EXPOSIÇÃO VIDA, POESIA E ENCANTAMENTO COMEMORA OS 145 ANOS DE NASCIMENTO DO POETA CEGO ADERALDO

O mês de junho, a Casa de Saberes, localizada em Quixadá, Ceará,  programou as comemorações do aniversário de 145 anos do poeta Cego Aderaldo. Com a temática “Vida, Poesia e Encantamento”, o evento celebrou na semana passada,  o legado das artes e saberes tradicionais. 

Ao longo de quatro dias, entre 21 a 24 de junho, aconteceu debates, mesa-redonda, formações, oficinas, sarau e apresentações que foram realizadas, valorizando as expressões culturais tradicionais através da história e memória do poeta.

Na casa dos Saberes acontece a exposição “O Sertão Múltiplo De Cego Aderaldo”, com curadoria de Alênio Alencar e Lorena Patrício. 

Segundo a coordenadora executiva da Casa de Saberes Cego Aderaldo, Michelle Maciel, “celebrar o aniversário de 145 anos do poeta Cego Aderaldo é manter viva a chama da cultura popular, a poesia de cordel, a cultura de viola, a exibição de cinema nas comunidades mais longínquas do sertão, o poeta nos faz enxergar a vida com muita arte. Sua memória está sendo comemorada a partir da Casa de Saberes Cego Aderaldo, equipamento de cultura do governo do Estado, gerido pelo o Instituto Dragão do Mar que leva o seu nome, os seus saberes e encanta os sertões com seu legado. A programação faz o encontro dos múltiplos saberes do poeta, que envolve música, poesia, cinema e a presença de Mestres e Mestras da Cultura do Estado do Ceará.

Aderaldo Ferreira de Araújo, conhecido como Cego Aderaldo, foi um poeta popular, nascido em 24 de junho de 1878, na cidade de Crato. Ainda criança, mudou-se para Quixadá, fugindo de uma grande seca.

A HISTÓRIA: Aderaldo Ferreira de Araújo, conhecido como Cego Aderaldo, foi um poeta popular que se transformou numa das maiores expressões culturais do Nordeste. Nasceu em 24 de junho de 1878, na cidade de Crato, mas veio para Quixadá ainda criança, com a família, fugindo de uma grande seca. 

Aos 18 anos de idade, trabalhava alimentando uma fornalha em uma fábrica de algodão do proprietário Daniel de Moura, em Quixadá, quando sofreu um acidente que o fez perder a visão. É esse fato marcante que o faz poeta e cantador. “Três Lágrimas” é o título de uma das canções mais marcantes de sua carreira: a primeira lágrima foi a morte do pai, a segunda aconteceu com a morte da mãe, e a terceira e última foi quando ele perdeu a visão e o grande amor da sua vida, Angelina Coelho de Moraes. 

Cego e sozinho, Aderaldo decide ganhar o mundo e refazer a sua vida, através das cantorias. Nunca se casou, mas, durante as suas longas viagens pelos sertões, chegou a adotar 26 filhos, criando e educando todos eles. Foram mais de 70 anos dedicados à poesia e à cantoria nordestina. Formou uma orquestra com os filhos, modernizou a cantoria, introduziu o cinema no sertão e foi também comerciante, atravessando sertões e florestas, indo até a Amazônia. 

Cego Aderaldo Construiu um legado coletivo de artes e saberes e suas contribuições são tesouros das artes populares ainda hoje. Foi Cego Aderaldo quem tirou o baião da viola, orquestrando-o e influenciando grandes artistas como Luiz Gonzaga. Na sua longa e aventurosa vida, conheceu grandes personalidades, entre elas, Padre Cícero, Rachel de Queiroz e Lampião, com as quais compartilhou a sua arte e o seu encantamento. 

Vencendo todos os obstáculos e desafios, Cego Aderaldo tornou-se um exemplo de talento, coragem e superação. De tão grande, fez-se um mito do sertão e um tesouro cultural do povo brasileiro. Cercado dos filhos, parentes, amigos e admiradores, morreu no dia 29 de junho de 1967, em Fortaleza.

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