FRANCISCO JOSÉ UM MESTRE DO JORNALISMO

Francisco José de Brito nasceu no Crato, Ceará, formou-se em direito e especializou-se em marketing, mas o interesse pelo jornalismo levou-o a tornar-se repórter de vídeo, trabalhando principalmente para o Globo Repórter e o Jornal Nacional. Começou como repórter esportivo do 'Jornal do Commercio', no Recife, e lembra da primeira vez que teve de narrar um jogo de futebol: “Me mandaram para uma cabine e eu disse que não sabia narrar. Era Santa Cruz do Recife contra o São Paulo, no Estádio do Morumbi.

 Entrei numa cabine escura, só com uma luz vermelha, e me disseram: ‘Quando acender a luz verde, você começa a falar e a ver o jogo pelo monitor’”. Participou da cobertura de quatro Copas do Mundo: em 1978, na Argentina; 1982, na Espanha; 1986, no México; e 1994, nos Estados Unidos.

No início, a palavra ‘fome’ era proibida pela censura. Mas bastava gravar uma panela vazia para dizer tudo. No meu trabalho mostro também o lado bonito do Nordeste. Mas o lado feio é tão marcante que é o que costuma ficar na memória das pessoas.

Durante muitos anos, Francisco José foi o responsável pela cobertura da seca no Nordeste, acompanhando o drama de milhares de pessoas. Um dos personagens mais marcantes foi Dona Iraci, que trabalhava numa frente de serviço e tinha de andar 12 km para ir e voltar para casa, onde deixava seus dez filhos, a mais velha com 16 anos. Diz ele: “Denunciamos que aquele tipo de barragens que trabalhadores como dona Iraci faziam não adiantava nada. Mostramos que as soluções eram simples: poços artesianos, açudes que realmente captassem água, cisternas”.

Mais de 30 anos depois, os invernos chuvosos têm sido bons e o repórter considera que soluções dadas pelo governo, pelas ONGs e por iniciativas das próprias comunidades atingidas estão resolvendo o problema da seca na região. “No início, a palavra ‘fome’ era proibida pela censura. Mas bastava gravar uma panela vazia para dizer tudo. No meu trabalho mostro também o lado bonito do Nordeste. Mas o lado feio é tão marcante que é o que costuma ficar na memória das pessoas”, conclui Francisco José.

Em 1992, Francisco José cobriu a Rio 92, Conferência Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro, e chamou atenção ao fazer uma matéria no fundo do mar.

LIVRO O repórter Francisco José lançou seu livro ‘40 anos no ar’. O livro conta um pouco da história do profissional que já fez mais de duas mil reportagens pelo Brasil e nos cinco continentes do mundo.

“Tem as historias de bastidores, os micos que acontecem e que nem sempre vão ao ar. Tenho muitas reportagens marcantes no Piauí, como Rio Parnaíba da nascente até a foz. Já mostrei também a região de Parnaíba, Serra da Capivara e o Cânion do Rio Poti no Globo Repórter"

Chico José conta no livro sobre o início da carreira como repórter esportivo. Ao todo ele já cobriu seis Copas do Mundo e duas Olimpíadas. O repórter narra ainda como passou a fazer reportagens de diversos assuntos. Ele também fala sobre as situações de risco que enfrentou durante as coberturas jornalísticas.

“Durante um mergulho numa caverna e eu me pedi do cabo guia. Debaixo de água é tudo igual e você só vê até onde sua lanterna vai. Até achar cabo guia foi um aperreio muito grande. No Grand Cânion, eu desci sozinho com cinegrafista. Quando comecei a descida, vi mensagens dizendo para gente não se expôr mais porque a temperatura iria baixar mais", contou o jornalista.

Mesmo assim Francisco José disse que teria que continuar porque precisava chegar ao Rio Colorado. "Fiz a passagem e decidimos voltar. Coloquei a câmera na mochila e começamos o caminho de voltar. Só que num determinado momento, eu senti que estava começando a congelar. Eu batia no meu rosto e ali, pensei que iria morrer”, lembrou.

“O livro não é focado apenas para os jornalistas. Ele também é interesse para todas as pessoas. Cada reportagem é nova lição. É uma nova oportunidade para se apreender e recomeçar. Se aquilo que vou contar já saiu em algum lugar, eu tenho que procurar outros ângulos, outros personagens. Também orientou sempre aos colegas para que sempre mantenham a verdade. Então, o compromisso com verdade é fundamental”, finalizou.


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