Parteira é ser mãe, é ser amiga, é ser líder, é ser tudo. Às vezes, a gente vai atender um parto e a mulher está sozinha. Enquanto ela se contorce de dor, eu lavo os pratos, a roupa, arrumo e faço o comer. É mais do que ser parente, porque os parentes têm medo. A mulher confia na parteira, porque a gente para, olha e escuta. É a parteira quem fica ali de frente para receber o bebê. Depois de 9 meses no ventre, a primeira coisa que o bebê encontra é a parteira”, conclui ela, sobre o privilégio de vir ao mundo sem sofrimento, pelas mãos cuidadosas de uma mestra da nossa cultura tradicional.

Fonte: Camila Estephania-Fundarpe
Nenhum comentário

MAIORIA DE MORTES MATERNAS NO BRASIL OCORRE ENTRE MULHERES NEGRAS

Mais da metade (54,1%) das mortes maternas no Brasil ocorrem entre as mulheres negras de 15 a 29 anos. A população negra feminina também tem duas vezes mais chance de morrer por causas relacionadas à gravidez, ao parto e ao pós-parto do que as mulheres brancas. A informação foi destacada pela doutora em saúde pública, Fernanda Lopes, durante as discussões da 4ª Conferência Nacional da Promoção da Igualdade Racial (Conapir). O evento está sendo realizado em Brasília com a presença de especialistas, pesquisadores e ativistas da causa racial de vários estados para levantar propostas de enfrentamento ao racismo.

Com base em estatísticas do Ministério da Saúde e da Organização Mundial da Saúde (OMS), a especialista, que também integra o grupo de racismo e saúde da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), apresentou algumas variáveis que mostram a desigualdade racial no âmbito da saúde pública.

Apesar de o Brasil ter reduzido consideravelmente os números de mortalidade materna nos últimos anos, ainda não conseguiu atingir a meta estabelecida pela Organização das Nações Unidas de reduzir em 75% o índice de mortes até 2015. A cada 100 mil nascidos vivos, ainda morrem no país uma média de 60 mulheres em idade fértil.

A pesquisadora disse ainda que as mulheres negras recebem com menos frequência recursos para alívio para a dor durante o parto, como tomar água, andar, tomar banho, ganhar massagem ou mesmo ter a opção de ser anestesiada. Além disso, de acordo com o levantamento apresentado por Fernanda, as mulheres negras têm menos chance de ter um acompanhante durante o parto e na maternidade e estão mais sujeitas a ouvir expressões discriminatórias. Ela cita entre os dados coletados na pesquisa frases ouvidas pelas pacientes por agentes de saúde como "na hora de fazer não reclamou". 

“Isso é racismo institucional, é violência obstétrica e é violência de gênero. É um tipo de violência que só as mulheres vivem”, ressaltou Fernanda. A pesquisadora explicou que o racismo institucional na saúde se expressa pela desigualdade no atendimento dos profissionais da saúde à mulher negra e na negação a ela de acesso a proteção e direitos. Este tipo de discriminação também tem impacto na organização e no funcionamento dos serviços de saúde.

“A violência obstétrica começa no pré-natal. Então, quando a gente está falando lá na atenção básica que estas mulheres têm menos acesso à informação, isso é expressão de violência institucional. Se estas mulheres peregrinaram mais até conseguirem vaga no hospital, é expressão do racismo institucionalizado”, detalhou.

No atendimento pós-parto, os índices também apontam para uma desvantagem das mulheres negras, principalmente as mais jovens, em relação às brancas. “Em uma avaliação da estratégia da família e da Rede Cegonha se observou que eram as mulheres mais jovens e negras que recebiam com menos frequência a visita da equipe de saúde da família durante o período de puerpério”, completou.

Entre as propostas para enfrentar o problema, a pesquisadora sugere que o país melhore as pesquisas sobre percepções das pacientes sobre atitudes discriminatórias nos serviços de saúde.

No segundo dia da 4ª Conferência de Promoção da Igualdade Racial (Conapir), os conselheiros e delegados se dividiram em grupos temáticos para discutir diferentes propostas de combate à discriminação étnica e racial nas áreas de educação, violência, religião, entre outros. O conjunto final das propostas e resultados das discussões serão apresentados nesta quinta-feira (30), último dia da conferência.
Nenhum comentário

MENOS DE 7% DAS ÁREAS QUILOMBOLAS NO BRASIL DE 7% FORAM TITULADAS

Menos de 7% das terras reconhecidas como pertencentes a povos remanescentes de quilombos estão regularizadas no Brasil. Nos últimos 15 anos, 206 áreas quilombolas com cerca de 13 mil famílias foram tituladas pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), órgão que executa a titulação das terras já identificadas e reconhecidas.

Desde 1988, o Estado já reconheceu oficialmente cerca de 3,2 mil comunidades quilombolas. Quase 80% delas foi identificada a partir de 2003, quando foi editado o Decreto 4887, que traz os procedimentos de identificação, reconhecimento, delimitação, demarcação e titulação das terras ocupadas por quilombolas.

Sem a certificação, os territórios que remontam ao período colonial e que serviram de refúgio para negros escravizados ficam inacessíveis para políticas públicas básicas e se tornam alvos de conflitos.

Para lideranças quilombolas, o decreto foi eficiente no reconhecimento das comunidades existentes no país e na garantia de que as famílias tenham acesso a direitos. Os ativistas lamentam, entretanto, que na etapa final de titulação os processos não avancem.

“Conceitualmente, o decreto proporcionou avanços. Na prática, o decreto é só um instrumento, ele depende da operação da máquina estatal para que realmente se torne efetivo. E aí a gente entende que o racismo institucional ainda impera”, avaliou Ronaldo dos Santos, da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Quilombolas (Conaq).

Em fevereiro deste ano, o Supremo Tribunal Federal confirmou a constitucionalidade do Decreto 4887, que baseia todo o processo de titulação dos territórios de comunidades quilombolas. A decisão do Supremo garante ainda que não é necessário estabelecer o marco temporal de 1988 para a concessão dos títulos para os quilombolas, como pleiteavam algumas entidades.

“Mesmo com essa vitória no STF, a gente ainda enfrenta ameaças constantes por parte de fazendeiros que, de certa forma, pelo fato de não terem ainda o repasse do valor [da desapropriação], dizem que essas terras são deles. Por mais que a gente já tenha em mãos a demarcação, ainda encontramos essa situação de várias comunidades no Brasil com processo aberto e que acabam sofrendo ameaças”, relata Valéria Porto, jovem quilombola da comunidade de Pau D’Arco – Parateca, situada na cidade de Malhada, interior da Bahia.

No território onde está o povo de Pau D’Arco-Parateca vivem cerca de 750 famílias distribuídas em oito comunidades. Estudos apontam que o quilombo foi iniciado na área ainda no século 17. A comunidade já foi reconhecida pela Fundação Palmares, mas ainda aguarda a titulação. “A questão maior é garantir o título e junto com ele acesso às políticas públicas que realmente garantem a sustentabilidade das famílias que ali estão”, destacou Valéria.

“Não existe povo sem território. Eu preciso do meu território, porque a certificação me dá reconhecimento enquanto quilombola. Sem a certificação eu não posso construir casas de quilombolas. Quando eu não tenho a propriedade desta terra, eu não posso desenvolver a minha cultura, minha agricultura, minha pecuária, a minha vocação econômica, porque pode chegar uma pessoa dizer que é o dono e eu perder minha lavoura, minha casa, então fica difícil fazer investimentos”, explicou o presidente da Fundação Cultural Palmares, Erivaldo Oliveira.
Nenhum comentário

← Postagens mais recentes Postagens mais antigas → Página inicial