Cecilia do Acordeon. A sanfona e a esperança de Luiz Gonzaga vivo

Luiz Gonzaga tem sido nos últimos anos tema de trabalhos acadêmicos, e gradualmente sua obra vem sendo relida, ouvida, tocada. Durante o evento Cariri Cangaço, em conversa com os pesquisadores, Paulo Vanderlei, José Nobre apontei o quanto a realização de um seminário é importante para a consolidação de valores culturais.

Nestes encontros temos a possibilidade de termos novos olhares. A obra de Luiz Gonzaga sempre vai renascer. No dia 02 de agosto, completou 28 anos da partida física, a viagem para o sertão da eternidade do Rei do Baião. No dia 13 de dezembro serão comemorados os 105 anos de nascimento.

A menina Cecilia do Acordeon representa este novo olhar entre a saudade que continuar a amarga e o futuro que é doce e promissor!Cecilia nos traz a certeza que Luiz Gonzaga vive. Ela é o Olhar da possibilidade do renascimento.

Cecília do Acordeon começou seu envolvimento com a Cultura participando e dançando no Reisado. Continua ainda hoje, brincando no Reisado e agora é a sanfoneira. Foi no Reisado Boi Surubim, conta Cecilia que ela teve o primeiro contato com a sanfona. "Foi a sanfona do Mestre Cícero que vi. Parecia me chamar e brilhar e eu chorei querendo ter uma e então fiquei apaixonada pelo som da sanfona".

Durante o Cariri Cangaço, que adotou Cecilia com seu talento e sorriso sincero, a criança contou que teve aulas de sanfona com o Mestre Cicero. "As primeiras notas da sanfona aprendi e ainda hoje busco mais conhecimento e não perco oportunidade de sempre aprender e estudar".

Cecília ganhou o Diploma Amiga do Cariri Cangaço e cantou puxou a sanfona: "Sou bisneta de um mestre da cultura e nasci vendo o Surubim dançar. Ainda pequena com quatro anos de idade, da brincadeira comecei a participar, acompanhando o cortejo do reisado com alegria e amor no coração. Na temporada de 2014 o meu avô convidou um sanfoneiro para o reisado ficar mais animado. O povo dançou alegre no terreiro naquela noite. Fiquei encantada e nem dormi pois perdi o sono. Foi a primeira vez que vi de perto esse instrumento que se chama sanfona.

No outro dia eu estava decidida uma sanfona queria aprender a tocar. Fiquei insistindo com meu pai até que ele comprou uma sanfona pequena de brinquedo mesmo assim fazia fom fom e corri para pegar umas aulas com o mestre Cicero do Acordeon.

Depois foi preciso uma sanfona maior, mas meu meu pai não tinha dinheiro. Conseguimos com um bingo de um garrote e um encontro de sanfoneiros. Agora estou aprendendo a tocar com muito esforço e dedicação os estilos que gosto de cantar é Luiz Gonzaga nosso rei do baião".

Eu sou a Cecilia do Acordeon e da minha sanfona eu já tiro um som".

E assim ouvi no Cariri Cangaço e aqui reproduzo. Salve Salve Cecilia do Acordeon.
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Ex-presidente Lula inicia Caravana da Esperança e visitará Museu Luiz Gonzaga Cais do Sertão

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) inicia a caravana pelo Nordeste no próximo dia 17 de agosto, em Feira de Santana, na Bahia, e finaliza no dia 5 de setembro, quando embarca de São Luís, no Maranhão, com destino a São Paulo. Em Pernambuco, o petista passará os dias 24, 25 e 26 de agosto, com atos no Parque Dona Lindú, em Boa Viagem, na Zona Sul do Recife, e no Museu Luiz Gonzaga Cais do Sertão. 

"Vou refazer as caravanas com mais experiência e mais organização. Quero ver a situação em que deixei o Brasil em comparação com a situação que o país vive hoje", declarou Lula

"Depois quero visitar o Sul e o Sudeste, o Norte e o Centro-Oeste. Quero ir para ver como estão estragando o nosso país", disse.

Na quinta-feira (24), às 19h, o cacique petista participa de um ato de filiação de dirigentes sindicais cutistas ao PT, com a presença de lideranças da região, no Sindicato dos Bancários, na Boa Vista. No dia seguinte (25), Lula visita o museu Luiz Gonzaga e, depois, Brasília Teimosa e às 17h realiza um ato no Parque Dona Lindu, onde há uma escultura da sua família.

No Sábado (26), o petista participa de ato dos trabalhadores em Defesa da Indústria Petroquímica e Naval, da Refinaria Abreu e Lima, em Suape – bandeira petista e que encontra-se com problemas de investimentos.

O ex-presidente receberá ao menos quatro títulos honoris causas em universidades federais da região. Ademais, estão agendados ao menos três almoços com governadores Rui Costa (Bahia/PT), Renan Filho (Alagoas/PMDB) e Flávio Dino (Maranhão/PCdoB).

 As idas às universidades criadas na gestão petistas e em obras de grande porte é parte do discurso de “desmonte” realizado pelo governo Temer.
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João Gonçalves mais de oito décadas dedicado ao bom forró, xote e baião

Na parede ele guarda recordações e alimenta a alma para o futuro. Aos 81 anos, sendo 48 deles de carreira, João Gonçalves, mora em Campina Grande, Paraíba, é autor de clássicos da música brasileira, a exemplo de “Severina Xique Xique”, Firm Fim do Fole, Mariá, “Mate o véio”, “Galeguin dos zói azul”, sucessos na voz de Genival Lacerda. João é considerado o “rei do duplo sentido”.

Teve o talento reconhecido quando Luiz Gonzaga pediu (olha o pedido do Rei do Baião), que João fizesse umas músicas "limpinhas"-sem duplo sentido, com ritmo, melodia e harmonia, que ele gravava. João conta que fez porém já doente Luiz Gonzaga não gravou. "O destino então quiz que Dominguinhos gravasse. Dominguinhos gravou Um Lugar ao Sol. Tem reconhecimento maior. Sanfona e voz de Dominguinhos", ressalta João Gonçalves

Antes do reconhecimento João teve seu LP quebrado, na década de 1970, pelo apresentador de televisão, Flávio Cavalcante. O fato, ocorrido em plena ditadura, não só trouxe fama como o colocou sob os olhares dos militares. Em João Pessoa, ao cantar na Festa das Neves, teve de se apresentar à Polícia Federal e a sua canção, “Pescaria em Boqueirão”, foi proibida.

É de autoria de João Gonçalves, o hino não oficial de Campina Grande, a canção “Campina de outrora”. Uma vida artística a caminho dos 50 anos, doze discos de vinil, quatro CD's, DVD e mais de mil músicas gravadas sintetizam a trajetória do compositor e cantor, João Gonçalves.

A vida artística começou em 1970, quando Joacir Batista, Messias Holanda, Genival Lacerda e Trio Nordestino despertaram para o grande talento do compositor. Nesta época, um dos grandes sucessos de Genival Lacerda - "Severina xique-xique", letra de João Gonçalves, fez sucesso em todo o país, enfatizando a sua característica do duplo sentido.

João me contou que teve a generosidade de ter na maioria dos seus discos a sanfona de Dominguinhos.

João Gonçalves continua sendo uma lenda entre os forrozeiros e, pela temática de suas composições, constantemente procurado pelos empresários das bandas: "Do jeito que eles querem eu não faço não. Eles gravam as antigas. Catuaba com Amendoim gravou Mariá, Severina Xique-Xique. Tem até uma música que eu fiz para Tom Oliveira que a Aviões do Forró gravou, Locadora de mulher, mas não é de letra pesada, é só engraçada (cantarola o refrão): ’Eu descobri uma locadora de mulher/ Lá tem mulher do tipo que o homem quiser’".

João Gonçalves – Nasceu em 29 de Maio de 1936 em Campina Grande – Paraíba. Desde de criança cantava e inventava parodias. Gostava de cantar qualquer estilo e ritmo. Devido problemas de saúde, conta com "lágrimas nos olhos" das boas recordações de encontrar os amigos nas mesas de bar e tomar umas e outras, aquela cachacinha com caju...

"Sinto saudades. Isto já é um bom motivo prá fazer música", diz João Gonçalves.
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Projeto prevê uso das águas do Rio Tocantins para revitalizar o Rio São Francisco

Com a redução de águas em praticamente toda a Bacia do São Francisco, agravada pela seca severa nas nascentes em Minas Gerais, o governo já estuda levar águas do rio Tocantins para ajudar a abastecer o megaprojeto de transposição para o semiárido.

O Ministério da Integração Nacional confirmou ao GLOBO que analisa, no Programa Nacional de Segurança Hídrica, “alternativas para garantir ainda mais segurança hídrica aos moradores do semiárido, entre elas a de integrar a Bacia do Tocantins à Bacia do Rio São Francisco”.

Em setembro passado, começou a tramitar na Câmara dos Deputados como parte do “Plano Nacional de Viação” um projeto do deputado Gonzaga Patriota (PSB-PE). Procurado pelo GLOBO, Patriota afirmou que não tem outra alternativa para concretizar a revitalização das águas do Rio São Francisco senão usando águas do Tocantins e que foi chamado pelo Ministério da Integração para discutir o tema. O objetivo do projeto era fazer uma hidrovia, mas o texto diz que “no caso de escassez de água no rio São Francisco, teremos condições de reserva de parte das águas do rio Tocantins, para o rio São Francisco”.

"A nascente ja secou uma vez e isso fez cair a ficha de todos, mas a Bacia do São Francisco está castigada. É preciso repensar os usos das águas do Rio São Francisco", afirma o vice-presidente do Comitê, Wagner Soares Costa.

A seca tornou urgente a discussão sobre o rio São Francisco. Com os eventos climáticos, a tendência é que o semiárido fique ainda mais seco. O governo federal já iniciou estudos para mapear e acompanhar áreas de desertificação no Nordeste. O rio já perdeu de 30% a 40% de seu caudal.

A Articulação São Francisco Vivo ressalta que “a crise hídrica se deve também e principalmente aos múltiplos, crescentes e conflitantes usos de suas águas, matas, solos e subsolos, decorrentes do modelo econômico predatório; agravou-se de tal forma que os danos e riscos aumentam e assustam”.

Fonte: O Globo
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O Rio São Francisco agoniza e já não corre para o "meio do mar"

A estiagem prolongada tem feito o Rio São Francisco perder força na divisa de Alagoas e Sergipe, permitindo que o mar avance sobre a água doce. O fenômeno é conhecido como salinização e, segundo pesquisadores da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), está transformando o ecossistema da região e prejudicando a população ribeirinha.

Sem chuvas e com menos água no leito, o rio acaba sendo empurrado pela maré nos pontos onde encontra o mar. É no trecho da Área de Preservação Ambiental (APA) da Foz do São Francisco, entre os municípios de Piaçabuçu (AL) e Brejo Grande (SE), que o fenômeno pode ser percebido com mais intensidade pelos quase 25 mil habitantes da região.

"A gente pescava surubim, piau, dourado e todas as espécies de água doce. Era tanto peixe na rede que a gente não podia nem carregar. Nessa época, a gente também plantava arroz, que dava era muito. Hoje a coisa tá diferente, a água está tão salgada que arde até os olhos", relata o pescador alagoano José Anjo.

O que o pescador percebe no dia a dia também foi apontado pelo oceanógrafo Paulo Peter, pesquisador da Ufal que analisa os impactos ambientais e sociais da salinização do Rio São Francisco. "É possível notar no estuário a morte da vegetação típica de água doce, substituição dos peixes de água doce pelos de água salgada e inviabilização da água para o consumo humano".

Para o pesquisador, a redução da vazão das águas do Rio São Francisco pela hidrelétrica de Sobradinho, na Bahia, agrava o problema. O volume de água liberado pela usina já superou 2.900 m³/s, mas nos últimos anos vem sendo reduzido gradativamente para prolongar a vida útil dos reservatórios.

"Se a vazão do São Francisco permanecer como está, a situação será cada vez pior, tanto do ponto vista humano quanto ambiental", avalia Peter. O CBHRS diz estar em alerta, porque o volume da água do rio para uma vazão de 600m³/s.

"A água do Rio São Francisco é para muitos moradores da região o único recurso hídrico que se tem para cozinhar e beber. Por conta da salinização, a água está provocando doenças. Nos últimos meses, aumentou bastante os casos de hipertensão entre os moradores, inclusive jovens".

Fonte: G1-Alagoas
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Virgilio Siqueira: Zabe da Loca viveu como quem nunca existiu morreu prá tocar no céu

Zabé da Loca viveu
Como quem nunca existiu
Cansou-se daqui; morreu
E pra loca do céu subiu...

O espírito do som

O som mais limpo
É o do oco da taboca
O do ranger da pororoca
O que da tribo se desentoca/ O que toca lá na loca, Zabé da Loca

O múltiplo som de Hermeto
O da sanfona de Sivuca
O aboio do rei Luiz

O som do fole de Arlindo
E o de Dominguinhos
(Cada um, por tocar, o mais feliz)

A melodia absoluta
A música do âmago do toco
A tessitura da raiz
O som que enche o mundo e a sala
O som da fala
De quem a verdade diz

O som do coco, do reggae e do baque
Do maracatu – quer seja solto ou virado
Das congas quentes que traduzem e trazem
O reino do congo a reboque
Do ilustre som coroado

Som de batuque de atabaque
No terreiro ou na varanda
O som que imprime o sotaque
E os meneios da ciranda

De Jackson, com seu suingue
E de Suzano com requinte no repique
Num martelo a beira-mar, tic-tac no pandeiro
A batucar samba ou jazz, baião, rock
Com seu toque e seu retoque
No terraço ou no terreiro

O som de quem faz
O som pelo som, nada mais
De quem toca porque toca
E porque gosta do que faz

Aliás, o som mais puro é o som
De quem, primeiro, se toca

Pra depois fazer vibrarem notas ao ar e soar
Deixar fluir a música do espírito
No espírito do som
Tocar

Fonte: Poeta, escritor e músico Virgílio Siqueira
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Zabe da Loca silencia o toque do Pife

A artista pernambucana radicada na Paraíba Zabé da Loca silenciou o seu Pife aos 93 anos de idade. A instrumentista deu seu último sopro neste sábado. Zabé se consagrou como mestra da música no pífano. Enfrentava a doença de Alzheimer. 

A Zabé da Loca, morou durante 25 anos dentro de uma pequena gruta (loca), na Comunidade Santa Catarina, na zona rural de Monteiro. Inclusive, o apelido surgiu por esse motivo. E foi por esse motivo que ela teve que deixar a gruta e ir morar na casa de uma das filhas. Em 2003, aos 79 anos, gravou o seu primeiro CD, Canto do Semi-Árido, com composições próprias e versões de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira.

O velório está acontecendo no Memorial Zabé da Loca, complexo turístico inaugurado em 2016 para celebrar a trajetória e memória da artista. A despedida final deve ocorrer no cemitério municipal de Monteiro, às 10h deste domingo 6.

Nascida Isabel Marques da Silva, no município de Buíque, no Agreste pernambucano (localizada a 284 km do Recife), a musicista ganhou ou título de Zabé da Loca por morar, durante 25 anos, dentro de uma pequena gruta na mesma região. Descoberta por integrantes do projeto Dom Helder Câmara, do Ministério do Desenvolvimento Agrário, o apelido se tornou nome artístico.

O primeiro registro de sua carreira foi realizado apenas em 2003, aos 79 anos, quando gravou o álbum Canto do Semi-árido, com composições próprias, além de versões de melodias dos criadores do baião, Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira. Aos 85 anos, em 2009, foi eleita Revelação no Prêmio da Música Brasileira
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