BRASIL PERDE 15 PORCENTO DE FLORESTAS NATURAIS EM QUASE 40 ANOS, DIZ MAPBIOMAS

Em novo levantamento, a rede MapBiomas constatou que, entre 1985 e 2022, houve redução de 15% da área ocupada por florestas naturais no país, passando de 581,6 milhões de hectares para 494,1 milhões de hectares.

O principal fator de devastação foi a apropriação da agropecuária, e os últimos cinco anos aceleraram o processo de desmate, respondendo por 11% dos 87,6 milhões de hectares perdidos, revela a Coleção 8 do Mapeamento Anual da Cobertura e Uso da Terra no Brasil. Segundo o trabalho, os biomas que mais viram florestas sumirem nesse período foram a Amazônia (13%) e o Cerrado (27%).

O mapeamento considera diversos tipos de cobertura arbórea: formações florestais, savanas, florestas alagáveis, mangue e restinga. De acordo com o MapBiomas, esses ecossistemas ocupam 58% do território nacional. Quando todos são considerados,  a Amazônia (78%) e a Caatinga (54%) aparecem como os biomas com maior proporção de florestas naturais em 2022.

O MapBiomas observou, ainda, que dois terços da área destruída, ou seja, 58 milhões de hectares, foram de formações florestais, que são áreas de vegetação com predomínio de espécies arbóreas e dossel contínuo como as florestas que prevalecem na Amazônia e na Mata Atlântica. A diminuição das formações florestais foi de 14% nos 38 anos analisados. O Pampa foi o único em que o patamar se manteve estável, mesmo com o passar dos anos.

Pelos cálculos da organização, quase todo o desflorestamento (95%) se deu como consequência do avanço da agropecuária, que implica tanto a transformação de floresta em pastagens como a utilização das áreas para cultivo agrícola. Nas duas primeiras décadas do período sob análise, registrou-se aumento da perda de florestas, seguido de período de redução da área desmatada a partir de 2006.

As florestas alagáveis também fazem parte da paisagem da Amazônia e passaram a ser monitoradas pelo MapBiomas neste ano. Tais florestas são caracterizadas por se formar nas proximidades de cursos d’água. Nesse caso, no intervalo de quase 40 anos, foram perdidos 430 mil hectares de florestas, que ocupavam 18,8 milhões de hectares ou 4,4% do bioma em 2022.

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ALDY CARVALHO LANÇA LIVRO O CAVALEIRO DAS LÉGUAS

O Cavaleiro das Léguas, romance catingueiro de Aldy Carvalho, é uma alegoria sobre muitas coisas. Imagine-se, caro leitor, numa gesta, isto é, num combate. Esse combate, no entanto, embora você esteja paramentado como um cavaleiro, portando espada e escudo e armadura, e montando seu belo Rocinante como um Dom Quixote, ou como um Sir Galahad, não é um combate entre dois cavaleiros numa disputa qualquer. 

Melhor dizendo, é, mas ambos são você mesmo. Porém, antes de chegar ao momento desse combate, você viveu muitíssimas aventuras, cruzou terras longínquas e desertas, lutou contra demônios e bruxas até que aqui chegasse. 

Voce andou pelo reino dos imbuzeiros, conheceu pessoas muito simples, às quais protegeu com sua coragem contra os desmandos do mundo. Aprendeu ofícios, calou os soberbos, exaltou os humildes. Contudo, o combate que vai sagra-lo cavaleiro definitivamente, porque ainda lhe falta uma parte em sua alma é chegado. Porque, tendo conhecido o amor pelo próximo, você se ressente da falta da constante companheira. É aqui, nesse ponto da jornada, que você se encontra agora, diante dela, investido de seu próprio valor cavalheiresco.

Dando voz ao eterno feminino, esse é um poema sobre a busca da parte que nos falta e que não é um objeto a ser tomado, mas um presente em face de uma transformação ética, que se reflete no respeito pela vontade dela. Voce não está diante de uma donzela frágil e indefesa e não pense que será dela o protetor ou dominador porque a conquistou no combate. Muito ao contrário, é com ela o combate final, combate virtuoso em que nenhum dos dois sairá derrotado, e do qual advém o seu valor definitivo. É dela a escolha, é dela a decisão e isso, meu caro, é inelutável. 

Ouça a sua voz, responda às suas perguntas honestamente, quebre o desencanto da vida cotidiana e deixe-se levar pelo encantamento dessa mulher que te espera e torne-se merecedor dela. Ela inaugura o melhor de você e, nela, você se torna alguém melhor.

Assim é que o poema O Cavaleiro das Léguas, de Aldy Carvalho, atualiza o tema das gestas cavalheirescas do ciclo arturiano. O poema começa já no fim da jornada, mas, em sua parte mais importante, em que o herói torna-se aquilo que fomos talhados pra ser, isto é, humanos no mais profundo sentido do termo, porque completos, porque encantados, porque plenos, porque bons e justos. Abra estas páginas e, ao final, escreva seu nome no rol dos melhores que já trilharam essa terra...

(Ely Verissimo)

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CÁTIA DE FRANÇA, CANTORA COMPOSITORA ILUMINADA AO REDOR DO SOL


Na insistência de quem sabe o que quer, Cátia de França lançava o 20 Palavras ao Redor do Sol em maio de 1979, denunciando a rebeldia do Nordeste, questionando um Sertão bem masculino e elevando seu espaço enquanto artista. 

O disco ganhou um relançamento pela Três Selos e a cantora reflete sobre sua trajetória como uma das vozes e composições mais potentes da música popular brasileira. "Um atestado de que minha música é eterna", disse.

Apesar de sua grandeza, Cátia é humilde ao falar que o disco na verdade não começou nas gravações no Rio de Janeiro, mas na Rua Almeida Barreto, no Centro de João Pessoa. “Na maioria das histórias das pessoas, tem que falar da mãe. É na mãe que começa tudo", fala a cantora ao agradecer a presença da literatura em sua vida, fruto de muito incentivo da sua mãe Adélia de França.

DETALHE: Cátia de França é multi-instrumentista - o que gerou um convite de Zé Ramalho em 1978 para tocar percussão e sanfona no LP Avohai. O conterrâneo, que era um dos padrinhos do Selo Epic, da Sony Music, disse depois de sua turnê que estava no tempo de sua amiga ter uma carreira solo e, assim, o 20 Palavras ao Redor do Sol começou a nascer.

Mas ela se muniu de iguais. Zé Ramalho, Elba Ramalho, Sivuca e Dominguinhos são alguns nomes que compõem o 20 Palavras ao Redor do Sol, lançado em maio de 1979 pelo selo Epic, da gravadora CBS.

É  “20 Palavras ao Redor do Sol” (CBS, 1979), um álbum que já nasceu uma obra-prima e que conta com a assinatura de Zé Ramalho na produção musical, Sivuca (sanfona e piano elétrico), Bezerra da Silva (berimbau), Dominguinhos (sanfona), Chico Batera (bateria), Lulu Santos (guitarra elétrica), Elba Ramalho e Amelinha (vocais). Além de contar com Sérgio Natureza na parceria da canção “Ensacado” e Xangai e Israel Semente em “Djaniras”.

Primeira professora negra da Paraíba, ela alfabetizou Cátia cantando. A artista começou aos quatro anos com o piano que a mãe deu, para despertar o amor. Além disso, o instrumento na época era muito chique para as moças. “Introduzir sem sentir; quando vê já foi (...) quando ela viu que eu tomei gosto aí pronto. Mas só fui ganhar o piano definitivo que tenho até hoje aos 12 anos, que ela comprou com o salário de professora, já pensou?”.

Além dos discos de Luiz Gonzaga e Jackson do Pandeiro, os livros também foram uma forte presença e uma de suas maiores alegrias era quando eles chegavam pelos correio. O pai não gostava muito da questão da música, queria que ela estudasse: “Era primeiro os livros, depois a gente conversa. Podia faltar manteiga, mas livro não”.

Durante toda a sua carreira de mais de 50 anos, Catarina Maria de França Carneiro nunca deixou de se posicionar em defesa daquilo que acreditava. Mesmo que, às vezes, tal posicionamento lhe tenha trazido custos. Sobre isso, Cátia, como ficou conhecida, conta que tem a certeza de que fez o certo, o que a faz dormir tranquila todas as noites.

Quem deu seu nome e seu apelido – que se transformaria em seu nome artístico – foi sua mãe, a professora Adélia Maria de França. Na casa dela, Cátia, desde cedo, entrou em contato com as ideias de Che Guevera, Josué de Castro, Dom Hélder Câmara e Francisco Julião. A professora, pernambucana de Aliança (PE), no entanto, nem sempre deixava que a filha se aproximasse dos artistas que viviam marcando presença no Mercado Central de João Pessoa, que ficava próximo à casa de dona Adélia, a primeira professora negra da história da Paraíba.

Foi na biblioteca particular de sua mãe, a afamada Biblioteca Coelho Lisboa – que tem esse nome em homenagem a um líder abolicionista paraibano – que Cátia começou a construir a sua poesia, inspirada em autores como Graciliano Ramos, José Lins do Rêgo e João Cabral de Melo Neto. O rigor de sua mãe durou até que ela tivesse a segurança de que a filha estaria diplomada. Quando Cátia já era adulta, Adélia mandou-a para o Rio de Janeiro. Na capital fluminense, trabalhou como datilógrafa e participou de grupos de teatro subversivo.

Durante a repressão da ditadura, vivenciou a experiência de ser uma mulher negra, lésbica e nordestina na São Paulo dos anos 1970, sendo perseguida pela polícia política do DOI-CODI que, de acordo com ela, odiava nordestinos. Mas, assim como previra a sua mãe, que a mandara ao Rio justamente porque sabia que não iria conseguir impedir essa intensa relação, foi na música que Cátia de França encontrou a maneira mais encantadora de expressar a sua poesia.

Seus álbuns passeiam pela obra dos poetas que lia na casa de sua mãe, pela música eletrificada das guitarras dos Beatles, pelos ritmos que compõem o tecido da cultura nordestina, pelo swing do violão de Jorge Ben Jor e também pela psicodelia predominante na música dos anos 1970. Para além de uma referência estética e (re)criativa, a influência desta última, que marca toda uma geração de compositores e cantores nordestinos, era – para ela e para sua geração – quase como um antídoto, uma forma de lidar com o peso que vinha da sensibilidade, do entendimento e da reflexão crítica sobre as profundas violências pelas quais o Brasil passou. E das desigualdades que retalham o Brasil e o Nordeste por toda a nossa história.

Aos 76 anos, dos quais mais de 50 dedicados à sua arte, Cátia de França vem sendo reconhecida, mais recentemente, por uma nova geração e parte da crítica musical, que a coloca, com a justiça devida, no mesmo patamar que artistas como Alceu Valença, Elba Ramalho, Chico César, Amelinha, Bezerra da Silva e Zé Ramalho. Pela sua influência, talento, originalidade e inventividade que contribuíram para o desenvolvimento daquilo que se entende como a música do Nordeste e a música popular brasileira. (Texto G1 e Revista Continente)

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FESTIVAL UNUÉ (SONHAR) TERÁ JOÃO DO CRATO E CÁTIA DE FRANÇA NA PROGRAMAÇÃO

João do Crato, Cátia de França, Luedji Luna, Don L, Dextape, Zabumbeiros Cariris e Kaê Guajajara são alguns nomes confirmados para este encontro que busca sonhar um território ancestral no sul do Ceará: o Cariri. O “Festival Unaé – Sonhar o Cariri” é um momento para celebrar este espaço e suas múltiplas linguagens em diálogo com diferentes artistas brasileiros, entre os dias 26 e 29 de outubro, no Centro Cultural do Cariri Sérvulo Esmeraldo, Crato , equipamento gerido pela Secretaria da Cultura do Estado do Ceará em parceria com o Instituto Mirante de Cultura e Arte. Toda a programação é gratuita.

Em consonância com a política cultural do Governo do Estado do Ceará, o festival abraça as mais diversas facetas deste Cariri, que é ao mesmo tempo encantado e urbano, com uma potência cultural que passeia do cordel à dança e à performance, do repente ao slam, da zabumba à batida eletrônica e aos vídeo mappings. Um Cariri aberto a quem quiser chegar.

Na língua originária do povo Kariri, Unaé significa sonhar. “É poder deixar a imaginação te levar para uma outra dimensão. E nessa medida, a gente acredita que o Centro Cultural é um instrumento para você poder fazer isto: para alargar as fronteiras que você naturalmente encontra como limite do fazer, do criar, do conviver”, afirma a diretora do Centro Cultural do Cariri, Rosely Nakagawa.

O festival é um convite para sonhar o Cariri em diálogo com outras expressões do Nordeste e do Brasil. “Esta programação pretende difundir a diversidade do nosso território e promover esse encontro geracional, ancestral, tradicional e contemporâneo”, diz Américo Córdula, diretor geral do Festival Unaé.

Integrando a programação, a compositora paraibana Cátia de França traz o seu coco de roda mesclado ao rock psicodélico ao festival neste ano em que comemora 50 anos de carreira. A exposição “HãHãw: Arte indígena antirracista” ressoa as vozes de 21 artistas indígenas de diferentes etnias e contextos do Brasil, entre elas as caririenses Barbara Matias Kariri e Vivi Kariri.

Don L e Dextape levam, juntos, o rap ao palco. É uma das várias apresentações que permeiam o universo das oralidades presente no festival, que conta ainda com a Batalha do Cristo, Slam das Minas Kariri e Nego Gallo. As atividades seguem também com nomes já conhecidos da cena local, como João do Crato, Abidoral Jamacaru e Pachelly Jamacaru. Além disso, ainda conta com o espetáculo Poeira, do Grupo Ninho de Teatro.

TERRA ANCESTRAL-O Festival Unaé é um momento para celebrar e fruir toda a efervescência cultural de uma terra ancestral, que respira história, tradição e contemporaneidade no sul do Ceará. Com 29 municípios, localizado a 400 quilômetros da capital Fortaleza, a região do Cariri é uma terra fértil que reinventa a vida com narrativas populares que atravessam a memória, a fé, a cultura e a ciência.

O lugar, que atrai milhares de romeiros todos os anos para o Horto do Padre Cícero, é palco de um intenso e diverso caldeirão cultural. O Cariri também guarda a história do mundo nos fósseis e rochas de uma época em que aquele sertão já foi mar.

Na região, mestres de cultura e artistas da música, da literatura de cordel, da oralidade, da dança, do grafite, do teatro, do slam e de tantas outras linguagens constroem diariamente a identidade de um povo que olha para o passado enquanto sonha com o futuro. “Nós temos uma diversidade de gênero e de linguagens muito grande, que ainda não é percebida”, pontua Américo.

Toda essa efervescência cultural, ganhou um novo espaço em 2022 para a fruição artística: o Centro Cultural do Cariri Sérvulo Esmeraldo, um dos maiores centros culturais localizados fora de capitais do Brasil.

SERVIÇO Festival Unaé – Sonhar o Cariri

Entrada Gratuita

Data: 26 a 29 de Outubro

Local: Centro Cultural do Cariri Sérvulo Esmeraldo. Av. Joaquim Pinheiro Bezerra de Menezes, 1, Gizélia Pinheiro (Batateiras), Crato, Ceará

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UNIVASF FARÁ PARTE DA REDE PÚBLICA DE RÁDIO E TV

A Rede Nacional de Comunicação de Pública (RNCP), coordenada pela Empresa Brasil de Comunicação (EBC), vai passar pela maior expansão de sua história. Em evento no Palácio do Planalto, nesta terça-feira (17), foram assinados acordos de cooperação entre a EBC, a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) e 31 universidades federais, para a operação de 72 novas emissoras de rádio e TV. 

A RNCP, prevista na lei de criação da EBC e constituída em 2010, é formada por emissoras de TV e rádio que atuam por todo país, propiciando cultura e informação para milhões de brasileiros. Atualmente, segundo a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom), é a quinta maior rede de radiodifusão do país.

A EBC é responsável pela formação, fortalecimento e expansão da RNCP. A primeira transmissão ocorreu há 13 anos, com sete emissoras universitárias e 15 emissoras públicas estaduais. Desde então, a rede veio ampliando a difusão integrada de conteúdo jornalístico, educacional e cultural para todas as regiões do Brasil, até chegar a 40 emissoras de rádio e 69 de televisão, totalizando 109 veículos de radiodifusão. São emissoras que difundem produções da TV Brasil, Rádio MEC e Rádio Nacional, além de exibir conteúdo produzido pelas emissoras parceiras em rede nacional.

Com a consignação de novos canais de rádio e TV do Ministério das Comunicações para a EBC, a rede praticamente vai dobrar de tamanho. A consignação é o serviço executado em nome da União por ministérios, EBC, Câmara dos Deputados, Senado Federal e Supremo Tribunal Federal, nos termos da Portaria nº 04, de 17 de janeiro de 2014.

Além das 32 universidades e 72 novas emissoras, outras 13 universidades federais deverão assinar acordos similares com a EBC em breve, com a intenção de operar em parceria outras 28 estações, chegando a 100 novas emissoras em potencial.

"Esse ato de hoje é o maior movimento de expansão da rede nacional de comunicação pública da história da EBC", destacou o ministro da Secom, Paulo Pimenta.

Para o diretor-presidente da EBC, Hélio Doyle, os acordos de cooperação representam um marco na história da comunicação pública.

O presidente da EBC, Hélio Doyle (e), ministro da Educação, Camilo Santana (d), durante anúncio de expansão da Rede de Comunicação Pública e da comunicação universitária no país, no Palácio do Planalto. Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

"Até o momento, como nós vimos, integram a Rede Nacional de Comunicação Pública, 40 emissoras de rádio e 69 de televisão. Com as assinaturas de hoje, passamos a contar com 91 emissoras de rádio e 118 emissoras de televisão. Um número bastante expressivo, que tornará essa rede ainda mais forte", detalhou.

"Desde que assumimos a direção da EBC, procuramos aprofundar a relação com as universidades federais, com as universidades públicas. Aumentamos a produção de notícias feitas por emissoras universitárias em nossa programação, em nossos telejornais", acrescentou Doyle.

Conteúdos de qualidade-Reitora da Universidade de Brasília (UnB) e atual presidente da Andifes, Márcia Abrahão Moura celebrou o passo dado pelas universidades na expansão da rede pública de comunicação. Os acordos previstos, segundo ela, vão estabelecer novas emissoras em 50 municípios.

"Nós prontamente aderimos ao chamamento, porque sabemos da importância que é levar comunicação de qualidade, com informações verdadeiras. Vivemos num mundo, e num momento do nosso país, em que uma informação de qualidade é fundamental", observou.

Para a reitora, o desafio agora é assegurar recursos para a implantação e operação dessas emissoras. "Certamente todo esse avanço necessita de mais investimento, mais pessoal. O financiamento não só para a manutenção das nossas instituições, mas também a ampliação do orçamento para que a gente possa dar conta das nossas obrigações, e com grande compromisso social."

Para o ministro das Comunicações, Juscelino Filho, a ampliação da cobertura da EBC no território nacional, por meio de consignações de canais da União, para a execução dos serviços de FM e TV digital, em parceria com as universidades, é uma medida "imprescindível". "Além de caráter informativo, traz uma gama de conteúdos educativos, não só da cultura local, mas estudos e pesquisas desenvolvidos pelas nossas universidades", enfatizou.

Em entrevista a jornalistas após o evento que anunciou a expansão da RNCP, Paulo Pimenta mencionou o caráter de complementaridade da comunicação pública na oferta de conteúdos à população.

"Esse gesto de parceria da EBC com as universidades públicas é uma afirmação de uma comunicação que traz para a população a oportunidade de ter acesso a um conteúdo que comercialmente não interessa às outras emissoras", argumentou o ministro da Secom.

Entre os acordos assinados, está o de ampliação do sinal da TV da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), a TV Ufal. Atualmente presente na região metropolitana de Maceió, abrangendo uma população de 1,3 milhão de habitantes, o sinal da TV será expandido para os campi de Arapiraca e Delmiro Gouveia, no interior do estado. Além disso, a capital e os dois municípios também terão uma nova estação de rádio FM operada pela universidade. Com isso, o sinal de rádio e TV será expandido para cerca de 3,2 milhões de pessoas, prevê o reitor da Ufal, Josealdo Tonholo.  

"Nada melhor do que essa parceria da educação, que está em todo o território nacional, associada à EBC, que passa a ter, através das universidades, o lastro de ocupação em todo o país", afirmou Tonholo.

Segundo ele, a medida amplia as possibilidades de regionalização do conteúdo cultural e informativo, aumentando a diversidade no rádio e na TV aberta.

"O que tem de importante nesse movimento é que a gente se articula enquanto rede de comunicação pública. Cada emissora isolada tem uma força perante aquele público da região, mas no momento que a gente expande isso nacionalmente, a gente consegue repercutir temas e pautas importantes, como divulgação científica, desenvolvimento científico e tecnológico, educação, criando uma pauta diferente na sociedade, comprometida com a qualidade e a veracidade dos fatos, e contribuindo com a democracia brasileira", analisou a professora da Universidade Federal de Sergipe (UFS) Maíra Bittencourt, diretora do Colégio de Gestores de Comunicação das Instituições Federais de Ensino Superior (Cogecom), vinculado à Andifes.

A EBC foi criada em 2007 como responsável pelo sistema público de comunicação federal, incluindo a rede pública de comunicação de Rádio e TV. A EBC gerencia as rádios Nacional e MEC, a Radioagência Nacional, a Agência Brasil e a TV Brasil, além do veículo governamental Canal Gov, e do programa Voz do Brasil.

Confira abaixo a lista de universidades federais que assinaram acordos de parceria com a EBC para a expansão da Rede Nacional de Comunicação Pública:

Televisão

1. Universidade Federal do Pará (UFPA)

2. Universidade Federal do Ceará (UFC)

3. Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab)

4. Universidade Federal Rio de Janeiro (UFRJ)

5. Universidade Federal São Carlos (Ufscar)

6. Universidade Federal do Cariri (UFCA)

7. Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB)

Rádio

1. Universidade Federal do Rio Grande (FURG)

2. Universidade Federal do Amazonas (UFAM)

3. Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP)

4. Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS)

5. Universidade Federal do Oeste da Bahia (UFOB)

6. Universidade Federal do Pampa (Unipampa)

7. Universidade de Brasília (UnB)

8. Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

9. Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD)

TV e Rádio

1. Universidade Federal do Recôncavo Bahiano (UFRB)

2. Universidade Federal do Amapá (Unifap)

3. Universidade Federal do Juiz de Fora (UFJF)

4. Universidade Federal do Agreste Pernambuco (Ufape)

5. Universidade Federal do Espírito Santo (UFES)

6. Universidade Federal do Maranhão (UFMA)

7. Universidade Federal do Paraná (UFPR)

8. Universidade Federal de Lavras (UFLA)

9. Universidade Federal Rural do Semiárido (Ufersa)

10. Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ)

11. Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (Cefet-MG)

12. Universidade Federal de Alagoas (UFAL)

13. Universidade Federal de Sergipe (UFS)

14. Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf)

15. Universidade Federal Fluminense (UFF)

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NETO TINTAS UMA SAUDADE GONZAGUEANA

Desafinados cantávamos. Cantar para viver a arte de ser Feliz. Cantar para afirmar que Luiz Gonzaga vive! E na curva da estrada eu escutava sempre o homem/menino/criança. "Poeta Amigo Jornalista Vitalino estamos chegando em Exu. Aumenta o som":

Meu Araripe Meu relicário. Eu vim aqui rever meu pé de serra beijar a minha terra festejar seu centenário/. Sejam bem vindos os filhos de Januário/Pro Araripe festejar...Meu Araripe. Meu relicário...

No dia (15 de outubro) ano 2017 na madrugada, "Eu vi a Morte, a moça Caetana, com o Manto negro, rubro e amarelo. Vi o inocente olhar, puro e perverso, e os dentes de Coral da desumana...vi asas deslumbrantes que, rufiando nas pedras do Sertão, pairavam sobre Urtigas causticantes, caules de prata, espinhos estrelados e os cachos do meu sangue iluminado". 

Eu vi. Juro que vi a Moça Caetana, a morte levando Anésio Lino de Souza Neto Tintas...e ele foi com o sorriso e braços abertos. E partiu... nas asas do Pensamento uma lágrima. Juazeiro/Petrolina, Garanhuns, Barbalha-Ceará, Juazeiro do Padim Ciço, Serrita-Missa do Vaqueiro, Feira de Caruaru, Paraíba-Campina Grande, rua Indio Cariris são cidades sonhos que choram tua saudade.

 E o Riacho do Navio onde nós mais Italo/Abilio/Icaro, Gonzagueanos a brincar de atravessar pontes e cantar...e o nosso relicário-Fazenda Araripe centenário festejar. E a hora mágica quando na Igreja do Araripe às 18horas rezavamos Ave Maria.

Há dores que fazem sentido, como as dores do parto: uma vida nova está nascendo. Mas há dores que não fazem sentido nenhum...Perdoe-me Pai Criador. Morrer tem seu sentido...as escrituras sagradas afirmam que sim: "Para tudo há o seu tempo. Há tempo para nascer e tempo para morrer". A morte e a vida não são contrárias. São irmãs. A "reverência pela vida" exige que sejamos sábios para permitir que a morte chegue quando a vida deseja ir. 

É assim que Penso: Anésio Lino de Souza-Neto Tintas fez a grande viagem. Foi colorir os céus do Sertão da Eternidade e em algum lugar vai garantir mais Felicidades e sorrisos na vida dos amigos...tornar mais belo a razão de viver e de haver estrelas...

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SEM ÁGUA NAO TEM VIDA: SECA NA AMAZONIA BRASILEIRA AUMENTA O TEMOR PELO FUTURO

As comunidades que dependem dos cursos de água da floresta amazônica estão isoladas sem abastecimento de combustível, alimentos ou água filtrada. Dezenas de botos morreram e foram levados até as margens.E milhares de peixes sem vida flutuam na superfície da água.

Essas são apenas as primeiras imagens sombrias da seca extrema que assola a Amazônia brasileira. Os níveis historicamente baixos da água afetaram centenas de milhares de pessoas e animais, e, com a previsão dos especialistas de que a seca pode durar até o começo de 2024, os problemas tendem a se intensificar.

Raimundo Silva do Carmo, de 67 anos, ganha a vida como pescador, mas atualmente vem tendo dificuldades de simplesmente encontrar água. Como a maioria dos moradores rurais da Amazônia brasileira, Carmo normalmente retira água não tratada dos abundantes cursos de água do bioma. Na manhã de quinta-feira, ele já estava fazendo sua quarta viagem do dia para encher um balde de plástico em uma cacimba no leito rachado do lago Puraquequara, a leste da capital do Amazonas, Manaus.

"É um trabalho medonho, ainda mais quando está assim, sol quente", disse Carmo à Associated Press. "A gente bebe, toma banho, e faz a comida (com a água). Sem água, não tem vida."

Joaquim Mendes da Silva, um carpinteiro naval de 73 anos que vive às margens do mesmo lago há 43 anos, diz que esta é a pior seca de que se recorda. As crianças da região pararam de ir à escola um mês atrás, porque ficou impossível chegar lá pelo rio.

Oito estados brasileiros registraram os menores índices pluviométricos dos últimos 40 anos no período entre julho e setembro, segundo o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais, CEMADEN. A seca afetou a maioria dos principais rios do Amazonas, a maior bacia hidrográfica do mundo, que representa 20% da água doce do planeta.

Até sexta-feira, 42 dos 62 municípios do Amazonas haviam declarado estado de emergência. Cerca de 250 mil pessoas foram afetadas pela seca até agora, e esse número pode dobrar até o fim do ano, segundo a Defesa Civil do estado.

Na Reserva Extrativista Auatí-Paraná, cerca de 700km a oeste do lago Puraquequara, mais de 300 famílias ribeirinhas enfrentam dificuldades para conseguir comida e outros suprimentos. Apenas canoas pequenas com carga reduzida conseguem fazer o trajeto até a cidade mais próxima, e encontrar uma rota pelas águas rasas aumentou o tempo de viagem, de 9 para 14 horas. Além disso, os canais até os lagos onde elas pescam pirarucu, o maior peixe da Amazônia e sua principal fonte de renda, secaram, e carregar peixes de até 200kg por trilhas seria extremamente custoso.

"Se a gente correr o risco de pegar o peixe no lago e trazer, ele vai chegar estragado. Não tem como a gente pescar", diz Edvaldo de Lira, presidente da associação local.

Os períodos de seca fazem parte do padrão climático cíclico da Amazônia, com chuvas mais leves de maio a outubro na maior parte da floresta. A pluviosidade já menor está sendo ainda mais reduzida por dois fenômenos climáticos este ano: o El Niño, o aquecimento natural das águas superficiais na região do Pacífico Equatorial, e o aquecimento das águas tropicais do norte do Oceano Atlântico, explica Ana Paula Cunha, pesquisadora do CEMADEN.

O aquecimento global, impulsionado pela queima de combustíveis fósseis, é o pano de fundo da intensificação desses fenômenos. A elevação das temperaturas aumenta a possibilidade de condições meteorológicas extremas, embora a atribuição de eventos específicos às mudanças climáticas seja complexa e exija um estudo aprofundado. Ainda assim, à medida que as temperaturas continuam a subir e os efeitos das mudanças climáticas se tornam mais graves, a seca e suas consequências devastadoras podem ser um vislumbre de um futuro desolador, segundo os especialistas.

As temperaturas médias globais atingiram um recorde em setembro. Ondas de calor sufocantes atingiram grandes áreas do Brasil nos últimos meses, embora fosse inverno. No Rio Grande do Sul, enchentes catastróficas mataram dezenas de pessoas.

As secas se tornaram mais frequentes no rio Madeira, na região amazônica, cuja bacia se estende por cerca de 3.315km da Bolívia ao Brasil, e quatro dos cinco níveis mais baixos já registrados no rio aconteceram nos últimos quatro anos, diz Marcus Suassuna Santos, pesquisador do Serviço Geológico do Brasil.

O nível do rio Madeira em Porto Velho atualmente é o mais baixo desde que as medições começaram em 1967. Perto dali, a quarta maior hidrelétrica do Brasil, a usina de Santo Antônio, interrompeu as operações esta semana em razão da falta de água. É a primeira vez que isso acontece desde sua inauguração, em 2012.

Mais ao norte, na bacia do rio Negro, surgiu um outro padrão. O principal afluente do rio Amazonas sofreu sete das suas maiores inundações nos últimos 11 anos, sendo a pior em 2021. Mas, este ano, o rio Negro também está no rumo dos mais baixos níveis históricos de água.

"Já vivemos um cenário de clima alterado que oscila entre eventos extremos, seja de seca ou de fortes chuvas. Isso tem consequências muito graves, não só para o meio ambiente, mas também para as pessoas e a economia", diz Ane Alencar, diretora científica do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia, ou IPAM, uma organização sem fins lucrativos.

"Acho que há uma chance muito grande de que o que estamos vivendo agora, a oscilação, seja o novo normal", acrescenta ela.

O governo brasileiro criou uma força-tarefa para coordenar uma resposta. Ministros do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva visitaram Manaus na terça-feira. O vice-presidente Geraldo Alckmin prometeu alimentos, água potável e combustível para as comunidades isoladas, e disse que os pagamentos do programa Bolsa Família seriam antecipados. A dragagem de trechos de dois rios - Solimões e Madeira - está em andamento para melhorar a navegabilidade.

Suspeita-se que o calor, juntamente com a redução dos rios, seja responsável pela morte de mais de 140 botos no lago Tefé, cerca de 520km a leste de Manaus, que chegou às manchetes do Brasil e do exterior, com imagens de urubus bicando as carcaças encalhadas. O calor excessivo pode ter causado falência de órgãos, segundo Ayan Fleischmann, hidrólogo do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá.

Outra hipótese são as bactérias, e as águas excepcionalmente quentes podem servir de fator adicional de estresse.

"É uma tragédia sem precedentes. Aqui na região, ninguém tinha visto nada parecido", diz Fleischmann. "Foi um choque para todo mundo."

A previsão é que a precipitação fique abaixo da média até o fim do ano, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, Inpe. O impacto da seca já está se propagando para além dos cursos de água da Amazônia e atingindo a floresta.

As áreas de floresta ao longo das margens dos rios acumulam uma espessa camada de serrapilheira, o que as torna especialmente suscetíveis a incêndios florestais, segundo Flávia Costa, pesquisadora do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, Inpa.

No Estado do Amazonas, quase 7 mil incêndios foram registrados só em setembro, o segundo maior índice para o mês desde que o monitoramento por satélite começou, em 1998.

A fumaça resultante está sufocando os mais de 2 milhões de habitantes de Manaus, que também enfrentam o calor escaldante. No domingo passado, a cidade registrou a temperatura mais alta desde que as medições regulares começaram, em 1910.

O aumento da frequência dos eventos climáticos extremos acentua a necessidade de coordenação entre os níveis federal, estadual e municipal de governo, para preparar e criar um sistema de alertas que mitigue os impactos.

"De agora em diante", diz Alencar, "as coisas vão piorar".

Fonte Agencia Estado (Contribuíram para esta matéria Fabiano Maisonnave, de Brasília, e Eléonore Hughes e Diane Jeantet, do Rio de Janeiro, repórteres da AP.)


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