Dominguinhos, o discípulo que inovou a arte do mestre Luiz Gonzaga

Dominguinhos morreu/desncarnou no dia 23 de julho. Lutou durante mais de seis anos contra um câncer de pulmão. O músico morreu às 18h.

"Que saudade matadeira eu sinto no meu peito. Faço tudo para esquecer, mas não tem jeito."Este é um dos muitos versos de Anastácia que Dominguinhos cantou e tocou com sua sanfona, transformando-a em um instrumento da saudade, sentimento que persiste no coração de todos nós que convivemos com o cantor, compositor e instrumentista.

Dominguinhos deixou o legado da genialidade, simplicidade, humildade. Em especial a gratidão que o discípulo tinha por Luiz Gonzaga. Dois filmes falam sobre vida e obra de Dominguinhos: primeiro o documentário "O milagre de Santa Luzia" (2008), de Sergio Roizenblit, no qual o instrumentista viaja pelo Brasil para mostrar as diferentes formas regionais de se tocar sanfona e os principais sanfoneiros do país.

E aquele que mais me toca: O longa metragem webserie "+Dominghinhos". Neste filme é mostrado “Um Dominguinhos que pouca gente conhece: jazzista, improvisador, seu refinamento musical, sua universalidade".

Assim era Dominguinhos. Grande, muito grande. Simples, muito simples.

Aos 6 anos, José Domingos de Morais, O Dominguinhos ganhou a primeira sanfona do pai, o mestre Chicão. Aos 8, já se apresentava com os irmãos, Morais e Valdomiro, em feiras livres e portas de hotel de Garanhuns-Pernambuco, onde nasceu em 12 fevereiro de 1941.

Dominguinhos foi nome dado por Luiz Gonzaga, com quem gravou, em 1957, Moça de Feira. “O menino chegou de um ambiente diferente e começou a viver num mundo glamourizado. Mas foi sempre na dele, sempre com esse jeitão sertanejo”, diz Gilberto Gil no primeiro episódio da web série +Dominguinhos.

A riqueza dessa história levou os músicos Mariana Aydar, Duani e Eduardo Nazarian a promover encontros entre o sanfoneiro e parceiros, antigos e jovens que tocam e contam histórias vividas nos palcos da vida.

Em uma delas, Giberto Gil lembra do tour do álbum Refazenda (1975), em que viajaram juntos mais de 20 mil quilômetros. Em certo momento, Dominguinhos pergunta: “Isso é reggae, é?”. Quando o amigo responde que sim, ele rebate: “Que reggae nada, isso aí é um xotezinho sem-vergonha”.

Dominguinhos conseguiu inovar a arte do mestre! 

Antes de começar a luta contra o câncer que o submeteria a uma injustiça do destino vivida em um quarto do Hospital Sírio Libanês, convalescendo na dor física e da alma que sofria Dominguinhos recebeu uma equipe de jovens cineastas. Estavam ali para colocar a água do Rio São Francisco em uma garrafa. Ou, se fosse preciso, em duas.

Ao lado de Djavan, Dominguinhos chorou. Estava visivelmente abatido pela doença, mais magro do que em outras cenas, e parecia sentir as próprias notas em dobro. "Seu Domingos" tirou a água dos olhos e pediu a Djavan um favor com uma humildade de estraçalhar os técnicos do estúdio. "Se você tivesse trazido seu violão, eu ia pedir pra tocar uma música pra mim".

Quando a música aparece, ela vem em turbilhão. Um Dominguinhos de cabeça baixa, de pé, à frente de um grupo, tocando sua sanfona como se estivesse em transe. De olhos fechados, transpassa dedos uns sobre os outros como se tivessem vida própria, como se nem dos comandos do cérebro precisassem.

No documentário é o próprio músico quem narra sua história: o pai que já tocava na roça, lembra de sua sanfoninha de 8 baixos e do primeiro grupo que formou com dois irmãos no Nordeste, quando tinha 8 anos.

Dominguinhos fala das brincadeiras e dos passatempos. "Eu não matava nem passarinho, por pena." A mãe, alagoana filha de índios como o pai, teve 16 filhos, muitos dos quais "iam morrendo" e sendo enterrados em caixõezinhos que o pai já construía como um especialista.

Seus olhos se enchiam de água depressa, sobretudo depois que ele começou seu tratamento contra o câncer. Em uma noite, deixou o quarto do hospital com seu chapéu de vaqueiro, apertou o botão do elevador e fez o nome do pai.

Momento de emoção no filme quando Dominguinhos chega ao teatro no qual a Orquestra Jazz Sinfônica o esperava e sentou-se para tocar De Volta pro Aconchego. Quando sentiu os arranjos sinfônicos atravessando seu peito, não se conteve e chorou uma lágrima graúda, como se soubesse que, ali, era a hora de se despedir.

Levantou a cabeça, tirou o chapéu e chorou...
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Ney Vital sacode o forró, cantoria de viola, xote, xaxado e baião com o Programa Nas Asas da Asa Branca-Viva Luiz Gonzaga

O rádio continua sendo o principal veículo de comunicação do Brasil. Aliado a rede de computadores está cada vez mais forte e potente. Na rádio Emissora Rural-A voz do São Francisco, www.730am.com.br o jornalista Ney Vital vai apresentar o Programa Nas Asas da Asa Branca-Viva Luiz Gonzaga, às 7hs, todo domingo, a partir do dia 30 de julho.

O programa segue uma trilogia amparada na cultura, cidadania e informação. "É a forma, o roteiro concreto para contar a história da música brasileira a partir da voz e sanfona de Luiz Gonzaga", explica Ney Vital.

O programa Nas Asas da Asa Branca-Viva Luiz Gonzaga é um projeto que teve início em 1990, numa rádio localizada em Araruna, Paraíba. "Em agosto de 1989 perdemos o Rei do Baião e então, o amigo, hoje professor radicado no Rio de janeiro, o doutor em Ciência da literatura, Aderaldo Luciano fez o convite para participar de um programa de rádio. E até hoje continuo neste bom combate".

No programa o sucesso pré-fabricado não toca e o modismo de mau gosto passa longe."Existe uma desordem , inversão de valores no jornalismo e na qualidade das músicas apresentadas no rádio e por isto a necessidade de um programa voltado para um dialágo com a cultura", avalia o jornalista.

Ney Vital usa a credibilidade e experiência em mais de 20 anos atuando no rádio e televisão. "O programa incentiva o ouvinte a buscar qualidade de vida. É um diálogo danado de arretado. As novas ferramentas da tecnologia da comunicação permitem ficarmos cada vez mais próximo dos ouvintes", finalizou Ney Vital.
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Lucas Campelo e Anastácia fazem homenagem ao mestre Dominguinhos

Neste sábado, 22, o Teatro Atheneu será palco de uma merecida reverência ao grande mestre Dominguinhos. O músico sergipano Lucas Campelo recebe a compositora pernambucana Anastácia no espetáculo “Dominguinhos, Através”, apresentado pela primeira vez em 2016 por Campelo, após a conclusão do seu mestrado pela Universidade Federal da Bahia, e abrilhantado, agora, com a participação da Rainha do Forró, autora de diversas músicas que destacaram Dominguinhos no cenário nacional.

Foram dois anos de pesquisa sobre o processo de aprendizagem de Dominguinhos. Nesse período, Lucas revela ter percorrido a trajetória de autodidatismo deste, que é um dos grandes ícones da cultura nordestina, herdeiro e continuador do legado de Luiz Gonzaga. “Para entender melhor todos os processos que envolveram esse percurso marcante, entrevistei Anastácia, o filho de Dominguinhos, além de sanfoneiros e músicos que conviveram com ele, inspirado pelo documentário ‘O Milagre de Santa Luzia’”, revela.

De maneira intimista e trazendo ao público o mais autêntico forró pé de serra, o espetáculo conta, então, a trajetória de Dominguinhos por meio de um repertório instrumental, canções singulares e relatos pronunciados por Lucas Campelo e Anastácia. A sanfona, instrumento maior do forró, e a identidade nordestina são - segundo Lucas - os elementos centrais da proposta. “É uma forma de reconhecimento, valorização e fortalecimento da vida e obra do mestre Dominguinhos”, pontua.

De acordo com Lucas, a expectativa é que as pessoas estejam abertas para ouvir as histórias, que refletem a identidade cultural do povo nordestino. “Espero que a gente alcance essa fonte de inspiração que está nas nossas raízes, e que o nosso show consiga despertar essa memória no público e construir novas sensações. Para mim, pessoalmente, é uma grande realização poder conviver, aprender e ter a oportunidade de fazer esse projeto com uma pessoa que é fonte viva da nossa história; enquanto referência musical, compositora, cantora e mulher”.

Com produção de Simone Fontes e cenário de Fábio Sampaio, o show acontece no sábado, 22 de julho, às 20h; com participação de Alberto Silveira, Bárbara Sandes, Denisson Cleber, Izabel Nascimento, Maestro Evanilson Vieira, Saulo Ferreira, Sidcley Santos e Betinho Caixa d’Água. Os ingressos estão à venda na bilheteria do Atheneu, por R$ 40 inteira e R$ 20 meia entrada.

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Missa do Vaqueiro de Serrita denuncia todos os desmantelos políticos de solo e alma do Jesus Sertanejo

Por todo o século XIX, a cidade do Recife foi se constituindo no grande portal da cultura brasileira. A literatura e a filosofia deitaram-se em suas ruas a partir de sua Faculdade de Direito. Nos becos e vielas estavam se fortalecendo os movimentos culturais do povo: um pouco de maracatu, um pouco de frevo surgindo devagar, o mela-mela e tudo que confluiria para uma produção artística imponente na primeira metade do século XX. Já a partir da década de 60 desse mesmo século, o XX, forjaram-se alguns movimentos musicais determinantes.

A Paraíba recebia esses manifestos sonoros e os deglutia pensando também em fortalecer sua própria vida. De alguma forma, chegaram até nós, habitantes das soleiras interioranas, os discos produzidos no cenário sócio-temporal recifense. A formação de grupos musicais assentados na tradição, aplicando elementos da modernidade em seus arranjos, subvertendo esteticamente as melodias e harmonias, escrevendo frases tangentes, mas nunca centrífugas, esses elementos nos ofertaram cachoeiras de prazeres acústicos.

Foi assim que o Quinteto Violado nos ofereceu um disco temático de intervenção social e política tão forte que nos encantou em todos os aspectos. Missa do Vaqueiro, cumprindo a tradição litúrgica, mas pautando-a pela necessidade cabocla, denunciava todos os desmantelos políticos infectantes do solo e da alma do Jesus Sertanejo. Preparado a partir da missa real, tomou nosso imaginário e fortaleceu-nos na tomada de consciência quanto à civilização do couro e sua importância.

Na mesma pisada a Banda de Pau e Corda, com o disco Frevo, nos oferecia a rua primordial recifense, aquela adornada com o frevo vindo de Olinda amolando as Pás, afinando as Vassouras, gritando que o Recife acordou e observando que, nos cabelos de Rosinha (o próprio Recife) a rosa nunca amarelou. Os arranjos deixaram de lado o furor dos clarins, trombones, trompetes e clarinetas e abraçaram os bordões, as primas, as sextas e as nonas dos instrumentos de bojo de madeira. Foi eletrizante, incluindo uma formação sonora diferente, como um regional.

Se o Quinteto trouxera o gado e seus tangedores e a Pau e Corda, a rua e seus habitués, o Quinteto Armorial vestia sua armadura e nos apresentava o Imaginário Armorial, codificado por um Ariano mais radical, quase sectário. A proposta, conduzida com a observação rigorosa dos ditames do mestre e mentor, consumara-se no disco inviolável Do Romance ao Galope Nordestino. Com aquele som peninsular, dialogando com o mourisco, o andaluz e a alma sertaneja, o pacote musical nos trazia uma canção chamada Toré, uma arquitetura africana e indígena, com um pife intrometendo-se todo o tempo entre as violas, os violinos e a percussão.

Mas, vocês convirão comigo que em todo o percurso cultural de uma cidade as inovações, as ousadias requerem sempre a mão viva do talento, a técnica: o engenho e a arte. Entre eles, num repente sagrado e necessário, surgiu um som tão diferente e, ao mesmo tempo tão aparentado que nos causou espanto e arrepio: era o voo da Ave Sangria dizendo logo na abertura que, lá fora, "é esse cansaço!"

 A capa com uma figura mítica meio ave, meio mulher, num cenário também sertanejo, vestindo uma túnica e vendo-se por ela o corte vaginal. Eram balada e rock e letras psicodélicas. Bem diferente dos três anteriores, a Ave Sangria nos sangrava com outra proposta. O decorrer da década de 70 consolidaria esse estilo em outros artistas. Nós vivemos essas coisas. E sobrevivemos. Ainda!

Fonte: Aderaldo Luciano-professor, doutor em Ciencia da Literatura
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Frio intenso muda hábitos dos moradores do Araripe, Vale do São Francisco e Pajeu

O frio tem mudado os hábitos dos moradores do Sertão do Araripe, Vale do São Francisco e Pajeu. Acostumados com temperaturas que, normalmente, chegam perto dos 40º C, eles estão tendo que conviver com outra realidade. Neste inverno, diferente de anos anteriores, os termômetros na região estão registrando, com frequência, temperaturas de até 17º C. Já em Triunfo, o frio tem sido muito mais intenso, chegando a 7 graus.

Os termômetros das Estações Meteorológicas Automáticas do Laboratório de Meteorologia (LabMet), da Univasf, marcaram 17 graus e uma sensão térmíca próximo aos 13 graus, em Petrolina e Juazeiro. O aumento da velocidade do vento e a umidade elevada do ar contribuíram para que a sensação térmica mais baixa. A sensação térmica provocada pela velocidade dos ventos faz com que as pessoas percebam o frio com mais intensidade. Segundo registros do Laboratório de Meteorologia da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), em determinados momentos a velocidade média dos ventos na cidade tem sido de até 54 km/h.

O professor e meteorologista da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), Mário Miranda, explica os motivos da mudança climática. “Isso se deve a um centro de alta pressão que se encontra sobre o Oceano Atlântico na altura do Sul e Sudeste do país, que está empurrando o ar frio para a região Nordeste. O professor lembra ainda que nesta época do ano, os dias são mais curtos e as noites mais longas. Com isso a incidência de raios solares sobre a Terra é menor, o que diminui o aquecimento do ar próximo da superfície no Hemisfério Sul.

As baixas temperaturas são registradas também em outras cidades da Bahia e de Pernambuco, a exemplo de Senhor do Bonfim, Jaguarari, Triunfo e Garanhuns onde fez 14°C. A previsão até o início de agosto, de acordo com o meteorologista, é que a nebulosidade permaneça sobre a região, assim como as temperaturas mais amenas, especialmente durante as madrugadas de céu estrelado. E os ventos poderão se tornar ainda mais fortes.

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Triunfo: Festa do Estudante terá Alceu Valença e Lucy Alves

A 59ª edição da Festa do Estudante, começa em Triunfo, Pernambuco no próximo sábado dia 22. O evento vai até o dia 29 e é consolidado no calendário de inverno do Governo do Estado.

Este ano participam da festa nomes da música, como Alceu Valença, Frejat, Lucy Alves e Forró da Galera. Durante a programação ocorrem feiras literárias, exposições artísticas e culturais, festival de cinema, mostra de dança e música e competições esportivas. Triunfo está localizada no Planalto da Borborema, no vale do Pajeú, com mais de 1000 metros de altitude. É cercada de montanhas e no período do inverno a sua temperatura desce chega a 10 graus, atraindo milhares de turistas.
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Receita começa a pagar hoje o 2º lote de restituição do Imposto de Renda

Receita Federal começa a pagar hoje (17) o segundo lote de restituição do Imposto de Renda de Pessoas Físicas 2017. Este lote também incluirá restituições residuais de 2008 a 2016, segundo informou o órgão. Cerca de 1,3 milhão de contribuintes que declararam Imposto de Renda neste ano vão receber dinheiro do Fisco. Ao todo, serão desembolsados R$ 2,533 bilhões. A Receita também pagará R$ 467,2 milhões a 148,2 mil contribuintes que fizeram a declaração entre 2008 e 2016, mas estavam na malha fina. Considerando os lotes residuais e o pagamento de 2016, o total gasto com as restituições chegará a R$ 3 bilhões.

As restituições terão correção de 2,74%, para o lote de 2016, a 97,03% para o lote de 2008. Em todos os casos, os índices têm como base a taxa Selic (juros básicos da economia) acumulada entre a data de entrega da declaração até este mês. O dinheiro será depositado nas contas informadas na declaração. O contribuinte que não receber a restituição deverá ir a qualquer agência do Banco do Brasil ou ligar para os telefones 4004-0001 (capitais), 0800-729-0001 (demais localidades) e 0800-729-0088 (telefone especial exclusivo para deficientes auditivos) para ter acesso ao pagamento.
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